Por: RFI 17/12/2023
A nova constituição no Chade está a ser votada hoje, com a junta militar a ser favorável ao "Sim", já que este é um texto que defende o Estado unitário, e o "Não" é defendido pela oposição, que defende o federalismo como a melhor maneira de administrar o país que desde 2021 está sob o controlo dos militares.
O referendo que decorre hoje no Chade pode ser o primeiro passo para a restituição da ordem constitucional e democrática no país que vive desde 2021 sob o comando de uma junta militar liderada pelo Presidente de transição General Mahamat Idriss Deby Itno. Assim, este referendo é visto como um momento-chave para uma futura realização de eleições presidenciais e legislativas livres, algo que não acontece nas últimas décadas neste país da África Central.
No entanto, muitos consideram que nova Constituição não muda muito face ao que vigorava no país até à morte em Abril de 2021 do Presidente Idriss Deby Itno, com o filho a ser escolhido pelos militares para a substituir no poder. Este é um texto fundamental que continua a defender a unidade nacional e que a oposição vê como uma maneira de legimitimar Mahamat Idriss Deby Itno no poder.
Para esta oposição, censurada no actual regime militar, o voto deve ser "Não", apelando mesmo a um boicote nacional ao escrutínio. Os partidos na oposição defendem uma gestão "federalista" e mais liberdade para as autoridades locais face ao Estado central.
Muitos opositores abandonaram entretanto o país depois de mais de 300 jovens que se manifestavam pacificamente em outubro de 2022 terem sido mortos pelos militares. Desde aí, mais de 1.000 opositores foram presos.
Quando chegou ao poder, o General Mahamat Idriss Deby Itno prometeu uma transição de 18 meses, mas o prazo foi alargado para mais dois anos, cristalizando no poder esta dinastia, com o pai a ter permanecido durante mais de 30 anos como Presidente do Chade.
As urnas de votação vão estar abertas até às 16:00 horas locais e os resultados deste referendo devem ser conhecidos no dia 24 de Dezembro.
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