domingo, 18 de setembro de 2022

CORAÇÃO: Dor no peito, falta de ar e fadiga? Pode ser doença valvular cardíaca... Afeta, globalmente, uma em cada oito pessoas com mais de 75 anos. É tratável, mas nunca é demais relembrar: o diagnóstico precoce faz toda a diferença.

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Notícias ao Minuto  18/09/22 

A doença valvular cardíaca é uma patologia ligada ao envelhecimento que está a aumentar rapidamente. Atualmente, afeta uma em cada oito pessoas com mais de 75 anos em todo o mundo. Em Portugal, estima-se que existam cerca de 32 mil casos. Mas a perspectiva é que este número duplique até 2040 e triplique até 2060, e numa população envelhecida, como a portuguesa, pode mesmo vir a tornar-se a próxima epidemia cardíaca. 

A propósito da Semana Europeia da Sensibilização para a Doença da Válvula Cardíaca, que se assinala esta semana, até dia 18 de setembro, a organização Global Heart Hub lançou a campanha #OuçaOSeuCoração, que se une à iniciativa Valve For Life e à campanha Corações de Amanhã, da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular. Esta tem como objetivo sensibilizar a população para a doença valvular cardíaca e os seus sintomas, promovendo a melhoria do diagnóstico, do tratamento e da gestão da patologia na Europa.

Rui Campante Teles © DR

Rui Campante Teles, cardiologista e coordenador da iniciativa Valve For Life, sublinha a importância da avaliação médica regular. "Uma simples auscultação com estetoscópio a partir dos 50 anos para que o doente possa ser encaminhado de imediato para um cardiologista, que poderá realizar exames complementares para confirmar o diagnóstico inicial, pode evitar desfechos mais graves", explica ao Lifestyle ao Minuto. Até porque, sublinha, "alguns doentes não apresentam sintomas durante muitos anos ou nunca chegam a apresentá-los".

A doença valvular cardíaca é frequente, mas poucos a conhecem. De que se trata?

O coração é constituído por quatro cavidades: as aurículas, esquerda e direita, e os ventrículos,  esquerdo e direito. Entre as aurículas e os ventrículos, tal como à saída de cada ventrículo, existe uma válvula cardíaca. As quatro válvulas cardíacas fazem com que o sangue dentro do coração flua em sentido único, impedindo o seu refluxo. A doença valvular cardíaca é causada por desgaste, doença ou dano de uma ou mais das quatro válvulas do coração, afeta o fluxo de sangue e divide-se em dois tipos principais: a estenose aórtica (estreitamento da válvula aórtica) ou a regurgitação mitral (degenerescência da válvula mitral).   

Alguns doentes com doença valvular cardíaca não apresentam sintomas durante muitos anos ou nunca chegam a apresentá-los, mesmo que a doença seja grave

Esta falta de informação sobre a patologia faz com que os sintomas acabem por ser menosprezados? 

Os principais sintomas desta doença (aperto ou dor no peito, falta de ar, fadiga, batimentos cardíacos irregulares e desmaios) são comuns em pessoas acima dos 65 anos, sendo muitas vezes desvalorizados e isto faz com que esta doença represente uma barreira para o envelhecimento ativo. 

Existem quantos casos diagnosticados globalmente e, mais especificamente, em Portugal?  

No total, a doença valvular cardíaca afeta pelo menos uma em cada oito pessoas acima dos 75 anos. Este é um valor que está a aumentar rapidamente, tendo em conta o envelhecimento da população. Os números globais mostram que este número poderá duplicar até 2040 e triplicar até 2060.

É uma condição comum que pode ser grave, resultando inclusivamente na morte do doente

Que grupos são mais afetados? 

São precisamente as pessoas acima dos 75 anos, uma vez que esta é uma doença que está ligada ao envelhecimento. Por isso, é crucial estar atento aos principais sintomas e fazer regularmente uma simples auscultação com estetoscópio a partir dos 50 anos para  que o doente possa ser encaminhado de imediato para um cardiologista, que poderá realizar exames complementares para confirmar o diagnóstico inicial, pode evitar desfechos mais graves. Alguns doentes com doença valvular cardíaca não apresentam sintomas durante muitos anos ou nunca chegam a apresentá-los, mesmo que a doença seja grave, o que pode dificultar o diagnóstico. 

De que riscos estamos a falar?

Esta é uma condição comum que pode ser grave, resultando inclusivamente na morte do doente. Ainda assim, é importante frisar que esta é tratável. Procurar ajuda especializada facilita assim o diagnóstico precoce e, consequentemente, a adoção do melhor tratamento.

Atualmente, a doença valvular cardíaca mais comum é a estenose aórtica. Em que consiste exatamente?

A aorta é a principal artéria do nosso corpo que transporta sangue para fora do coração e a válvula aórtica tem como função evitar que o sangue bombeado pelo coração volte para trás. Na presença de estenose, a válvula aórtica não abre completamente e vai ficando cada vez mais estreita, impedindo o fluxo sanguíneo para fora do coração.

Qual é a prevalência desta doença no país?

Esta doença afeta cerca de 32 mil portugueses, sobretudo acima dos 75 anos. 

E quais são os principais sintomas?

Os mais comuns são o cansaço, a dor no peito e os desmaios. Caso sinta algum ou vários destes sintomas, é fundamental procurar ajuda especializada. Depois disto, o diagnóstico pode ser confirmado com recurso à auscultação, ecocardiografia com doppler, seguindo-se muitas vezes um cateterismo cardíaco para completar o estudo quando se considera que é necessário efetuar um tratamento invasivo.

Além desta, a insuficiência mitral é também motivo de preocupação. O que é?

A insuficiência mitral é a segunda doença valvular mais comum, em todo o mundo ocidental. Carateriza-se por um refluxo de sangue pela válvula mitral. À medida que o ventrículo esquerdo se contrai, bombeando o sangue para a aorta, um pouco de sangue retorna em direção à aurícula esquerda, aumentando o volume de sangue e a pressão nesse local. Este aumento da pressão arterial na aurícula esquerda aumenta a pressão do sangue nas veias dos pulmões. Consequentemente, é bombeado menos sangue para a circulação e os pulmões ficam com excesso de sangue , o que gera a falta de ar e cansaço.

Como se manifesta?

