A apresentar mensagens correspondentes à consulta golpe de Estado de fevereiro de 2022, na Guiné-Bissau ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens
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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

CRONOLOGIA: Em cinco anos, Guiné-Bissau soma já dez golpes de Estado

Por  sicnoticias.pt

O golpe de Estado na Guiné-Bissau, ocorrido a 26 de novembro, representa o décimo golpe militar desde 2020. Esta quinta-feira o general Horta Inta-A foi empossado Presidente de transição após os militares terem detido o Presidente Umaro Sissoco Embalo.

O golpe de Estado na Guiné-Bissau, que ocorreu na quarta-feira, foi o 10.º no continente africano desde 2020.

Os Governos da Guiné-Conacri, do Sudão, do Níger, do Gabão e de Madagáscar sofreram um golpe de Estado nos últimos cinco anos, enquanto os do Mali e do Burkina Faso tiveram esse desfecho por duas vezes.

18 de agosto de 2020:

O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, é deposto por um movimento de cinco coronéis. Um oficial na reforma é nomeado Presidente de transição e é formado um novo Governo.

24 de maio de 2021:

Os militares malianos detêm o Presidente de transição e o primeiro-ministro. O líder, Assimi Goïta, é investido como novo Presidente de transição. Depois de se comprometerem a devolver o poder aos civis através das urnas em fevereiro de 2024, os militares adiam a eleição presidencial para uma data indeterminada, dizendo que o país, afetado pela violência 'jihadista', ainda não está estabilizado.

O Presidente Goïta promulga, em julho de 2025, uma lei que lhe concede um mandato de cinco anos, renovável, sem eleições.

05 de setembro de 2021:

O Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, é deposto por um golpe militar, sendo que a 01 de outubro do mesmo ano, Mamadi Doumbouya torna-se Presidente e promete inicialmente devolver o poder a civis.

Mamadi Doumbiuya apresentou recentemente a candidatura à eleição presidencial prevista para 28 de dezembro, destinada a restaurar a ordem constitucional.

25 de outubro de 2021:

Os militares liderados por Abdel Fattah al-Burhane afastam os dirigentes civis da transição sudanesa que deveriam conduzir o Sudão à democracia após 30 anos de ditadura de Omar al-Bashir, deposto em 2019.Desde 15 de abril de 2023, uma guerra motivada por uma luta pelo poder entre al-Burhane e o seu antigo adjunto Mohamed Hamdane Daglo, chefe das forças paramilitares das Forças e Apoio Rápido, devasta o país.

O conflito já causou dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e provocou a "pior crise humanitário do mundo", segundo as Nações Unidas.

24 de janeiro de 2022:

O Presidente do Burkina Faso, Roch Marc Christian Kanoré, é afastado do poder por militares, e Paul-Henri Sandaogo Damiba é investido Presidente em fevereiro.

Damiba é por sua vez deposto em setembro do mesmo ano por militares, e Ibrahim Traoré torna-se Presidente de transição, prometendo inicialmente devolver o poder aos civis.Em maio de 2024, a junta autoriza-o a permanecer mais cinco anos à frente deste país.

26 de julho de 2023:

Os militares do Níger derrubam o Presidente Mohamed Bazoum e Abdourahamane Tiani torna-se o novo homem forte do país. A junta prolonga a sua transição por mais cinco anos, em março de 2025.

30 de agosto de 2023:

No Gabão, governado pela família Bongo há mais de 55 anos, os militares depõem Ali Bongo Ondimba, que dirigia o país há 14 anos, menos de uma hora depois da proclamação da sua reeleição num escrutínio contestado.Brice Oligui Nguema é investido Presidente de transição e, em abril de 2025, é eleito Presidente com 94,85% dos votos - toma posse sob a nova Constituição aprovada por referendo durante a transição.

14 de outubro de 2025:

Em Madagáscar, uma unidade militar junta-se ao movimento de contestação iniciado pelos jovens da geração Z, que sacode a ilha, e depõe o Presidente Andry Rajoelina e Michaël Randrianirina é investido Presidente e promete eleições dentro de 18 a 24 meses.

26 de novembro de 2025:

Um grupo de militares anunciou na quarta-feira ter tomado o poder na Guiné-Bissau, antecipando-se à divulgação dos resultados das eleições gerais de 23 de novembro.

Os militares prenderam o Presidente, Umaro Sissoco Embalo, e hoje o general Horta Inta-A foi empossado Presidente de transição do país.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, nomeou esta quarta-feira, novamente, um chefe do Estado-Maior Particular e mudou a chefia do Tribunal Militar Superior, através de decretos publicados em Bissau

© Lusa  02/04/2025

Presidente da Guiné-Bissau nomeia chefe do Estado-Maior Particular

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, nomeou esta quarta-feira, novamente, um chefe do Estado-Maior Particular e mudou a chefia do Tribunal Militar Superior, através de decretos publicados em Bissau.

Para Chefe do Estado-Maior Particular do Presidente da República, Sissoco Embaló nomeou o major-general Tomás Djassi, cargo que acumula com o de Comandante de Segurança Presidencial.

Djassi é um ex-comissário Nacional da Polícia de Ordem Pública (POP) e antigo comandante-geral da Guarda Nacional.

Em setembro de 2023, o chefe de Estado nomeou Tomás Djassi comandante da Segurança Presidencial, tendo justificado a sua decisão pelo facto de aquele ser um dos militares que o defenderam "com bravura".

O Presidente da Guiné-Bissau referia-se ao desempenho do general aquando dos ataques de homens armados ao Palácio do Governo, onde presidia ao Conselho de Ministros, no dia 01 de fevereiro de 2022.

Na ação, que as autoridades políticas e militares consideraram tratar-se de tentativa de golpe de Estado, morreram 12 pessoas, na sua maioria elementos da segurança presidencial e motoristas de membros do Governo.

É a segunda vez que Umaro Sissoco Embaló nomeia alguém para o cargo de Chefe do Estado-Maior Particular do Presidente da República.

O também major-general Horta Inta-A foi nomeado para o posto em setembro de 2023, mas, dias depois, foi exonerado daquelas funções e nomeado chefe do Estado-Maior do Exército.

A primeira nomeação de um Chefe do Estado-Maior Particular do Presidente da República, diferente do cargo de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, foi, na altura, bastante criticada pela oposição a Sissoco Embaló.

A oposição considerou que, por não ser uma figura prevista na Constituição guineense, a nomeação era ilegal.

Sissoco Embaló respondeu aos críticos com o argumento de que, enquanto "Comandante Supremo das Forças Armadas", tem competência "para requisitar" qualquer elemento da estrutura militar para o coadjuvar na Presidência da República.

"O Chefe do Estado-Maior particular do Presidente é uma estrutura que existe em todos os países do mundo. O Chefe do Estado-Maior General é o primeiro operacional das Forças Armadas, são duas coisas totalmente diferentes", argumentou Embaló.

O Presidente guineense fez igualmente mexidas no Tribunal Militar Superior, tendo exonerado o major-general Quintino Quadé da presidência do órgão e nomeado o também major-general Augusto Bicoda, que já tinha ocupado o cargo.

Quintino Quadé foi nomeado por Sissoco Embaló conselheiro do Presidente da República para a área da Defesa Nacional.

Os decretos não referem os motivos das mexidas.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Condenados a prisão 14 militares acusados de tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau

Por Lusa 

O Tribunal Militar de Bissau condenou hoje a penas de prisão efetiva de entre 12 e 29 anos 14 suspeitos de envolvimento na tentativa de Golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2022, na Guiné-Bissau.

Três dos arguidos foram condenados a penas de 29 anos de prisão efetiva, outros oito a 24 anos e o tribunal aplicou ainda uma pena de 12 anos de prisão efetiva a mais três suspeitos.

No total, foram condenados 14 dos 24 arguidos neste processo, que tiveram pena acessória de expulsão das Forças Armadas da Guiné-Bissau.

O processo arrasta-se há três anos e o julgamento, que terminou hoje com a leitura do acórdão, envolveu 24 dos 50 indiciados por envolvimento na alegada tentativa golpe de Estado.


Leia Também: MORTE DI KATCHUR I FESTA DI DJUGUDÉ.


Preta Fixe Dsp Dsp @Anós de diáspora nó bin pidi bós nó fardados pa seta pa da assistência pa kilis ku molestra bó manda eles pa hospital nacional Simon Mendis🤲🏾🙌🏾
Ka bo seta pa evacuado pa nin cau☝🏾Pa reforça vigilância Ka bo larga Umaro Sissoco Embaló 👳🏿‍♂️ inda VIVA REVOLUÇÃO VIVA LIBERDADE 🗽 E VIVA POVO DE GUINÉ-BISSAU 🇬🇼❤️❤️😁😁😁

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@Mondelane Domingos Dias

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Libertados mais 13 detidos acusados de tentativa de golpe na Guiné-Bissau

© Lusa   27/11/2024 

Um tribunal da Guiné-Bissau ordenou hoje a libertação de 13 dos cerca de 50 detidos, entre militares e civis, acusados de tentativa de golpe de Estado em fevereiro de 2022, disseram à Lusa fontes judiciais.

De acordo com um advogado da equipa de defesa dos detidos, as pessoas libertadas são aquelas que o Tribunal Superior Militar ordenou a sua libertação em julho passado por não existir contra si qualquer acusação deduzida pelo Ministério Público.

A lista incluía 17 dos 50 detidos no chamado caso 01 de fevereiro, dos quais um faleceu, entretanto. Trata-se do capitão-de-fragata Papa Fanhé, que morreu, no Hospital Militar de Bissau, aos 37 anos, no passado mês de junho.

Entre os agora libertados encontram-se o general Sanca Bukuké e o coronel António Sofia da Costa, sendo os restantes 11 soldados.

A mesma fonte notou que, do grupo "de detidos, mas sem qualquer acusação", não foram libertados o general Júlio Nhaté Nsulte e o tenente-coronel Júlio Mambali.

No passado mês de outubro, o mesmo tribunal que hoje libertou as 13 pessoas colocou em liberdade Pedro Badji, militar afeto à Marinha de Guerra guineense, Pedro Gomes, da Fiscap (entidade estatal de fiscalização das atividades de Pesca), Dok Ndafa, Geraldo Paulo Nhasse e Marciano Felix, todos das chamadas Unidades Combativas do interior da Guiné-Bissau,

Em julho passado, o Tribunal Superior Militar guineense ordenou a "libertação imediata" de todos os detidos por alegado envolvimento no 'caso 01 de fevereiro' por considerar que os prazos de detenção "foram largamente ultrapassados" e ainda porque alguns dos detidos não tinham sido acusados de nada.

A ordem não tinha sido cumprida pelo tribunal 'ad-hoc' que tem estado a julgar alguns dos detidos já há vários meses, mas com várias polémicas pelo meio, levantadas pelos advogados de defesa que acusam o órgão de falta de lisura no processo.

Entre os detidos que ainda aguardam por julgamento figura o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, acusado pelas autoridades civis e militares do país de ser o "líder da tentativa de golpe".

As mesmas autoridades anunciaram que no dia 01 de fevereiro de 2022, um grupo de pessoas, militares e civis, atacaram com armas do exército guineense o palácio do Governo onde decorria um Conselho de Ministros, presidido pelo chefe do Estado, Umaro Sissoco Embaló.

Nessa ação morreram 12 pessoas, na sua maioria elementos do corpo de segurança presidencial.


Leia Também: A Frente Patriótica Unida (FPU), oposição angolana, disse hoje que o problema da fome em Angola "é grave" e "não deve deixar ninguém sossegado", considerando que o país precisa de medidas efetivas e sustentáveis para o seu combate.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Guiné-Bissau. Defesa exige libertação de detidos por tentativa de golpe

© Radio TV Bantaba
Por Lusa  24/07/24
Os advogados de defesa das cerca de 50 pessoas detidas na Guiné-Bissau por tentativa de golpe de Estado em 2022 exigiram hoje a sua libertação imediata, conforme ordenou o Tribunal Militar Superior (TMS).

A posição foi transmitida em conferência de imprensa pelo advogado Marcelino Intupé, em nome de um grupo de causídicos que defendem os detidos, em reação a um acórdão publicado na terça-feira pelo TMS.

Aquela instância considerou "parcialmente procedente" as alegações apresentadas no recurso de agravo da defesa dos detidos e ordenou a libertação de todos os detidos, civis e militares e ainda a alteração de medidas de coação daqueles com acusação já formada.

"O tribunal foi claro e pensamos que não haverá margem para que o acórdão não seja cumprido", observou o advogado Marcelino Intupé.

Para este advogado, a decisão do TMS "vincula a todos" pelo que, disse, "até final desta semana" as cerca de 50 pessoas atualmente detidas na Base Aérea de Bissalanca, arredores de Bissau, serão libertadas.

Marcelino Intupé observou que o "tribunal foi claro" ao aceitar a exigência da defesa em como 17 dos 50 detidos, sem culpa formada, "devem sair em liberdade imediatamente" e os outros, acusadas pelo Ministério Público, "também devem sair e aguardar o julgamento nas suas casas".

A este grupo, onde se inclui o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, o TMS sugeriu que sejam aplicadas "outras medidas de coação adequadas ao caso concreto de cada suspeito, aguardando a audiência e julgamento".

"Têm de sair e aguardar o julgamento nas suas respetivas casas. O acórdão não diz que não irão ao julgamento", notou Intupé.

O advogado não vê "qualquer hipótese" de a ordem de soltura decretada pelo tribunal "não ser acatada pelo Estado-Maior General das Forças Armadas".

"Até porque a ordem foi tomada por juízes propostos pelo Estado-Maior", afirmou Marcelino Intupé.

Os detidos são acusados pelo Ministério Público civil de terem disparado armas de fogo contra membros do Governo e o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, no dia 01 de fevereiro de 2022, que se encontravam reunidos em Conselho de Ministros.

Da ação resultou a morte de 12 pessoas, na maioria guardas presidenciais.

O Presidente guineense e o Ministério Público civil consideraram tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado.

Em duas ocasiões, um tribunal marcou a sessão de julgamento, mas sempre suspensa até que a defesa entrou com um recurso no TMS que agora produziu um acórdão ordenando a sua soltura imediata.

Leia Também: Movimento civil guineense convoca manifestação para sábado em Lisboa

Guiné-Bissau: O Tribunal Militar Superior (TMS) guineense ordenou a libertação imediata de cerca de 50 civis e militares acusados de tentativa de golpe de Estado no dia 01 de fevereiro de 2022, lê-se num acórdão hoje publicado.

Por Lusa  23/07/24 
Tribunal manda libertar acusados do caso 01 de fevereiro na Guiné-Bissau
O Tribunal Militar Superior (TMS) guineense ordenou a libertação imediata de cerca de 50 civis e militares acusados de tentativa de golpe de Estado no dia 01 de fevereiro de 2022, lê-se num acórdão hoje publicado.


No documento, a que a Lusa teve acesso, refere-se que o TMS deu como procedente o recurso de agravo da defesa dos detidos, que entre outros fatos, questiona a forma como foi constituído o Tribunal Militar Regional para o julgamento daquelas pessoas.

A defesa alega que a constituição do tribunal tem, entre outros, o "vício" de o juiz relator do processo ser um assessor jurídico do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Biague Na Ntan.

Alega ainda que 17 dos 50 detidos tinham ordens de libertação emitidas por um Juiz de Instrução Criminal (JIC) e pelo Ministério Público por não existirem quaisquer indícios sobre si, mas que nunca foram cumpridas.

No acórdão hoje divulgado, assinado por três juízes do TMS (equivalente ao Supremo Tribunal de Justiça civil), lê-se que aquela instância considerou "parcialmente procedente" o recurso da defesa dos 50 detidos.

Aquele tribunal ordena a "libertação imediata" dos 17 detidos que não tinham sido acusados por falta de indícios de envolvimento na tentativa de golpe de Estado.

Neste grupo figuram, entre outros militares, o general Júlio Nhate Sulté, ex-chefe do regimento dos 'Comandos' e à data da sua detenção, fevereiro de 2022, responsável pela Escola Militar de Cumuré.

O TMS ordenou igualmente a revogação da prisão preventiva aplicada aos suspeitos acusados de envolvimento na tentativa de golpe, "por ultrapassar de longe os prazos legais da sua duração", e determinou que sejam restituídos à liberdade.

O acórdão ordena ainda ao tribunal competente no processo que aplique "outras medidas de coação adequadas ao caso concreto de cada suspeito, aguardando a audiência e julgamento".

Entre os envolvidos neste processo figura o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, considerado pelo poder político como o líder da intentona do golpe militar.

No acórdão refere-se ainda que a composição do tribunal que vai julgar os suspeitos deve ser feita de acordo com a lei em vigor na Guiné-Bissau.

Em duas ocasiões, um tribunal militar marcou a sessão de julgamento dos detidos, mas a defesa sempre alegou a ilegalidade daquela instância que considera ter sido composta por pessoas sem formação na área de direito.

Dos cinco membros do coletivo de julgamento, apenas um tem formação em direito e seria também o relator do processo e assessor do chefe das Forças Armadas, segundo a defesa dos detidos.

O TMS rejeitou as alegações da defesa em relação à suspeição do juiz relator do processo.

Um dos advogados da equipa de defesa dos detidos disse à Lusa que, na quarta-feira, um grupo de advogados vai entrar em contacto com o tribunal que estava a julgar os detidos e um outro grupo vai proferir uma conferência de imprensa.

Os detidos são acusados pelo Ministério Público civil de terem disparado armas de fogo contra membros do Governo e o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embalo, no dia 01 de fevereiro de 2022, que se encontravam reunidos em Conselho de Ministros.

Da ação, morreram 12 pessoas, na maioria guardas presidenciais.

O Presidente guineense e o Ministério Público civil consideraram tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado.

Leia Também: Governo da Guiné promete resolver falta de arroz no mercado

 

Leia Também: A Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (AP-CPLP) considerou  hoje, em Maputo, que vai continuar a acompanhar a "evolução da situação do Guiné-Bissau", defendendo que o Estado de Direito se faz através "do diálogo". 


quinta-feira, 13 de junho de 2024

Guiné-Bissau: Libertados dois acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022

Por RFI 13/06/2024
Esta quinta-feira, a Justiça guineense libertou dois dos detidos acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022. Os advogados de defesa dos acusados continuam a exigir o cumprimento de ordens de libertação que o Juiz de Instrução Criminal emitiu, em Junho de 2022, a favor de 17 dos 50 detidos. O Tribunal Militar Regional de Bissau começou o julgamento de 25 pessoas, mas desde 4 de Junho tem vindo a suspender as sessões e ainda não se conhece uma data para a retoma dos trabalhos.

A confirmação foi dada pelo advogado Rivaldo Cá, que representa um dos libertados, o empresário de Bissau Armindo Celestino da Silva, mais conhecido por “Djoto”. Também saiu em liberdade Wilson Barbosa, um político e técnico das Alfândegas também de Bissau.

Ambos tinham sido detidos em Fevereiro de 2022, acusados de participação na alegada tentativa de golpe de 1 de Fevereiro do mesmo ano.

De acordo com o advogado, o empresário “Djoto” foi libertado em cumprimento do despacho de um Juiz de Instrução Criminal, que em Junho de 2022 ordenou que assim fosse mas o despacho “nunca tinha sido cumprido até aqui”.

“Quatro meses depois da detenção do meu constituinte ele foi absolvido pelo JIC [Juiz de Instrução Criminal]. Provámos a sua inocência, mas o despacho da sua soltura não foi observado”, afirmou Rivaldo Cá, reforçando que ficou provado perante o JIC que o empresário “Djoto” não teve nenhuma participação na alegada tentativa de golpe.

O advogado lamenta que essa ordem tenha levado dois anos para ser cumprida, esta quinta-feira,  e avisou que vai entrar com um processo contra o Estado guineense para para exigir reparações de danos físicos e patrimoniais ao empresário, devido à deterioração de estado de saúde, e ao seu negócio.

Embora não seja seu constituinte, o advogado explicou que Wilson Barbosa saiu em liberdade provisória por questões de saúde, mediante Termo de Identidade e Residência.

O Tribunal Militar Regional de Bissau começou o julgamento de 25 pessoas, entre civis e militares, mas desde dia 4 de Junho tem vindo a suspender as sessões e ainda não se conhece uma data para a retoma dos trabalhos.

Os advogados de defesa dos acusados de tentativa de golpe de 1 de Fevereiro de 2022 continuam a exigir o cumprimento de ordens de libertação que o JIC emitiu, em Junho de 2022, a favor de 17 dos 50 detidos.

Entre os detidos, figura o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, acusado de ser o cabecilha da alegada tentativa de golpe.

Segundo a acusação, no dia 1 de Fevereiro de 2022, homens armados irromperam na sala do Conselho de Ministros, no palácio do Governo, em Bissau, e dispararam sobre os presentes, entre os quais o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, que presidia à reunião.

