Avião-executivo Gulstream retido em Julho de 2008 no aeroporto de Bissau
Por essa altura, começaram a ser visíveis os primeiros indícios da conivência entre os intermediários da organização do narcotraficante colombiano, cuja presença e amiúde vezes referenciada na sub-região, a sectores militares e do poder, particularmente na Guiné-Conacri e Guiné-Bissau.
Deste narcotraficante e ainda conhecido a particularidade de andar munido de um mapa da África Ocidental, que exibia sempre e quando fossem necessárias orientações precisas aos pilotos das aeronaves, sobre o ponto exacto do destino da carga, algures na sub-região africana.
Arbelaez vangloriava-se por outro lado do privilégio que as suas aeronaves, gozavam nos aeródromos militares da Guiné-Conacri. Durante o julgamento do caso em Nova Iorque, das gravações áudio e vídeo conseguidas por agentes encobertos da DEA ficou-se, igualmente, a saber dos contornos de um plano de aquisição de um aeroporto privado naquele pais africano pela “Organização”.
Um negócio que a ser consumado, facilitaria o fluxo da cocaína directamente da selva sul-americana para a África Ocidental.
Comité do Senado americano dá luz verde à operação
Em Maio de 2012, um mês depois do golpe militar que se seguiu a controversa gerada pelas eleições presidências na Guiné-Bissau e pela presença de forças angolanas da Missang no pais, o Comité do Senado para o Controlo Internacional de Narcóticos, reúne-se em Washington com a “ Ameaça do Narcotráfico na África Ocidental” na agenda.
Chamados a testemunhar, as distintas agências dos Estados Unidos de combate a narcóticos, munidas de informações privilegiadas, traçam um quadro negro da
(in) viabilidade de alguns estados africanos da região, de instituições infiltradas pelas redes da cocaína, estas com vínculos ao extremismo islâmico.
A África Ocidental muito mais que um simples corredor da droga proveniente da América do Sul com destino a Europa e aos Estados Unidos tinha-se transformado num palco de alianças espúrias entre o narcotráfico e o extremismo islâmico,com os grupos islâmicos radicais a chamarem a si a responsabilidade de protecção das rotas da cocaína.
“Estamos profundamente preocupados com a situação devido ao pernicioso efeito do tráfico da droga na região e suas conexões as actividades criminais e terroristas no mundo “ alertou na altura William Wechesler, assistente do secretário da defesa norte-americano para o combate aos narcotráficos e as ameaças globais.
Para Washington, o tráfico de droga na África Ocidental assumia-se, cada vez mais “como o sintoma visível de uma doença bem mais grave e desestabilizadora que, lentamente mas de forma progressiva, ia afectando o tecido o tecido social , a estabilidade e as próprias instituições dos estados na região e por tabela, os interesses americanos”.
E a experiência da Guiné-Bissau vem a baila. A infiltração das redes do narcotráfico em varias esferas de governação e das instituições castrenses, com reflexos na paralisação das instituições do Estado naquele país lusófono e evocado como um caso ilustrativo da real dimensão da problemática do narcotráfico na sub-região africana.
Referindo-se aos contornos “endémicos” do tráfico da cocaína na Guiné-Bissau, Johnnie Carson, assistente do secretário de Estado norte-americano chega na altura a indiciar a elite política e militar do país, na sua maioria, de conivência com as redes do narcotráfico.
Durante as audiências a presença de intermediários das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC naquela sub-região africana, isto com base em informações colhidas por agentes policiais norte-americanos infiltrados nas redes da droga, e referida pela primeira vez.
Em causa o interesse da guerrilha colombiana na aquisição dos sofisticados mísseis portáteis terra-ar, por sinal referenciados no arsenal militar das Forças Armadas guineense
Sobre os mísseis portáteis terra-ar sublinhe-se o facto de recentemente o general John Kelly comandante do Comando Militar-Sul norte-americano, ter assegurado perante o Comité do Senado das Forças Armadas estarem as FARC munidas de sistemas portáteis de mísseis terra-ar supostamente adquiridas graças a conexão entre oficiais militares oeste africano e o narcotráfico.
Alegações que Bogotá, através do seu ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzon; e do chefe de Estado-Maior das Forças Armadas colombianas, o general Alejandro Navas, prontificou a desdramatizar.
Pinzon admitiu entretanto a captura em tempos e durante uma incursão militar das forças governamentais daquele país sul-americano contra bases da guerrilha na selva amazónica colombiana, de dois sistemas antiaéreos portáteis, do tipo Strella.
Inoperacional e em avançado estado de degradação Bogotá chegou inclusive a aventar a necessidade de um aprofundamento das investigações para apurar a potencial proveniência de tais armamentos.
Enquanto isso, a possibilidade dos mísseis em questão, caírem nas mãos dos rebeldes e serem utilizados contra helicópteros e aviões caças americanos em apoio as Forças Armadas colombianas envolvidas na ofensiva contra posições rebeldes na Colômbia, adensavam as apreensões de Washington.
A margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Outubro de 2012 e na fase derradeira das investigações do caso António Indjai/Bubo Na Tchuto e numa altura em que os protagonismos do eixo da cocaína na Guiné-Bissau, estariam já identificados, emissários do departamento de estado norte-americano, reúnem-se em Nova Iorque com o presidente interino Serifo Nhamadjo.
A Nhamadjo foi transmitida as preocupações de Washington face ao crescendo do narcotráfico na Guiné-Bissau e a descarada envolvência de sectores das instituições castrenses e governamentais guineenses no tráfico.
De Bissau os norte-americanos pretendiam o aval da presidência de transição para a utilização dos sofisticados “Drones” , na monitorização e combate das rotas do narcotráfico na sub-região .
Diga-se uma espécie de “alibi” de que aparentemente o presidente interino poderá se valer, para tentar sacudir os indícios de uma alegada conivência na conspiração narco-terrorista de Indjai, Na Tchuto e comanditas. Haver vamos!
*Especial Semanário Angolense