terça-feira, 9 de abril de 2024
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Rússia tornou-se "galinha sem cabeça que continua a correr" ...WLADIMIR KAMINER
© Frank May/ Getty Images
POR LUSA 09/04/24
O escritor e cronista de origem russa Wladimir Kaminer lamenta que a Rússia nunca tenha experimentado uma democracia consolidada, preferindo reprimir opositores e agentes criativos, e ficado como "uma galinha sem cabeça" que, apesar disso, continua a correr.
Wladimir Kaminer nasceu há 56 anos em Moscovo e foi lá que cresceu, mas radicou-se em Berlim há mais de três décadas, onde se ligou a projetos de teatro e celebrizou no Cafe Burger as noites de 'Russendisko', que deu o título a um dos seus 'best-sellers' (editado em Portugal), tornando-se também cronista em publicações de referência na Alemanha, nas quais se assumiu como um fervoroso crítico do país natal.
Em entrevista à Lusa, o autor, que participa no debate hoje em Lisboa "O charme discreto da ditadura: o que leva as pessoas a glorificar ditadores?", promovido pelo Instituto Goethe, lamenta que a Rússia nunca tenha tido a oportunidade de ter ciclos de alternância pacífica no poder, o que a ciência política considera ser uma das bases para uma democracia consolidada.
"Os russos conseguiram um bem-estar económico como nunca devido aos preços altos do petróleo", começa por dizer, e condescendem com a mão de ferro do líder do Kremlin, Vladimir Putin, "porque as pessoas não vivem na política, vivem na economia e querem salários decentes, escolas boas para os seus filhos e um sistema de saúde funcional".
Kaminer chama a atenção para o grande apoio de que Putin desfruta entre mulheres acima dos 50 anos, que simpatizam com "uma imagem de austeridade, humildade de contenção e autocontrolo" de um homem que "não grita, não faz grandes dramas e que parece ser eterno".
Apesar do seu regime autocrático, considera que Putin não é comparável ao ditador soviético Joseph Estaline - que em 2008 perdeu para o herói medieval Alexander Nevsky, por apenas cinco mil votos, entre uma participação de cerca de cinco milhões, a vitória no concurso "Os melhores de nós" da televisão Rossiya, indicando uma grande popularidade, à semelhança do que acontecera um ano antes num programa similar com Oliveira Salazar em Portugal.
Estaline, segundo o escritor, ainda é recordado pelo seu papel na libertação da União Soviética da invasão nazi na II Guerra Mundial, e, mesmo que tenha massacrado milhões entre o seu próprio povo, "com o tempo as pessoas tendem a esquecer as coisas más e a manter na memória as boas", e o mesmo se passará com Salazar e as décadas do Estado de Novo, embora deixando entre o seu legado um dos países mais atrasados da Europa.
Já Putin, tem conquistado território nas regiões vizinhas desde que ascendeu à presidência em 2000 e, há dois anos, invadiu a Ucrânia, provocando uma crise sem precedentes na Europa nas últimas décadas com a sua doutrina expansionista e fervor nacionalista, "mas ainda não ganhou nenhuma guerra de forma inequívoca".
O escritor refere que existe um grande interesse na Rússia pela história recente de Portugal, com várias obras editadas sobre o período da ditadura e transição para a democracia, o que poderá ser explicado pela identificação com "uma certa ideia de exclusividade do tempo do Estado Novo", de um país que "não pertence exatamente à Europa, mas uma nação especial, quase uma espécie de Atlântida, que tem o seu caminho próprio", tal como Putin propaga.
Hoje Portugal, afirma, enquadra-se porém no quadro de uma democracia enraizada e resiliente, que lhe permite acomodar no parlamento uma "deriva para a extrema-direita", como aconteceu nas últimas legislativas com a votação expressiva no Chega. E tem esperança de que o mesmo se passe noutros países europeus e, em concreto, na Alemanha, onde se assiste a uma grande subida do partido ultrarradical Alternativa para a Alemanha (AfD).
