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Por LUSA 25/06/22
A agência de notação financeira Standard & Poor's considerou hoje que os países da África subsaariana enfrentam várias dificuldades para voltar ao crescimento registado antes da pandemia, notando um panorama mais positivo para os exportadores de petróleo.
"As exportações de matérias-primas e os investimentos devem ajudar a reduzir os desequilíbrios externos e aumentar a atividade nos países ricos em recursos naturais, principalmente Nigéria, Angola e, em menor escala, África do Sul", lê-se no relatório enviado aos clientes, e a que a Lusa teve acesso.
Na análise com o título 'África subsaariana ainda em baixo, mas não de fora', os analistas escrevem que "o aumento do custo dos bens e serviços vão prejudicar os agregados familiares na região, especialmente nos países importadores de alimentos e de matérias-primas" e acrescentam que "as autoridades e os reguladores vão tentar equilibrar a entrega de subsídios e outras medidas de apoio com o aumento de preços, ao mesmo tempo que lidam com grandes défices orçamentais e uma dívida pública significativa".
Entre as razões para a dificuldade na recuperação económica estão ainda os efeitos da pandemia, as dificuldades alimentares e a subida dos preços da energia no seguimento da invasão da Ucrânia pela Rússia, e outros fatores macroeconómicos que já estavam presentes mesmo antes da pandemia.
"A subida das taxas de juro globais são riscos pertinentes para os países altamente endividados; a subida dos preços das matérias-primas está a beneficiar muitos países, mas os elevados fardos da dívida, e o seu elevado custo, para além da flexibilidade orçamental limitada, continuam a prejudicar a qualidade do crédito soberano, ao passo que o aumento do preço da energia e dos alimentes, juntamente com um ciclo eleitoral repleto, vão atrasar a consolidação orçamental", apontam os analistas.
O alerta da Standard & Poor's segue-se à divulgação de um relatório do Banco Mundial, que avisa que a guerra na Ucrânia pode tirar um ponto percentual ao crescimento dos países de baixo rendimento na África subsaariana, região cuja economia deverá crescer 3,7% este ano.
"No seguimento da recuperação de 4,2% em 2021, o crescimento na África subsaariana abrandou este ano devido às pressões dos preços a nível interno, parcialmente induzidas pelas perturbações na oferta devido à guerra na Ucrânia, reduzindo os rendimentos reais e a capacidade de compra de alimentos, especialmente nos países de baixo rendimento", lê-se no relatório Perspetivas Económicas Globais, divulgado em Washington.
"O crescimento na África subsaariana deverá ser de 3,7% em 2022 e 3,8% em 2023, em linha com as previsões de janeiro, mas excluindo as três maiores economias [Nigéria, África do Sul e Angola], o crescimento foi reduzido em 0,4 pontos percentuais em 2022 e em 2023", aponta-se no relatório, que mostra o duplo efeito da evolução dos preços energéticos.
O Banco Mundial alerta que "os preços elevados das matérias-primas pode sustentar as recuperações nos setores extrativos, mas em muitos países a inflação elevada vai eliminar os rendimentos reais, deprimir a procura e aprofundar a pobreza" e salienta que "nos países de baixo rendimento, o crescimento foi revisto em quase um ponto percentual este ano devido à inflação nos preços alimentares e à escassez de alimentos, que deverá causar um impacto particularmente severo nas populações vulneráveis, piorando ainda mais a situação de insegurança alimentar nesses países".