O Governo alegou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado, na qual morreram 11 pessoas, na sua maioria elementos do corpo de segurança dos governantes, e cerca de 50 outras foram detidas. 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Guiné-Bissau: Suspenso novamente julgamento de acusados de tentativa de golpe em Bissau

Lusa /  Rádio Capital Fm   05.06.2024
O Tribunal Militar da Guiné-Bissau suspendeu hoje, pela segunda vez, para retomar na segunda-feira, o julgamento de 25 pessoas acusadas de tentativa de golpe de Estado em 01 de fevereiro de 2022, disse o advogado Victor Embana.
O Porta-voz de Coletivo dos Advogados dos detidos na tentativa de golpe de Estado de 01 de Fevereiro 2022, fala à imprensa após segundo dia de julgamento dos seus constituintes. 
O advogado, que falava aos jornalistas após a saída da sala da audiência na Base Aérea de Bissalanca, arredores de Bissau, afirmou que a suspensão se ficou a dever a "uma série de questões prévias ainda por esclarecer" por parte do tribunal.

Victor Embana disse que, das questões levantadas pela defesa dos suspeitos na abertura do julgamento, na terça-feira, "algumas foram respondidas" pelo tribunal e "outras terão de ser atacadas através de recurso escrito".

Uma das questões que a defesa vai exigir é a presença da imprensa e do público na sala do julgamento, à luz do Código de Processo Penal guineense, referiu Embana.

Alegando "ordens superiores", os militares da Base Aérea de Bissalanca têm impedido o acesso de jornalistas à sala de julgamento.

"A lei diz que, sob pena de nulidade, o julgamento tem de ser público e diz expressamente que a imprensa tem de estar lá e publicitar" o ato, afirmou Victor Embana.

A defesa vai também exigir o cumprimento de despacho de um Juiz de Instrução Criminal que emitiu ordem de soltura para 17 dos acusados que ainda continuam nas celas.

"O JIC diz que são pessoas sobre as quais não existem indícios das acusações que impendem sobre si", afirmou o advogado.

Uma das pessoas deste grupo viu o seu pedido de soltura deferido pelo tribunal, mas Victor Embana estranha o facto de o órgão não ter ordenado que saísse das celas ainda hoje.

"O tribunal diz que vai remeter a decisão para o Ministério Publico civil por ser a entidade que deduziu a acusação contra a pessoa", explicou o advogado, adiantando que tem um entendimento contrário.

Na sessão de hoje, embora inconclusiva, ficaram registadas uma nota de agrado e outras de desagrado pela equipa de advogados de defesa.

Como nota de agrado, a defesa registou o facto de o tribunal concordar em afastar das próximas sessões do julgamento um dos promotores da justiça militar que fazia parte da equipa de juízes e sobre o qual havia reclamado por ter feito parte das investigações.

Como desagrado, a equipa da defesa disse ter protestado por um atraso "de cerca de duas horas" para a abertura do julgamento, reparo reconhecido pelo tribunal.

A defesa registou também o facto de o tribunal ter negado a sua alegação de que um dos juízes seria um assessor jurídico do atual Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Biague Na Ntan.

O tribunal indeferiu com o argumento de que a defesa dos suspeitos não conseguiu provar que aquela pessoa seria mesmo assessor do chefe das Forças Armadas.

Entre os detidos que devem ser julgados, caso a sessão seja retomada na segunda-feira, figura o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, considerado como o cabecilha da alegada tentativa de golpe de Estado de fevereiro de 2022.

Um advogado de defesa de alguns dos suspeitos adiantou à Lusa que os arguidos, entre civis e militares, são acusados do "crime de atentado contra a vida do Presidente" guineense, Umaro Sissoco Embaló, e ainda de "tentativa de alteração da ordem constitucional".

Segundo a acusação, no dia 01 de fevereiro de 2022, homens armados irromperam na sala do Conselho de Ministros, no palácio do Governo, em Bissau, e dispararam sobre os presentes, entre os quais o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, que presidia à reunião.

O Governo alegou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado, na qual morreram 11 pessoas, na sua maioria elementos do corpo de segurança dos governantes, e cerca de 50 outras foram detidas.

Alguns dos detidos deveriam ser julgados em dezembro de 2022, por um tribunal civil, mas, à última da hora, o processo foi adiado "para uma nova data", alegadamente devido às obras de reabilitação da zona da baixa de Bissau, onde se situa o tribunal.

terça-feira, 4 de junho de 2024

Suspenso julgamento de suspeitos de golpe de Estado de 2022 na Guiné-Bissau

RFI  / Radio TV Bantaba  04/06/2024

O julgamento de suspeitos de tentativa de golpe de Estado de fevereiro de 2022 na Guiné-Bissau foi suspenso. Deve ser retomado na quarta-feira, às 10 horas, sem ser permitida a entrada de jornalistas.

Caso do julgamento dos suspeitos na tentativa de golpe de Estado de 1 de Fevereiro de 2022, ficou adiado para amanhã quarta-feira 05/062024.  Radio TV Bantaba

A sessão foi suspensa porque a equipa de defesa apresentou uma série de exigências nas chamadas questões prévias. A defesa questionou a competência do tribunal para julgar aquelas pessoas.

Questionou como seria possível que um major fosse julgar um general, quando o código da justiça militar refere que quem pode julgar um general tem de ser militar com a mesma patente.

O advogado Victor Embana, da equipa de defesa, lembra que um dos detidos que estão em julgamento é o vice-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, ex-chefe da Armada guineense.

A defesa diz ainda que um dos membros do colectivo de juízes nem tem formação na área jurídica e ainda que um dos promotores da justiça militar, o equivalente ao delegado do Ministério Publico civil, é um dos assessores do actual chefe das Forças Armadas guineenses.

O advogado Embana observa ainda que é preciso esclarecer qual é o código da justiça militar que vai ser utilizado no julgamento se o actual ou o antigo, já que, disse, os dois instrumentos parecem estar em vigor.

O julgamento que deveria decorrer na Base Aérea de Bissalanca, foi suspenso para ser retomado na quarta-feira, às 10 horas de Bissau.

A sessão decorrerá longe dos jornalistas, impedidos de aceder ao salão do julgamento por ordens superiores, conforme disse um dos militares no portão do quartel.

sexta-feira, 31 de maio de 2024

Morreu um dos militares detidos no "caso 1 de Fevereiro" na Guiné-Bissau

© Lusa
Por Lusa  31/05/24
Um dos militares detidos no que ficou conhecido como o "caso 1 de Fevereiro" na Guiné-Bissau, Papa Fanhe, morreu hoje no hospital militar da capital guineense, disseram à Lusa fontes judiciais e militares.

Papa Fanhe, de 37 anos, "morreu na última madrugada" no Hospital Militar Central de Bissau, onde se encontrava em tratamento médico e para onde foi transferido das celas da Base Aera de Bissalanca.

O antigo guarda-costas do ex-primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, era um dos detidos da tentativa de golpe de Estado de fevereiro de 2022 e a morte ocorre na véspera do julgamento do caso, marcado para terça-feira.

O militar era capitão-de-fragata e foi um dos cerca de 50 detidos há mais de dois anos, entre civis e militares, acusados de tentativa de golpe de Estado no dia 01 de fevereiro de 2022.

Fonte familiar disse à Lusa que o militar tinha sido autorizado pelo Ministério Público, civil, a sair da prisão "por não existirem provas contra si".

A fonte observou que a ordem "nunca foi respeitada" e nos últimos dias a saúde do Papa Fanhe piorou e foi transferido para o hospital, onde morreu na madrugada de hoje.

No dia 1 de fevereiro de 2022, homens armados atacaram o palácio do Governo onde decorria a reunião do Conselho de Ministros.

