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POR LUSA 26/01/24
O embaixador israelita junto da ONU, Gilad Erdan, acusou hoje toda a estrutura das Nações Unidas de se ter "convertido numa das armas do arsenal dos nazis modernos" contra Israel.
Com uma enorme estrela amarela na lapela - como a imposta aos judeus na Alemanha nazi - Erdan foi um dos principais oradores na cerimónia da ONU em memória das vítimas do Holocausto, e aproveitou o seu discurso para criticar as Nações Unidas e todos as seus agências num tom muito irritado.
A partir da tribuna da Assembleia-Geral, Erdan comparou o Holocausto ao ataque que o grupo islamita Hamas realizou em 07 de outubro passado contra Israel, e sublinhou a natureza "genocida" desse ataque contra o povo judeu, mas reservou as suas maiores críticas contra a própria ONU.
"Até hoje, nenhuma instituição da ONU condenou os ataques", alegou Erdan, embora a Organização o tenha feito em numerosas ocasiões.
O diplomata referiu-se posteriormente ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) em Haia, que hoje ordenou a Israel que evite um genocídio em Gaza e anunciou que vai avançar com uma investigação às acusações de genocídio contra a população palestiniana no enclave.
"Mesmo o Tribunal Internacional de Justiça (...) não se sentiu moralmente obrigado a condenar este massacre bárbaro contra as nossas crianças e o nosso povo. Este silêncio é insondável", afirmou.
Erdan considerou simbólico que no mesmo dia em que se comemora o Dia Internacional em Memória do Holocausto tenha sido exposto que alguns funcionários da agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) poderão ter participado nos ataques de 07 de outubro, o que resultou na abertura de uma investigação ao mais alto nível nas Nações Unidas.
"A ONU não está apenas armada para deslegitimar a nossa existência, mas também para nos exterminar fisicamente", alegou o embaixador, que durante meses tem aproveitado todas as suas intervenções para desacreditar o trabalho da ONU na sua totalidade.
"Só podemos tirar uma conclusão: a ONU falhou na sua missão. Falhou", concluiu, num discurso dirigido aos quadros superiores das Nações Unidas e na sequência do pronunciamento do próprio secretário-geral, António Guterres.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.139 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas, e cerca de 250 reféns, dos quais mais de 100 permanecem em cativeiro.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 112.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 26.083 mortos, 63.740 feridos e 8.000 desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome.