quinta-feira, 1 de junho de 2017

UNICEF estima que cerca de 2,7 milhões de crianças vivam em instituições

Pelo menos 2,7 milhões de crianças vivem em instituições em todo o mundo, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que insta os governos a prevenir a separação familiar e a facilitar lares de acolhimento.


Num nota enviada à agência Efe, o diretor associado de Proteção Infantil da UNICEF, Cornelius Williams, afirma que as crianças em orfanatos ou instituições, "que já são vulneráveis devido à separação familiar, estão em maior risco de sofrer violência, abusos ou danos a longo prazo no seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional".

O número de crianças em regime de acolhimento por instituições foi publicado hoje pela Child Abuse & Neglect e, segundo a UNICEF, "são provavelmente apenas a ponta do iceberg", já que há muitas imprecisões na recolha de dados e nos registos da maioria dos países.

Para o responsável da Proteção Infantil da organização, "a prioridade é evitar o acolhimento institucional" e manter as crianças com as suas famílias, "especialmente nos primeiros anos".

Os dados a que a UNICEF se refere foram compilados em 140 países e indicam que a Europa central e de leste tem as mais elevadas taxas do mundo de acolhimento infantil em instituições, com 666 crianças em cada 100 mil a viverem nestes locais, cinco vezes mais que a média mundial, que é de 120 crianças por cada 100 mil.

Os países industrializados, a Ásia oriental e a região do Pacífico ocupam o segundo e terceiro lugares, com 192 e 153 crianças por cada 100 mil, respetivamente, segundo o comunicado da UNICEF.

A organização destaca que muitos países continuam com falta de um sistema eficaz para recolher os números exatos de crianças em situações de cuidado alternativo, e que em muitos casos os dados reais dos que vivem em instituições não são oficialmente contabilizados, e frequentemente os que estão em centros privados não são registados.

Assim, a especialista em estatística da UNICEF e coautora do estudo Claudia Cappa pediu que os governos listem, de forma "exata e completa" as instalações de acolhimento e que façam "recontagens regulares das crianças que nelas vivem".

O objetivo, explicou Cappa, é "ajudar a fortalecer os registos oficiais" e conhecer o verdadeiro alcance do problema para poder "dar uma resposta eficaz".

Entre os principais fatores que levam à entrada destas crianças em instituições está a desintegração familiar, os problemas de saúde, incapacidade, pobreza ou acesso deficiente a serviços sociais, assinala o estudo.

No comunicado, a UNICEF insta os governos a reduzirem o número de crianças em instituições através da prevenção à separação familiar, quando for possível, e à procura por casas com ambientes familiares, como lares de acolhimento. A organização pede ainda mais investimento em programas familiares junto das comunidades.

ISG//ISG
Lusa/fim

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Dissidentes do PAIGC acusam partido de querer instalar caos na Guiné-Bissau

O grupo de dissidentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), principal partido da Guiné-Bissau, acusou hoje a direção daquela formação política de pretender instalar o caos com recurso aos jovens.

A posição foi hoje assumida numa conferência de imprensa proferida por Tumane Mané e Tomás Barbosa, dois elementos do grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC.

Segundo aqueles dois dirigentes, o PAIGC "caminha para o abismo" devido à ação da sua liderança e "quer instalar o caos" no país, situação que, disseram, não será aceite pelos militantes do partido.

Mané e Barbosa acusaram a direção do partido liderado pelo ex-primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira, de estar a instigar os jovens para protagonizarem atos de violência no país, mesmo que seja enfrentando as forças de ordem.

No sábado passado, confrontos registados entre manifestantes do Movimento dos Cidadãos Inconformados com a crise política no país e a polícia provocaram dezenas de feridos, entre os quais sete polícias.

"Não podemos aceitar que o PAIGC seja transformado no instrumento de caos e de desestabilização" do país, enfatizou Tumane Mané.

Tomás Barbosa, que também é atual ministro da Cultura e Desporto, defendeu, por sua vez, que é errado quando os jovens "se deixam instrumentalizar" ao ponto de pensarem que a Guiné-Bissau é a mesma coisa que a Venezuela.

"As realidades são distintas", afirmou Tomás Barbosa, pedindo aos pais para não deixarem os filhos participarem em manifestações "encomendadas", disse.

Dn.pt

PM guineense exorta polícia a usar qualquer método para manter dignidade do Estado

Bissau, 31 mai (Lusa) - O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, exortou hoje a polícia a usar "qualquer método, que achar conveniente", para restaurar a dignidade do Estado e não permitir a anarquia no país.

De regresso de uma viagem de trabalho a Israel, Sissoco Embaló reagiu, ainda no aeroporto de Bissau, aos incidentes ocorridos no último sábado, na sequência de uma manifestação de cidadãos inconformados com a crise política, que provocou dezenas de feridos, entre os quais sete polícias.

Para o primeiro-ministro guineense, situações como aquelas não se podem repetir.

Umaro Embaló disse ter trazido de Israel "gás lacrimogéneo" para a polícia "se defender melhor".

"Onde já se viu alguém a agredir a polícia até lhe partir a cabeça. Em que país é que estamos", questionou Embaló, citando outros países democratas onde, disse, a polícia também reage contra os manifestantes quando passam dos limites.

O chefe do governo guineense disse também não compreender o inconformismo dos jovens que se manifestam nas ruas de Bissau, acusando-os de se deixarem misturar "com bandidos" para perturbar a ordem pública.

Sobre a ameaça de haver sanções contra os líderes do país por parte da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), Umaro Sissoco Embaló afirmou que não está minimamente preocupado.

"Até me rio, porque vejo que as pessoas estão a dormir neste país. Sanção contra um Presidente da República, um primeiro-ministro", observou Embaló, que afasta essa possibilidade lembrando que na Guiné-Bissau "não houve golpe de Estado".

"Somos um governo legítimo em funções", sublinhou o primeiro-ministro guineense.

MB // EL
Lusa/Fim

Guiné-Bissau: Ramos-Horta quer pulso firme de JOMAV

Guiné-Bissau continua confrontada com "grande imbróglio político", que exige uma posição firme do Presidente e uma solução guineense pela via do diálogo, defende José Ramos-Horta, em entrevista exclusiva à DW África.