O encontro era dirigido pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.

Da ação morreram 11 pessoas, na sua maioria elementos do corpo de segurança dos governantes.

O Presidente guineense e o Estado-Maior General das Forças Armadas disseram tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado.

O julgamento de alguns dos acusados, concretamente 25 detidos está marcado para terça-feira e será feito pelo Tribunal Militar da Guiné-Bissau.

Entre os arguidos, que vão sentar-se no banco dos réus, estará o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante, José Américo Bubo Na Tchuto, apontado pelo poder político como sendo o líder da intentona.

Fonte da justiça militar explicou à Lusa que dos 25 pronunciados para irem a julgamento, alguns "ainda continuam a monte".

Segundo a fonte, só deverão comparecer na sala do julgamento, na Base Aérea de Bissalanca, 12 pessoas "entre civis e militares", às 10:00 horas (11:00 em Lisboa).

Leia Também: Terra Ranka critica português por declarações sobre Guiné-Bissau 


quinta-feira, 30 de maio de 2024

Marcado julgamento de detidos há dois anos por tentativa de golpe na Guiné-Bissau

Por Lusa
O julgamento de 25 detidos há mais de dois anos na tentativa de golpe de Estado de fevereiro de 2022, na Guiné-Bissau, está marcado para terça-feira, disseram esta quarta-feira à Lusa fontes judiciais civis e militares.

O julgamento será feito pelo Tribunal Militar da Guiné-Bissau e, entre os arguidos que vão sentar-se no banco dos réus, estará o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante, José Américo Bubo Na Tchuto, apontado pelo poder político como sendo o líder da intentona.

A informação foi avançada à Lusa por um advogado de defesa de alguns dos suspeitos, que adiantou que Na Tchuto e mais 25 pessoas, entre civis e militares, são acusadas de "crime de atentado contra a vida do Presidente" guineense, Umaro Sissoco Embaló, e ainda de "tentativa de alteração da ordem constitucional".

A fonte da justiça militar explicou à Lusa que dos 25 pronunciados e que devem ir a julgamento alguns "ainda continuam a monte".

Para já, esclareceu a fonte militar, só devem comparecer na sala do julgamento, na Base Aérea de Bissalanca, 12 pessoas "entre civis e militares", às 10:00 horas (11:00 em Lisboa) do dia 04 de junho.

No dia 01 de fevereiro de 2022, homens armados irromperam na sala do Conselho de Ministros, no palácio do Governo, e dispararam sobre os presentes, entre os quais o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, que presidia à reunião.

O Governo alegou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado, na qual morreram 11 pessoas, na sua maioria elementos do corpo de segurança dos governantes, e cerca de 50 outras foram detidas.

Alguns dos detidos deveriam ser julgados em dezembro de 2022, por um tribunal civil, mas, à última da hora, o processo foi adiado "para uma nova data".

Na altura, o tribunal alegou que não havia condições devido às obras de reabilitação da zona da baixa de Bissau onde se encontra o tribunal.

MB // JMC

Lusa/Fim

quarta-feira, 6 de março de 2024

JUSTIÇA/GUINÉ-BISSAU: Presidente Umaro Sissoco Embaló debruça-se sobre actuais casos de justiça

PR Umaro Sissoco Embaló visita às obras de Mbatonha © Radio Voz Do Povo

Por: Mussá Baldé  RFI  06/03/2024 

Bissau – De regresso ao país após visitas de trabalho a Israel e à Palestina, o Presidente da Guiné-Bissau deu o mote: Todos os casos judiciais devem ser julgados nos próximos tempos. Umaro Sissoco Embaló referia-se aos casos ligados às tentativas de golpe de Estado de 2022 e 2023 e ainda ao caso ligado aos ex-governantes detidos por suspeita de corrupção.

O Presidente Embaló aproveitou a visita ao local, em Bissau, onde está a ser construído um complexo escolar que terá ainda um posto médico e uma mesquita, para comentar a actualidade política do país.

O Presidente Embaló não falou da sua recente deslocação a Israel e à Palestina, mas falou da tentativa de golpe de Estado de 1 de Fevereiro de 2022 e ainda da de 1 de Dezembro passado.

O Presidente também abordou o caso do pagamento, pelo anterior Governo, de alegadas dívidas a 11 empresários, um caso que levou à detenção do ex-ministro da Economia e Finanças e do ex-secretário de Estado do Tesouro.

Umaro Sissoco Embaló disse que estes três casos devem ir a julgamento nos próximos tempos para que os guineenses saibam quem lesou o Estado.

O Presidente disse que vai convocar, ainda esta semana, o presidente interino do Supremo Tribunal de Justiça, o presidente do Tribunal Militar Superior, o Procurador-Geral da República e o Chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas.

A todos vai transmitir a sua orientação no sentido de se dar prioridade aos três casos judiciais.

Entretanto, decorre uma greve de quatro dias do corpo da Guarda Prisional, que reivindica progressão na carreira.

Dizem que há mais de 10 anos que não há progressão na carreira, quando a lei diz que em cada três anos devem ser graduados.

A greve impede os reclusos, entre os quais os dois ex-governantes, de receber visitas ou alimentos fornecidos pelos familiares.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

CONVIDADO - DSP: "Tudo isto foi montado e está a ser executado pelo Presidente Umaro Sissoco Embalo"

Domingos Simões Pereira nos nossos estúdios no dia 25 de Fevereiro de 2020 (foto de ilustração). RFI/Liliana Henriques

Fonte: rfi.fr/pt/  07/12/2023

Em declarações prestadas nesta quarta-feira ao canal televisivo France 24, o Presidente guineense evocou o momento de crise política atravessado pelo seu país na sequência dos acontecimentos de 1 de Dezembro que ele qualificou de "tentativa de Golpe de Estado" e acusou muito claramente o Presidente da Assembleia Nacional Popular e líder do PAIGC de estar por detrás do sucedido. 

Em entrevista concedida à RFI no final desta manhã, Domingos Simões Pereira desmente qualquer envolvimento nestes acontecimentos e acusa Umaro Sissoco Embalo de ter forjado uma crise política para poder dissolver o Parlamento. 

Questionado sobre uma informação dando conta da sua convocação amanhã pelo Ministério Público, Domingos Simões Pereira refere não ter conhecimento de uma qualquer notificação.

RFI: Consta que é convocado amanhã para prestar depoimento no Ministério Público. Confirma essa informação?

Domingos Simões Pereira: Até este momento em que falamos, eu não tenho conhecimento de nenhuma notificação e se os dados de quem me acompanha nestas questões estiverem certos, precisariam de pelo menos cinco dias para me notificarem e, portanto, já se está a divulgar lá fora que eu serei ouvido amanhã e até este momento, não recebi nenhuma notificação.

RFI: Na sua entrevista à France 24, o Presidente Umaro Sissoco Embalo acusa-o pessoalmente de estar por detrás dos acontecimentos da semana passada.

