[ENTREVISTA] O empresário de futebol que se auto-suspendeu das suas funções de director executivo da selecção nacional, Catio Baldé, disse que o “futebol guineense é viável e tem futuro, mas não com estes dirigentes sem competência”! Acrescentou neste particular que “estes senhores que temos como dirigentes de futebol da Guiné-Bissau não têm as competências para acompanhar esta grande geração de jogadores guineenses que vem nos próximos tempos e que são jogadores que vivem grande parte das suas vidas na Europa, sobretudo num ambiente profissional, altamente organizado e com muita exigência”.
Baldé concedeu a entrevista ao semanário “O Democrata” para abordar a sua experiência profissional de mais de 30 anos no mundo de futebol e que lhe valeu um convite especial para organizar a selecção nacional no momento da sua participação nos jogos da Confederação Africana das Nação no Gabão. Diz ter cumprido a sua missão de organizar e estruturar, bem como criar um ambiente de disciplina a nível do grupo.
Contudo, explicou que, a suspensão temporária das suas funções na selecção nacional tem a ver com a interferência de algumas pessoas no seu trabalho, facto registado no período da preparação de jogos treino organizados em França. Ele não admitiu a interferência, razão pela qual não participou. Revelou que atualmente, a semelhança daquilo que se regista um pouco por todo o mundo, a aposta dos empresários de futebol é nas camadas de formação. Por isso os empresários transformaram-se em caçadores de talentos menores e que podem afirmar-se nas escolas dos clubes Europeus.
O Democrata (OD): Pode falar-nos de uma forma sintética da sua vida enquanto empresário de futebol?
Catio Baldé (CB): Quero dizer primeiramente que vim a Guiné para acompanhar de perto o trabalho da academia, que registou um atraso devido à chuva. Sabemos que chove muito, o que acaba por dificultar os trabalhos da construção civil. Vamos retomar dentro de alguns dias para finalizar os trabalhos. A minha vida como empresário de futebol continua com as atividades profissionais. Digo sempre graças à Deus estou firme no terreno a procura constantemente de talentos um pouco por toda a parte.
Não descanso nem fico parado, porque esta é a minha paixão, a minha vida! Hoje, tenho uma dimensão, uma progressão no meio do futebol não só a nível nacional, mas também a nível internacional, em particular em Portugal e na Europa em geral. Há muitos jogadores educados por mim e que hoje atingiram um certo patamar no futebol. Isso deixa-me feliz porque projeta-me no mundo de futebol ao mais alto nível, sobretudo a nível dos grandes clubes da Europa.
Neste aspeto e com toda humildade, sinto hoje realmente que sou uma figura conhecida internacionalmente através do meu trabalho. Graças aos produtos da casa (guineense), fala-se de Catio Baldé pelo mundo fora, em particular no âmbito do futebol que domina o desporto. Mesmo com algumas dificuldades, estou num trabalho que está fazer o seu caminho próprio. Hoje estou mais maduro e continuo a trabalhar muito duro no terreno a procura de novos talentos.
OD: Depois de 30 anos nesta atividade de ‘caça talentos’, quais são os momentos bons ou mais perturbadores vividos nesta actividade profissional?
CB: Tive momentos bons e fantásticos na minha atividade profissional. A minha maior alegria é ver as pessoas sentarem-se a frente dos televisores a ver alguns dos frutos do meu trabalho. Quando as pessoas estão a ver um Bruma, Edgar Ié, Ruben Semedo e outros grandes jogadores que conseguiram atingir um certo nível. Acredita que nenhum dinheiro consegue pagar a alegria que sinto dentro mim com essas realizações, que são resultado do meu trabalho.
Esta é uma das maiores felicidades minhas. É como ver em todas as épocas o Bruma a jogar jogos de Liga dos Campeões, o Edgar Ié a jogar o campeonato francês e jogos de mais alto nível, como também o Moreto. Sinceramente, fico feliz sabendo que contribui e muito na educação e na orientação daquela pessoa que hoje atingiu uma projeção internacional.
Os momentos tristes que vivo é falar de grandes jogadores guineenses que chegaram a Europa e eram vistos como jogadores que atingiriam um nível de progressão muito alto, mas que infelizmente não conseguiram e voltaram para trás! Sinto-me triste com esta situação e confesso isso doi-me e muito! Sinto-me triste ver muitos bons jogadores com talento, mas que não conseguiram progredir na Europa devido a algumas situações que não quero revelar aqui…
Há muitos jogadores que passaram “pela minha mão” e que eram tidos pelos técnicos que seriam grandes jogadores na Europa, mas não conseguiram erguer-se e chegar o mais alto! Porque é que um Santos não conseguiu atingir um patamar muito alto? Porque é que um Sana não conseguiu chegar num nível futebolístico mais alto? Porque é que um Zezinho ou um Amido que conseguiu chegar ao alto nível, mas rapidamente teve uma queda brutal? Porque é que um Tomás Dabó ou um Piquete Djassi não conseguiram atingir uma progressão!?
OD: Que explicação de concreto tem sobre o insucesso destes jogadores bem como de outros que sairam do país com muita euforia?
CB: Não há nenhuma explicação concreta ou exata! Para falar disso, serei obrigado a entrar em questões mais íntimas sobre a vida dos próprios jogadores. Infelizmente existem certos assuntos sobre os quais não podemos falar publicamente. Eu, quando falo desses assuntos, limito-me a referir apenas os aspetos técnicos, porque são pessoas que eu vi crescer como jogadores nos grandes clubes onde estavam. Mas o que aconteceu depois, sinceramente não sei explicar…
Temos jovens que mereciam estar lá em cima. Estou a falar do Santos, Sana, Zezinho e Rudinilson. São jogadores mais fabulosos que eu vi na minha vida! Tenho ainda um jogador muito novo, que é o Morreto Cassamá, que considero um dos maiores de todos os talentos que algum dia tive…
OD: Qual o segredo que está na base dos sucessos de Bruma e Edgar Ié?
CB: Trabalho e muita dedicação, como também não permitiram que nada lhes perturbasse nas suas caminhadas até este momento. A ambição do Bruma é uma coisa incomparável a qualquer outra coisa neste momento. Ele desafiava as pessoas próximas dele que ia atingir o nível mais alto e conseguiu graças a Deus. Lembro-me que Bruma tinha sido diagnosticado com um tumor que poderia retirá-lo do mundo de futebol, mas dedicou-se muito ao trabalho e aos cuidados médicos todos os dias para realizar a sua atividade.
Ainda sobre o insucesso de alguns dos jogadores acima referidos, posso dizer apenas que foi falta de sorte. Mais nada! Também tudo tem a ver com muitas coisas marginais que levaram muitos jogadores a não atingir certo desempenho que poderia mante-los nas posições onde se encontram apenas os melhores. Toni Brito Sá é um jogador talentoso que marcou o seu nome no jogo frente ao Moçambique. Ele tem talento e podia chegar muito mais longe e jogar em grandes clubes da Europa.
OD: É verdade que se falou muito do caso da transferência de Bruma de Sporting Clube de Portugal para a equipa de Galatasaray da Turquia. Podia recordar-nos os momentos difíceis vividos desta transferência, que também contribuiu para elevar o seu nome como empresário para mais alto nível…
CB: Foi um momento extremamente difícil!… Tinha na altura experiências nos processos internacionais, mas o caso de Bruma ganhou certa dimensão porque eu já tinha entrado em conflito com o Sporting. O negócio de futebol é assim e compreende-se, porque na altura o Sporting tinha uma visão e fazia a defesa de um interesse e, eu fazia a minha defesa… foi muito duro, mas não nos arrependemos da nossa posição porque a razão estava do nosso lado.
É verdade que perdemos o caso na justiça. Perdemos o processo de rescisão do contrato que pedimos na justiça, mas conseguimos um consenso para a venda do jogador. A equipa leonina defendia um ativo, visto que achava que cem por cento do passe do Bruma é dela. Nós tínhamos uma ideia contrária e foi isso que nos levou naquela disputa enorme.
Bruma é um menino forte e dificilmente fica perturbado por qualquer tipo de crise. Emocionalmente está muito equilibrado, mas também tem um acompanhamento que não lhe permite sofrer queda psicológica por coisinha de nada.
OD: Em relação ao processo de Umaro Embaló (Di Maria). O que falhou de concreto? Estava a dar tudo certo na transferência de Umaro por uma soma estimada em cerca de 13 biliões de Francos CFA, o que lhe tornaria no futebolista luso-guineense mais caro até aqui na história de futebol. Mister, Umaro já não vai para RasenBallsport Leipzig da Alemanha?
CB: É verdade que mais uma vez se especulou muita coisa a volta deste caso e como sempre, sou o “saco de lixo” onde se deita tudo. Na altura isso foi badalado nos órgãos de comunicação social e dizia-se que o negócio não tinha sido concretizado porque Catio Baldé exigia muito dinheiro aos alemãos.
OD: Exigiu algum dinheiro como acréscimo para além de valor acordado para a transferência?
CB: Não, isso não corresponde à verdade! Conduzi o processo entre a equipa alemã e o Sport Lisboa e Benfica, até que conseguimos estabelecer o passe no valor de 15 milhões de Euros e mais 5 milhões de bónus. Quando chegamos na parte contratual do jogador, incluindo toda a parte dos meus direitos económicos como responsável, o que o Benfica não queria assegurar, então as coisas complicaram-se.
Há uma coisa que jogou contra Umaro Embaló que pouca agente sabe! Ele seria vendido com 16 anos de idade e, como se sabe, hoje há muitas dificuldades nos negócios dos jogadores menores de idade. O processo do Umaro foi um negócio amplamente difundido por toda a parte do mundo. Então, a Federação da Associação Internacional de Futebol (FIFA), através da sua comissão de menores, vigiou o negócio, a fim de saber se todo o processo estava em conformidade com as normais legais sobre a transferência de jogadores menores de idade.
A FIFA vigia os processos para saber se o jogador vai continuar a estudar e se os seus pais concordam, ou seja, que não vai ser transferido apenas para ganhar dinheiro. Felizmente todos esses procedimentos foram cumpridos e a FIFA concordou com o negócio. E como se sabe, a FIFA, no processo que envolve a transferência de menores, não admite que haja nenhuma transação financeira entre o empresário com o clube comprador.
A FIFA não aceita a ideia que o menino foi vendido! Eu considero isso de contraditório porque o Benfica recebia o dinheiro da transferência, ma a FIFA diz que é o direito da formação que vai receber. Mas também a minha Academia recebia uma comissão sobre o direito de formação. Por causa desta regra da FIFA, o clube alemão entende que podia pagar a “Academia Demba Sanó” de Catio Baldé, qualquer dinheiro resultado daquele negócio e como o seu direito de formação e que seria apenas a partir de 2019, quando Umaro Embaló completasse os 18 anos.
Para isso tínhamos que elaborar algum documento onde o clube assumiria a responsabilidade de pagar depois, mas o clube recusou porque a FIFA não permitiria a existência de nenhum documento sobre o dinheiro que pagaria à Academia. O clube alemão não quer correr o risco de ser penalizado pela FIFA que é muito rígida nessa matéria. Também eu não queria correr o risco de fechar o negócio sem nenhum documento, porque estamos a falar de milhões de Euros.
E foi ali que decidimos fechar o negócio e esperar até que o jogador complete os 18 anos de idade. Aliás, é bom lembrar que no mesmo ano, saí de uns problemas enormes sobre o processo da transferência de Ruben Semedo para Villareal de Espanha. Nesta transferência tive prejuízos financeiros enormes, como também uma série de problemas na transferência de Edgar Ié com a federação francesa, porque eu não me inscrevi naquela federação.
Por isso os gestores chamaram-me atenção para repensar muito bem o negócio de Umaro Embaló e que o melhor era deixar até que o jogador completasse os 18 anos. Foi a razão que nos levou a suspender o negócio, mas não pedi mais do que o meu direito que está salvaguardado no negócio com Benfica, que corresponde dez (10) por cento do direito económico e mais a comissão a que tenho direito.
OD: Dez por cento corresponde a quanto em concreto, sobre o valor total acordado?
CB: Naquele negócio de 20 milhões de Euros, dez por cento de direitos económicos a que tinha direito correspondem a dois milhões de Euros que o Sport Lisboa Benfica tinha que pagar a “Academia Demba Sanó”.
OD: A equipa alemã mantém interesse no Umaro Embaló?
CB: Leipzig da Alemanha ainda conta com Umaro Embaló. Assim que ele completar 18 anos, vai retomar o processo para fechar o negócio.
OD: Representa quantos jogadores como empresário, em particular os guineenses?
CB: Tenho dificuldade de responder a pergunta desta forma, porque na verdade tenho vários jogadores que se encontram na fase de formação. Eu considero os jogadores como profissionais prontos. Os que estão na fase de maioridade e os que jogam em campeonatos considerados profissionais.
Hoje trabalha-se com jogadores tidos rentáveis e que possuem capacidade técnica de tornar-se num jogador de futebol de alta competição. E, acima de tudo, jogadores capazes de cumprir as regras estabelecidas e inclusive até em termos de relacionamento com o empresário. Estou interessado hoje em ter, na minha carteira, jogadores que sei que têm futuro e que a curto espaço de tempo podem atingir um alto nível de competição.
No passado tive um grande número de jogadores e a maioria jovens da Guiné. Praticamente levei para Europa mais de 90 por cento de jogadores guineenses que estão ali. Hoje na verdade, não temos aquele vínculo de empresário e jogador, mas continuo a ter aquela relação de trabalho normal com eles. Se houver interesse de um determinado clube, ajudo a estabelecer pontes. Também eles recorrem aos meus serviços para ajudá-los a conseguirem um clube.
Atualmente trabalho com um grupo de dez jogadores que estão muito bem e com eles tenho a certeza que qualquer dia podem ser ouvidos e vistos em grandes clubes. Estou a falar de Mimito que joga no Vitória de Guimarense, Morreto Cassamá (FC Porto), Idrissa Sambú que é jogador de Spartak de Moscovo (Rússia) e que foi emprestado a um clube de Bélgica. Para além de Bruma (Leipzig) e Edgar Ié (Lille – França) que são os mais conhecidos, Umaro Embaló de Benfica (Portugal) e Samir que está na equipa revelação da Académica (Portugal).
E mais jogadores estão na fase de formação e que também prometem tornar-se em grandes profissionais.
OD: Mudou de estratégia de trabalho. Agora aposta mais nas camadas de formações, em detrimento de jogadores adultos (seniores). O futuro está mais com os mais pequenos da camada de formação?
CB: O que estou a procurar cada vez como empresário é ter, na minha carteira, jogadores com grandes promessas na Europa. Aliás, depois de o Bruma ter atingido o nível e seguido com os trabalhos conseguidos através de Morreto, Idrissa e hoje caso de Umaro Embaló (Di Maria), obrigatoriamente sou obrigado a trabalhar mais para manter-me nesse nível.
Considero-me hoje como melhor empresário porque trabalho de uma forma muito melhor, em comparação com os anos anteriores. Antigamente, levávamos jogadores sem passar por nenhum critério da seleção, ou seja, sem fazer uma triagem profunda… levamos muitos jogadores considerados talentos na Guiné, mas chegaram a Europa e não conseguiram dar nenhum passo!
Hoje interessa-me mais a qualidade em particular nas camadas mais jovens. Imagina tirar daqui um jogador de 18 ou 20 anos para ir afirmar-se no campeonato Europeu. Seria preciso ter muita certeza que tem um talento acima da média. Nos tempos passados e até aos anos 80, levava-se jogadores de idade maior e que chegavam e jogavam nas equipas da primeira divisão.
Hoje não se pode fazer a mesma coisa, porque atualmente o futebol é escola. Sem qualidade adquirida na escola é difícil afirmar-se nos clubes europeus. O futebol está dividido e hoje há o grupo A, o B e o C. O Grupo A é Champion, portanto é preciso ter muita qualidade para jogar no Champion Ligue. Na Liga Europa ou no nível de equipa de Braga, os que não têm o nível A podem chegar ao B. Os jogadores que tiveram uma formação rigorosa e muito bem preparada podem jogar nestas ligas.
Deram-me muitos jovens de 18 anos ou mais que alegam ser grandes talentos, mas não conseguem nem sequer sair da terceira ou segunda divisão B. Porque é que Umaro Embaló, em dois anos da sua estadia em Portugal, explodiu e fala-se dele a nível dos clubes grandes? Ele foi à Europa com a idade de 13 a 14 anos e com talento puro e que foi trabalhado. Agora um jovem com 20 anos, para sair de Africa e ir jogar na Europa, sinceramente é difícil conseguir erguer-se!
E por isso a nossa aposta atualmente é na formação. Portanto, se constatarmos um talento, fazemos questão de trabalhá-lo rapidamente para levá-lo à Europa onde vai crescer e amadurecer-se a fim de melhorar os aspectos técnicos. Agora uma pessoa que cresceu na África até 20 anos para ir jogar diretamente no campeonato da primeira divisão na Europa, é difícil conseguir adaptar-se. Infelizmente a África e a América Latina são vítimas de uma “lei patética” da FIFA, por causa de toda essa burocracia criada a volta daquilo que chamam do tráfico de menor.
Uma pessoa menor de 12 anos que saiu da África ou da América Latina não pode ser inscrita para jogar enquanto não atingir 18 anos. Ou seja, enquanto for menor, a FIFA não admite a sua transferência. O jogador tem que apresentar uma prova que está na Europa com os pais que trabalham ali para depois ser autorizado a jogar. Felizmente a nossa ligação cultural e histórica com Portugal ajuda-nos muito neste aspeto, porque a maioria das crianças têm um membro da família na Europa e alguns pais até têm a nacionalidade portuguesa.
Alguns meninos que levamos têm os seus pais em Portugal que passamos a contactar para o efeito de documentação, mas também temos um grosso número dos meninos vítimas desta lei da FIFA que têm talento e que conseguirão jogar, assim que atingirem os 18 anos de idade. Essa lei de fato é penalizadora para África e a América. Eu já a critiquei várias vezes nos diferentes órgãos de comunicação social. Fomos obrigados a termos cuidados neste trabalho, por causa das suspeitas do tráfico de menor. Fui investigado diversas vezes e certamente acompanharam o assunto nas medias, mas apresento sempre as provas em como os meninos têm documentos e que são autorizados pelos seus pais. Alguns deles têm os pais a viverem em Portugal.
OD: Essa é a razão que o levou a investir na criação de uma Academia de Formação na Guiné?
CB: Sim, porque este negócio exige inteligência! Percebi hoje o que os grandes clubes da Europa querem. Eles querem jogadores de qualidade e preparados para integrar rapidamente nos seus ritmos. Nós temos diamantes brutos na Guiné e com qualidade acima da média! Temos meninos que até hoje jogam de pés descalços! Crianças que jogam entre pedras e buracos, onde conseguem moldar os seus talentos, sem passar pelas escolas da Academia.
Aliás, as academias que existem aqui não reunem condições em termos de formações dos técnicos. E percebendo isso e acima de tudo que o futebol é negócio, tendo a possibilidade financeira, porque não investir numa estrutura de excelência para desenvolver as minhas actividades? Esta é a minha aposta porque acredito no talento dos guineenses que amanhã podem dar um bom fruto, se forem preparados bem técnica e psicologicamente.
OD: Para quando estará pronta a Academia Demba Sanó?
CB: Como se sabe, houve várias alterações no projeto. Inicialmente as estruturas estavam projetadas apenas na academia desportiva e sem pensar nos aspectos de negócios. Agora somos obrigados a alterar o projeto para a academia negócio, porque a estrutura precisa ser alimentada. Para isso necessita-se de criar mais valências à sua volta. Por isso passamos a contar com ginásio com portas abertas ao público e piscinas abertas ao público.
Contamos também com a construção de uma clínica dentária e outra de recuperação física e restaurantes. Portanto, tudo isto levou-nos a fazer daquele espaço um sítio de formação desportiva, ao mesmo tempo de negócios. Essa é a razão do atraso dos trabalhos. Também a questão da chuva que dificulta os trabalhos neste período. E queira Deus, retomaremos as obras neste mês (outubro) para terminá-los e abrir as portas da Academia Demba Sanó.
OD: Pode explicar-nos de forma sintética a sua experiência do curto período na selecção nacional, onde desempenhou a função do Director Executivo?
CB: Fui convidado para fazer parte da equipa da selecção nacional. Ocupei-me de um trabalho específico. Acho que fiz o meu trabalho competentemente e inclusive existem pessoas que podem testemunhar isso, porque tinha a ver com a organização, a disciplina ou melhor, a criação de um ambiente diferente para o bom desenrolar dos trabalhos, porque competições daquela dimensão tinham que ter outro tipo de organização.
Dentro das minhas possibilidades, acho que fiz um trabalho extraordinário porque consegui criar, na altura, à volta da selecção nacional, uma organização coesa, ou seja, uma selecção fechada e acima de tudo disciplinada. Todo o ambiente criado teve o seu reflexo na competitividade dos jogadores durante as partidas disputadas naquele torneio. Tivemos uma representação digna e com muita personalidade. Os jogadores demostraram muita responsabilidade e disciplina, algo que até la não era habitual.
Foi por isso que me convidaram a juntar-me à equipa nacional a fim de ajudar na organização interna, de forma a evitar quaisquer tipos de rebeldia ou grupinhos de problemas. Acho que, com a colaboração dos jogadores, conseguimos criar um ambiente extraordinário que nos permitiu um resultado brilhante naquela que foi a nossa primeira participação na Taça de Confederação Africana das Nações (CAN). Foi uma experiência fantástica e senti pela primeira vez que fiz um algo valioso para o meu país.
Não fui à tropa para cumprir o serviço obrigatório de servir a pátria, mas a minha participação na equipa nacional para o CAN… confesso que senti que prestei um enorme serviço ao meu país. Ouvir o hino nacional antes do início de cada jogo é algo que nos marca a todos, é uma experiência extraordinária que vivemos!
OD: Falou-se da criação de um ambiente de disciplina a nível de balneário com os jogadores. Como explica a situação do antigo capitão Bocundji Cá, que criou muitas especulações?
CB: O caso Bocundji Cá não teve outras reprocursões que poderiam minar todo esforço para a qualificação por causa do ambiente da organização e disciplina que criamos. Isso permitiu-nos abafar o assunto internamente e não deixar que consiga criar fissuras entre os jogadores. Estávamos a lidar com uma situação de descontentamento de um atleta que tinha um estatuto de capitão até àquela competição, onde todos os jogadores querem jogar, mas ele não conseguiu jogar.
Ele não jogou e a responsabilidade disso cabe exclusivamente aos treinadores! Estou consciente que as pessoas acusam-me e chamaram-me muitos nomes. Já falei diversas vezes sobre o assunto… acho que não vale a pena voltar a falar do mesmo assunto. Agora a verdade é que eu tinha uma responsabilidade de criar a volta dos treinadores da selecção toda uma garantia de que eles eram livres de fazer o seu trabalho, sem nenhuma pressão externa ou interna para incluir o jogador A, B ou C.
Os jogadores que jogaram naqueles três jogos, tenho a certeza de que naquele momento eram as melhores escolhas dos treinadores. Infelizmente o Bocundji não jogou e a responsabilidade é dos treinadores. Houve problema sim, mas não deixámos que descambasse e destabilizasse a selecção. É por isso que vos digo que consegui cumprir a missão de organizar e disciplinar a selecção nacional. É verdade que houve perturbações e tentativas de intervenção de fora ao mais alto nível, mas não permitimos…
Definimos uma regra e cumprida por todos os jogadores, incluindo o Bocundji Cá. Aliás, ele não criou em nenhum momento situação de desacato nem nos treinos. Mas também reconheço o direito dele de não ficar feliz porque não jogou, mas graças a Deus não houve nenhumas situações que pudessem criar ou perturbar a equipa nacional. Houve a exigência de pessoas, de altas figuras do Estado, que exigiam a minha demissão, depois do nosso primeiro jogo.