José Ramos-Horta

O Prémio Nobel da Paz José Ramos-Horta apela à tranquilidade e ao entendimento na Guiné-Bissau. O político timorense pede ao Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, para reunir todas as partes do conflito na base de um diálogo sério com vista a salvar o país. A iniciativa presidencial, segundo José Ramos-Horta, deve durar o tempo que for necessário, até que seja possível definir uma agenda comum para os próximos 18 meses, que contribua para a estabilidade do país antes de eleições gerais.

Em Lisboa, José Ramos-Horta concedeu uma entrevista exclusiva à DW África, à margem das conferências do Estoril, que terminam esta quinta-feira (31.05) em Cascais, Portugal. O antigo Presidente de Timor-Leste, que representou as Nações Unidas em Bissau, depois do golpe de Estado de 2012, liderou a missão do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS, na sigla em inglês), criada para a consolidação da paz no país.

Para Ramos-Horta, o Presidente guineense José Mário Vaz "pode ainda salvar a sua presidência, salvar o país, se for inspirado por essa responsabilidade que é a de um chefe de Estado. Mas é necessário também que os outros deem as mãos, que também deem um passo ao encontro do Presidente".

" É preciso encontrar uma fórmula muito guineense para amenizar as tensões," refere o homem que também foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro de Timor-Leste.

Protestos contra o Presidente da Guiné-Bissau,
em março de 2017
Acordo liderado por "algum amigo"

Ramos-Horta sugere que a solução para a crise na Guiné-Bissau deveria contar "com a facilitação de algum amigo, alguém de confiança e com experiência". "Todos os atores políticos e sociais guineenses participariam para estudarem uma agenda mínima de ano e meio para acalmar o país, resolver algumas questões de urgência e - havendo um acordo mínimo que apazigue os ânimos - vamos então mobilizar apoio da comunidade internacional para ajudar a resolver a falta de pagamentos, sarar algumas feridas económicas e sociais, algum défice que há, para também compensar," considera o político timorense.

Ramos-Horta diz que não quer dar lições a ninguém, mas sim "continuar a ajudar", facilitando o diálogo como observador - depois de ter servido, durante ano e meio, como representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, no tempo de Ban Ki-moon.

"Tenho andado em diálogo com gente das Nações Unidas, alertando o secretário-geral [António Guterres], o Departamento dos Assuntos Políticos, que é necessário fazer algo. Não se pode abandonar a Guiné-Bissau. Primeiro, apesar de tudo, o país não está em guerra. Não é Mali, não é República Centro-Africana nem Sudão do Sul. É preciso reconhecer o papel das Forças Armadas, que tem-se mostrado com muita disciplina, muita maturidade, não se imiscuindo mais nas querelas políticas da Guiné-Bissau. Tem que manter essa postura," defende 

O papel do Presidente

José Mário Vaz era um dos oradores das Conferências do Estoril, o qual se avistaria certamente com Ramos-Horta para falar da difícil situação política na Guiné-Bissau. Ambos encontraram-se em fevereiro deste ano em Bissau, entre as reuniões de consulta que o Prémio Nobel da Paz teve com várias autoridades e figuras da sociedade civil guineense.

Ramos-Horta esteve no país, na altura, para participar numa conferência sobre reconciliação e não numa missão de mediação – esclarece. Entende as manifestações de protesto contra o Presidente porque, afirma, "o povo está cansado, os jovens estão cansados, as escolas não funcionam, os funcionários não são pagos e, dado o imbróglio político, a comunidade internacional não liberta os dinheiros prometidos - e isso gera então contestação".

Devido a essa situação, "é preciso o Presidente tomar o pulso da situação com inteligência, com pragmatismo e com humildade," acrescenta.

Ramos-Horta dá a conhecer que não tem planos para regressar à Guiné-Bissau, mas deixa as portas abertas caso receba algum convite por parte das instituições soberanas guineenses, prometendo trabalhar sempre com as representações da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Africana (UA), União Europeia (UE) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

DW

MINSA LANÇA CAMPANHA DE DISTRIBUIÇÃO DE MOSQUITEIROS IMPREGNADO


O ministério da saúde (MINSA) em parceria com Fundo Mundial lançou oficialmente esta quarta-feira a campanha nacional de distribuição de mosquiteiros impregnado de longa duração.

O acto oficial foi presidido pela primeira-dama Maria Rosa Vaz que na ocasião reafirma o seu engajamento e sua determinação em tudo fazer para que a radicação do paludismo seja uma realidade no país, tendo apelado as mães, membros das comunidades e população em geral para aderirem a esta campanha “ e que os mosquiteiros sejam utilizados conforme as orientações dos técnicos do ministério da saúde pública”.

 Pediu igualmente que todas as medidas de prevenção da doença sejam aplicadas “porque só assim poderemos contribuir para diminuição do paludismo nas crianças e nas mulheres grávidas”.

Entretanto o ministro da saúde Carlios Barai sublinhou que desta vez não vai haver mosquiteiros da MILDA nos mercados como tem sido a prática no passado. “ Das informações que tenho é que nas campanhas passadas as distribuição são feitas depois aprecem lotes dos mosquiteiros no mercado de Bandin a serem vendidos. Mas desta vez pensamos que será diferente porque as medidas serão tomadas. Se porventura apanhamos alguém com mosquiteiro no mercado, ele será obrigado a denunciar o técnico que lhe forneceu”, avisou.

Para o representante da OMS no país Aygan Kossi a malária representa uma grave ameaça a saúde e “ é uma das principais causas da pobreza na Guiné-Bissau. A camada mais afectada são as crianças menos de cinco anos que representam cerca de 41% de todos os casos e 45% de todas as mortes”, explica.

Por: Luciano Carlos Djaló
Radiosolmansi

O primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embalo, criticou atitude de manifestantes do Movimento de Cidadãos Conscientes e inconformados, que levou ao confronto físico com as forças de segurança.

O primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embalo, criticou esta quarta-feira (31 de Maio) atitude de manifestantes do Movimento de Cidadãos Conscientes e inconformados, que levou ao confronto físico com as forças de segurança.

Umaro Sissoco que falava esta manhã a chegada ao país vindo de Israel após um périplo de alguns dias defendeu por outro lado que ninguém tem o direito de agredir as autoridades.

«Lamento muito a agressão as forças policiais porque sou homem do Estado, ninguém tem o direito de agredir as autoridades, felizmente outros países matam os manifestantes, mas isso não é caso da Guine Bissau. 