Domingos Simões Pereira: é muito triste quando um Presidente da República decide se envolver da forma como Umaro Sissoco Embalo o faz, porque fá-lo de forma irresponsável. Faz afirmações que não prova, diz estar na posse de dados que não divulga e escolhe o caminho do silenciamento das instituições chamando a si todas as instituições para ser ele a arbitrar em causa própria. O Presidente estava fora do país quando tudo isto se produziu e, de acordo com a nossa Constituição, quem deve substituí-lo nas suas ausências, deve ser o Presidente da Assembleia Nacional Popular. Havendo alguma situação de anormalidade, porque é que as instâncias que tiveram essa informação não se reportaram ao Presidente da Assembleia? Reportaram-se directamente ao Presidente que estava fora e terá sido o Presidente da República a ordenar que as forças instaladas no Palácio da República usassem da força para irem resgatar os dois membros do governo. O Presidente Sissoco precisou de produzir essa situação de confronto militar para hoje estar a dizer que estamos em presença de uma grave crise que então justifica a dissolução do Parlamento. Tudo isto foi montado, foi orquestrado e está a ser executado pelo Presidente Umaro Sissoco Embalo.

RFI: O Presidente Sissoco Embalo afirma nessa entrevista ter em sua posse escutas telefónicas entre Domingos Simões Pereira e o comandante Vítor Tchongo.

Domingos Simões Pereira: Eu espero que sejam conversas onde se fala de alguma coisa que ponha em causa a soberania do país e a montagem de uma tentativa de golpe de Estado. Quem me conhece, sabe que esse não é o meu caminho. Eu não tenho qualquer ligação a esse tipo de expedientes. O Presidente diz isso e, portanto, toda a Nação guineense, penso que tanto no país como no estrangeiro, estão ávidos de ouvir essa prova de que o Presidente diz estar na posse. Agora, o que não é aceitável é que o Presidente já tenha feito o seu julgamento, já tenha feito a sua sentença, e agora transfere para uma entidade que é o Ministério Público, que é nomeado por ele, para ir executar as ordens de acordo com aquilo que é a sua conveniência política. Essa é a parte que configura a nossa tal fragilidade institucional.

RFI: Nessa entrevista, o Presidente também justifica a decisão de ter dissolvido o Parlamento de acordo com artigos na Constituição que lhe dariam essa possibilidade em nome da 'Segurança do Estado'. A que artigos se refere?

Domingos Simões Pereira: Aí está. O problema é que ele não cita artigos, precisamente que esses artigos não existem. Em contrapartida, eu vou citar dois artigos: vou citar o artigo 8° que diz claramente que os actos do Presidente da República e de qualquer instância do poder do Estado só são válidos se eles se conformarem à Constituição da República. Depois, vou mencionar o artigo 94° que diz claramente que nos primeiros 12 meses depois da realização das eleições, a Assembleia Nacional Popular não pode ser dissolvida. Mas eu penso que é preciso compreender o que está na verdade a acontecer. Desde as eleições de 4 de Junho deste ano e com a proclamação dos resultados que ditaram a maioria absoluta ao PAI Terra Ranka, o Presidente tem prometido aos seus apoiantes, sobretudo do partido Madem-G15, que iria encontrar alguma forma de poder devolver-lhes o poder. Quem acompanhou o debate na Assembleia Nacional Popular na semana em que tudo aconteceu, na quinta-feira antes de fechar os debates, dois deputados fizeram referência a isso. Fizeram referência ao facto de assim que o Presidente voltasse ao país, iria convocar o Conselho de Estado e iria dissolver o Parlamento. A única questão que nós não percebíamos era qual seria o expediente que ele iria utilizar para esse efeito. Portanto, tanto a retirada dos membros do governo das celas onde se encontravam até ao braço-de-ferro para os recuperar configurou realmente uma montagem para oferecer ao Presidente da República um justificativo que servisse para invocar a tal anormalidade e pretender a dissolução que só não tem efeito porque, de facto, a Constituição não lhe permite.

RFI: Em que situação se encontram actualmente o Ministro da Economia e o Secretário de Estado para o Tesouro? Eles foram novamente presos e têm estado detidos desde a semana passada.

Domingos Simões Pereira: Sim, devem continuar detidos. Não tenho nenhuma informação contrária a isso. O que é algo que todos nós, todos os cidadãos, devemos de facto lamentar porque, não é por serem do meu partido, não é por serem responsáveis, mas estamos a falar de gente que, por exemplo no caso do Secretário de Estado, ele encontrava-se fora do país. Assim que teve conhecimento desse processo, viajou para o país para colaborar com a justiça e foi lá disponível para prestar toda a informação que é necessária para ajudar a trazer a verdade a esse processo. É silenciado, é violentamente arrancado dum sítio para outro e, neste momento, está a sofrer sem provavelmente perceber do que é que se trata. Eu penso que não é disso que a Nação guineense precisa. O que a Nação guineense precisa é que houvesse a investigação do Ministério Público, que houvesse uma comissão de inquérito parlamentar, que houvesse um debate na Assembleia Nacional Popular aonde todos esses dados são colocados na mesa e que todos os cidadãos guineenses possam realmente aceder à verdade e fazerem as suas conclusões. Não é silenciar os ministros, silenciar a Assembleia Nacional Popular, acusar um conjunto de pessoas, chamar a si um conjunto de competências que a Constituição não lhe dá e pretender dissolver o Parlamento para também silenciar o Parlamento. Não, isso não é democracia, isso não é Estado de Direito.

RFI: Sabe-se do que é que o Ministro da Economia e o Secretário de Estado do Tesouro são acusados concretamente?

Domingos Simões Pereira: Eu sei porque foi essa acusação que motivou a sua convocação para a Assembleia Nacional Popular. Houve uma carta do Ministro da Economia e Finanças a um banco da nossa capital na qual o Ministro reconhece a dívida de um conjunto de operadores privados. Isso foi entendido como uma utilização indevida de recursos públicos e é isso que estava sob investigação. O interessante é que neste caso, o Ministro explicou-nos a razão de ter feito essa operação, dizendo que há um acordo com o FMI que estabelece a data de 31 de Dezembro deste ano como data-limite para o Estado alienar a sua participação nesse banco e que, portanto, decorre dessa disposição o Estado estar a eliminar o conjunto de dívidas que tem com privados que têm dívidas com o banco. Essa é a explicação. Não estou a dizer que está certa, não estou a dizer que é conclusivamente neste sentido. Agora, o que é estranho é que essa mesma operação já tinha sido feita ainda em 2023 pelo governo anterior, em 2022, em 2020 e em 2019, utilizando os mesmos procedimentos, as mesmas leis, os mesmos mecanismos. Porque é que isso não é investigado e não é objecto de um processo judicial?

RFI: O Presidente da República disse na entrevista à France 24 que daqui a uns dias vai nomear um novo governo interino que lhe vai propor uma nova data para eleições legislativas antecipadas. O que é que vai fazer no caso de efectivamente ser marcada uma nova eleição legislativa?

Domingos Simões Pereira: O Presidente não quer eleições. Não é eleições que o Presidente quer. Nós estamos a sair de eleições há poucos meses. Saímos de eleições em Junho. O povo se pronunciou e, portanto, não há dúvidas sobre aquilo que é o pronunciamento do povo. O problema do Presidente não é realizar eleições. O problema do Presidente é governar tal como o fez desde 2019, com um governo da sua iniciativa e que a Constituição não lhe dá. Já em Junho de 2023, o Presidente dizia e prometia aos seus correligionários que iria encontrar alguma forma de eliminar a governação do PAI Terra Ranka para incluir na sua governação elementos do seu partido, o Madem-G15, e é o que eles têm reivindicado. Portanto, ele criou a tal situação de anormalidade para chamar a si a competência de dissolver o parlamento. Dissolvido o parlamento, eles não precisam apresentar o programa e, portanto, vai apresentar um governo de iniciativa presidencial que vai governar por tempo indeterminado, enquanto puder 'forçar a barra', fazer fuga para a frente e não respeitar as instituições da República.