Os principais sintomas desta doença, como acontece com a estenose aórtica, são comuns em pessoas de idades mais avançadas. Pessoas acima dos 65 anos devem estar atentos a falta de ar e cansaço.

É fundamental educar a população para esta doença

Sendo patologias comuns e que podem ser graves, é também importante sensibilizar a população para o facto de serem tratáveis.

No caso da estenose aórtica não tratada, grave e sintomática, por exemplo, a taxa de mortalidade é elevada, pois varia entre 25% e 50% por ano. Este valor que pode facilmente ser revertido através do tratamento adequado, que passa pelo implante de uma nova válvula cardíaca, que pode ser feito através de uma cirurgia convencional ou de tratamento percutâneo. O procedimento é realizado através de um cateter introduzido por uma artéria (geralmente na virilha), sem necessidade de parar o coração. Esta é uma técnica minimamente invasiva que assinalou este ano o seu vigésimo aniversário e é, para muitos especialistas, o grande avanço da cardiologia no século XXI.

No caso da insuficiência cardíaca, a cirurgia da válvula mitral, para reparar ou substituir a válvula cardíaca danificada, pode ser o tratamento mais indicado nos casos mais graves. No entanto, metade dos doentes encaminhados para cirurgia não são operados, por razões relacionadas com outras doenças concomitantes, pela disfunção do ventrículo esquerdo ou pela idade avançada.  Nos últimos anos, têm sido desenvolvidas inovações importantes no campo do tratamento e já existem em Portugal vários dispositivos percutâneos minimamente invasivos.

Como sensibilizar a população para esta doença e para a importância do diagnóstico precoce?

Essa é a primeira ação a realizar quando falamos de estratégias a adotar para evitar desfechos mais graves em relação à doença valvular cardíaca. Para o fazer, é fundamental educar a população para esta doença, uma vez que, segundo um estudo realizado em 2017 pela empresa Spirituc, 85% da pessoas com mais de 70 anos sabe que o coração tem válvulas, mas apenas 18,3% já ouviu falar de estenose aórtica e 19,7% ouviu falar de insuficiência mitral. Campanhas como a #OuçaOSeuCoração (#ListenToYourHeart), lançada esta semana pela organização Global Heart Hub para assinalar a Semana Europeia da Sensibilização para a Doença Valvular Cardíaca (12 a 18 de setembro), têm como objetivo contrariar estes números.  Com o apoio da iniciativa Valve For Life e da campanha Corações de Amanhã, da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular, o objetivo passa por aumentar a conscientização da população para a doença valvular cardíaca e os seus sintomas, promovendo a melhoria do diagnóstico, do tratamento e da gestão desta na Europa.  


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Estamos a Trabalhar

TAIWAN: Imagens mostram destruição causada pelo sismo de 6,8 em Taiwan... Moradores partilharam o cenário com que agora se deparam.

© Reprodução Redes Sociais

Notícias ao Minuto  18/09/22 

Após o sismo de 6,8 na escala de Ritcher que se fez sentir, na manhã deste domingo, na cidade de Yujing, em Taiwan, fica não só a destruição como a preocupação com um possível tsunami.

O Japão encontra-se agora em alerta, embora não haja registo de vítimas como consequência da catástrofe. 

Os moradores dos locais onde a terra tremeu - sendo que o sismo ocorreu a 42 quilómetros da cidade de Taitung - partilharam várias fotografias nas redes sociais do cenário com que agora terão que lidar.

Taiwan fica na confluência das placas filipina e euro-asiática, pelo que os sismos são frequentes na ilha.

De acordo com os media de Taiwan, um prédio residencial de dois andares desabou perto do epicentro. O sismo foi também sentido no extremo norte da ilha, na capital, Taipei.

Após o terramoto em Taiwan, a Agência Meteorológica do Japão emitiu um alerta para um tsunami de até um metro atingindo várias ilhas do sul do Japão. As autoridades meteorológicas pediram aos moradores dessas áreas que fiquem longe da costa.

A agência disse que as primeiras ondas podem atingir a ilha de Yonaguni, a ilha mais ocidental do Japão, a cerca de 250 quilómetros a nordeste de Taitung, às 16h10 locais (08h10 em Lisboa) e, posteriormente, três ilhas próximas.


Jornalista prevê mudança em Moscovo devido a guerra "insustentável"

© Getty

Por LUSA  18/09/22 

A jornalista britânica Catherine Belton antecipa que a insustentabilidade económica da invasão da Ucrânia pela Rússia vai levar a que haja mudanças no Kremlin, pela ação de elementos mais "progressistas" dentro da elite.

Em entrevista à agência Lusa, a propósito da publicação em Portugal do livro "Os Homens de Putin: Como o KGB se apoderou da Rússia e depois atacou o Ocidente", Belton reconheceu ter sido apanhada de surpresa pela invasão da Ucrânia, tal como a maioria dos peritos na Rússia, mas acredita que se veem cada vez mais sinais de uma saturação por parte das elites na Rússia.

"Penso que muitos nas elites, aqueles que fizeram as suas fortunas na era de Ieltsin, ficaram chocados e surpreendidos. A comunidade dos serviços secretos internacionais também, mas depois toda a gente se habituou. O mesmo com a população. Ligam a TV e fingem que não se passa nada. As sanções têm um impacto, mas a Rússia sobrevive. Substituem-se bens de consumo por outros provenientes da China, da Turquia, as coisas parecem iguais, mas não são e vai ficar muito, muito pior", afirmou a agora jornalista do Washington Post.

A antiga jornalista da Reuters e ex-correspondente do Financial Times em Moscovo acredita que a Rússia vai enfrentar um "aperto maciço devido à enorme quebra nas receitas de energia".

"Penso que vai haver muitas dificuldades pela frente. Embora os 'falcões' em torno [do Presidente russo, Vladimir] Putin tenham fortalecido a sua posição -- e são eles quem conduz o esforço da guerra -, acredito que, no final, não vai ser sustentável e a dada altura haverá elementos mais progressistas, possivelmente de dentro dos serviços de segurança, que vão tentar mudar a situação, porque precisam que a Rússia sobreviva", disse Belton.

Questionada sobre a leitura que faz de esse esforço de mudança ter de vir do topo e não da população em geral, Catherine Belton lembrou que a repressão é agora "quase total" e que um cidadão pode enfrentar 15 anos na cadeia por criticar a guerra.