Trouxe comigo de Israel gaz lacrimogénio para ajudar policias a defender-se. Apesar de não ser todos manifestantes, mas quando temos delinquentes que agridem as forças policias, que moral tem para quem disse querer ser amanhã presidente ou primeiro-ministro deste país ao pactuar com a violência contra forças policiais?”

 Confrontado sobre a projecção de novas marchas no próximo sábado, Embalo mostrou-se aberto, afirmando que a autoridade policial estará preparada para fazer o seu trabalho.

Embalo avançou sobre a possível cooperação com as autoridades israelitas entre as quais a formação no domínio da agricultura e na área de defesa e segurança

«Solicitei a formação, como sabem, hoje não há geração de engenheiros electrotécnicos, também solicitei uma formação no domínio da agricultura e acho que brevemente uma delegação chefiada pelo ministro da agricultura porque Israel é conhecida na tecnologia no domínio agrícola e ainda formação na área de defesa e segurança, porque precisamos formar as pessoas, quando formamos as pessoas não vai haver as pessoas inocentes, muitas coisas que acontece no país é porque as pessoas são inocentes», concluiu.

Por: Braima Sigá
Radiosolmansi

Centenas de mortos e feridos após ataque bombista junto a embaixada alemã

Explosão na zona diplomática da capital do Afeganistão fez dezenas de mortos e centenas de feridos.



O rebentamento de um carro armadilhado junto à embaixada da Alemanha em Cabul fez vários mortos e feridos esta manhã (08h25 no Afeganistão, 04h55 em Lisboa).

O porta-voz ministerial Ismail Kawusi confirmou à agência Efe que 80 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas. Já o Ministério da Administração Interna afegão, citado pela agência Associated Press, diz que morreram 64 pessoas e 320 ficaram feridas.

Não se sabe qual era o alvo do ataque uma vez que vários edifícios, incluindo as embaixadas de França e da Alemanha, foram afetados pela explosão na rua onde se encontram embaixadas e escritórios do governo, perto da praça Zanbaq.

Presidente afegão condena veementemente o atentado de Cabul




O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, condenou veementemente o atentado de Cabul que fez hoje pelo menos 80 mortos segundo o último balanço provisório.

Segundo as autoridades, o atentado que ainda não foi reivindicado foi levado a cabo por um bombista suicida que fez explodir um carro armadilhado numa zona onde se situam várias representações diplomáticas da capital afegã.

"Os terroristas, mesmo no mês sagrado do Ramadão, no mês de deus e de oração, não param a matança do nosso povo inocente", refere a nota emitida pelo gabinete do chefe de Estado afegão.

O Paquistão também condenou "fortemente o atentado terrorista de Cabul" acrescentado que a explosão em Cabul causou a perda de vidas e provocou "muitos" feridos.


A declaração do Paquistão refere que o ataque provocou danos em várias residências de diplomatas paquistaneses que sofreram ferimentos ligeiros.

Funcionários da embaixada alemã em Cabul feridos no atentado de hoje



A explosão de hoje em Cabul feriu funcionários da Embaixada da Alemanha e matou um guarda afegão no exterior do edifício, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Sigmar Gabriel.

O chefe da diplomacia alemã afirmou que todos os trabalhadores da embaixada estão já em segurança e enviou condolências à família do segurança morto.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha ativou um gabinete de crise para lidar com a situação, após a explosão que abalou o centro da zona diplomática de Cabul, uma área de alta segurança onde se encontram várias embaixadas.

"Os nossos pensamentos estão com as famílias e amigos das vítimas. Desejamos aos feridos uma recuperação rápida", disse Gabriel, prometendo que o ataque não abalará a determinação alemã em "apoiar o regime afegão com a estabilização do seu país".

Pelo menos 80 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas no atentado que ocorreu hoje em Cabul, perto do Palácio Presidencial e onde se encontram várias embaixadas e edifícios governamentais, segundo o Ministério de Saúde Pública afegão.

O atentado foi executado com um carro armadilhado, pelas 08:25 (04:55 em Lisboa), no distrito policial 10, perto da praça de Zanbaq, na área diplomática da capital, informou na sua conta oficial de Twitter o porta-voz do Ministério afegão do Interior, Najib Danish.

As embaixadas de França e da Alemanha sofreram "danos materiais" com o atentado, informou a ministra dos Assuntos Europeus francesa, Marielle de Sarnez.


"Há danos materiais na embaixada de França, e há também danos materiais na embaixada da Alemanha", disse à rádio Europe 1, acrescentando que não há para já informação sobre a existência de vítimas.

Talibãs negam responsabilidade no atentado de Cabul


Cabul, 31 mai - Os talibãs negam qualquer envolvimento na explosão de um veículo armadilhado hoje em Cabul e que causou pelo menos 80 mortos e 300 feridos manifestando "condenação" pelos ataques contra a população civil.

"Os mujhaedines não têm nada com a explosão" indicam os talibãs através de um comunicado difundido pelo porta-voz Zabihulla Mujaid que acrescenta que os elementos do grupo não estão autorizados a preparar ataques "sem objetivos" como o que se verificou hoje em Cabul.

"O Emirato Islâmico (denominação dos talibãs) condena os ataques levados a cabo contra civis e em que se verificam baixas civis sem um objetivo claro", assinala o mesmo comunicado.

A explosão ocorreu às 08:25 (03:55 em Lisboa) no Distrito Policial 10, perto da Praça Zanbaq, junto das embaixadas da Turquia, Alemanha e Japão na capital do Afeganistão.

Até ao momento o atentado ainda não foi reivindicado.

O porta-voz da polícia de Cabul, Basir Mujahid disse à EFE que as primeiras investigações indicam que o veículo foi carregado com explosivos detonados numa zona onde se verifica sempre uma grande concentração de tráfego.

"O objetivo ainda não é conhecido mas (o atentado) foi perto da embaixada da Alemanha", disse o porta-voz da polícia assinalando que toda a zona foi isolada e que as investigações ainda decorrem.

A explosão ouviu-se em várias zonas da capital ocorreu a poucos depois do início do Ramadão.

Os dois últimos ataques bombistas de grandes proporções em Cabul, o último no princípio de maio, foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico mas os talibãs também têm levado a cabo uma série de ataques que provocaram muitos mortos entre a população civil.

Em março, um ataque dos talibãs contra um posto da polícia de Cabul fez 29 mortos e 122 feridos, a maior parte civis.