Felizmente o presidente da federação (Manelinho), que se diz por aí que não percebe nada de futebol, naquela altura era a pessoa que mais entendia de futebol e por isso negou demitir-me porque entendeu que seria ridículo e sem cabimento… Eu sempre digo que devo ao Manelinho um grande respeito pela sua coragem.
OD: Qual é o verdadeiro motivo da sua demissão do cargo do Director Executivo da selecção nacional? É verdade que tem a ver com o diferendo que o envolve com os ditos grandes jogadores da selecção?
CB: Não! Infelizmente há pessoas que persistentemente querem passar essa ideia do que eu, Catio, criei essa situação e depois afastei-me da selecção. É ridículo que essas pessoas continuem a passar essa má imagem da minha personalidade! As pessoas são mentirosas e incompetentes neste aspecto ligado a área de futebol!
Eu não tenho problemas com nenhum jogador da selecção da Guiné-Bissau. Quero que um dirigente desportivo prove aqui que eu tenho problemas com um único jogador da selecção nacional durante o período do CAN e mesmo nos estágios que fizemos ao longo do tempo que estive com a selecção. Quero ser tudo, menos alguém a quem será apontado o dedo como desestabilizador da selecção nacional!
A minha discordância de algumas pessoas da federação tem a ver com a questão da organização interna. Foi-me incumbida a responsabilidade de fazer a organização interna e planeamento de toda uma estrutura técnica da selecção nacional.
Tenho uma doença que considero até patética com a organização, que é fruto da minha experiência ao longo de mais de 30 anos no mundo do desporto. Houve divergências, sim, na forma de organizar o estágio da selecção nacional em França. Sempre discordei daquele estágio, mas há pessoas que me ultrapassaram e decidiram que tinham que fazê-lo. Ali percebi que não estava a fazer nada e que podia demitir-me imediatamente, mas não o fiz porque estava a espera de presidente da Federação.
Tenho respeito e consideração por Manelinho, porque no momento difícil em que toda a gente, incluindo até ao mais alto nível, pediam a minha cabeça, mas ele recusou. Por isso não me demiti e entrei em contacto com Manelinho. Não consegui localizá-lo naquele momento. Tomei a decisão de suspender a minha missão temporariamente até quando falasse com o presidente Manelinho, para apresentar-lhe as minhas condições para continuar.
OD: Até este momento não conseguiu estabelecer um diálogo com o presidente da federação?
CB: Tivemos uma conversa, aquando da minha vinda a Bissau. Encontramo-nos no mesmo voo. Depois de cinco meses a espera. Mas conseguimos conversar e combinamos encontrarmo-nos de novo, mas ele acabou por viajar para assistir ao congresso do CAF. Quero muito esclarecer essa situação com a federação de forma a poder oficializar a minha saída na selecção nacional. Como sempre digo, quero ser tudo e menos alguém que perturba a selecção, porque esses jogadores são meus filhos e a maior parte são pessoas que eu levei para Portugal.
Os jogadores são a melhor coisa que temos na estrutura daquela selecção. Digo-vos que dentro de três anos, estaremos em condições de competir com grandes países de África. Temos hoje muitos jogadores à espera para representar a selecção nacional. São pessoas formadas e que vivem na Europa. Aliás, essa é a experiência que os países como a Costa de Marfim, Gana, Senegal e Camarões passaram. Através dos seus cidadãos de origem e que obtiveram a nacionalidade de países Europeus. Infelizmente não tiveram oportunidade e resolvem voltar para os países de origem.
OD: Acha que o futebol guineense tem futuro e é viável?
CB: Futebol guineense é viável e tem futuro, mas não tem futuro com essa geração de dirigentes sem competência! Estes dirigismos que temos como dirigentes de futebol da Guiné-Bissau não têm competência para acompanhar esta grande geração de jogadores guineenses nos próximos anos e que são jogadores que vivem grande parte das suas vidas na Europa, sobretudo num ambiente profissional, altamente organizado e com muita exigência.
OD: O que se deve fazer de concreto para corrigir o aspecto organizacional?
CB: Podemos mudar isto! Mas isto é responsabilidade das pessoas que escolhem os seus dirigentes desportivos. Para mim hoje, para além de presidente Manelinho, há algumas figuras ali que podem fazer alguma coisa, se houver organização. Mas também há pessoas que sinceramente não merecem estar na nossa estrutura federativa…
A razão do meu afastamento foi a organização. Não me deram espaço para trabalhar no aspecto da organizaçao. Há pessoas que estão lá e que são incompetentes, que não sabem fazer nada e não querem dar espaço as pessoas que sabem fazer alguma coisa.
OD: A selecção teve muita dificuldade nesta deslocação a Zâmbia, que para muitos críticos tem a ver com a questão de organização. O que se deve fazer para melhorar os aspectos logísticos, de acordo com a sua experiência?
CB: Confesso-vos que afastei-me da selecção nacional exactamente por causa destes aspectos organizacionais. Fiz tudo para corrigir este aspeto no período em que estive dentro. Criei algumas condições mínimas em termos de aspetos organizacionais, mas infelizmente algumas pessoas incompetentes na federação não me permitiram fazer o meu trabalho.
Imagina que viemos de África do Sul e tínhamos quatro ou cinco meses para realizar aquele estágio em França. Ninguém se preocupou com os aspectos logísticos ao longo deste tempo todo. Só depois, uma semana antes de viajar para a França, todo o mundo começou a correr atrás das Finanças!? A mesma situação ocorreu no jogo da eliminatória do CAF frente ao Moçambique. Porque é que continuamos nesta situação de desorganização?
Relativamente à viajem para a Zâmbia, foi o Secretário de Estados dos desportos que se ocupou de preparar aquela deslocação e inclusive deslocou até a Zâmbia. O Secretário de Estado não podia fazer isso, porque não é seu trabalho. É responsabilidade exclusiva da federação de futebol e mais ninguém! Os preparativos do jogo deveriam começar a ter lugar há três meses e pode ser feita através de agências. Ou enviavasse alguém à Zâmbia, para resolver todo o aspecto logístico e avançar com o pagamento das contas a 50 por cento.
Levaram os jogadores até Dubai (Ásia) para depois seguir para a Zâmbia! Seguiu-se o mesmo percurso no regresso. É preciso que as pessoas comecem a pensar no aspeto da organização. Nesta jornada dupla, o que se faz em qualquer parte do mundo é fretar um avião que leve os jogadores ida e volta. Assim, depois do jogo era só ir até ao aeroporto e pegar o avião para vir para a Guiné. A incompetência que se regista a nível das estruturas da federação e do governo vai matar o nosso futebol. Portanto é preciso corrigir isso rapidamente.
É verdade que os jogadores estão a fazer esforços acima do normal em nome de amor a pátria, mas devemos repensar esta situação antes que seja tarde. Se continuarmos nesta caminhada torta, sinceramente a próxima geração de jogadores que cresceram na Europa num ambiente de trabalho muito mais profissional, não admitirão essa incompetência.
OD: Critica-se que a maioria dos seus jogadores optam por representar a selecção portuguesa em detrimento da selecção da Guiné-Bissau, seu país de origem e que isso deve-se à sua influência. Quer fazer um comentário sobre isso?
CB: Lembro que sobre este assunto, chamei as pessoas que fazem este tipo de comentários ou críticas ‘patetas’! É preciso sermos muito coerentes com essa situação, porque futebol é uma coisa prática. Quero dar o exemplo do Bruma. Imagina que este menino que desde aos 14 anos frequenta a selecção portuguesa. Bruma conta neste momento com mais de 60 internacionalizações nas diferentes camadas da seleção portuguesa.
Após terminar a formação, passou para a selecção principal. Aliás, até os portugueses estavam a seguir o jovem. Agora acha que é coerente pedir ao Bruma que abdique da selecção portuguesa para vir representar a Guiné-Bissau? Que me digam quais são os jogadores que atingiram um alto nível nas grandes selecções da Europa (França, Inglaterra, Bélgica) e de repente decidem cortar tudo para vir representar o seu país de origem…
Que façam o mesmo comentário ou críticas ao Paul Pogba (Franco-guineense de conacri) ou Ngolo Kanté (franco-maliano). Estes jogadores cresceram na França, onde fizeram toda a caminhada até à selecção principal. Deverão eles cortar tudo para vir representar os seus países de origem? Bruma não veio, mas acreditem que no futuro virá um jogador da mesma qualidade com ele para jogar na selecção da Guiné-Bissau.
Por: Assana Sambú
Foto: Marcelo Na Ritche
OdemocrataGB
O líder do Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, advertiu no fim deste tarde, 20 de Outubro 2018, que “quem partir a corda do governo atual, assumirá as suas responsabilidades”. O político falava durante um pequeno comício realizado no bairro militar (rua Gâ-biafata) que integra o círculo eleitoral n° 29.
Simões Pereira fazia assim referência à informação que ele avançou em como “há políticos que pedem o derrube do executivo liderado por Aristides Gomes, com o propósito de tomarem as rédeas da governanção para assaltar as finanças públicas”.
“Pedimos o Presidente José Mário Vaz que evite todo o tipo de brincadeira que sabemos que está acontecer e que deixe o processo do recenseamento se desenrolar normalmente. Porque se formos as eleições caberá ao povo decidir sobre quem vai entregar a governação do país”, exortou.
Assegurou aos guineenses em particular os militantes do círculo 29 que estejam tranquilos e que continuem a recensear-se, porque conforme diz “as eleições terão lugar nas condições de absoluta tranquilidade e que os cidadãos vão votar livremente para escolher os seus legítimos representantes”.
“Quem achar que tem condições de pôr em causa a realização das eleições, vai arrepender-se de uma vez por todas! Porque ninguém tem o direito de pôr em causa a oportunidade que o povo tem para escolher os seus representantes”, advertiu o líder dos libertadores.
Por: Assana Sambú
OdemocrataGB
O diretor nacional da Campanha e igualmente um dos vice-presidentes do Partido da Renovação Social (PRS), Orlando Mendes Veigas, anunciou na tarde deste sábado, 20 de outubro 2018, que o seu partido vai intentar uma providência cautelar no Supremo Tribunal de Justiça contra aquilo que considera das “irregularidades’’ constatadas no processo de recenseamento eleitoral em curso no país.
Orlando Mendes Veigas falava em conferência de imprensa realizada num dos hotéis de capital Bissau, sobre o processo eleitoral na Guiné-Bissau. Na ocasião, Veigas explicou que o recenseamento em curso para além de ser fraudulento, é também viciado e seletivo aos bastiões do Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
“Perante este cenário provocatório e de infantilismo político, o PRS quer assegurar ao Aristides Gomes e ao seu PAIGC completamente dividido e fragilizado de que jamais aceitará ser conduzido para abismo e muito menos para a situação de caos com consequências imprevisíveis no futuro. Embora seja do conhecimento geral que o PAIGC sempre tem conduzido este país para situações difíceis, como guerra civil de 7 de junho de 1998”, lê-se no comunicado apresentado por Fernanda Évora Pan, militante do PRS.
Segundo o comunicado, só um político incoerente e desonesto como Domingos Simões Pereira que é capaz de aconselhar Aristides Gomes a produzir despachos ilegais para instituir duas “comissões estranhas” ao processo eleitoral, nomeadamente à comissão interministerial e multissectorial para substituírem a GTAPE e CNE nas suas funções de organizador, executor e supervisor do processo eleitoral, comissões que de acordo com o comunicado, são compostas pelos filhos, sobrinhos e cunhados de altos dirigentes do PAIGC.
Por último, os renovadores informam na nota que se Aristides Gomes não tivesse deixado ser conduzido por Simões Pereira, teria conseguido melhorar a sua imagem bastante degradada dum político distraído, dorminhoco e incompetente com o agravante de pretender usurpar as competências do Chefe de Estado na marcação da nova data das eleições legislativas.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: AA
OdemocrataGB
A Arábia Saudita reconheceu que o jornalista saudita Jamal Khashoggi foi morto no seu consulado em Istambul, na Turquia, durante uma luta, referindo que 18 sauditas estão detidos como suspeitos.
“Investigações preliminares realizadas pelo Ministério Público sobre o desaparecimento do cidadão saudita Jamal bin Ahmad Khashoggi revelaram que discussões, que ocorreram entre ele e as pessoas que se encontraram com ele durante a sua presença no consulado saudita em Istambul, levaram a uma luta com o cidadão, Jamal Khashoggi, que causou a sua morte. Que a sua alma descanse em paz”, refere a agência oficial de notícias SPA, citando os procuradores sauditas.
A agência estatal de notícias saudita revelou também que um conselheiro próximo do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, foi demitido, juntamente com três líderes dos serviços de inteligência do reino e oficiais.
A mesma agência de notícias anunciou ainda que o rei saudita Salman quer reestruturar os serviços de inteligência do reino.
As informações reveladas não identificam os 18 sauditas detidos pelas autoridades.
Os Estados Unidos da América já reagiram à informação da morte de Jamal Khashoggi, referindo que estão “entristecidos” com o caso. “Estamos tristes por saber que a morte de Khashoggi foi confirmada”, disse Sarah Sanders, porta-voz da administração norte-americana.
Sarah Sanders acrescentou que tomaram nota do anúncio do reino saudita de que “a investigação sobre o destino de Jamal Khashoggi está a avançar” e que foram tomadas medidas “contra os suspeitos que foram identificados até ao momento”.
Khashoggi, jornalista saudita residente nos Estados Unidos desde 2017, era apontado como uma das vozes mais críticas da monarquia saudita.
Jamal Khashoggi, 60 anos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul no dia 02 de outubro para obter um documento para casar com uma cidadã turca e nunca mais foi visto.
interlusofona.info
Os dirigentes do Movimento para Alternância Democrática “MADEM G-15” denunciaram ontem em Bissau, instalação de brigadas de recenseamento nos aquartelamentos militares de “Base Aérea de Bissalanca” e na “Brigada Mecanizada 14 de Novembro” em Bissau.
De acordo com Marciano Silva, a lei eleitoral guineense afasta qualquer hipótese de se efetuar recenseamento nas instalações militares.
O político de MADEM G-15 afirma que, a situação acontece perante olhares das autoridades competentes como nada tivesse acontecer. Por isso, exige o cumprimento das leis antes que o pior aconteça.
Silva Barbeiro falava em conferência de imprensa que juntou alguns membros da Sociedade Civil desvalorizou o anúncio do alargamento do recenseamento feito pela ministra da Administração Territorial.
Conforme o movimento, não compete Ester Fernandes a definir o prazo do recenseamento eleitoral.
No encontro, a Sociedade Civil pediu mais diálogo entre os políticos para que o país possa respirar de estabilidade sociopolítica.
Notabanca; 19.10.2018
A União Europeia e o PNUD assinaram um protocolo de contribuição no valor de 2,5 milhões de euros de apoio ao ciclo eleitoral da Guiné-Bissau, que termina em 2019.
A União Europeia e o Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) assinaram esta sexta-feira um protocolo de contribuição no valor de 2,5 milhões de euros de apoio ao ciclo eleitoral da Guiné-Bissau, que termina em 2019.
“A melhor maneira que o povo da Guiné-Bissau tem de agradecer ao contribuinte europeu é aderir massivamente ao recenseamento, não importa quão difícil ou demorado, e depois às urnas”, afirmou Alexandre Borges Gomes, Encarregado de Negócios da representação da União Europeia em Bissau.
Alexandre Borges Gomes destacou também que além do apoio de 2,5 milhões de euros para as eleições legislativas, marcadas para 18 de novembro, e presidenciais, que se devem realizar em 2019, a União Europeia já disponibilizou este ano cinco milhões de euros para manter a Ecomib, força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na Guiné-Bissau.
“Há mais 7,5 milhões de euros já atribuídos para cobrir todo o ciclo eleitoral até agosto de 2019”, precisou.