Belton deu o exemplo de declarações de Mikhail Khodorkovsky que, numa palestra recente, questionava quem se lembrava de protestos de rua na Alemanha de Leste: "E porquê? Porque era uma ditadura muito autoritária e totalitária".

"Terá de vir da elite e não tenho dúvida de que vai acontecer, mas é uma questão de quanto tempo vai demorar. Quando se atinge o ponto em que se sabe que a economia do país vai ficar sem dinheiro, isso também pode gerar agitação de baixo para cima, porque as pessoas têm de comer", frisou a jornalista.

"Os Homens de Putin" chega às livrarias portuguesas no dia 22 de setembro, pela Ideias de Ler, depois de, em 2020, ter sido classificado como dos melhores livros do ano por publicações como o Financial Times ou a New Statesman.

Ao longo de mais de 500 páginas, que demoraram sete anos a ser preparadas, Belton traça o retrato do presidente russo e das pessoas que o rodearam e rodeiam na ascensão e manutenção do poder, incluindo os múltiplos esquemas económicos e políticos que lhes permitiram destruir opositores e reforçar as suas posições.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.


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© Contributor/Getty Images

Notícias ao Minuto  18/09/22

A jornalista britânica Catherine Belton, autora do livro "Os Homens de Putin", considera que a decisão do Presidente russo, Vladimir Putin, de invadir a Ucrânia terá partido de uma perspetiva de que seria "agora ou nunca".

"Penso que a maioria dos peritos sobre a Rússia esperava que [Putin] continuasse com as mesmas táticas disfarçadas, que apenas reconhecesse a independência de Donetsk e Lugansk, porque ele sempre tentou manter um grau de negação e isso é importante, tratando-se de um regime do [antigo serviço secreto soviético] KGB, que quer manter o seu 'soft power', as suas redes de influência", afirmou Belton, agora jornalista do Washington Post e autora de "Os Homens de Putin: Como o KGB se apoderou da Rússia e depois atacou o Ocidente", publicado no dia 22 em Portugal pela Ideias de Ler.

Em entrevista à Lusa, Belton reconheceu que só acreditou que a invasão da Ucrânia iria mesmo avançar no momento do seu anúncio e que, "apesar de passar sete anos a investigar o lado mais negro do regime de Putin nunca imaginaria que Putin quereria tirar a máscara, porque não fazia qualquer sentido racional".

"O que vimos, como resultado das suas ações violentas, foram sanções que esmagaram muitas das redes russas no Ocidente, todos estes oligarcas alvo de sanções, que passaram décadas a construir as suas reputações, a construir a sua influência de 'soft power', isso ficou agora completamente minado, mas talvez Putin tenha decidido que era agora ou nunca", disse à Lusa a jornalista, antiga correspondente em Moscovo do Financial Times.

Para Catherine Belton, Putin "obviamente sobrestimou a capacidade militar russa e cometeu um erro de cálculo em relação ao que o governo [do presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky faria".

"Penso que os governos ocidentais também o fizeram. Pensavam que Zelensky teria de ser retirado do país, que o regime cairia em três dias. Temos todos uma grande dívida para com o Presidente Zelensky por não ter fugido, por ter ficado lá, porque isso deitou abaixo muitos dos planos russos. Eles realmente esperavam entrar e tomar o país e que Zelensky fugiria ao primeiro avistamento do exército russo, tal como o presidente afegão fugiu ao ver os talibãs", afirmou a Belton, lembrando o "precedente" de o antigo presidente ucraniano pró-russo Viktor Yanukovich, que abandonou o país após a revolução de 2014.

Catherine Belton enfrentou, com a editora da versão original do livro, cinco processos de oligarcas russos (na maioria alvo de sanções após a invasão da Ucrânia) por difamação nos tribunais londrinos (conhecidos pela legislação que facilita as acusações contra jornalistas), e viu esses casos cair por terra, com exceção do movido por Roman Abramovich, que levou a que fosse alcançado um acordo que motivou ligeiras alterações em algumas passagens do livro.

Ainda assim, Belton mostra-se quase satisfeita por a situação se ter desenvolvido desta forma, visto que o seu caso foi um dos que abriram a discussão para uma reforma da legislação que permite que sejam movidos processos por difamação contra jornalistas no Reino Unido, naquilo que o Sindicato britânico dos Jornalistas já definiu como uma forma de "intimidação deliberada por litigantes ricos com os bolsos fundos".

"Os Homens de Putin" -- uma alusão, no título original, a "A Gente de Smiley", de John le Carré -- fez parte das listas de melhores livros de 2020 de publicações como The Economist, The Times e The New Statesman, entre outras.

Na obra, concebida ao longo de anos e com recurso a inúmeras fontes, Belton tece o retrato da ascensão de Putin à presidência russa e dos múltiplos esquemas políticos e económicos que rodearam - e rodeiam - o líder russo.

"Na Rússia, a cumplicidade voluntária do Ocidente ajudara a produzir uma simulação de uma economia de mercado normal pelo KGB. As instituições de poder e o mercado, que era suposto serem independentes, não eram, em boa verdade, mais do que fachadas do Kremlin. [...] O sistema judicial não era um sistema judicial, era um ramo do Kremlin. O mesmo se aplicava ao parlamento, às eleições e à oligarquia. Os homens de Putin controlavam tudo. Era um sistema fantasma de direitos fantasmas, para pessoas e empresas", escreve Belton, já no epílogo.

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sábado, 17 de setembro de 2022

Senegal volta a ter primeiro-ministro após a abolição do cargo em 2019

© Lusa

Por LUSA 17/09/22 

O presidente do Senegal, Macky Sall, nomeou hoje Amadou Ba como novo primeiro-ministro, cargo que abolira em 2019 e depois recuperara em dezembro de 2021, tendo aguardado a realização de eleições locais e legislativas antes da nomeação de hoje.

Amadou Ba, antigo ministro das Finanças, foi nomeado por decreto presidencial num país muito dividido politicamente, cinco dias após uma reabertura parlamentar marcada por um conjunto de incidentes.

Perante o aumento dos preços, o novo chefe de Governo, antigo ministro das Finanças entre 2013 a 2019, e dos Negócios Estrangeiros entre 2019 e 2020, terá a tarefa de conduzir "amplas consultas" e tomar "novas medidas" a nível social, disse Macky Sall na noite de sexta-feira, num discurso à nação transmitido na televisão nacional.