Quanto à Rússia, Putin tem conseguido criar uma perceção de proteção da população e do país e "não vive num vácuo", tratando-se de um regime alimentado por uma "elite, uns milhares de famílias que são os 'donos disto tudo' e que gerem todos os negócios numa economia assente na exportação".
Nesse sentido, defende que a guerra na Ucrânia "está a ser financiada pelo Ocidente", não se tratando sequer de um assunto existencial para a maioria dos russos, "porque não têm bombas a cair sobre as suas cabeças", e este cenário só mudará se começarem a sentir que o regime não corresponde às suas perspetivas de bem-estar".
O próprio isolamento a que a Rússia estará sujeita devido às sanções em resposta à invasão da Ucrânia e ao encerramento de serviços e presença de marcas ocidentais na Rússia não passa, de acordo com Kaminer, de uma invenção, na medida em que, por exemplo, a Coca-Cola que se bebe no país é proveniente do Irão, o acesso à Internet não foi atingido e os russos veem filmes de Hollywood antes mesmo da sua estreia.
Outra coisa é a produção artística, que diz se ter esvaziado quando a cultura russa abandonou o país e os escritores, autores de 'best sellers' e poetas de altíssimo gabarito, músicos e filósofos emigraram, estão todos no ocidente", e no seu lugar ficou apenas "gente sem qualidade nem talento a repetir chavões" do Kremlin.
"É um corpo sem cabeça e pensava que um corpo sem cabeça não consegue viver", comenta, prosseguindo a metáfora: "Como uma galinha com a cabeça cortada e que continua a correr e a cacarejar e a produzir sons".
O autor, que atualmente se vê mais como alemão, é igualmente 'persona non grata' na Rússia desde que escreveu uma crónica no semanário alemão Der Spiegel sobre a anexação russa da Crimeia em 2014, e não visita o país desde então porque não quer acabar na Sibéria.
Mas acha que "é uma ilusão pensar-se, num mundo com tanta informação disponível e tão transparente como o de hoje, que impedir alguém de por os pés num país vai impedir de se saber o que se passa lá dentro". E a distância, alerta, "por vezes, até permite ver melhor".
Em resultado desta fuga de talentos, Kaminer observa uma cultura na diáspora russa de uma qualidade, intensidade e vivacidade nunca antes vistas", num movimento intelectual que "deveria orgulhar o senhor Lavrov", ironizando com uma declaração em janeiro do chefe da diplomacia russa, ao assinalar "uma certa purificação da sociedade", na qual algumas pessoas "que não sentiam afinidade com a Rússia, com a história ou cultura russa" abandonaram o país ou "reconsideraram a sua posição".
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo "teria inveja" de tantos convites que o autor diz receber para eventos culturais em vários países europeus, apontando ainda o caso do romancista russo de origem georgiana Boris Akunin, um dos autores contemporâneos mais lidos na Rússia, e exilado em Londres desde que se opôs à anexação da Crimeia, acabando na lista de "agente estrangeiro" e de "terroristas e extremistas" de Moscovo após criticar a invasão da Ucrânia e chamar ditador a Putin: "No lugar de Lavrov, teria cuidado com os livros que tem na sua coleção", recomenda Kaminer.
Leia Também: China quer "reforçar cooperação" com Moscovo e vinca apoio a Putin
China preocupada com cooperação entre Japão e aliança de segurança AUKUS
Anthony Albanese, Joe Biden e Rishi Sunak assinam o acordo Aukus (AP)
Por Agência Lusa, 09/04/2024
Japão saudou a sua possível inclusão em alguns projetos militares no âmbito da aliança AUKUS e afirmou que esta é fundamental para a estabilidade no Indo-Pacífico
Pequim manifestou esta terça-feira preocupação com o anúncio da cooperação entre o Japão e a aliança de segurança AUKUS, constituída pelos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália visando contrariar a influência da China no Indo-Pacífico.
"Ignorando as preocupações gerais dos países da região e da comunidade internacional sobre o risco de proliferação nuclear, os EUA, o Reino Unido e a Austrália continuam a enviar sinais para a expansão da chamada 'parceria de segurança trilateral', encorajando alguns países a aderir à aliança, intensificando a corrida ao armamento e minando a paz e a estabilidade regionais", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning.
Pequim opõe-se à formação de "pequenos círculos" exclusivos por parte dos países em causa, com o objetivo de criar confrontos entre as partes", acrescentou Mao, em conferência de imprensa.
"Em particular, o Japão deve aprender com as lições históricas e ser cauteloso nas suas palavras e ações no domínio da segurança militar", vincou.
O Japão saudou a sua possível inclusão em alguns projetos militares no âmbito da aliança AUKUS e afirmou que esta é fundamental para a estabilidade no Indo-Pacífico.
"Estamos conscientes da importância do AUKUS, pelo que tomaremos as medidas necessárias para reforçar as capacidades de defesa", declarou o Ministro da Defesa japonês, Minoru Kihara, em conferência de imprensa.
Kihara sublinhou a importância da aliança "para a paz e a estabilidade na região".
A reação do Japão surge horas depois de a aliança ter afirmado que está a considerar incluir o Japão em alguns projetos militares, o que reforçaria o grupo, de acordo com o Departamento de Defesa dos EUA.
"O Japão foi considerado devido aos seus pontos fortes e às parcerias de defesa estreitas com os três países", disse a porta-voz do Pentágono Sabrina Singh.
O anúncio coincide com uma visita de Estado aos EUA, esta semana, do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, que se centrará na cooperação em matéria de Defesa e no reforço desta aliança estratégica face ao avanço da China na sua esfera de influência asiática.
Na quarta-feira, o Presidente dos EUA, Joe Biden, tem uma reunião com Kishida e, na quinta-feira, com o Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos. Posteriormente, os três líderes participam uma reunião trilateral centrada na luta contra o poder militar da China nas águas vizinhas que fazem fronteira com as zonas económicas dos dois países.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o Japão limitou o desenvolvimento de armamento às capacidades defensivas do seu território, mas mantém uma indústria de Defesa avançada e uma estreita cooperação com os Estados Unidos.
A China está a reforçar a sua projeção de forças no Mar do Sul da China e em torno de Taiwan, o que aumentou as tensões com os países vizinhos.
Na sequência da recente reviravolta em matéria de Defesa, o Japão também concordou, no mês passado, em flexibilizar os intercâmbios militares entre países aliados, a fim de poder exportar os caças de nova geração que está a desenvolver em conjunto com Reino Unido e Itália.
Gravidez em jovens adultas aumenta o envelhecimento biológico
As descobertas sugerem que a gravidez acelera o envelhecimento biológico e que estes efeitos são evidentes em mulheres jovens e altamente férteis
A gravidez no início da idade adulta está associada a um maior envelhecimento biológico, de acordo com um estudo que estima que a cada gravidez a idade biológica aumenta entre 2,4 e 2,8 meses.
Esta é a principal conclusão de uma investigação liderada pela Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade de Columbia (Estados Unidos) e realizada com 1.735 jovens saudáveis nas Filipinas.
“A gravidez pode ter um custo”, apontam os autores.
De acordo com esta análise, as mulheres com pelo menos uma gravidez eram biologicamente mais velhas do que aquelas que nunca engravidaram, e quanto maior o número de gestações, maior o envelhecimento biológico.
Este estudo, que mostra que cada gravidez está correlacionada com um envelhecimento biológico adicional de dois a três meses, baseia-se em descobertas epidemiológicas, segundo as quais a fertilidade elevada pode ter efeitos secundários negativos na saúde e na longevidade das mulheres, referiu a universidade, em comunicado.
O que não se sabia, contudo, era os custos da reprodução mais cedo na vida, antes de as doenças e o declínio relacionado com a idade começarem a tornar-se evidentes.
Para chegar a estas conclusões, os investigadores utilizaram um conjunto de novas ferramentas que utilizam a metilação do ADN para estudar diferentes facetas do envelhecimento celular, do risco de saúde e de mortalidade.
A metilação é um processo que direciona quando e como os genes que controlam o desenvolvimento normal do organismo e que podem ser afetados por causas ambientais são ativados e desativados.
As ferramentas utilizadas, denominadas “relógios epigenéticos”, permitem analisar o envelhecimento em fases iniciais da vida, preenchendo assim uma lacuna fundamental no estudo do envelhecimento biológico.
“Os relógios epigenéticos revolucionaram a forma como estudamos o envelhecimento biológico ao longo da vida e abrem novas oportunidades para estudar como e quando os custos de saúde a longo prazo da reprodução e de outros eventos da vida ocorrem”, frisou um dos autores, Calen Ryan.
As descobertas, publicadas na revista PNAS, sugerem que a gravidez acelera o envelhecimento biológico e que estes efeitos são evidentes em mulheres jovens e altamente férteis, resumiu a investigadora.
A relação entre histórico de gravidez e idade biológica persistiu mesmo após a contabilização de outros fatores relacionados ao envelhecimento biológico, como nível socioeconómico, tabagismo e variação genética, mas não foi observada entre os homens da mesma amostra.
Isto implica que é algo especificamente relacionado com a gravidez ou amamentação que acelera o envelhecimento biológico, segundo o estudo.
A investigadora reconheceu, no entanto, que ainda há trabalho a fazer, para aprender sobre o papel da gravidez e de outros aspetos da reprodução no processo de envelhecimento.
Arábia Saudita anuncia celebração que marca fim do Ramadão para 4ª-feira
© ABDEL GHANI BASHIR/AFP via Getty Images
POR LUSA 08/04/24
A Arábia Saudita, terra dos locais mais sagrados do Islão, anunciou hoje que o Eid el-Fitr, a celebração que marca o fim do mês de jejum do Ramadão, vai começar na quarta-feira.
"O Supremo Tribunal declara amanhã o último dia do Ramadão e quarta-feira o primeiro dia do Eid el-Fitr", adiantou a agência de notícias oficial saudita SPA através da rede social X.
A data do Eid al-Fitr é determinada pelo avistamento da lua crescente, de acordo com o calendário lunar muçulmano.
Os meios de comunicação social sauditas tinham referido que a lua crescente não era visível na segunda-feira.
O feriado é geralmente celebrado em família. Os sauditas celebram uma celebração de quatro dias para o Eid al-Fitr.
Dois outros países do Golfo Árabe, os Emirados Árabes Unidos e o Qatar, também anunciaram hoje que o Eid al-Fitr começa na quarta-feira.
Este ano, o Ramadão foi ofuscado pela guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐔𝐌𝐀 𝐃𝐄𝐓𝐄𝐍ÇÃ𝐎 𝐀𝐑𝐁𝐈𝐓𝐑Á𝐑𝐈𝐀!
Por LGDH - Liga Guineense dos Direitos Humanos
O empresário e dirigente político Djulde Bá, residente no sector de Pitche, foi arbitrariamente detido hoje dia 08 de Abril de 2024, pelos Agentes da Esquadra de Polícia de Gabú à mando do Ministério do Interior liderados pelo Sr. Botche Candé e José Carlos Macedo Monteiro.
Esta detenção abusiva e ilegal, enquadra-se na estratégia de perseguição política e de intimidação das vozes discordantes, que o Ministério do Interior tem implementado no âmbito da consolidação do autoritarismo na Guiné-Bissau.
A LGDH exige a libertação imediata e incondicional de Sr. Djulde Bá e responsabiliza o Ministério do Interior pela sua integridade física.