O representante do secretário-geral da ONU no país, José Viegas Filho, afirmou que a contribuição dada pela União Europeia “dá garantias” de que a Guiné-Bissau conseguirá organizar o processo eleitoral.
O primeiro-ministro guineense também esteve presente na cerimónia e agradeceu em nome da população guineense, que deve, disse, pressionar as instituições do país para que no futuro a Guiné-Bissau “possa criar condições para financiar as suas próprias eleições”.
“A democracia começa na capacidade de nós criarmos instituições que possam gerir a nossa vida de modo a financiarmos a nossa democracia como sinal de posicionamento, de decisão interna e adoção por nós mesmo do exercício democrático”, afirmou Aristides Gomes.
interlusofona.info
Les sourcils tressés, la nouvelle tendance
EXCLU Magazine
O Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau (PRG), Bacari Biai, equaciona prender o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira e mais dois dirigentes do partido (Geraldo Martins e João Bernardo Vieira) sob alegado indícios de práticas de corrupção, durante o primeiro governo do PAIGC.
A informação foi transmitida pelo próprio líder do PAIGC numa conferência de imprensa esta sexta-feira (19.10), na principal sede do partido em Bissau, que foi assistido por dirigentes superiores dos libertadores, incluindo o presidente honorário do partido, Carlos Correia.
De acordo com Simões Pereira, Biai pretende com esta ação "monstrar serviço" ao seu chefe, nomeadamente, o coordenador do Movimento para Alternância Democrática-Madem G-15, Braima Camara, que cobra a contrapartida pelo favor da sua nomeação ao cargo Do PGR. Assim como o próprio Chefe de Estado, José Mário Vaz tem feito.
“Sobre esse assunto, queremos tranquilizar a todos e sobretudo aos nossos militantes visados de que não iremos tolerar mais nenhum desmando às leis da República e responderemos sem reservas a toda tentativa de subtração dos direitos individuais e políticos que os assistem”, afiançou Simões Pereira.
Pereira, acusa ainda o Procurador-Geral da República de ser um indivíduo sobre quem pendem várias suspeitas e acusações de envolvimento em negócios ilícitos e práticas fraudulentas. Última das quais, segundo Simões Pereira, foi a simulação de um incêndio para justificar o desaparecimento de verbas no próprio gabinete de trabalho.
Relativamente a situação sociopolítica do país, Simões Pereira, denunciou um conjunto de atos concertados que indicam que está em curso mais uma tentativa de levar a Guiné-Bissau aos caos e provocar mais um bloqueio nas instituições, com o objetivo de proporcionar e exigir do Presidente da República a demissão do atual governo.
Segundo líder do PAIGC, o objetivo deste plano é a nomeação de mais um executivo presidencial, criando condições para que o impasse possa atrasar a realização das eleições e voltar ao cenário das eleições gerais simultâneas, em 2019.
Sobre o processo eleitoral em curso fortemente criticado pelos partidos políticos, o líder do PAIGC, acusou as representações diplomáticas de Portugal, França e o representante da Guiné-Bissau nas Nações Unidas, Delfim da Silva, de estão a trabalhar para comprometer o recenseamento eleitoral.
“Nas representações diplomáticas de Portugal e França, com envolvimento direto dos Embaixadores, os kits estiveram aprisionados vários dias, impedindo o início do recenseamento. A atuação do representante do país nas Nações Unidas, por indicação expressa do Presidente da República, José Mário Vaz, visou comprometer a ajuda anunciada pelo Japão ao processo eleitoral”, explicou Simões Pereira.
Confrontado pela imprensa sobre a nova data para eleições legislativas, Simões Pereira afirma que qualquer prazo que foi fixado que não for no mês de Dezembro de 2018, configura uma violação flagrante das leis.
A Guiné-Bissau vive uma crise política há vários anos, tendo o Presidente da República, José Mário Vaz, nomeado, em abril último, Aristides Gomes como primeiro-ministro para a constituição de um Governo inclusivo com vista à realização das eleições legislativas.
As eleições, marcadas para 18 de novembro, têm sido colocadas em causa por várias organizações, dadas as dificuldades em assegurar o recenseamento.
Esta quarta-feira (17.10), o governo anunciou, o prolongamento da data de recenseamento eleitoral até 20 de Novembro, comprometendo assim a data de 18 de Novembro. Por isso, os guineenses aguardam um pronunciamento do Presidente da República sobre a marcação de uma nova data para as eleições legislativas na Guiné-Bissau.
Por: Alison Cabral
Foto: Marcelo N`Canha Na Ritchi
Rádio Jovem Bissau
Bissau, 19 Out 18 (ANG) – O Secretário-geral de Associação de Consumidores, Bens e Serviços (ACOBES), Bambo Sanhá disse estar preocupado com alegadas interferências de “algumas figuras do Estado” no processo de denúncia que fez sobre “impurezas” que aparecem na Djumbai, cerveja produzida pela empresa Santy Comercial , em Bissau.
Em declarações à ANG, este responsável disse que a sua organização fez uma denúncia relativamente a má qualidade e da existência de impurezas nessa cerveja nociva para o consumo humano, situação, segundo Sanhá, confirmada pelos serviços de inspecção do Ministério da Saúde Pública.
“Foram descobertas muitas embalagens prontos para serem comercializadas que se encontravam na mesma situação. E na altura de averiguação do armazém de estoque deste produto, o advogado da empresa mandou fechar os portões impedindo a equipa do Ministério da Saúde de concluir o seu trabalhos”, afirmou.
Bambo Sanhá disse que solicitara também a intervenção da Polícia Judiciária, que “acabou por confirmar a denúncia da ACOBES”.
De acordo com secretário-geral de ACOBES, as impurezas encontradas na cerveja não precisam de ser observadas no laboratório, porque qualquer um consegue vê-las à olhos nús.
"A própria empresa confirmou a existência de impurezas no produto perante todas as entidades que acompanharam o acto da vistoria nos armazéns, nomeadamente o Ministério de Saúde e a PJ", disse o Secretário-geral de ACOBES.
Segundo Bambo Sanhá, a PJ pediu documentos para confirmar o local de produção, engarrafamento e o certificado de qualidade da referida cerveja mas até então a empresa não lhe deu nada.
Sanhá exorta ao Ministério de Saúde e o Ministério Publico para assumirem as suas responsabilidades perante este facto que considera de preocupante.
“A vida das pessoas estão em risco, e as medidas devem ser tomadas por quem de direito. Nenhuma receita de impostos desta empresa é mais importante que a vida de cidadãos consumidores”, sustenta Bambo.
Pede aos comsumidores de bebibas para serem mais atentos certificando os prazos de validade.
Sanhá lamenta o facto de até então o país não dispor de laboratório para analisar a qualidade dos produtos de consumo.
ANG/CP/LPG//SG
A assinatura de um acordo na área da comunicação social entre os governos guineense e português ficou em suspenso depois das substituições no executivo de António Costa, disse, em entrevista à Lusa, o ministro da Comunicação Social da Guiné-Bissau.
O acordo, segundo o ministro Victor Gomes Pereira, consagrava um “intercâmbio que se podia fazer à volta da formação dos nossos jornalistas” e “alguns aspetos técnicos que referem, nomeadamente, os centros emissores” da RTP.
No entender de Victor Gomes Pereira, há necessidade de atualizar o acordo em vigor entre os dois países, com 21 anos.
“O Estado guineense tem um acordo com a autoridades portuguesas a nível do audiovisual. Dada a caducidade do mesmo acordo, que data de 1997, de há um ano a esta parte que estamos a negociar com o Ministério da Cultura, RTP e RDP no sentido de incluir ou excluir alguns pontos” disse o ministro, em Lisboa, admitindo que nos moldes atuais “já não fazem muito sentido”.
A assinatura do protocolo estava prevista para dia 16 de outubro, mas a substituição de Luís Filipe Castro Mendes, como ministro da Cultura, suspendeu a concretização do acordo.
“Infelizmente, dado aquilo que é o conhecimento que tive posteriormente, já em solo português, de que teria havido um acerto no Governo, e essa mesma pessoa já não é ministro da Cultura”.