"As medidas para reduzir o custo de vida e apoiar o emprego e o empreendedorismo dos jovens, a luta contra as inundações e as rendas elevadas continuarão a ser para mim a prioridade das prioridades", disse o chefe de Estado senegalês.

Estas prioridades foram hoje recordadas pelo novo primeiro-ministro no seu primeiro discurso, após a leitura do decreto de nomeação pelo secretário-geral da Presidência.

A abolição do cargo de primeiro-ministro em maio de 2019 deveria tornar o funcionamento do Estado mais fluido, e tinha estabelecido um novo equilíbrio de poder ao reforçar o caráter presidencial do regime senegalês.

Na ocasião, a oposição e parte da sociedade civil consideraram a abolição deste cargo como uma tentativa do Presidente Sall para tomar o poder.

Quase três anos e meio depois, o chefe de Estado continua a ser criticado pela oposição pela sua conduta solitária de poder.

Macky Sall, eleito em 2012 por sete anos e reeleito em 2019 por cinco anos, mantém ainda por esclarecer quais as suas intenções para 2024.


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Preço de produtos alimentares: ECONOMISTA EXORTA O GOVERNO A REMOVER BARREIRAS E A REVER AS TAXAS

 JORNAL ODEMOCRATA  17/09/2022  

O economista guineense, Serifo Só, exortou o governo a preocupar-se em remover as barreiras de controlo nas fronteiras e no setor autónomo de Bissau, bem como a trabalhar seriamente na revisão de algumas taxas aplicadas sobre a importação de mercadorias, particularmente aos produtos de primeira necessidade.

O governo decidiu baixar, através de despacho datado de 02 de setembro de 2022 a que a redação do semanário O Democrata teve acesso na terça-feira, 06 do mês em curso, os preços de produtos da primeira necessidade no mercado nacional, designadamente: o arroz cem por cento partido, que saiu de 21 a 22 mil fcfa para 19 mil fcfa por 50 kg; açúcar de 50 kg que se vendia no valor de 30 mil fcfa passa a custar agora 27 mil fcfa e farinha trigo que saiu de 25 mil para 23 mil fcfa por 50 kg.

A decisão, de acordo com o executivo, visa essencialmente minimizar o sofrimento da população e, resulta de um trabalho técnico da Comissão Interministerial instituída pelo Conselho de Ministros para rever os preços dos produtos de primeira necessidade.

De acordo com o mesmo despacho, a medida visa ajudar a população a enfrentar o contexto atual induzido pela “pandemia de COVID-19, a Guerra na Ucrânia e agravado no plano endógeno pela saída da empresa, MAERSK LINE do país”. No despacho conjunto assinado pelos ministros das Finanças e do Comércio, o governo mostrou-se determinado em enfrentar os desafios, mesmo que sejam excepcionais e, esclarece que, a Guiné-Bissau ficou afetada com as flutuações do custo dos produtos essenciais no mercado internacional. 

Sobre a medida, o economista Serifo Só alertou o governo que não devia tomar a decisão de fixar ou baixar preços de produtos da primeira necessidade. Acrescentou que as autoridades nacionais deveriam concentrar-se em saber o que está na origem de aumento dos preços de produtos no mercado, como também ter a coragem de remover todas as barreiras, os postos de controlo de fronteira e no setor autónomo de Bissau, bem como fazer a revisão de algumas taxas impostas a mercadorias importadas, em particular os produtos da primeira necessidade. 

O economista afirmou que concorda em parte com o despacho do governo ao citar a situação da pandemia de coronavírus e a guerra na Ucrânia, mas assegurou que não são apenas esses fatores que abalaram a economia mundial.

“Existem outros fatores internos que devem ser removidos para facilitar a circulação de pessoas que trazem produtos de países vizinhos para vender. A nível de fatores externos, a situação da Covid-19 e da guerra da Rússia e Ucrânia, dois países com maior produção de trigo. Deve-se igualmente à posição cambial da principal moeda das transações comerciais internacionais, Note-se que o dólar tem um valor cambial igual à do euro neste momento, de maneira que estes são os fatores externos”, contou.

Relativamente às condicionantes do fator interno, explicou que o aumento dos impostos aos funcionários públicos o qual incidiu sobre rendimento dos consumidores e comerciantes, tendo acrescentado que outro fator tem a ver com descontrolo nas instituições públicas nomeadamente o desemprego, refletindo-se na subida dos preços.

“A Guiné-Bissau é um país que importa tudo, até mesmo a cultura, então as pessoas que trazem produtos da Gâmbia e do Senegal para vender, enfrentam enormes barreiras em termos de pagamentos, nos diferentes postos da Guarda Nacional e Guarda Fiscal. Tudo isso acaba por refletir-se no consumidor final, porque quando o comerciante faz a estrutura de custo de todos estes componentes e a demora que faz no caminho, acaba por acrescentar algum valor para não perder, então essa situação refletiu-se bastante nos preços dos produtos no mercado” disse para de seguida, exortar o governo de trabalhar seriamente na eliminação dessas barreiras e na revisão das taxas e impostos sobre os produtos da primeira necessidade.

O presidente da Associação dos Consumidores de Bens e Serviços (ACOBES), Bambo Sanhá, nega que o governo tenha baixado os preços de produtos de primeira necessidade, acusando-o de ter legitimado os preços que têm sido praticados pelos comerciantes no mercado nacional. Acusou também os comerciantes de estarem a especular os preços no mercado nacional, fixando um saco de açúcar em 27 mil francos CFA, 19 mil francos CFA para arroz e 23 mil francos CFA para farinha de trigo.

Bambo Sanhá lembrou que há três meses o governo produziu um despacho, no qual fixou 50 kg de por 17.500 franco CFA, um saco de açúcar 25 mil francos CFA e farinha trigo 23 mil francos CFA, mas esse despacho não terá sido cumprido por parte de alguns operadores econômico, justificando que não têm garantia para compensar as próximas importações, uma vez que haviam pago todas as obrigações, antes de o governo baixar a base tributária de 9 para 7 mil francos CFA.

“As populações não estão a beneficiar com o despacho. Por isso, para nós [ACOBES] não houve e nem haverá diminuição dos preços de produtos da primeira necessidade, o que houve é a ausência de autoridade de estado em fazer os comerciantes cumprirem com o primeiro despacho, através de uma inspeção geral de comércio. Assim podemos dizer que não há medidas para estancar a subida de preço dos produtos da primeira necessidade no mercado nacional”, disse Bambo Sanhá.

