O médico, que dirige a morgue, chamou os jornalistas para assistir a uma operação coordenada com um delegado do Ministério Público no sentido de alertar os familiares de 11 cadáveres que se encontram no local, mas que precisam ser enterrados rapidamente.
Aqueles corpos estão em avançado estado de decomposição por não terem sido reclamados, há mais de dois anos, pelos familiares, assinalou Abubacar Camará.
Assim que houver uma ordem do Ministério Público, os 11 corpos serão sepultados, com ou sem a presença dos familiares, precisou o médico.
Em condições normais, a morgue do hospital Simão Mendes apenas autoriza que o defunto permaneça no local o máximo de sete dias, mas Abubacar Camará afirmou que há corpos que ficam por "muito mais tempo", originando, neste momento, uma superlotação das instalações.
"Temos atualmente 32 corpos, quando a morgue tem capacidade para nove corpos", observou Camará, salientando que são quase todos cidadãos da Guiné-Bissau.
O médico relatou o caso de uns familiares que tentaram retirar o corpo de um ente falecido no hospital Simão Mendes, mas que não o podiam transportar para casa.
"Deram banho ao defunto, meteram-lhe uns óculos, sentaram-no no carro, mas ao chegarem ao posto de controlo de Safim e ao perceberem que tinham sido descobertos com a farsa, fugiram e deixaram aí o defunto no carro", contou Abubacar Camará.
A polícia, simplesmente, devolveu o cadáver à morgue do Simão Mendes onde se encontra até hoje, frisou o médico legista.
Abubacar Camará apontou situações do género como uma das razões para o aumento de casos de infeção pelo novo coronavírus na Guiné-Bissau, que já atingiu mais de 1.600 pessoas e causou a morte de 24.
O chefe da vara-crime do Ministério Público, Herculano Sá, disse que brevemente a sua instituição vai dar ordens ao hospital para proceder ao enterro dos 11 cadáveres.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 511 mil mortos e infetou mais de 10,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
In LUSA
Saúde Pública/Primeiro-ministro inaugura Armário de Medicamentos Essenciais do Hospital Simão Mendes
Bissau, 01 Jul (ANG) – O Primeiro-ministro presidiu hoje a cerimónia de inauguração do Armário de Medicamentos Essenciais do Serviço de Urgência e a entrega de três viaturas ao Hospital Nacional Simão Mendes.Na ocasião, Nuno Nabian disse que tudo o que se consegue em nome da Guiné-Bissau tem que ser usado para o Povo e bem estar de todos, pelo que chamou a atenção ao ministro de Saúde e a Secretária de Estado de Gestão Hospitalar para o uso transparente e boa gestão daquilo que é público tendo prometido pessoalmente colaborar nesse sentido.
"Vamos trabalhar no outro contexto em que vamos começar a responsabilizar uns aos outros e quem não poder e não ter tempo para isso, deve arranjar outro negócio para fazer e deixar de ser o servidor do Povo”, avisou.
O chefe do Governo disse que o Morgue do Hospital Simão Mendes, que recentemente foi assaltada, custou milhões de dólares, que foram em vão e que podiam servir para a construção de estradas, bolanhas e escolas.
O chefe do governo criticou, por outro lado, os serviços de limpeza do referido hospital, que considera de péssima, acrescentando que o governo vai continuar a fazer esforços para ter uma empresa capaz de fazer um serviço de limpeza satisfatória em todos os hospitais do país.
Nuno Nabiam criticou ainda o facto de haver elevado número de pacientes numa só sala na maternidade, acrescentando que o governo vai trabalhar na base de transparência para que o dinheiro do Estado seja usado em benefício do Povo.
Nabian prometeu para breve a melhoria das condições do hospital e da pavimentação do recinto hospitalar, com reabilitação dos prédios e construção de jardins.
"Não pretendemos somente reparar o hospital Simão Mendes e de interior do país. Este governo, antes de terminar o seu mandato tem que construir um hospital de referência nacional de raíz. Isto está garantido. O Presidente da República vai se empenhar para a construção de um hospital moderno que vai ter toda a valência para servir o Povo”, disse o primeiro-ministro.
Recomendou ao Secretário de Estado de Ordem Pública que trabalhasse em parceria com o Ministério de Saúde e a direcção do hospital nacional Simão Mendes para o reforço do contingente de Segurança, de forma a assegurar a patrulha e identificar todos os que entram e saem do hospital para acabar com actos de roubo que constantemente ali se verificam.
Por sua vez, o ministro de Saúde, António Deuna afirmou que doravante qualquer tipo de intervenção cirúrgica de urgência no hospital Simão Mendes vai passar a ser grátis pelo que agradece ao primeiro-ministro e em especial ao ministro das Finanças pelo que têm estado a fazer para a melhoria do sistema de saúde do país.
ANG/MI/ÂC//SG