Victor Gomes Pereira lamentou a situação e disse que irá agora dialogar com a nova responsável pela pasta da Cultura portuguesa, Graça Fonseca.
O ministro, que também é porta-voz do segundo maior partido do país, o Partido para a Renovação Social (PRS), reforçou a ideia de iniciar a transmissão dos canais públicos guineenses em Portugal.
“Gostaríamos de ter acesso aos meios tecnológicos que permitissem aos nossos emigrantes terem acesso às nossas emissões, tanto rádios como televisões públicas”, afirmou.
Victor Gomes Pereira espera uma nova ronda negocial, agora sob a tutela da nova ministra da Cultura, Graça Fonseca.
“Teremos de acertar uma nova data. E espero que desta vez seja em Bissau”, concluiu o ministro.
Entre julho e o início de novembro de 2017, as transmissões da RTP e da RDP estiveram suspensas na Guiné-Bissau, com Victor Gomes Pereira a justificar, na altura, a decisão com o caducar do acordo em vigor desde 1997.
24.sapo.pt
Jornalista da AL Jazeera revela que Jamal Khashoggi foi drogado e cortado em sete minutos. Imprensa turca fala em tortura e decapitação.
Os relatos não coincidem no detalhes, mas uma coisa é certa: a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado da Arábia Saudita em Istambul foi extremamente violenta, com contornos a raiar o sadismo.
O jornal turco Yeni Safak cita fontes policias turcas para dizer que Khashoggi, um crítico do regime do seu país e que vivia há vários anos na Turquia, foi torturado mal entrou no consulado, a 2 de outubro. O jornalista tinha ido ali tratar de assuntos burocráticos, relacionados com o casamento que estava prestes a contrair com uma mulher turca.
Logo à chegada, foi atacado por elementos do grupo de 15 pessoas que vieram da Arábia Saudita para o intercetar. O jornal turco diz que Khashoggi foi interrogado sob tortura, com os dedos a serem cortados. Terá morrido quando lhe cortaram a cabeça. Tudo isto na presença do Cônsul-Geral em Istambul e outros diplomatas.
A imprensa turca dá conta de que existe uma gravação áudio do que se passou no consulado, realizada pelos serviços secretos turcos, mas não há confirmação oficial.
Desmembrado ainda vivo
Uma outra versão do crime é relatada pelo canal de TV Al Jazeera, do Qatar. O jornalista Abdel Azim Mohamed também cita fontes policias turcas para dizer que Khashoggi foi drogado mal entrou no consulado. Segundo o relato, entrou então em cena Salah Tabiqi, diretor do Instituto de Patologia Forense da Arábia Saudita, que integrava a tal comitiva de 15 pessoas.
Tabiqi começou então a desmembrar Khashoggi quando este ainda estava vivo. E aconselhou os presente a ouvirem música, para atenuar o ambiente de terror. Segundo a versão da Al Jazeera, a operação durou apenas sete minutos e corpo foi levado, em vários pedaços espalhados por diferentes malas, da representação diplomática.
Polícia turca investiga
A Polícia turca fez esta terça-feira buscas no consulado e outros locais e terá encontrado indícios do crime.
A CNN dá conta de que a Arábia Saudita se prepara para admitir que o jornalista morreu no consulado, mas defendendo que se tratou de uma morte "acidental". O caso está a provocar uma grave crise diplomática, que envolve vários países.
Ligações perigosas ao prícipe herdeiro da Arábia Saudita
Grande parte do esquadrão de 15 elementos que as autoridades turcas acreditam ser reponsável pelo desaparecimento do jornalista saudita dissidente Jamal Khashoggi está relacionado, de forma mais ou menos directa, com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman.
Nove dos membros dessa equipa, segundo o New York Times, são pessoas próximas do monarca que realmente lidera a Casa de Saud, tendo um deles feito parte do séquito durante as visitas de MBS, como é conhecido, a Espanha, França e EUA. O jornal norte-americano conseguiu confirmar de forma independente que esses nove elementos trabalharam para os serviços de segurança sauditas, o exército ou departamentos ministeriais.
Um dos elementos do alegado esquadrão é Maher Abdulaziz Mutreb, um diplomata que trabalhou na embaixada de Londres, em 2007, e que fez parte da comitiva que visitou Europa e EUA. Outros três elementos, de acordo com o mesmo jornal, foram vinculados à equipa de segurança de bin Salman, enquanto outro dos suspeitos, Salah Tabiqi, é um especialista forense que ocupa um importante cargo no Ministério do Interior. Segundo o New Tork Times, este elemento só poderia actuar perante a ordem de alto dirigente ou governante saudita.
cmjornal.pt/mundo
O Governo da Guiné-Bissau e a Federação das Associações dos Motoristas e Transportadores chegaram à um acordo hoje para a suspensão da greve de trasnportes no país. O acordo foi alcançado depois da assinatura de um memorando de entendimento entre as dua partes.
Bissau On-line
A ministra da Administração Territorial anunciou hoje em Bissau, o alargamento da data do fim do recenseamento eleitoral.
A governante falava a imprensa após a reunião de caráter informativa sobre o processo em causa, tido entre o Governo, partidos com assento parlamentar e grupo de “P-5”.
Ester Dias Fernandes assegurou que o recenseamento em curso irá decorrer durante 60 dias, isto de acordo com a lei eleitoral, “para que haja maior abrangimento dos cidadãos recenseados.”
O representante do PRS, chamou atenção que o seu partido não vai aceitar o adiamento das eleições na data prevista.
Jorge Malu deixa claro que, PRS só vai às eleições quando maior parte dos eleitores recenseados:
“Nós não vamos aceitar adiamento do prazo do dia 18. Nós só vamos às eleições em condições se a maior parte dos eleitores já recenseados,” avisou Malu.
Domingos Simões Pereira (DSP), presidente do PAIGC acusou o Presidente da República de “violar de forma criminal o artigo 5º da lei eleitoral, ao não permitir o princípio da liberdade, transparência e igualdade dos tratamentos.”
DSP vai ainda mais longe em afirmar que, José Mário Vaz está na pré-campanha eleitoral:
“ Presidente da República escolhe esse período para campanha de distribuição de arroz que serve de base, para invocar um partido politico em concreto, e transformar esse partido político no motivo da sua campanha.”
Presidente do PAIGC disse ainda que, a TGB abdicou-se do seu serviço em promover atos de soberania, como a realização de eleições. Estando agora, a ser utilizada como elemento de propaganda para convocar a sociedade ao bloqueio do processo.
Notabanca; 17.10.2018
O porta-voz de Plataforma de cinco de partidos políticos sem assento parlamentar, igualmente líder do Movimento Democrático Guineense (MDG), Silvestre Alves, acusou ontem, 17 de Outubro 2018, a Comunidade Internacional de “tentar resolver sempre o problema do país de forma errada”, favorecendo o Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
“A comunidade internacional, no seu conjunto, continua a sonhar com ‘Dom Sebastião’ o que é uma falácia”, avançou.
A acusação foi feita depois da apresentação do memorando dos cincos partidos sem assento parlamentar, nomeada- mente, a Resistência da Guiné-Bissau/ Movimento Bafatá (RGB), Manifesto do Povo, Movimento Democrático Guineense (MDG), Partido Africano para a Liberdade Organização e Progresso e o Partido Democrático para o Desenvolvimento.
Silvestre Alves explicou que a comunidade internacional, na tentativa de criar estabilidade na Guiné-Bissau, sempre “tem apostado num governo do PAIGC”, mas segundo ele, este partido “nunca conseguiu encontrar uma solução aos problemas do país”.
“Aparentemente a comunidade internacional continua a apostar no mesmo cavalo, mesmo sabendo que ou tendo a consciência que não é possível ter eleições a 18 de novem- bro”, sublinha Silvestre Alves.
O político acusa igualmente o Presidente República José Mário Vaz e o PAIGC e o seu líder (Domingos Simões Pereira) de criarem a crise política. No entendimento de porta-voz da Plataforma, Domingos Simões Pereira podia afastar-se do PAIGC e criar o seu próprio partido, evitando assim “a cíclica instabilidade”.