 Por: Aguinaldo Ampa  

Voar para o espaço "será normal" dentro de 100 anos

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Por LUSA  17/09/22 

O astronauta alemão Matthias Maurer considera que "será normal" voar para o espaço dentro de 100 anos como hoje é vulgar voar de avião, mas será preciso criar regras como as que existem para controlar o tráfego aéreo.

Matthias Maurer falava à agência Lusa, à margem de uma iniciativa promovida pela agência espacial portuguesa Portugal Space, que o levou na sexta-feira a fazer com 30 jovens um voo parabólico, a partir de Beja, que simulou o efeito de gravidade zero, apenas sentido pelos astronautas no espaço.

"Acredito que em 100 anos será normal voar para o espaço como agora é normal voar para Espanha ou para os Estados Unidos em férias", disse, quando questionado sobre o futuro do turismo espacial, que teve um 'boom' em 2021, com viagens suborbitais, mas também orbitais até à Estação Espacial Internacional (EEI), apenas acessíveis a milionários.

O astronauta da Agência Espacial Europeia (ESA), que em maio regressou de uma missão, a primeira, na EEI, onde esteve seis meses, lembrou que hoje viaja-se de avião como não se fazia há 100 anos e que para voar para o espaço de forma mais consistente terá de haver regras.

"Não há regras no espaço, mas se voarmos num avião temos controlo de tráfego aéreo", assinalou, acrescentando que é preciso também evitar a produção de mais lixo espacial, usando foguetões e naves reutilizáveis e desenvolvendo tecnologia que permita "remover grandes satélites" desativados "antes de colidirem".

Matthias Maurer, 52 anos, considera que, dependendo da vontade política, haverá astronautas a voarem para Marte na década de 2040, ou até antes, dado que o conhecimento e a tecnologia espaciais aceleraram muito nos últimos dez anos. Os Estados Unidos ambicionam levar na década de 2030 astronautas para a superfície do planeta, onde terá havido água líquida e vida no passado.

"Voar para o espaço está a entrar numa nova era", afirmou, salientando que se pode aprender com as alterações climáticas de Marte para controlar as da Terra.

Durante a sua missão na EEI, a que chamou de "Beijo Cósmico", por ser uma "declaração de amor ao espaço", Matthias Maurer, formado em ciência dos materiais, fez mais de uma centena de experiências científicas, incluindo testes de novos materiais antimicrobianos, para evitar por exemplo contágios em hospitais por contacto com superfícies contaminadas.

Da cúpula da EEI, uma janela que se "abre" para o espaço, viu "o impacto dos humanos" na Terra, da qual a estação dista 400 quilómetros. Viu não só os efeitos da desflorestação, mas também os da guerra na Ucrânia, que observada do céu surgia "completamente às escuras", apenas pontuada pelos "clarões" de explosões.

Uma das lições que retirou da sua estada na Estação Espacial Internacional é que na Terra, a bem da sua sustentabilidade, todos deviam "trabalhar juntos", em cooperação, tal como os astronautas fazem na EEI, para "serem bem-sucedidos" na sua missão.

"Como humanidade, precisamos de trabalhar juntos e garantir que tratamos o planeta de forma sustentável", sublinhou.

Sobre futuras missões, Matthias Maurer admitiu que podem eventualmente passar por uma nova estada na EEI ou uma viagem à Lua - até à sua órbita ou até à sua superfície.

PAIGC: Portugal em "silêncio cúmplice" face a regime "totalitário" na Guiné-Bissau ...Domingos Simões Pereira

© Reuters

Por LUSA 17/09/22 

O presidente do PAIGC lamentou o "silêncio cúmplice" de Portugal face às violações dos direitos do povo da Guiné-Bissau por parte de um regime "totalitário", liderado pelo chefe de Estado, que "investe em mecanismos de repressão".

Em entrevista à agência Lusa em Lisboa, Domingos Simões Pereira referiu que atualmente "a comunidade internacional tem falta de liderança", mas lamentou sobretudo a posição de Portugal.

"Pela relevância que Portugal tem junto da União Europeia, junto das Nações Unidas e de outras organizações, de facto, o seu silêncio é cúmplice, porque não se limita a ser um silêncio, já houve manifestações de apoio, já houve manifestações de aproximação sem serem acompanhadas de uma tentativa de compreender a realidade", referiu o líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, na oposição).

Domingos Simões Pereira considerou que este silêncio "preocupa muito" a comunidade guineense em Portugal, que "acompanha e vê o povo português como um povo irmão" e "tem dificuldades em compreender determinados sinais" em vez de apoio para "tentar ajudar a ultrapassar essas situações".

O dirigente do PAIGC considera que o chefe de Estado guineense quer um poder totalitário e investe em meios de repressão do povo em vez de assegurar as suas necessidades básicas.

"Neste momento há um investimento forte da administração, portanto do Governo guineense, não nas escolas, não nos hospitais, não naquilo que é do interesse do povo guineense, mas nos mecanismos de repressão, na aquisição de meios para o controlo de manifestações, para a intimidação do povo", disse.

Simões Pereira, quando instado a dar exemplos dessa repressão, referiu que as pessoas são espancadas por qualquer motivo. "Isto entrou para o dia-a-dia do cidadão guineense, o cidadão guineense hoje é espancado porque, por exemplo, rezou num dia em que não devia rezar".

O próprio líder do PAIGC já foi diversas vezes impedido de sair do país, considerando que as ordens judiciais nesse sentido derivam de ordens políticas do regime guineense.

Domingos Simões Pereira referiu ainda a contradição das decisões do Governo como, por um lado, mandar para casa cerca de 1.000 médicos "porque o processo de recrutamento foi considerado menos transparente" e, por outro, "recruta mais de 10.000 agentes de segurança, quase como um exército paralelo".

Neste sentido, considerou que "a perceção que Umaro Sissoco Embaló tem do poder é o totalitarismo".

"Para ele a democracia é: ele dá ordens e os outros executam. E quando o que está a ser executado lhe parece não coincidente com o seu interesse e as suas ordens, ele pensa que tem o direito de chamar as forças de segurança e as forças de defesa para corrigirem aquilo que ele entende estar mal", disse, referindo-se ao Presidente.