O Presidente da República do Gana , Nana Akufo-Addo, ofereceu um Jantar Oficial em honra do chefe de Estado, General Umaro Sissoco Embaló, por ocasião da Visita de Estado que realizou em Acra, Gana. 🇬🇼🇬🇭
Presidente da Républica Presta Homenagem a Kwame Nkrumah
No âmbito da Visita de Estado a Gana, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, visitou o Museu de Kwame Nkrumah em Acra, em homenagem ao pai da nação ganense. Num gesto simbólico de reverência, o chefe de Estado depositou uma coroa de flores no mausoléu do ilustre líder, honrando a sua memória e papel fundamental na luta pela independência e unidade africana. 🇬🇼🇬🇭
segunda-feira, 8 de abril de 2024
Oposição cabo-verdiana diz que conferência sobre democracia é "marketing"
© Lusa
POR LUSA 08/04/24
Os presidentes dos dois partidos da oposição cabo-verdiana acusaram hoje o Governo de não lhes ter permitido participar na conferência internacional sobre democracia na ilha cabo-verdiana, considerando-a como "marketing" para a comunidade exterior.
"Foi feito um convite geral a todos os deputados" e nenhum foi "direto ao líder do partido", afirmou o presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Rui Semedo, na Praia, em reação à conferência internacional "Liberdade, Democracia e Boa Governança", na ilha do Sal, organizada pelo Governo cabo-verdiano.
Rui Semedo afirmou que o convite só foi feito para "encher a sala com os participantes, como figura de decoração", defendendo que "não foi atribuído nenhum papel a ninguém da oposição para fazer uma comunicação".
O presidente do PAICV apontou que o que falta em Cabo Verde é uma prática de democracia e não conversas sobre o tema que "alimentam os erros dos que atropelam" a vida da população.
"Aqui falta-nos uma cultura democrática e atitudes que permitam aceitar e respeitar a diferença de forma genuína e autêntica. Se analisarmos os custos e os benefícios, a prioridade não era seguramente os investimentos deste montante nesta operação que chamaríamos de marketing sem qualquer retorno para as populações", afirmou.
Para Rui Semedo, em Cabo Verde, onde o "desemprego e a pobreza só não incomodam os desalmados e insensíveis" daqueles que o governam, é "imoral investir 55 milhões de escudos neste evento para convencer a comunidade internacional, mas ignorando por completo o povo sofredor".
Defendeu ainda que se o país quer ser livre e ter uma democracia de qualidade, deve promover a liberdade de expressão e "deixar de condicionar ou perseguir aqueles que não leem pela cartilha do Governo", criar condições para que os cidadãos não tenham medo de criticar os "desmandos da governação que prejudicam o desenvolvimento do país" e fazer uma gestão transparente dos recursos públicos.
Igualmente, o presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), João Santos Luís, disse que recebeu o convite do próprio primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva e respondeu pedindo para participar como um dos oradores, mas o Governo nunca respondeu.
João Santos Luís criticou o Governo por organizar uma conferência sobre democracia e boa governança, mas que "não permite a participação ativa dos dois presidentes dos partidos".
O dirigente político considerou que a "democracia em Cabo Verde é ainda incipiente e nem os cidadãos são completamente livres de opinião".
A principal ilha turística de Cabo Verde, Sal, acolhe hoje e na terça-feira uma conferência internacional sobre "Liberdade, Democracia e Boa Governança".
O programa inclui mais de 20 oradores e, no final, será apresentada a Declaração do Sal, sobre proteção dos direitos humanos, promoção das liberdades e boa governanção em África e no mundo.
O primeiro-ministro cabo-verdiano defendeu na abertura da conferência que, num mundo digital que gera o "caos", "a melhor resposta aos ataques à democracia é mais democracia".
Leia Também: Cabo Verde promove hoje conferência internacional sobre democracia
GUINÉ-BISSAU: Nova greve geral de três dias nos sectores da saúde e ensino na Guiné-Bissau
Palácio do Governo da Guiné-Bissau AFP
Por: Mussá Baldé Rfi.fr/pt 08/04/2024
Na Guiné-Bissau, os sectores de Saúde e Educação estão novamente em greve geral de três dias. É a sua segunda onda de paralisações, após uma primeira realizada em Março passado. Entre outros pontos, os sindicatos exigem o pagamento de 10 meses de salário aos profissionais dos dois sectores.
O porta-voz da Frente Social, João Yoyo da Silva, pede desculpa aos cidadãos guineenses pela greve.