Em janeiro, um duplo atentado perto do Parlamento reivindicado pelos talibãs causou 30 mortos e 80 feridos.

NAOM

Uma campanha contra a inversão de valores e a favor de um mundo melhor


Luciete Neves

A primeira-dama guineense, Maria Rosa Vaz entregou, nesta terça-feira, uma viatura “minibus”, zero quilómetros, à escola nacional de surdos e mudos da Guiné-Bissau para reforçar a capacidade do estabelecimento no transporte das crianças com deficiência.

A doação enquadra-se nas atividades da Fundação da primeira-dama no âmbito das comemorações do dia internacional das crianças, 1 de Junho, que se assinala na próxima quinta-feira.

"Temos de ter atenção às crianças que sofrem", declarou a primeira-dama da Guiné-Bissau que pediu ainda mais atenção e proteção para as crianças guineenses.

A viatura, coaster, tem capacidade para transportar 30 pessoas.


Por: Alison Cabral

Braima Darame 

terça-feira, 30 de maio de 2017

Bancos da Guiné-Bissau sensibilizam régulos para necessidade de abrir conta bancária


Os régulos da Guiné-Bissau e a Associação dos Profissionais de Bancos do país reuniram-se hoje na Presidência guineense para perceberem a importância de abrir uma conta bancária.

"O encontro serviu para sensibilizar a população para abrir contas nos bancos. Como sabemos é uma das formas de ajudar no desenvolvimento económico do país através da captação de poupanças e com essas poupanças, nós os bancos, conseguimos intervir mais no financiamento da economia", afirmou Rómulo Pires, presidente da Associação dos Profissionais dos Bancos da Guiné-Bissau e do Banco da África Ocidental.


O encontro, que foi promovido pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, também serviu para explicar aos régulos como as pessoas podem abrir conta num banco.

"Não constitui dificuldade nenhuma. Basta ter um bilhete de identidade válido e duas fotografias e nem é necessário no momento da abertura da conta ter montantes elevados. Há bancos que aceitam a abertura de conta com 10.000 francos", explicou Rómulo Pires.

Atualmente, a taxa de bancarização (percentagem de pessoas com conta bancária) da população na Guiné-Bissau ronda os 12,5%.

MSE // VM

Lusa/Fim

SAÚDE - Tabaco mata sete milhões por ano. OMS pede mais medidas

O consumo de tabaco mata mais de sete milhões de pessoas por ano, alertou hoje a organização Mundial de Saúde, apelando para a proibição da sua promoção e ao aumento das taxas e do preço dos produtos.

Os números foram publicados num relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - na véspera do Dia Mundial Sem Tabaco -, no qual é avaliado o impacto do tabaco na saúde e na economia, mas também, e pela primeira vez, no ambiente.

"O tabaco é uma ameaça para todos", afirmou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, em comunicado, sublinhando que representa "um agravamento da pobreza", além de "levar as famílias a fazerem más escolhas alimentares e de poluir o ar".

Todos os anos, mais de sete milhões de pessoas morrem devido ao tabagismo, um valor muito superior aos quatro milhões de mortes que eram contabilizadas no início do século XXI, de acordo com números da OMS.

Atualmente, o tabaco é a principal causa evitável de doenças não transmissíveis e mata metade dos fumadores.

O tabagismo afeta sobretudo as pessoas mais pobres e constitui uma causa importante de disparidades em matéria de saúde entre ricos e pobres, de acordo com a OMS, que indica que mais de 80% das mortes se irão registar em países com baixos ou médios rendimentos até 2030.

O tabagismo representa também um fardo económico para o planeta: a cada ano, os custos para particulares e para governos ultrapassa os 1.250 mil milhões de euros em despesas com saúde e perda de produtividade, o que representa 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

"Se forem tomadas medidas drásticas para controlar o tabagismo, os governos podem salvaguardar o futuro dos seus países, proteger os consumidores e não consumidores contra estes produtos mortais, gerando receitas para financiar a saúde e outros serviços sociais e preservar o ambiente da devastação causada pelo tabaco", considerou a diretora-geral da OMS.

De acordo com o relatório da organização, o tabaco também prejudica o ambiente, já que os resíduos que deixa são o tipo de resíduos mais espalhado no mundo e "contêm mais de 7.000 produtos químicos tóxicos que envenenam o ambiente, incluindo agentes cancerígenos".

No total, cerca de dois terços dos 15 mil milhões de cigarros vendidos a cada dia são deitados fora em zonas onde danificam o ambiente.

A cultura do tabaco também é parcialmente responsável pela desflorestação, acrescenta aquela organização, referindo que cada 300 cigarros consumidos significam uma árvore perdida.

Para a OMS, o tabaco poderá causar, durante o século XXI, mil milhões de mortes no mundo.

Para superar este flagelo, a agência especializada das Nações Unidas pede "medidas fortes", como a proibição do marketing e da publicidade a cigarros e a proibição de fumar em lugares públicos fechados e locais de trabalho, além de um aumento dos impostos e dos preços de produtos de tabaco.

PMC // HB
Lusa/Fim

O movimento "O Cidadão" regressa às ruas de Bissau, no próximo sábado, dia 3 de Junho, para exigir o cumprimento do Acordo de Conacri e a reabertura do parlamento, disse o porta-voz do movimento, Carlos Sambu.

"O Cidadão", liderado por Ussumane Grifom Camara Matchom acusou ainda o grupo de pessoas inconformadas com a crise política de terem tentado dar um golpe de Estado na sua manifestação de sábado em Bissau.

O "Cidadão" vai promover a 03 de junho uma manifestação pacífica em Bissau "para demonstrar como é que é em democracia".

O Movimento dos Cidadãos Inconformados da Guiné-Bissau também marcou uma manifestação para o mesmo dia.

O porta-voz de "O Cidadão" defendeu ser normal em democracia que as duas organizações tenham marcado para o mesmo dia as suas manifestações.

Fonte: Braima Darame via facebook

segunda-feira, 29 de maio de 2017

PELA PRIMEIRA VEZ UM CHEFE DE GOVERNO DA GUINÉ BISSAU, EM VISITA ISRAEL, É RECEBIDO POR SEU HOMOLOGO.



O PRIMEIRO MINISTRO DA GUINE BISSAU, GENERAL UMARO SISSOCÓ EMBALÓ EM VISITA A ISRAEL MANTEVE HOJE ENCONTRO DE TRABALHO COM O PRIMEIRO MINISTRO BENJAMIN NETANYHAU.