Questionado sobre com que armas pretende combater este regime, disse que é preciso continuar "a alertar o povo guineense" de que os seus direitos "estão a ser postos em causa".

"Impõe-se neste momento que o povo se mobilize, que o povo compreenda a importância de assegurar os seus direitos fundamentais e as suas liberdades e todos juntos podermos realmente pôr fim a esta tentativa de sufoco da sociedade e dos direitos do povo guineense", defendeu.


Ucrânia? "[Putin] não será capaz de fazer o que inicialmente pretendia"

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Por LUSA  17/09/22 

As contrariedades e os recursos limitados de Moscovo na Ucrânia demonstram que as suas forças são incapazes de alcançar os objetivos iniciais do Presidente Vladimir Putin, referiu esta sexta-feira o chefe dos serviços de informações militares do Pentágono.

"Estamos a chegar a um ponto em que acho que Putin terá que rever quais são os seus objetivos para esta operação", sublinhou o tenente-general Scott Berrier, diretor da Agência de Inteligência de Defesa (DIA, na sigla em Inglês).

Para Berrier, está "bem claro agora que ele [Putin] não será capaz de fazer o que inicialmente pretendia fazer", salientou, durante uma conferência de inteligência e segurança nacional que decorreu fora de Washington.

Putin enviou as suas tropas para a Ucrânia em fevereiro com o objetivo de derrubar o governo ucraniano próximo do Ocidente, segundo as autoridades norte-americanas.

As forças ucranianas expulsaram os combatentes russos das suas posições ao redor da capital da Ucrânia no início da guerra.

Na semana passada, Moscovo sofreu outro grande revés, quando uma contra-ofensiva ucraniana forçou as suas tropas a recuar de grandes áreas do nordeste da Ucrânia.

"Os russos planearam uma ocupação, não necessariamente uma invasão, e isso atrasou-os", realçou Berrier, citando a relutância de Putin até agora em mobilizar totalmente as forças russas para obter mais mão-de-obra nos combates.

O Presidente Joe Biden e outros funcionários do governo norte-americano tiveram até agora o cuidado de não considerar a última retirada da Rússia como uma vitória ucraniana ou um ponto de viragem na guerra, e analistas alertam que é impossível avaliar o que pode estar por acontecer.

"Ele [Putin] está a chegar a um ponto de decisão. Qual será essa decisão, não sabemos. Mas isso determinará em grande parte quanto tempo este conflito durará", acrescentou Berrier.

Questionado sobre as preocupações de que Putin possa lançar armas de destruição em massa se continuar a sofrer derrotas no campo de batalha pelas forças ucranianas apoiadas pelos EUA e pela NATO, o vice-diretor da CIA, David Cohen, afastou essa ideia.

"Não acho que devemos subestimar o objetivo de Putin em cumprir a sua agenda original, que era controlar a Ucrânia. Não acho que tenhamos visto qualquer razão para acreditar que ele se afastou disso", referiu.

Mas também alertou que os EUA não devem subestimar o "apetite pelo risco" de Putin, lembrando que oficiais russos e o próprio chefe de Estado fizeram alusões ao arsenal nuclear da Rússia, ao alertar a NATO para não se envolver no conflito.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

"Juntos venceremos". Zelensky agradece novo envio de armamento pelos EUA

© Alexey Furman/Getty Images

Por LUSA  16/09/22 

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu hoje ao seu homólogo norte-americano, Joe Biden, o último envio de armamento autorizado na quinta-feira, avaliado em 600 milhões de dólares, aproximadamente o mesmo valor em euros.

"A nossa interação demonstrou a sua eficácia em primeira linha. A Ucrânia procura ser livre. E com o apoio sincero e a solidariedade dos parceiros, o mundo inteiro surpreende-se. Juntos venceremos", indicou Zelensky em mensagem no Twitter.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, autorizou na quinta-feira uma nova entrega de armamento à Ucrânia que eleva para 15,8 mil milhões de dólares a ajuda militar total norte-americana concedida ao exército ucraniano.

A Rússia advertiu os Estados Unidos que caso seja enviado armamento de longo alcance, como tem solicitado Zelensky para presumivelmente atacar posições russas na Crimeia, Washington arrisca-se a ultrapassar uma "linha vermelha".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.


Leia Também: ONU permite que Zelensky faça discurso virtual na Assembleia Geral

Conferência de imprensa da Comissão organizadora do II° Congresso do MADEM G-15, a ter lugar no ilhéu de Gardete dia 30 de setembro a 2 de outubro.

Movimento para Alternância Democrática - MADEM G15

Ukraine government organization: In the past week, the #UAarmy received thousands of tons of ammunition as a gift from the Armed Forces of 🇷🇺 Please note that we do not accept gifts from murderers, torturers, looters, or rapists. In the coming days, we will return everything, right down to the last shell.

Defense of Ukraine  @DefenceU

RÚSSIA/UCRÂNIA: Putin avisa que guerra pode ficar mais "séria" e recusa "ajustes"

© Reuters

Notícias ao Minuto  16/09/22 

Putin defendeu que o plano da Rússia na Ucrânia "não está sujeito a ajustes", recusando assim os avanços das tropas ucranianas dos últimos dias.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, avisou, esta sexta-feira, que a situação pode piorar na Ucrânia e que não tem pressa em terminar a sua denominada "operação militar especial", rejeitando ainda ajustes na mesma face aos avanços das tropas ucranianas, que pareceu recusar.

"As autoridades de Kyiv anunciaram que lançaram e estão a conduzir uma operação contraofensiva ativa. Bem, vamos ver como ela se desenvolve, como termina", disse Putin, numa conferência de imprensa, no Uzbequistão, fazendo esta declaração com um sorriso no rosto, tal como destaca a Reuters.

Sublinhe-se que esta foi a primeira vez que Putin falou publicamente sobre os recentes avanços da Ucrânia e a derrota das suas tropas, sobretudo na região de Kharkiv.

O chefe de Estado russo abordou depois os ataques que se sucederam a estes avanços, nomeadamente contra estruturas hidráulicas e de eletricidade, e deixou um aviso.

"Recentemente, as forças armadas russas infligiram alguns golpes sensíveis. Vamos supor que sejam um aviso. Se a situação continuar a desenvolver-se assim, a resposta será mais séria", avisou.