Diz que não era a intenção dos quatro sindicatos, dois da Saúde e outros tantos do sector da Educação, voltar a fazer greve geral, mas que não lhes restava outra saída.
João Yoyo da Silva afirma que a Frente Social apresentou um caderno reivindicativo e um pré-aviso de greve, mas em vez de se sentar à mesa com os sindicatos, o Governo decidiu apresentar uma contraproposta.
A Frente Social não achou pertinente esta forma de abordagem e decidiu avançar para a greve de três dias.
Nos hospitais e centros de Saúde, a Frente Social deu orientações para que haja o serviço mínimo que passa pelo atendimento de casos urgentes.
Nas escolas públicas, algumas estão com as portas encerradas, embora outras, afectas a outro sindicato, continuem a funcionar.
Recorde-se que no caderno reivindicativo apresentado em Fevereiro pela Frente Social constam, entre outros pontos, o pagamento de 10 meses de salário em atraso aos professores e técnicos de saúde, a efectivação de novos quadros contratados pelo Governo para os dois sectores, a adopção de um novo currículo escolar bem como a melhoria das condições laborais.
Rússia e China acusam EUA de dar "carta branca" a Israel para "matança"
© ANGELA WEISS / AFP) (Photo by ANGELA WEISS/AFP via Getty Images
POR LUSA 08/04/24
A Rússia e a China argumentaram hoje que tentaram travar a "matança" em Gaza vetando uma resolução proposta por Washington no Conselho de Segurança da ONU que dava "carta-branca a Israel para continuar a ação desumana" no enclave.
Numa sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) em que tiveram de justificar o veto que aplicaram em 22 de março a uma resolução norte-americana que "determinava" o "imperativo de um cessar-fogo imediato e sustentado" em Gaza, a Rússia e China, ambos membros permanentes do órgão, acusaram Washington de tentar "chantagear" o Conselho de Segurança.
"O documento que os nossos colegas americanos tentaram forçar o Conselho de Segurança da ONU a adotar em 22 de março através de intriga e chantagem não só não continha uma exigência direta a um cessar-fogo, mas na verdade emitia uma espécie de licença para matar ainda mais palestinianos", advogou o vice-representante permanente da Rússia na ONU, Dmitriy Polyansky.
"É significativo que o documento americano também tenha explicitado a possibilidade de Israel realizar operações futuras em Gaza, desde que minimize os danos aos civis. No contexto dos planos abertos de Israel para atacar Rafah e do terrível número de vítimas civis desde o início do conflito, incluindo mulheres e crianças, a proposta americana foi chocante no seu cinismo", acrescentou.
Também o embaixador chinês Dai Bing declarou que, caso fosse aprovada, a resolução norte-americana significaria a continuação da "matança em Gaza" e das "violações do direito internacional e do direito humanitário internacional".
De acordo com o representante de Pequim, a China não hesitará em exercer o seu poder de veto contra projetos de resolução que resultem em graves consequências para os palestinianos.
Ambos os diplomatas recordaram que, depois do veto à resolução norte-americana, o Conselho de Segurança conseguiu aprovar uma outra resolução a exigir um cessar-fogo em Gaza - mas que ainda não foi implementada.
Os embaixadores frisaram que essa resolução, tais como todas as resoluções do Conselho de Segurança, "são vinculativas e devem ser totalmente implementadas".
Estas declarações surgem depois de Washington ter causado polémica ao dizer que a resolução aprovada não era vinculativa.
No domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reiterou que não haverá trégua sem que os 133 reféns ainda detidos pelo Hamas regressem a casa, acrescentando que Israel não vai ceder a "exigências extremas" dos islamitas.
A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 185.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 33.200 mortos, quase 76.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Leia Também: Israel considerou hoje que a possibilidade de a Palestina se tornar um Estado-membro da ONU e não um mero observador, como acontece atualmente, é "uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas" e que "perpetua o conflito".