OS DOIS GOVERNANTES ABORDARAM ASPECTOS QUE SE PRENDEM COM A COOPERAÇÃO ENTRE OS DOIS PAÍSES E GOVERNOS.

ESTA É A PRIMEIRA VEZ QUE UM CHEFE DE GOVERNO VISITA ISRAEL, TENDO SIDO RECEBIDO PELO SEU HOMOLOGO 








Publicada por Ditadura do Progresso

GUINÉ-BISSAU: Adiado julgamento de Bubo Na Tchuto

Jose Americo Bubo Na Tchuto
Foi adiado o julgamento de Bubu na Tchuto, acusado de tentativa de golpe de estado na Guiné-Bissau, a 26 de Dezembro de 2011.

O adiamento deveu-se à ausência de outros suspeitos, o que o tribunal já prometeu garantir a presença dos mesmos na próxima audiência – ainda sem data marcada.

Na Tchutu vive em Bissau e não se deslocou ao tribunal porque foi informado em antemão do adiamento.

O antigo Chefe de Estado-maior da armada guineense foi considerado culpado de tráfico de droga, para o qual, recebia um milhão de dólares por cada operação, segundo a acusação. Este preso nos Estados Unidos, onde cumpriu três anos e sete meses da sua pena e em Outubro de 2016 foi libertado e deportado para a Guiné-Bissau.

VOA

Acidente de viação - Quinze feridos, seis em estado grave na estrada de Quinhamel

Bissau, 29 Mai (ANG) – Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas num acidente de viação ocorrido no Domingo, no troço que liga os sectores de Quinhamel e Safim na região de Biombo norte do país.

Segundo o director serviço de urgência do Hospital Nacional Simão Mendes, em declarações à imprensa Leibniz Bacameu Vaz, dentre os feridos seis encontram-se em estado graves e alguns padecem de traumatismo craniano e estão neste momento a receber tratamentos.

Questionado sobre o número exacto de crianças e jovens acidentados, aquele responsável respondeu que não tem conhecimento porque alguns foram transportados para o hospital Militar Sino-Guineense.

Uma das vítimas do acidente Cinde Djata, de 22 anos, explicou que foram para Quinhamel no quadro da comemoração do primeiro aniversário da comunidade Mãe da Misericórdia Paróquia de Safim.

Explicou que acidente aconteceu quando o pároco transportava o segundo grupo de Quinhamel para Safim, explicando que a viatura transportava cinco no interior de cabine e na carroça estavam mais de quinze pessoas.

Questionada como ocorreu o acidente respondeu que, foi numa curva, quando o padre tentava ultrapassar dois carros de seguida e de repente apareceu um terceiro, o que motivou o despiste da viatura.

Os feridos estão sendo tratados pela equipa de Médicos Sem Fronteiras, da Cruz Vermelha e outros. 

ANG/JD/MSC/JAM/SG

Transporte público - Autocarros da Transáfrica iniciam carreiras internas em Bissau

Bissau, 29 Mai 17(ANG) – Os autocarros da empresa Transáfrica GB SARL, iniciaram no Domingo as suas carreiras regulares de transporte de pessoas na capital Bissau.


Em declarações à imprensa no acto do lançamento oficial, o administrador da empresa Transáfrica GB, António Rodrigues Soares disse que, com a nova dinâmica imposta pela Direcção Geral da Viação e Transportes Terrestres, “conseguimos, de facto, que isto se torne uma realidade o que está a acontecer neste momento”.

A empresa Transáfrica foi constituída no Notariado do Tribunal de Bissau em 6 de Maio de 2004 e está legalizada há mais de 13 anos.

“Nós transportamos milhares de guineenses por mês nos nossos circuítos inter urbanos e somos conhecidos por nossos clientes há muitos anos”, informou.

António Rodrigues Soares sublinhou que este é mais um serviço que pretendem fazer para servir a população neste caso os citadinos de Bissau, acrescentando que esperam ter apoios dos citadinos da capital.

Perguntado sobre quantos autocarros pretendem colocar no circuito urbano de Bissau, o administrador da empresa Transáfrica disse que o projecto inicial previa um total de sete autocarros.

“É contudo uma primeira fase inicial porque acho que temos que fazer esse trabalho como temos feito sempre respeitando as pessoas que existem e em benefício da população e com muita prudência”, afirmou.

Em relação aos preços a praticar, o administrador da Transáfrica sublinhou que vão em conformidade com a tabela em vigor e oficial, porque só compete ao governo da Guiné-Bissau elaborar os  tarifários.

“A tarifa legal em vigor actualmente é de 147 francos para os transportes públicos toca-tocas e autocarros num circuito do Aeroporto/Matadouro o que redonda os 150 francos”, disse.

Instado a dizer sobre se não existem casos de excepção para os idosos, dificientes, estudantes e militares, António Rodrigues Soares respondeu que estão a iniciar a carreira, acrescentando que é evidente que no futuro terá que passar mediante negociações com o governo que eventualmente entrará com uma comparticipação junto da empresa. 

ANG/ÂC/SG   

POPULARES DE BOÉ SENTEM-SE ‘TRAÍDOS’ PELO PAIGC E ‘PENHORADOS’ PELO ESTADO GUINEENSE À GUINÉ-CONACRI

[REPORTAGEM] Os populares do sector de Boé, região de Gabú, no leste da Guiné-Bissau, dizem sentir-se traídos pelo PAIGC e penhorados pelo Estado guineense à república vizinha da Guiné-Conacri. A indignação dos populares daquele sector, considerado o berço da independência do país, foi registada pelo repórter do semanário ‘O Democrata’ que visitou aquela zona nos dias 13 e 15 do mês em curso.

Madina do Boé era tida como a maior base (zona libertada) do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), no período da luta armada, depois de ter sido conquistado do exército português no dia 06 de Fevereiro de 1969. A retirada do exército português em Boé ficou conhecida, na história da luta de libertação do país, por Desastre do Cheche – Tchetche” que provocou a morte de 47 militares portugueses, na travessia do rio Corubal.

A conquista de Madina do Boé, pelos guerrilheiros, permitiu o partido (PAIGC) lançar as bases para edificação de um Estado. Foi em Madina de Boé concretamente na aldeia de Lucadjol, que fora proclamada a independência unilateral da Guiné-Bissau, a 24 de Setembro de 1973, por lendário Comandante João Bernardo Vieira (Cabi Na Fantchamna).