Questionado sobre se a chamada "operação militar especial" não precisava de ser corrigida, Putin recusou.

"O plano não está sujeito a ajustes", afirmou.

"O Estado-Maior considera uma coisa importante, outra secundária - mas a tarefa principal permanece inalterada e está a ser implementada", defendeu. "O objetivo principal é a libertação de todo o território do Donbass", acrescentou.

"Este trabalho continua, apesar das tentativas de contra-ataques das forças ucranianas. As nossas operações defensivas no Donbass não param (…). Estão a um ritmo lento, mas continuam. Gradualmente, o exército russo está a ocupar novos territórios", rematou.

Recorde-se que, pouco antes, Putin tinha afirmado que a Rússia faria de "tudo" para acabar com a guerra o mais "rapidamente possível". Esta posição foi transmitida ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, depois de este o confrontar diretamente, dizendo que não estamos numa "era de guerra". 


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Notícias ao Minuto 16/09/22 

A mulher contou o que viu e viveu durante os três meses em que esteve detida pelos russos.

Uma médica ucraniana torturada pelas forças russas explicou como ela embalou outros prisioneiros enquanto eles morriam durante os seus três meses em cativeiro. 

O relato foi feito por Yuliia Paievska aos legisladores norte-americanos que pertencem à Comissão de Segurança e Cooperação na Europa – também conhecida como Comissão de Helsinque dos EUA.

A médica foi detida em março, depois de ter sido mandada parar numa operação de verificação dos documentos. . Antes de ser capturada, a médica conseguiu fazer chegar aos jornalistas da AP um micro cartão de memória com 256 gigabytes de imagens filmadas com uma câmara de corpo. Os vídeos mostram o dia-a-dia da sua equipa de salvamento, em Mariupol, quando esteve sob cerco russo. 

A tortura, conta, começava com os ucranianos a tirarem as roupas antes de serem agredidos. Yuliia recordou ainda como os detidos se ouviam durante semanas, “morrendo depois da tortura sem qualquer ajuda médica”, cita a AP.

Da sua experiência, lembrou que durante uma sessão tortura, um russo lhe perguntou “Sabes porque te fazemos isto?”, ao que a médica respondeu “porque podem”. Das vezes que pediu para ligar ao marido, responderam-lhe que andava a ver "muitos filmes americanos", e que não teria direito a chamada alguma. 

Como se o horror não fosse suficiente, a médica conta ainda que os torturadores incentivavam os prisioneiros -. ela incluída - a que se suicidassem. 

A médica referiu ainda um menino de sete anos que morreu no seu colo por não haver equipamento médico para salvá-lo, bem como um amigo a quem fechou os olhos “antes do corpo ter arrefecido”.

Segundo o autarca de Mariupol, pelo menos 10.000 pessoas desapareceram da cidade durante o cerco russo. O governo da Ucrânia diz ter documentado quase 34.000 crimes de guerra russos desde que a guerra começou em fevereiro.

O Tribunal Penal Internacional e 14 países membros da União Europeia também iniciaram investigações.


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Notícias ao Minuto  16/09/22 

Cerca de 99% dos corpos exumados, esta sexta-feira, em Izyum, têm sinais de morte violenta, avançou Oleg Synegubov, governador regional, no Telegram.

"A escala dos crimes cometidos pelos ocupantes em Izyum é enorme. Isto é um terror brutal e sangrento. Bucha, Irpin, Mariupol (...) Este é o genocídio do povo ucraniano", começou por escrever.

"Entre os corpos exumados hoje, 99% apresentavam sinais de morte violenta. Há vários corpos com as mãos amarradas nas costas, e uma pessoa está enterrada com uma corda no pescoço. Obviamente, estas pessoas foram torturadas e executadas. Há também crianças entre os enterrados", revelou.

Segundo o responsável ucraniano, "a maioria dos túmulos nem tem nomes", "há apenas uma marca com um número".

Depois de identificados os corpos, "todos eles serão enterrados com o devido respeito", disse.

"Cada morte será investigada e tornear-se-á evidência dos crimes de guerra da Rússia nos tribunais internacionais", concluiu.

Recorde-se que as autoridades ucranianas desenterraram corpos, num cemitério, numa zona recentemente recapturada às forças russas.

Trabalhadores retiraram corpo após corpo do solo arenoso numa floresta de pinheiros, onde as autoridades dizem estar 445 sepulturas.

As forças ucranianas conseguiram acesso ao local depois de terem recapturado Izyum, bem como grande parte da região de Kharkiv, numa contraofensiva contra o Exército russo.

A agência de Direitos Humanos da ONU já disse que vai investigar as mortes.


ONU lança iniciativa para promover desenvolvimento económico em África

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Por LUSA  16/09/22 

A Organização das Nações Unidas lançará na próxima semana o 'Global Africa Business Initiative' (GABI, na sigla em inglês), iniciativa para promover o crescimento sustentável dos negócios e o desenvolvimento económico no continente africano.

Organizado pelo Pacto Global das Nações Unidas em parceria com a União Africana, com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) África, Comissão Económica das Nações Unidas para África e gabinete do conselheiro especial da ONU para o continente africano, o lançamento terá lugar em Nova Iorque, no domingo e segunda-feira, à margem da abertura da semana de alto nível da 77.ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

"O GABI é sobre os líderes da África redefinirem a narrativa global e posicionarem as principais parcerias para proporcionar um crescimento sustentável inclusivo para as pessoas e para o planeta", disse Amina J. Mohammed, vice-secretária-geral da ONU, citada em comunicado.

"O próximo capítulo para a África começa por criar pontes para novas oportunidades, onde os africanos chegam ao cenário global para contar as suas próprias histórias e desenvolver poderosos motores económicos -- nos seus próprios termos", acrescentou a diplomata.

Sob o título "África imparável", o evento estará focado nas conversas sobre crescimento económico e oportunidades de investimento, destacando possibilidades em todos os setores.

"O GABI reunirá chefes de Estado africanos, lideranças e filantropos da ONU, bem como 'CEO' [presidentes executivos] e atores-chave do setor privado para ativar um poderoso ecossistema de negócios que promove a prosperidade para todos os africanos e cidadãos do mundo. O evento está pronto para marcar o início de um diálogo crescente com e entre os líderes africanos sobre o impacto do continente no crescimento global", indicou a organização em comunicado.