GUINÉ-BISSAU: Presidente guineense em visita de Estado ao Gana para debater cooperação
Leia Também: Ex-diretora dos Impostos da Guiné-Bissau detida por suspeita de corrupção
No âmbito da Visita de Estado a Gana, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, foi recebido pelo homólogo Nana Dankwa Akufo-Addo, na Jubilee House, em Accra, numa cerimónia oficial de boas-vindas. Foram prestadas Honras Militares, com a execução dos Hinos Nacionais dos dois países e desfile da Guarda de Honra.
O chefe de Estado manteve ainda um encontro restrito com o Presidente Nana Akufo-Addo, seguido do encontro bilateral entre as duas delegações técnicas no quadro do reforço das relações de cooperação mentre Bissau e Accra, particularmente, nas áreas das pescas, agricultura, educação, defesa e segurança 🇬🇼🇬🇭
África precisa "fazer as coisas de forma diferente" na área agroalimentar
© Lusa
POR LUSA 08/04/24
O diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, alerta para a necessidade de o continente africano "fazer as coisas de forma diferente" e explorar o "potencial da ciência, da tecnologia digital e inovação" para "transformar os seus sistemas agroalimentares".
Num artigo de opinião divulgado hoje pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), em Roma, o diplomata chinês chamou a atenção para o "momento crucial para a ação coletiva" em que se realiza a 33.ª Sessão da Conferência Ministerial Regional da FAO para África (ARC33), de 18 a 20 de abril em Marrocos.
"Trata-se de um momento crucial para a ação coletiva", escreveu Qu Dongyu, exortando nações africanas, representadas pelos seus ministros da Agricultura, "a aproveitarem a dinâmica da transformação dos sistemas agroalimentares para obterem benefícios a nível da segurança alimentar e da nutrição, da economia e da igualdade, do ambiente e da resiliência".
"Se quisermos corrigir o rumo em África, é necessário fazer as coisas de forma diferente. As soluções da ciência, da tecnologia digital e da inovação oferecem um potencial estimulante. O sucesso requer um esforço coletivo dos governos, das organizações da sociedade civil, do setor privado, dos parceiros da ONU e das comunidades locais", resumiu.
A conferência irá debater as recomendações recolhidas pela FAO em consultas com a sociedade civil, incluindo organizações de agricultores, e com o setor privado, ao longo de fevereiro e março últimos, que "ajudarão a moldar os debates" no evento, segundo o diplomata.
"África é um continente de enormes oportunidades", domina a lista das 20 economias de crescimento mais rápido do mundo e "a Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA, na sigla em inglês) promete impulsionar o comércio intra-africano e estimular ainda mais o crescimento económico", sublinha Qu Dongyu.
A Conferência Ministerial Regional da FAO para África constitui uma das principais plataformas continentais para partilha de perspetivas e experiências no domínio dos sistemas agroalimentares, assim como uma rede para o estabelecimento de parcerias estratégicas e maiores investimentos no setor no continente africano.
"Através da Iniciativa Mão-na-Mão da FAO, estamos a promover parcerias estratégicas entre países e investidores para desbloquear os estrangulamentos na produção e no comércio agrícolas", aponta Qu Dongyu.
"No último biénio, a FAO mobilizou mais de 900 milhões de dólares para os sistemas agroalimentares em África, mais de 60% acima do nosso objetivo. Neste biénio, o nosso objetivo é ainda maior", exaltou.
Leia Também: Aventureiro britânico completa ligação sul-norte de África a correr
PAIGC CONDENA “SISTEMÁTICAS” INTERVENÇÕES DE CHEFIAS MILITARES NA POLÍTICA
Por radiosolmansi.net 08/04/2024
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) condena "com veemência", “sistemáticas” intervenções das chefias Militares na Política, o que viola flagrantemente o seu papel republicano estabelecido na Constituição da República.
A condenação do PAIGC consta num comunicado à imprensa, assinado, hoje, pela vice-presidente, Dan Ialá, onde alerta que, nos últimos 10 anos, tem-se assistido intromissões sistemáticas de alguma liderança das Forças Armadas na política, com discursos tendenciosos em defesa de um órgão de soberania, caucionado todas as decisões tomadas mesmo com colisão frontal com a Constituição e as leis da República.