Madina do Boé é um dos maiores sectores do país em termos da extensão do território, tem uma população estimada em 10 878 (dez mil oitocentos e setenta e oito) habitantes, segundo o censo do ano 2009, do Instituto Nacional de Estatística (INE). Todavia, Boé é, neste momento, o sector mais pobre do país e é possível constatar tudo aquilo a olhos nus que faltam tudo naquela localidade, desde as infraestruturas rodoviárias que na prática não existem, centros de saúde qualificados, infraestruturas escolares e as estruturas que poderiam representar condignamente o Estado da Guiné-Bissau estão totalmente degradadas.

BOÉ – UM SECTOR HISTÓRICO SEM ESTRADA E SEM ESTRUTURAS DO ESTADO 


Alcatrão é uma coisa que apenas um número insignificante da população do sector de Boé conhece e nem sequer sabe-se se a estrada é asfaltada. Desde a independência do país até a data presente a estrada daquele sector e o resto da região, em particular aquela que liga a cidade de Gabú a Beli (sede do sector – a mais praticada), com uma distância de 85 quilómetros, nunca foi reabilitada.

A degradação da estrada leva o percurso da viagem a durar cinco horas para quem viaja da cidade de Gabú para Beli, mas este tempo é reservada apenas aos motoristas que conhecem a zona e sabem onde colocar as rodas.

E para quem pretende viajar com maior segurança terá que viajar numa viatura ‘Landcruser – 4×4’ ou num carro com igual ou maior capacidade. Para quem não conhece aquela zona o tempo da viagem pode durar mais de cinco horas ou simplesmente ficar naquela floresta ou cair-se no rio ou escolher morar nas rochas até que consiga ajuda.

Outra situação que contribuiu ainda mais no isolamento daquela zona, atualmente, é a questão da Jangada do Rio Tchetche que deixou de funcionar há mais de dois meses, por causa de uma avaria técnica. A Jangada facilitava a passagem das viaturas e das pessoas, ou seja, é a via de acesso mais fácil que faz a ligação da cidade de Gabú ao sector. Outra via que serve de alternativa é a do sector de Quebo (região de Tombali) através da aldeia de Cuntabani, mas é mais longa e é quase que dar volta.

O sector, de momento, está totalmente isolado. A única alternativa que resta aos populares daquela zona é deslocar-se de motorizada ou bicicleta para percorrer uma distância de mais de 30 quilómetros até ao rio Tchetche e depois travessá-lo de piroga. Na outra margem, a pessoa aluga uma motorizada ou continua a viagem de bicicleta como alguns habitantes fazem quando estão em situação de aflição.

Os responsáveis da referida Jangada prometeram trabalhar no sentido de ultrapassar o problema, mas de acordo com as informações apuradas momentos antes do fecho da edição, a situação continuava na mesma. Ou seja, a Jangada continuava ainda com a avaria e sem nenhuma solução a vista.

Atualmente para viajar até a Madina do Boé, já que a jangada que faz travessia no rio Tchetche não funciona, algumas pessoas optam pela via da Guiné-Conacri e particularmente a rota de ‘Porto Quatchi’. O referido porto é um rio que divide a Guiné-Bissau e a república vizinha da Guiné-Conacri, portanto ali há uma jangada colocada pelas autoridades Conacri-guineenses há muitos anos para facilitar travessia das viaturas e das pessoas. Por mais incrível que pareça a Jangada que faz travessia no ‘Porto Quatchi’ é puxada à mão para atravessar o rio.

Quatchi é uma aldeia do Sector de Pitche e encontra-se a 11 quilómetros da cidade de Pitche. Agora é a rota usada por alguns habitantes de Madina do Boé e responsáveis das Organizações Não Governamentais que operam naquela zona. Uma missão que deslocava para a Madina do Boé e na qual integrava o repórter saiu direto da cidade de Gabú, passa pelo sector de Pitche (30 quilómetros) e depois atravessa Porto Quatchi.

Após travessar o rio (Porto Quatchi), a missão seguiu até à aldeia de Fulamory (Guiné-Conacri), numa distância de sete quilómetros e a partir dali o motorista era obrigado a seguir a viagem pela antiga estrada usada na época colonial, bem como as antigas estradas movimentadas pelos guerrilheiros do partido, e que hoje servem de circulação para as motorizadas.

Em certas localidades, o motorista era condicionado a parar e ficar cerca de 30 minutos ou mais a espera de uma guia, porque é um terreno desconhecido, aliás, na prática não há estradas, são apenas rotas movimentadas atualmente pelas motorizadas. Em outras situações, quer motorista quer os passageiros descem, com catanas na mão, para ver se o terreno é transitável ou não.

Naquela zona não se consegue distinguir se é a Guiné-Bissau ou a Guiné-Conacri, porque não há nenhum vestígio de sinalização da linha fronteiriça e muito menos a presença de postos de controlo da fronteira. Uma das facilidades é que o terreno é totalmente dominado pela pedra, como também é o período da seca e os rios são todos secos. A viagem durou seis horas e meia naquela rota alternativa, numa viatura “Landcruser”.

Alguns motoristas preferem ir até a secção de Cumbidia (Cumbidja), sector de Koundara, região de Boké e a partir dali os passageiros podem alugar motorizadas e andar por vias das matas até chegarem aos seus destinos.

Relativamente à presença das estruturas do Estado, nota-se que, em todo o sector, apenas em Beli (sede do sector) vê-se a presença do Estado que também tem uma aparência de uma secção, aliás, nessa localidade as pessoas começam a perceber o nível de subdesenvolvimento a que foram submetidos num sector ignorado, completamente, pelos sucessivos governos que passaram pela governação desde a independência do país. As forças de seguranças colocadas em Beli são elementos da Guarda Nacional que, igualmente, enfrentam grandes dificuldades, em termos de condições logísticas e de meios de transporte.

Em Beli há sinais da presença do poder de Estado guineense. Um número insignificante de elementos da Guarda Nacional, alguns edifícios da então ONG ‘PADIP’, já em estado avançado de degradação, a residência do administrador do sector de Boé e o edifício do centro de saúde.

