Por CNN Portugal, 31/05/2024
Em entrevista ao Guardian, o presidente ucraniano afirma ainda que a hesitação de Biden sobre uso de armas ocidentais em território russo fez com que Moscovo se risse da Ucrânia. E sublinha: Os EUA precisam de "acreditar mais" na Ucrânia
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky criticou a hesitação do presidente dos EUA, Joe Biden, em autorizar o uso de armas ocidentais contra alvos em terreno russo. Numa entrevista ao Guardian, Zelensky afirma mesmo que a indecisão da Casa Branca permitiu que as forças do Kremlin se "rissem" da Ucrânia ao mesmo tempo que continuam a "caçar" ucranianos. “Penso que é absolutamente ilógico ter armas [ocidentais e não usá-las contra alvos russos] e ver os assassinos, os terroristas, que nos estão a matar do lado russo. Penso que, por vezes, eles estão a rir-se desta situação”, afirma presidente ucraniano.
Zelensky destaca que a falta de ação do governo dos EUA resultou na perda de vidas ucranianas e pediu a Biden que superasse os seus receios sobre uma possível escalada nuclear com Moscovo. Sublinha também a necessidade de armas de longo alcance para atingir alvos dentro do território russo, uma linha vermelha que a Casa Branca ainda não autorizou. “Irá aumentar significativamente a nossa capacidade de combater as tentativas russas de atravessar a fronteira em massa."
Na noite de quinta-feira, os EUA deram um pequeno passo ao permitir que algumas armas americanas fossem usadas pela Ucrânia para defender a cidade de Kharkiv. Contudo, Zelensky argumentou que esta medida não é suficiente e que a Ucrânia precisa de armas "poderosas" de longo alcance, como os mísseis Storm Shadow fabricados no Reino Unido, para se defender de forma eficaz.
Na entrevista ao Guardian, Zelensky enfatizou que os EUA precisam de "acreditar mais" na Ucrânia e que a Rússia "não entende nada além da força". "Não somos o primeiro nem o último alvo", diz Zelensky, que compara Vladimir Putin a Adolf Hitler. "Putin não é louco, ele é perigoso, o que é muito mais assustador."
O presidente ucraniano revelou ainda que novas armas dos EUA ainda não chegaram em quantidades suficientes para equipar brigadas adicionais no nordeste da Ucrânia, onde as forças russas estão a avançar.
"Esta é a verdadeira Terceira Guerra Mundial"
Na entrevista ao jornal britânico, Zelensky mencionou que pediu ao ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson para fazer lóbi junto de Donald Trump antes de uma votação crucial no Congresso dos EUA em abril passado, através da qual foram aprovados 61 mil milhões de dólares em ajuda à Ucrânia. Descreveu tanto Johnson quanto o líder trabalhista britânico Keir Starmer como "bons rapazes" e elogiou a política consistente do Reino Unido em relação à Ucrânia.
Zelensky referiu também que as negociações de paz com a Rússia são irrealistas, pois acredita que qualquer acordo seria violado por Putin. Alertando que uma pausa nos combates permitiria que Moscovo se fortalecesse e atacasse novamente, deu uma outra garantia: "Esta é a verdadeira Terceira Guerra Mundial", afirma, destacando que Putin não pára se vencer na Ucrânia e que vai continuar a procurar reformular ainda mais as fronteiras europeias, atacando outras nações.