No comunicado, o PAIGC exige o distanciamento das Forças Armadas da Presidência da República exortando-lhes a cumprir, escrupulosamente, o seu papel de guardiãs na defesa das instituições da soberania, sem prejuízo e observância do princípio de separação de poderes.
Igualmente, o partido vencedor das últimas legislativas no país, condena “vementemente” aquilo que apelida de triste retórica de alguma liderança das Forças Armadas nas recentes visitas aos aquartelamentos militares, durante as quais colocando-se no papel de políticos e advogados da Presidência da República.
O PAIGC responsabiliza ainda as chefias do Estado-maior General das Forças Armadas pelas eventuais consequências que possam advir desta postura que o partido considera de antidemocrática e anti republicana, colocando em causa a integridade física dos dirigentes do PAIGC, alguns deles visados nas intervenções públicas ocorridas nas aludidas visitas aos quartéis.
Diante desta situação, o PAIGC exige que as forças armadas se distanciam do jogo político, reservando o mesmo tratamento aos titulares dos órgãos de soberania, sujeitando-se ao Princípio de Separação dos poderes.
Ainda na mesma nota, consultada pela nossa redação, pode-se ler que o partido liderado por Domingos Simões Pereira diz estar disponível em manter um bom e são relacionamento institucional com as Forças Armadas, exigindo que esta instituição assuma o seu comprometimento com os valores e princípios que nortearam a sua criação e adequação ao contexto do multipartidarismo.
O partido sustenta a sua nota diante da recente visita do Vice Chefe de Estado-maior General das Forças Armadas a algumas unidades militares que foi “bastante elucidativa e reveladora desta atitude deliberada das Forças Armadas em defender, unicamente, a alegada legitimidade do presidente da República, invocando o veredito das urnas, ignorando propositada e explicitamente os eleitos do povo junto a Assembleia Nacional Popular e o governo, orgãos cuja constituição decorrem do mesmo veredito popular, exprimindo-se publicamente sobre mais uma proposta tentativa de Golpe de Estado em preparação”.
O PAIGC sustenta na sua nota que nos últimos anos a instrumentalização das forças armadas têm acentuado com alimentadas denúncias de tentativas de Golpe de Estado, não sendo capaz de apresentar evidências, “como aconteceu no caso de 01 de fevereiro de 2022 e 01 de dezembro de 2023, até hoje com contornos por esclarecer e provas por apresentar”.
Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos Camará
Missão da UE no Mar Vermelho escoltou 68 navios e repeliu 11 ataques
© Israel Defense Forces/Anadolu via Getty Images
POR LUSA 08/04/24
A missão da União Europeia (UE) para acompanhar embarcações no Mar Vermelho escoltou, em dois meses, 68 navios e repeliu 11 tentativas de ataque de milicianos huthi, anunciou hoje o Alto Representante para os Negócios Estrangeiros.
Em conferência de imprensa, em Bruxelas, Josep Borrell revelou que, desde o início, a missão "Aspides" ("escudo" em grego) "conseguiu escoltar 68 embarcações e repeliu 11 tentativas de ataque" de elementos das milícias iemenitas houthi.
A Alto Representante para a Política de Segurança do bloco comunitário acrescentou que 19 dos 27 países da UE contribuíram com militares e pessoal especializado para construir a missão.
O aumento das tensões no Médio Oriente, desencadeado pela guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza levou os huthis a atacarem embarcações de transporte de carga no Mar Vermelho, como maneira de exercer pressão para o fim da intervenção militar israelita.
Israel retaliou contra o Hamas depois dos ataques do grupo islamita Hamas no dia 07 de outubro de 2023, em que cerca de 1.200 pessoas foram mortas e mais de duas centenas sequestriadas.
Na conferência de imprensa de hoje, Josep Borrell insistiu que a UE não está em conflito com os huthi, apenas está a escoltar embarcações, para que haja, tanto quanto possível, menos disrupções ao comércio mundial.