Nos últimos trinta anos, a Guiné-Bissau tem apresentado baixa taxa de alfabetização, baixa taxa de crescimento económico, baixa taxa de natalidade, devido à alta taxa de mortalidade.
Quais são as razões desses indicadores negativos?
Os indicadores, geralmente, dependem da forma como fizemos o diagnóstico relativamente à produção interna. No entanto, numa perspetiva econômica pode-se interrogar, o que a Guiné-Bissau, efetivamente, produz? Qual é o setor económico mais produtivo? Quais são as suas potencialidades?
O crescimento económico guineense tem apresentado, fundamentalmente, como marco, em termos de contribuição setorial, 70% dos produtos exportados são provenientes da castanha de caju; o que corresponde a 60% do PIB; e os restantes 40% são repartidos entre os demais setores da atividade económica.
Ao nível sub-regional, a Guiné-Bissau, além de uma localização geoestratégica privilegiada – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) – integra um mercado de 15 países, com cerca de 380 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto a rondar os 675 mil milhões de dólares.
Ora, numa lista extensa de caminhos apontados pelas diferentes teorias económicas ao favor do crescimento económico, a “substituição de importação” é o “mais indicado” e adaptável à realidade guineense, devido à disponibilidade de recursos humanos e naturais.
E, por conseguinte, em virtude da entrevista concedida pelo ALIKO DANGOTE – “maior empreendedor da África Subsaariana” – reservada às agências Bloomberg e Reuters, na qual, o multimilionário nigeriano, anunciou o seu plano de investimento na Europa e nos Estados Unidos na ordem de 50 mil milhões de dólares USD… Perguntado sobre as potencialidades africanas, respondeu indicando às 4 dicas essenciais aos empreendedores africanos:
- Assegurar o fornecimento permanente de produtos e serviços.
- Não colocar em causa as conquistas alcançadas no mercado.
- Ter paixão pelo trabalho.
- Estimular sempre gosto pelo sucesso.
Todavia, à título de péssimos exemplos africanos – ALIKO DANGOTE – considera que, tendo em conta o elevado défice de infraestruturas (Estradas, Edifícios, Pontes, etc.) com que os países da África Ocidental enfrentam, “não faz sentido os países africanos continuarem a importar CIMENTOS, devido às condições favoráveis para a produção local de CIMENTOS. Razão pela qual a sua companhia tem apostado e investido neste setor, nomeadamente, no Togo e, futuramente, no Senegal”.
Por outro lado, enalteceu que mesmo no seu país de origem – NIGERIA – quase “todos” os agentes económicos se dedicam ao setor petrolífero, à semelhança do que acontece na Guiné-Bissau, em relação ao setor de caju, que, na sua ótica, devia ser evitado apostando-se na diversificação da atividade económica.
Contudo, a temática de “substituição de importação” não é propriamente um “assunto novo”, na medida em que foi abordado e implementado nos países da América Latina, designadamente no Brasil (baseadas nas teorias económicas fundamentadas pelos estudiosos do desenvolvimento económico, como Celso Furtado i.e.).
Portanto, a implementação da “substituição de importação” requer, em termos práticos, uma mobilização ao nível nacional: do governo, do setor privado, do setor financeiro, da juventude, das mulheres, entre outros agentes económicos. Por quanto, essa medida económica pressupõe uma forte dinâmica interna, aliada ao incentivo à cultura do “consumo endógeno” de produtos locais e a valorização de produtos e marcas locais…
Infelizmente, no mercado de consumo guineense não tem havido uma rigorosa e sistemática promoção da produção interna, o que prejudica sobremaneira o empreendedorismo nacional.
Mãos à obra empreendedores!
Setembro, 2017.
//Santos Fernandes
Radiojovem