São apenas alguns dos sinais que se pode registar como presença das autoridades guineenses em Beli, tido como símbolo da liberdade e da edificação do Estado da Guiné-Bissau. Do resto não se consegue distinguir se é território nacional ou nas matas da Guiné-Conacri, aliás, uma situação confirmada pelos populares que dizem, em entrevista a ‘O Democrata’, sentirem-se mais cidadãos conacri-guineenses do que guineenses, porque é naquele território vizinho que resolvem os seus problemas básicos, tal como saúde e educação.

MULHERES GRÁVIDAS TRANSPORTADAS DE MOTORIZADAS PARA CENTRO DE SAÚDE DE CUMBIDJA 


A maioria da população do sector de Boé, em particular aquelas que fazem parte da secção de Vanduleide (uma secção constituída por cerca de 20 aldeias) e outras aldeias mais próximas da linha da fronteira, evacua os seus familiares doentes e as mulheres grávidas para o centro de saúde da secção de Cumbidia.

A secção de Cumbidia dista a 32 quilómetros da aldeia de Vanduleide e os habitantes usam os caminhos (estradas) nas matas para transportar doentes e mulheres grávidas. Algumas pessoas preferem evacuar os seus familiares doentes e mulheres grávidas para o centro de saúde de Beli, a 42 quilómetros daquela secção.

No período da seca a evacuação dos doentes para Beli é mais fácil, mas, mesmo assim, algumas pessoas preferem serviços sanitários do país vizinho, que segundo as informações apuradas, sentem-se mais à vontade. As despesas feitas, em termos de pagamento das consultas e na compra de medicamentos são feitas todas em Francos da Guiné.

Já no período das chuvas a evacuação para Beli torna-se bem mais complicada do que na época da seca, sobretudo no mês de Julho a Outubro, em que todas as travessias que ligam a secção de Vanduleide a Beli (sede do sector) são cortadas pela água e a maioria das tabancas ficam no isolamento total. Por isso, os populares são obrigados a evacuar os seus familiares doentes para a secção de Cumbidia.

A aldeia de Vanduleide tem uma população estimada em cerca de 500 habitantes e tem uma pequena casa de três quartos que se chamam de ‘Posto de Saúde’, mas ali não há nenhum enfermeiro e muito menos medicamentos. Os habitantes apresentaram uma pessoa que, de acordo com as suas explicações, é um agente da saúde comunitária formado apenas para dar os primeiros socorros e ajudar no seguimento das mulheres grávidas e acompanhar os agentes de saúde no caso da campanha de vacinação das populações sobre determinadas doenças.

Esses Agentes de Saúde Comunitária (ASC) apenas dão orientações às populações sobre a prevenção das doenças bem como orientam as mulheres grávidas no controlo médico. E não são admitidos a fazerem nenhum tratamento médico ou consultas.

Suleimane Camará, Agente de Saúde Comunitária de Secção de Vanduleide, explicou que no período da época das chuvas a sua tarefa torna-se mais difícil, porque conforme disse “somos obrigados a deslocarmo-nos para um determinado lugar ou aldeia que facilite a deslocação do enfermeiro a partir de Beli e convencer, ao mesmo tempo, os maridos a deixarem as mulheres grávidas serem consultadas no lugar escolhido, mas é um trabalho que conta com a ajuda de ‘matronas’ preparadas para assistir às grávidas no momento parto. Contudo, adiantou que as mulheres grávidas enfrentam situações de altos riscos de vida, decorrentes da falta de cuidados médicos adequados para fazer um parto seguro, pelo que as mulheres nestas circunstâncias são evacuadas imediatamente para o centro de saúde de Cumbidia ou da Fulamory, ambas aldeias da Guiné-Conacri.

“A evacuação é feita através de uma motorizada alugada pelo marido da grávida ou dos membros da família, em caso de o marido ou a família não disporem da motorizada. Antigamente, os doentes e grávidas eram carregados e transportados de uma maca até Cumbidia, mas atualmente usamos as motorizadas para evacuação das pessoas”, contou.

Camará disse que para transportar as mulheres grávidas que se encontram no trabalho do parto é preciso confeccionar uma espécie de balaio, que depois leva uma manta (cobertor) bem seguro para acomodar a grávida e acompanhante.

“A estrada não é boa, mas arriscamos a usar as vias das matas para que possamos chegar mais cedo. Imagina uma mulher grávida que está a sentir dores a viajar de motorizada numa distância de 32 quilómetros a procura do centro de saúde”, precisou.

Assegurou ainda que a criação da equipa dos agentes da saúde comunitária ajudou muito na redução das mortes de mulheres no parto, como também contribuiu na sensibilização das pessoas sobre a boa nutrição. Afiançou que já não se regista casos de mortes das mulheres no trabalho do parto, bem como grandes problemas da nutrição.

Sobre as doenças mais frequentes na secção de Vanduleide, Camará explicou que o paludismo é a doença mais frequente na época da chuva. No entanto, recordou que a campanha de distribuição de medicamentos de tratamento do paludismo que ocorreu, recentemente no país, ajudou na redução da doença de paludismo naquela secção.

Uma mulher que falou em nome de uma organização feminina de Vanduleide confirmou ao repórter as dificuldades enfrentadas pelas mulheres e, sobretudo no momento de trabalho do parto. Acrescenta ainda que “se uma mulher não consegue dar à luz em casa é transportada de motorizada num balaio para percorrer 32 quilómetros até a secção de Cumbidia”.

“Uma pessoa que está de parto para ser transportada em motorizada e percorrer o caminho das matas, muitas vezes altas horas até a Guiné-Conacri!…acho que ninguém consegue descrever a dor que a pessoa sente nessas circunstâncias. Já que não podemos ou não merecemos ter uma boa estrada, mas pelo menos seria digno que o governo nos ajudasse com um bom centro de saúde. Vanduleide é uma secção como a Cumbidia, mas não se pode comparar as duas. Aliás, é impossível, ou seja, nenhuma secção da Guiné-Conacri é comprável a da Guiné-Bissau, sobretudo nessa zona”, lamentou Cumba Djaló cheia de emoção.

No que concerne à falta da água potável, Djaló explicou que deparam-se com problemas de água potável (líquido precioso) e a maior parte dos poços tradicionais da aldeia está seca, porque foi construída há mais de 20 anos, por uma organização estrangeira, cujo nome não conseguiu recordar. Frisou que querem água potável, mas de momento a prioridade para as mulheres é a construção de um centro de saúde de referência para aliviar o sofrimento das mulheres, como também salvar a vida das pessoas.