A plataforma dos cincos partidos sem assento parlamentar defende, no entanto, a promoção de medidas que possam salvaguardar e garantir a transparência e uma boa administração do processo eleitoral por parte do Presidente da Republica, José Mário Vaz.
Os cincos partidos apelam à adoção de compromissos que reforcem a confiança na gestão do processo eleitoral, como também propõem a instituição de uma comissão de segui- mento representativa dos agrupamentos partidários para acompanhar, mediante parecer prévio e obrigatório, as decisões da Comissão Nacional das Eleições (CNE) e o Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE).
Por: Epifânia Mendonça
OdemocrataGB
A ministra da Administração Territorial guineense, Ester Fernandes, disse hoje que o recenseamento eleitoral para as legislativas de 18 de novembro, que deveria terminar no sábado, será prolongado.
"O recenseamento vai cumprir prazos legais para o efeito", afirmou a ministra.
Questionada pelos jornalistas sobre o significado dos prazos legais, Ester Fernandes disse que eram "60 dias".
"Vai-se cumprir a lei eleitoral nessa matéria", afirmou, sem adiantar mais pormenores.
A ministra falava aos jornalistas no final de um encontro com o primeiro-ministro no Ministério das Finanças, em Bissau, que juntou também os partidos com assento parlamentar e os representantes da União Africana, União Europeia, Nações Unidas, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Sobre a data de final do recenseamento, a ministra disse apenas aos jornalistas para fazerem as contas.
Quando questionado sobre o facto de o prolongamento do recenseamento ir bater na data das eleições legislativas, a ministra respondeu que o "Governo não marca a data das eleições.
"O Governo cumpre as orientações de quem de direito. O Governo cumpre a lei do recenseamento, cumpre com o recenseamento, para que haja o maior número de cidadãos recenseados", disse.
O Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE) anunciou hoje que estão recenseados mais de 220.000 eleitores, cerca de 25%, do universo estimado pelo Instituto Nacional de Estatística que é de 886.292 eleitores.
O processo eleitoral em curso na Guiné-Bissau tem provocado fortes críticas dos partidos sem assento parlamentar e da sociedade civil, que têm pedido que as legislativas sejam adiadas.
Em causa está, essencialmente, o recenseamento eleitoral que não decorreu entre 23 de agosto e 23 de setembro, como previsto, devido a atrasos na chegada dos equipamentos para recenseamento biométrico.
A Nigéria acabou por se disponibilizar para doar 350 'kits' de registo biométrico, mas apenas 150 chegaram ao país, devendo os restantes ser recebidos no sábado, dia em que termina o atual recenseamento.
O recenseamento, que começou a 20 de setembro, deveria terminar este sábado, quando está prevista a chegada dos restantes kits.
MSE // PVJ
Lusa/Fim
O Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE) da Guiné-Bissau disse hoje que as operações de recenseamento estão a "decorrer com a normalidade possível", com 220.000 eleitores recenseados até ao momento, 25% do universo eleitoral estimado.
“Globalmente, as operações eleitorais estão a decorrer com a normalidade possível, de forma ordeira como pode ser facilmente verificado por visita aos postos de recenseamento”, afirmou, em conferência de imprensa, o diretor-geral do GTAPE, Aliain Sanka.
Alain Sanka referiu que as populações “afluem em quantidade expressiva às brigadas de recenseamento” e estão a contribuir para a “resolução calma e atempada de pequenos problemas”.
“As populações são exemplo de civismo e irrepreensibilidade”, disse Alain Sanka.
O diretor-geral do GTAPE disse que foram registados alguns incidentes, que o gabinete “irá proceder em consequência” e de acordo com a lei.
“O GTAPE insta, pois, quer junto dos partidos políticos, cuja responsabilidade no bom decurso do processo é incontroversa, quer junto dos eleitores e comunidade em geral, o maior envolvimento possível no sentido da construção do civismo de que a Guiné-Bissau tem de dar exemplo”, sublinhou.
Na conferência de imprensa, Alain Sanka disse que até hoje estão recenseados mais de 220.000 eleitores, cerca de 25%, do universo estimado pelo Instituto Nacional de Estatística, que é de 886.292 eleitores.
O processo eleitoral em curso na Guiné-Bissau tem provocado fortes críticas dos partidos sem assento parlamentar e da sociedade civil, que têm pedido que as legislativas sejam adiadas.
Em causa está, essencialmente, o recenseamento eleitoral que não decorreu entre 23 de agosto e 23 de setembro, como previsto, devido a atrasos na chegada dos equipamentos para recenseamento biométrico.
A Nigéria acabou por se disponibilizar para doar 350 ‘kits’ de registo biométrico, mas apenas 150 chegaram ao país, devendo os restantes ser recebidos no sábado, dia em que termina o atual recenseamento.
O recenseamento, que começou a 20 de setembro, deverá terminar no sábado.
Questionado sobre se o recenseamento vai ser prolongado, o GTAPE remeteu para o Governo guineense esclarecimentos sobre o assunto.
interlusofona.info
As eleições legislativas na Guiné-Bissau marcadas para 18 de novembro, já não vão ter lugar, devido ao atraso registado no processo de recenseamento eleitoral.
A data ficou comprometida depois do Governo ter anunciado o prolongamento do recenseamento eleitoral até 20 de novembro, cumprindo assim a Lei Eleitoral, que determina que o processo deve decorrer durante 60 dias, isto adicionada, também, à pressão dos partidos políticos, que têm criticado o ato e denunciado irregularidades.
Perante esta decisão, o Presidente da República, José Mário Vaz, que se encontra em Dakar, em visita de algumas horas, deve marcar uma nova data, depois de ouvir a CNE, o Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral, e os partidos políticos representados no parlamento.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) já indicara os meses de Dezembro ou Janeiro de 2019, como períodos possíveis para a realização do referido ato eleitoral.
O adiamento da data das eleições é um revés para Aristides Gomes, tendo o Presidente da República determinado, no momento da sua nomeação como primeiro-ministro, que a sua ação como chefe do Governo deveria estar centrada no cumprimento da data anunciada.
© e-Global Notícias em Português
A Polícia de Segurança Pública de Portugal entregou hoje à Polícia de Ordem Pública da Guiné-Bissau três mil fardas e equipamento, no âmbito da cooperação existente entre as duas forças de segurança.
«É um reabrir das portas da cooperação entre a Polícia de Segurança Pública e a Polícia de Ordem Pública da Guiné-Bissau no quadro de cooperação em vários domínios, que já inclui formação, e agora naquilo que são as prioridades da polícia de reforçar condições materiais e dar um contributo ao combate à sinistralidade rodoviária», afirmou o diretor nacional da PSP, Luís Farinha.
A PSP entregou cerca de 3.000 peças de fardamento, algemas e alcoolímetros.
«Esta ação é do povo português, este donativo é imposto pago pelos cidadãos portugueses, portanto, é com bastante prazer que vamos receber este donativo que vai dar outra imagem aos agentes da Polícia de Ordem Pública», disse o comissário-geral da POP, Celso Carvalho.
O comissário salientou também que os medidores de álcool no sangue vão servir para combater a sinistralidade rodoviária no país.
«Muitas vezes os processos são absolvidos por falta de provas e isto vai ajudar a provar» que os condutores tinham consumido álcool, disse.
Presente na cerimónia, que decorreu no Ministério do Interior, em Bissau, esteve também o embaixador de Portugal, António Alves de Carvalho, que afirmou que o «ato simbólico» representa aquilo que Portugal pensa da Guiné-Bissau.
«É estar próximo, é estar presente, é cooperar, ajudar, apoiar e, sobretudo, dar e transmitir uma ideia positiva de que Portugal está com a Guiné-Bissau», afirmou António Alves de Carvalho.
O embaixador sublinhou que Portugal está «envolvido e comprometido» em desenvolver quadros mais ambiciosos de cooperação.
O diretor nacional da PSP iniciou segunda-feira uma visita de dois dias à Guiné-Bissau, que incluiu encontros de trabalho com o ministro do Interior guineense, Mutaro Djaló, com o comissário-geral da POP e visitas a várias esquadras da cidade de Bissau.
Notabanca; 17.10.2018