Entre os oradores esperados no evento está António Guterres, secretário-geral da ONU, Alassane Ouattara, Presidente da Costa do Marfim, Melinda Gates, da Fundação Bill e Melinda Gates, Darren Walker, presidente da Fundação Ford, entre muitos outros.

GUINÉ-CONACRI: Julgamento de massacre de mais de 150 pessoas em Conacri começa dia 28

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Por LUSA  16/09/22 

O aguardado julgamento do massacre do estádio Conakry, em 2009, que marcou a história contemporânea da Guiné-Conacri, terá início em 28 de setembro, anunciou hoje o ministro da Justiça, Alphonse Charles Wright.

Em 28 de setembro de 2009, as forças de segurança da Guiné-Conacri mataram pelo menos 157 pessoas e violaram 109 mulheres no estádio, onde milhares de opositores à candidatura presidencial do então líder da junta, Moussa Dadis Camara, estava reunidos, de acordo com uma comissão de inquérito das Nações Unidas.

O julgamento irá "revisitar" a história do país e assegurar que todos saem dele "com uma nova visão da Guiné, onde a impunidade deixará de ter o seu lugar", disse o ministro da Justiça, citado pela agência France-Presse, após uma reunião do comité diretor do julgamento.

O julgamento, acrescentou, poderia permitir ao país avançar para o "processo de reconciliação que tem sido tão procurado".

A investigação judicial terminou em dezembro de 2017, levando uma dúzia de arguidos a tribunal, incluindo Moussa Dadis Camara.

Mas as vítimas e os seus familiares aguardavam por este julgamento com ansiedade, que foi repetidamente adiado apesar das garantias das autoridades lideradas pelo antigo Presidente Alpha Condé, que governou entre 2010 e 2021.

Os ativistas e defensores dos direitos humanos têm insistido na ida a julgamento dos arguidos, argumentando que isso seria um passo em frente contra a impunidade que afirmam ser a norma na Guiné-Conacri.


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Ensino público - ” Suspenção de novas admissões no sector foi balde de água fria sobre a Cooperativa Escolar São José”, diz diretor executivo


Bissau, 16 Set 22 (ANG) – O diretor executivo da Cooperativa Escolar “São José(CESJ)”, disse que a decisão do Governo de suspender as novas admissões nos sectores da educação e saúde, foi um “balde de água fria” sobre a instituição, por desencorajar a direção daquele estabelecimento de ensino.

Raul Daniel da Silva falava hoje na cerimónia de entrega de certificados aos professores das escolas comunitários do sector de Bissorã, Região de Oio, norte do país, participantes do curso intensivo de formação decorrido entre 09 e 16 de Setembro sob o lema “O que distingue o profissional do amador”.

“A Direção da CESJ lança um vibrante apelo ao Governo para a ponderar essa decisão, que põe em causa o esforço coletivo, sobretudo das escolas vocacionadas para a formação dos professores e do pessoal de saúde,  sectores sociais que merecem maior atenção”, disse.

O Governo decidiu em Conselho de Ministros do dia 25 de Agosto, a suspensão de admissões de novos ingressos de professores e de técnicos de saúde na função pública.

O diretor executivo da Cooperativa Escolar São José pede ainda a ponderação do Governo em relação a suspensão provisória de isenções ao pagamento de taxas aduaneiras de que as ONGs e Entidades Religiosas beneficiavam, sustentando que a decisão afeta parceiros do Governo na Luta contra a pobreza.

Em relação ao seminário de formação intensivo dos professores das escolas comunitárias de sector de Bissorá, Raúl Daniel Informou que o primeiro momento teve como objetivo capacitar os jovens das comunidades rurais, com técnicas pedagógicas do ensino e aprendizagem, elegendo-se como prioridade a didática.

O segundo momento de formação teve como prioridade o uso das novas tecnologias na sala de aula propostas para auxiliar o currículo escolar da CESJ.

Raul Daniel acrescentou que o profissional hoje são aquelas pessoas que mesmo tendo muitas experiências ou competências se esforçam mais para fazer o máximo, aprender o melhor que podem e saber adaptar às novas realidades.

ANG/ÂC//SG


Organizações não governamentais ameaçam suspender actividades na Guiné-Bissau

Este posicionamento surge depois do Governo ter suspenso isenções de importação às organizações não governamentais e igrejas

Por Lassana Cassamá voaportugues.com 16/09/22

BISSAU — Organizações não governamentais na Guine-Bissau ameaçam parar com todos os apoios humanitários, assim como o fornecimento de serviços sociais básicos de saúde, educação e iniciativas de desenvolvimento, em resposta ao despacho do ministro das Finanças, de 2 de Setembro, que suspendeu as isenções concedidas àquelas organizações e entidades religiosas sobre os bens e produtos de qualquer natureza por eles importados ou adquiridos no país.

Em comunicado divulgado nesta sexta-feira, 16, aquelas organizações e a Casa dos Direitos, agrupados num espaço denominado “Colectivo”, afirmam que “a matéria de isenções fiscais está inserida nas atribuições e competências da Assembleia Nacional Popular, por conseguinte, nem o decreto-lei do Governo, muito menos o despacho de um ministro, podem revogar ou suspender uma lei aprovada pelo Parlamento e em vigor no país desde 1995”.

Daí que “o supra mencionado despacho colide frontalmente com o artigo 46º da Lei nº 02/95 de 24 de Maio, cujo nº 1 consagra que as organizações não governamentais gozam de isenção de direitos e demais imposições aduaneiras para viaturas, equipamentos e materiais importados no quadro de projetos de desenvolvimento”, referem aquelas organizações.

A nota acrescenta que este lamentável despacho entrou em vigor numa altura em que várias organizações importaram toneladas de bens essenciais de apoio humanitário ao povo guineense, nomeadamente, medicamentos de uso gratuito para o Sistema Nacional de Saúde, equipamentos agrícolas, viaturas de uso exclusivo no quadro da execução dos diferentes projetos de desenvolvimento, entre outros”.

Aquele colectivo manifesta, contudo, a sua “firme e inequívoca vontade de estabelecer pontes de diálogo franco com o Governo e demais autoridades nacionais, com vista à resolução desta crise, cujas consequências negativas são incalculáveis para o povo guineense”.

A medida do Governo veio assim juntar-se às recentes tomadas nos sectores da Saúde e da Educação e que já estão a ser fortemente atacadas pela opinião pública guineense.