Um professor da escola primária de Vanduleide confidenciou ao repórter que a população da Madina de Boé sente-se abandonada pelas autoridades guineenses, que nem sequer se dignaram resolver o problema das infraestruturas rodoviárias que facilitariam a deslocação das populações e vias de comunicação.

“O Estado abandonou-nos aqui e até os filhos deste sector que se destacaram, em Bissau, esqueceram também das suas raízes. A nossa subsistência diária resulta da lavoura que praticamos e das pequenas atividades comerciais exercidas por certas pessoas, que levam produtos de motorizadas para serem comercializados nas aldeias da Guiné-Conacri. Esforçamos aqui, porque na perspectiva autoridades guineenses não existimos, ou seja, não contam conosco”, precisou.

Mamadu Iaia Djaló recordou, neste particular, que antigamente apenas se via as casas cobertas de palhas, mas agora em cada aldeia da secção de Vanduleide é possível encontrar quatro ou mais casas cobertas do zinco.

“Isto é sinal que não estamos aqui sentados à espera das autoridades da Guiné-Bissau que nos venham socorrer em tudo. Os nossos produtos são vendidos em Francos da Guiné, até a nossa castanha de caju, porque os nossos produtos são vendidos aos comerciantes da Guiné-Conacri”, justifica o docente.

Quanto à situação do ensino, revela que a única escola que existe naquela aldeia é do ensino primário. Frisou que a escola é um pavilhão dividido em duas salas, mas com limitações de albergar grande quantidade de alunos.

Neste sentido, exortou às autoridades a preocuparem-se com o sector e ver a possibilidade de ampliar a capacidade da escola, como também criar condições que permitam os pais e encarregados da educação mandarem as suas crianças para a escola, por forma a estancar a ameaça da influência da cultura dos guineenses de Conacri naquela zona.

POPULAÇÃO DE BOÉ NÃO PERDOA PAIGC E O ESTADO GUINEENSE PELA TRAÍÇÃO

O Chefe de Secção de Vanduleide e antigo guerrilheiro do PAIGC, Safula Camará, explicou durante a entrevista que a população do sector de Boé em geral sente-se traída pelas autoridades guineenses, mas particularmente pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-verde (PAIGC) que teve oportunidade de dirigir o país há muitos anos, e que simplesmente ignorou os sacrifícios daquele povo durante a guerra de libertação nacional.

Lembrou ainda que no período da luta tiveram a oportunidade de reunir-se muitas vezes com o líder da guerra, Amílcar Cabral e este não só pedia o apoio do povo de Boé na luta como também aconselhava-os a albergarem, com todo o sacrifício, os combatentes do partido que usavam Boé, como a zona libertada.

“Ainda lembro-me que numa das reuniões [Amílcar Cabral] nos aconselhou que depois da independência deixássemos que os nossos filhos frequentassem a escola, porque seria o futuro deles. E nós os adultos deveríamos apostar na produção agrícola, porque o Estado criaria as condições para a evacuação dos nossos produtos para o mercado. Também nos falara do projeto de transformar a Madina de Boé numa cidade de referência, depois da luta e que seria uma das prioridades do Estado da Guiné-Bissau”, recorda o antigo guerrilheiro, emocionado não conseguiu conter as lágrimas diante do repórter de O Democrata.

Sublinhou ainda que depois da independência, Estado guineense não conseguiu construir nenhuma escola na secção de Vanduleide e muito menos a estrada, portanto a escola primária que existe na aldeia foi construída pela comunidade local e o Estado ofereceu apenas zincos para sua cobertura.

Solicitado a pronunciar-se sobre a ausência das forças de segurança naquela zona que podia ajudar na garantia de segurança das pessoas e dos seus bens, informou que sobre o assunto de segurança, apenas contam com o apoio de Deus e das autoridades conacri-guineenses.

“Estamos numa zona de difícil acesso e talvez isso seja a razão dos ladrões de gados terem dificuldades de virem a essa zona. Também as autoridades da Guiné-Conacri ajudam-nos neste sentido, porque conseguimos firmar uma espécie de acordo simples. No fundo do acordo consta que ninguém deve vender gados bovinos ou suínos na Guiné-Conacri, sem documento ou declaração assinado pelo chefe de tabanca que declare e autorize a sua venda”, realça.

Informa, neste sentido, que a maioria dos elementos da Guarda Nacional colocados no sector se encontra em Beli e alguns estão no posto do controlo de Tchetche, junto ao rio.

Safula Camará disse que a população sente-se muito isolada, ou melhor, abandonada pelas autoridades, que no seu entender, não contam com a população de Madina de Boé como cidadãos da Guiné-Bissau. Acrescentou ainda que o isolamento levou-lhes a refugiarem para a Guiné-Conacri, onde conseguem fazer tudo como cidadãos daquele país vizinho.

“Imagina até aqui fazemos os negócios em Francos da Guiné, porque é a moeda que conhecemos. E também é para lá que levamos os nossos produtos para serem comercializados. Às vezes a situação que vivemos aqui leva-nos a questionar, será que somos abandonados ou mesmo penhorados para o governo da Guiné-Conacri, que nos acolhe muito bem”, lamentou o chefe da secção, para de seguida, criticar o PAIGC que, diz, não se lembra das promessas que tinha feito para com o povo de Boé.

“Se o PAIGC não se lembra do acordo tido com o povo de Boé, então deixemos o PAIGC com Deus!…” advertiu o chefe de Secção de Vanduleide, com lágrimas nos olhos.

Indagado sobre o acordo que o partido (PAIGC) tinha com os populares de Madina Boé, respondeu que não pode falar tudo sobre o acordo para além daquilo que mencionou no início da entrevista. Remete, no entanto, ao PAIGC e diz que alguns dirigentes do partido sabem e podem até lembrar daquilo que fora o acordo chegado entre as partes e que não cumpriu até agora.

“Desde a independência estamos nesta situação de abandono total e nenhum governo se lembrou de Boé, onde nasceu o Estado da Guiné-Bissau! Ouvimos que querem transformar Boé no parque natural, zona da proteção dos animais. É bom que saibam agora que, nós não somos animais! Somos pessoas como qualquer um que se sente pessoa, portanto queremos que a Madina de Boé seja construída, desenvolvida e transformada numa grande cidade e não transformá-la num parque de conservação dos animais”, aconselhou.

Por: Assana Sambú
Foto: AS
odemocratagb.com
Publicada por Bambaram di Padida