RFI: Há dias, disse que a decisão do Presidente de dissolver o parlamento era contrária à Constituição. Nestas circunstâncias, o que é que pretende fazer enquanto Presidente da Assembleia Nacional Popular?

Domingos Simões Pereira: A Assembleia Nacional Popular tem que continuar o seu funcionamento porque já citei duas normas, o artigo 8° e o artigo 94°. É tão evidente e tão clara a interpretação que se deve dar que a única implicação disso é que esse decreto é inexistente. Inexistente o decreto, significa que a Assembleia Nacional Popular deve continuar a trabalhar. Só não o está a fazer porque há forças lá colocadas que estão a impedir o acesso dos deputados e mesmo dos funcionários, o que é outra aberração porque mesmo que admitíssemos a possibilidade de o parlamento estar dissolvido, as comissões deviam continuar a trabalhar. A mesa, a comissão dos líderes e a comissão permanente. O estacionamento de forças que não estão sob a jurisdição do Presidente da Assembleia é mais do que uma evidência do golpe de força, do Golpe de Estado, que se pretende dar a nível dessa instituição.

RFI: Dentro de alguns meses, termina oficialmente o mandato do Presidente da República. Deveriam ser organizadas eleições presidenciais. Como antevê estes próximos meses na Guiné-Bissau?

Domingos Simões Pereira: Todo este debate, todo este quadro que se está a desenhar tem a ver com a questão das eleições presidenciais. O Presidente tem consciência da sua falta de popularidade, tem consciência de que tem poucas probabilidades de sair vencedor das próximas eleições presidenciais e aposta no único expediente que ainda está à sua mercê que é eliminar toda a concorrência, não permitir que Domingos possa ser seu concorrente nas próximas eleições. Já havia afirmado num primeiro momento que as eleições só teriam lugar em Novembro de 2025, o que ninguém entendeu porque, de acordo com a nossa Constituição, mesmo que simbolicamente, fraudulentamente, tiver tomado posse -ele tomou posse no dia 27 de Fevereiro de 2019- e portanto feitas as contas até ao dia 27 de Fevereiro de 2025, o novo Presidente da República devia tomar posse. O que significa que devemos ter eleições entre Outubro, Novembro, ou no mais tardar até Janeiro de 2025. O Presidente não quer isso, não quer concorrência, acha que não tem condições de concorrer em pé de igualdade com os outros e, portanto, monta toda esta cabala para dissolver o parlamento, para nomear um governo da sua iniciativa, não permitir que a nova CNE possa ser estruturada e possa haver eleições livres e transparentes na Guiné-Bissau. é perante isso que a comunidade internacional, sobretudo aquela que é mais próxima e parceira da Guiné-Bissau, não pode ficar calada porque é responsável por este acompanhamento e por reforçar as instituições democráticas deste país.

RFI: A comunidade internacional tem sido bastante cautelosa desde o começo destes acontecimentos. Domingos Simões Pereira disse designadamente que Portugal não tem propriamente contribuído para a estabilização da situação na Guiné-Bissau. Tem havido reacções de vários quadrantes, nomeadamente da CEDEAO que condenou a violência, a CEDEAO que tem contingentes na Guiné-Bissau. O que é que espera neste momento da comunidade internacional?

Domingos Simões Pereira: Eu devo lembrar que este final de semana, concretamente no Domingo, haverá uma cimeira da CEDEAO em Abuja. Eu vejo isso como uma oportunidade dos chefes de Estado da CEDEAO olharem com mais cautela a essas declarações, compreenderem que quando fazem referência à violência, têm que admitir a possibilidade dessa violência estar a ser promovida exactamente por aquelas entidades que eles pretendem defender. Portanto, há aqui esclarecimentos que são muito importantes, mas eu penso que todos os dados estão na posse dos elementos da CEDEAO e de outras organizações e eu acredito que, desta vez, eles vão querer esclarecer e tomar uma posição bastante mais clara e bastante mais contundente. Já que referiu Portugal, eu gostava de esclarecer porque parece que há aqui uma tentativa de ofuscar aquilo que eu disse. Eu afirmei que o Presidente Embalo faz referências e fez referências publicamente em várias ocasiões de consultas que ele faz a várias entidades nomeadamente ao Presidente da República de Portugal que, quando essas afirmações não são desmentidas, acaba configurando em certa medida uma cumplicidade com aquilo que ele diz. Eu vou produzir essas provas nas quais o Presidente faz referência a ter consultado determinadas entidades. Eu, em nenhum momento, afirmei que essas entidades estavam de acordo com aquilo que estava a acontecer no nosso país. Contudo, eu reafirmo que os laços que ligam os nossos países e a influência que um país como Portugal tem na realidade política da Guiné-Bissau transforma-o num parceiro quase que incontornável a acompanhar a situação interna e garantir que não há aproveitamentos indevidos de uma relação institucional que certamente todos nós compreendemos e respeitamos.

Por: Liliana Henriques

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Actos de subversão: PR da Guiné-Bissau anuncia comissão de inquérito

Por forbesafricalusofona.com   3 Dezembro, 2023 

“Estou disposto a ser o sacrificado para tirar a Guiné-Bissau do colapso e fazer reinar o império da lei”, afirmou Umaro Sissoco Embaló, no seu regresso ao país.

De regresso ao país neste Sábado, 02, do Dubai, onde participou na cimeira sobre o clima COP 28, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, anunciou para Segunda-feira, 04, a criação de uma comissão de inquérito com o propósito de se esclarecer a alegada tentativa de golpe de Estado, durante a sua ausência, afirmando, no entanto que “todos sabem de quem é a sua autoria”.

“Estou disposto a ser o sacrificado para tirar a Guiné-Bissau do colapso e fazer reinar o império da lei. Como dizem por aí, ‘ou vivemos em paz ou morremos todos’, é desta vez. A Guiné-Bissau não voltará a ser palco destes teatros. De realçar que existem escutas telefónicas e que este golpe estava a ser orquestrado antes de 16 de Novembro. Se sou eu o sacrifício, será desta vez”, afirmou o chefe de Estado guineense, numa breve declaração aos jornalistas, logo após o seu desembarque no aeroporto Osvaldo Vieira.

Recorde-se que na passada Quinta-feira, 30 de Novembro, depois de oito horas de audição, o Ministério Público da Guiné-Bissau ordenou a prisão preventiva do ministro da Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e do secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, por alegada prática de crime de peculato.

Os dois membros do Governo foram conduzidos às celas da Polícia Judiciária de Bandim, mas, horas depois, acabaram por ser soltos, por ordem da ministra do Interior guineense, Adiatu Nandigna.

Entretanto, na manhã de Sexta-feira, Suleimane Seidi e António Monteiro foram reconduzidos à prisão por soldados da Guarda Nacional, depois de violentos tiroteios em Bissau, concretamente junto ao quartel da Guarda Nacional, no bairro de Luanda, fruto de confrontos entre soldados daquela corporação e elementos do Batalhão da Presidência da República, que eclodiram por volta da 01h00 da madrugada de Sexta-feira, 01 de Dezembro.

A Polícia Militar foi enviada ao local dos combates e na manhã de Sexta-feira, por volta das 08h30, deteve o comandante da Guarda Nacional, coronel Vítor Tchongo, e “mais alguns elementos” daquela corporação. Tchongo e os outros detidos da Guarda Nacional foram conduzidos para as celas no quartel do Estado Maior General das Forças Armadas, na Amura, no centro de Bissau.

O ministro da Economia e Finanças e o secretário de Estado do Tesouro estão a ser investigados no âmbito de um pagamento de 6 mil milhões de francos CFA (pouco mais de 9 milhões de dólares) a onze empresários, através de um crédito a um banco comercial de Bissau, concretamente o Banco da Africa Ocidental (BAO).

Logo após a denúncia do caso, o Ministério Público efectuou buscas e apreendeu documentos no Ministério da Economia e Finanças e ainda no banco que concedeu o crédito para o pagamento aos empresários.

Vários dirigentes da pasta da Economia e Finanças já foram ouvidos desde a semana passada, no âmbito do processo judicial que levou à prisão preventiva dos dois principais responsáveis do ministério.

Pelo que se diz, os aludidos credores, a quem o Estado alegadamente deve, são na sua grande maioria deputados da nação pela bancada do PAI Terra Ranca, partido que governa o país.

A se confirmar, segundo apurou a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, os acusados incorrem às práticas de corrupção, peculato, violação de normas de execução orçamental, de administração danosa, todas enquadradas nos crimes de titulares de cargos políticos.

Os tumultos forçaram o Presidente da República a regressar com alguma urgência do Dubai. Nas breves declarações à imprensa, no seu regresso ao país, Embaló garantiu que tais acontecimentos terão “consequências pesadas”. Segundo recordou, “já tinha se passado algo do género [subversão à constituição], a 01 de Fevereiro de 2022, uma tentativa de golpe de Estado, que apelidaram ‘Invetentona’”.

O mais alto mandatário da Guiné-Bissau aproveitou a ocasião para agradecer tanto às Forças Republicanas como o batalhão da Presidência da República pelas suas intervenções que terão permitido o controlo da situação. “Existem para coadjuvar as Forças Armadas na protecção do Presidente da República”, enfatizou.

Antes de estar no Dubai, Umaro Sissoco Embaló passou pela Itália, onde se previa ser recebido no Vaticano com o Papa Francisco, encontro que não veio a acontecer por razões de saúde do Santo Padre. De seguida, rumou para Timor-Leste, numa visita de Estado a convite do seu homólogo timorense, José Ramos Horta, para fazer parte das comemorações do 48º aniversário daquele país.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Guiné-Bissau considera confrontos armados tentativa de "golpe de Estado"

POR LUSA   02/12/23 

O chefe de Estado da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, considerou hoje os confrontos armados de sexta-feira uma "tentativa de golpe de Estado" contra o Presidente da República e anunciou uma comissão de inquérito para apurar responsabilidades.

"Esta tentativa de golpe de Estado terá consequências pesadas", afirmou, à chegada ao aeroporto de Bissau, depois de uma semana ausente do país em visitas oficiais a Roma, Timor Leste e Dubai, para participar na COP28.

Em declarações aos jornalistas, o presidente guineense recusou falar em português e referiu-se apenas às tensões dos últimos dias no país, desde a prisão preventiva do ministro das Finanças, Suleimane Seide, e do Secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, decretada na quinta-feira à noite, aos confrontos armados entre a Guarda Presidencial e a Guarda Nacional, na madrugada e manhã de sexta-feira.

"O teatro acabou", insistiu o chefe de Estado, frisando que "toda a gente que está implicada nesta tentativa vai pagar caro".

O presidente da República anunciou que "segunda-feira, haverá uma comissão de inquérito" e reiterou que "a Guiné-Bissau não pode viver mais em teatro".

Sissoco Embaló disse ainda que "há indícios", incluindo escutas telefónicas, de que "esse golpe" não é de agora, que "foi preparado antes de 16 de novembro", o dia da comemoração oficial dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau, organizada pela Presidência da República.

O presidente considera que o comandante da Guarda Nacional, Vítor Tchongo, que foi preso na sexta-feira, agiu "a mando de alguém" quando foi às celas da Polícia Judiciária retirar os dois governantes para os levar para o quartel.

"Tchongo não é maluco até ao ponto de ir rebentar as instalações da Polícia Judiciária", afirmou.

O chefe de Estado guineense insistiu que "não se faz golpe ao presidente da Assembleia, nem ao primeiro-ministro, só se faz ao chefe de Estado, que é comandante supremo das Forças Armadas".

O presidente lembrou a tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2022 para vincar que já tinha dito àqueles que consideraram que "fizeram teatro" nessa ocasião e "disseram que era inventona", que não voltaria a repetir-se.

Sissoco evocou a frase do antigo presidente guineense Kumba Yalá, "vivemos em paz ou morremos todos", e disse "é dessa vez".

O presidente da República defendeu que "o império da lei tem que funcionar na Guiné-Bissau" e disse que se a Procuradoria-Geral da República deixar de ser o advogado do Estado, ele próprio está "disponível para fazer isso" e evitar que o país caia "num colapso".

"Se eu vou ser sacrificado é dessa vez", afirmou.

Sissoco Embaló afirmou que "todos sabem quem são" os autores do "golpe", referindo a seguir que "não há casa de ninguém atacada", numa alusão à denúncia do presidente da Assembleia Nacional Popular, Domingos Simões Pereira, de que a residência tinha sido cercada e alvejada, com o próprio em casa.

O Presidente convidou os jornalistas a irem "a casa das pessoas ver se foram atacadas, se uma única casa" foi atacada.

À pergunta sobre o alegado envolvimento do Presidente da República nos acontecimentos de sexta-feira, respondeu: "envolvimento como? Será que vou dar golpe a mim próprio?"

Sobre o envolvimento das tropas da Presidência nos confrontos defendeu que "um dos papéis do batalhão da Presidência da República é manter e coadjuvar o Estado-Maior General, é assim que funciona".

"O batalhão da Presidência da República, no nosso sistema ou no estatuto de Defesa Nacional, é para proteger o Presidente República", frisou.

Na madrugada e na manhã de sexta-feira, o batalhão da guarda presidencial e a Polícia Militar atacaram o comando da Guarda Nacional para retirar o ministro da Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro.

Os dois governantes foram para lá levados pela Guarda Nacional que os retirou das celas da Polícia Judiciária, onde estavam em prisão preventiva por ordens do Ministério Público que os investiga no âmbito de um processo de pagamento de dívidas a 11 empresas.

Do ataque ao quartel da Guarda Nacional resultaram dois mortos, a retirada dos dois governantes, que foram novamente conduzidos às celas da PJ e ainda a detenção do comandante da corporação, coronel Vítor Tchongo, e mais alguns elementos.


PR Umaro Sissoco Embaló regressa à Bissau após a cimeira do Ambiente em Dubai, visita de Estado a Timor Leste e Roma.


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