segunda-feira, 7 de abril de 2025
DENTRO DE OITO DIAS, ALGUNS SERVIÇOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO PODERÃO SER PARALISADOS


No âmbito do reforço das relações bilaterais entre a República da Guiné-Bissau e Azerbaijão, encontra-se no país para uma visita de trabalho, o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros de Azerbaijão YALCHIN RAFIYEV.

O Primeiro-ministro, Rui Duarte Barros entregou hoje ao Ministro do Comércio e Indústria, Orlando Mendes Viegas, 04 viaturas cabines-duplos para reforçar a fiscalização da campanha de comercialização de caju, combatendo o contrabando da castanha a nível da fronteira.

Ministro das Pescas e Economia Maritima, Mário Musante da Silva, presidiu abertura hoje do workshop nacional para a formulação de uma estratégia e plano de acção para prevenir, impedir e eliminar a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada.

Liga Guineense dos Direitos Humanos, através do seu Secretario Nacional para comunicação e relações públicas, Gueri Gomes Lopes, condena o comportamento da força policial que impediu a comissão sindical dos Trabalhadores da empresa EAGB realizar uma vigília junto a empresa.

O Presidente da República, participa no 14.º Fórum Anual de Investimento em Abu Dhabi, a convite do Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan. O evento reúne líderes internacionais, investidores e representantes de instituições financeiras globais, com o objectivo de promover o desenvolvimento sustentável e reforçar parcerias estratégicas para o crescimento económico global.

Bissau, 07-04-2025, Força Policial impede Comissão Sindical dos Trabalhadores da EAGB, realizar uma vigília em protesto ao respeito dos direitos dos trabalhadores e melhoria de condições de trabalho.

AVARIA DA MOTOBOMBA OBRIGA RECLUSOS DO CENTRO PRISIONAL DE BAFATÁ A CONSUMIR MENOS DE MEIO LITRO DE ÁGUA POR DIA
Por RSM. 07 04 2025
Pelo menos 40 reclusos da prisão de alta segurança de Bafatá, no leste da Guiné-Bissau, estão a consumir menos de meio litro de água potável por dia, devido à avaria da motobomba que abastece o centro há várias semanas.
A denúncia foi confirmada por fontes entre os guardas prisionais e reforçada por Eusébio Sanca, seminarista maior e conselheiro espiritual do grupo jovem da Paróquia São Daniel, que esteve no local para entregar donativos. “É lamentável que uma pessoa tenha de viver com menos de 500 mililitros de água por dia. Apelamos à solidariedade para ultrapassar esta crise”, afirmou.
A escassez de água não é o único problema enfrentado pelos detidos. Segundo apurou a Rádio Sol Mansi, os reclusos também lidam com alimentação de baixa qualidade. “Às vezes, a comida não é bem cozinhada e, por vezes, comemos apenas arroz”, revelou uma fonte.
Para ajudar a mitigar a situação, a Igreja Católica local entregou paletes de água potável e produtos de higiene. O chefe de turno dos guardas principais, Daniel Djata, agradeceu o gesto: “As prisões são locais de grande vulnerabilidade. Cada oferta é bem-vinda, e os presos ficam sempre contentes com qualquer apoio que recebem.”
Fontes prisionais indicam ainda que, devido à escassez de água, alguns presos com penas mais leves são retirados das celas para ir buscar água para o consumo geral — prática que, segundo as mesmas fontes, representa riscos adicionais para a segurança do centro.
Além da água, a prisão necessita urgentemente de bens essenciais, como produtos de higiene e alimentos adequados, para garantir condições mínimas de dignidade aos reclusos.

Uma mulher morre a cada dois minutos por falta de cuidados de saúde maternos no mundo inteiro, revela o mais recente relatório da Organização Mundial de Saúde.
Por LUSA
Falta de cuidados maternos 'mata' uma mulher a cada dois minutos
OMS diz que o seu objetivo de reduzir o número de mortes está aquém do esperado.
Uma mulher morre a cada dois minutos por falta de cuidados de saúde maternos no mundo inteiro, revela o mais recente relatório da Organização Mundial de Saúde.
Fazendo referência a dados de 2023, o documento estabelece que se registaram 260 mil mortes maternas, o que corresponde a 712 por dia ou 30 por hora.
A OMS tinha estabelecido a meta de reduzir o numero de mortes maternas para 71 mortes por cada 100 mil mulheres grávidas e mães até 2030, porém esse valor, mas tendo em conta que a TMM global foi de 197 em 2023, será necessária uma diminuição anual de quase 15%, quando o nível atual é de cerca de 1,5%.
A maioria das mortes de mulher grávidas ou em pós parto acontece sobretudo em países de baixo e médio rendimento, como a África Subsariana e no Sul da Ásia, cerca de 70% (182.000) na primeira região e à volta de 17% (43.000) na segunda.
"O acesso a serviços de saúde materna de qualidade é um direito, não um privilégio, e todos partilhamos a responsabilidade de construir sistemas de saúde dotados de recursos que salvaguardem a vida de todas as mulheres grávidas e recém-nascidos", afirma a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Natalia Kanem, citada num comunicado da OMS de divulgação do estudo.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, associa-se hoje ao alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as mortes maternas e neonatais e ao pedido de ação urgente a todos os governos nesta matéria.
O chefe de Estado sublinha "a importância dos cuidados de saúde de qualidade das mães e dos bebés enquanto pilar fundamental das políticas públicas em saúde, e a urgência na garantia da assistência neonatal, um pedido deixado pela OMS neste Dia Mundial da Saúde, a todos os países e governos", lê-se na nota no site da presidência.
Leia Também: Perto de 92% das cerca de 260.000 mortes de mulheres devido à gravidez e ao parto em 2023 ocorreram em países de baixo e médio rendimento, indica um relatório das Nações Unidas divulgado hoje.

Nigéria com maior número de mortes maternas em 2023
Leia Também: Um total de 118 pessoas morreram na Nigéria desde o início do ano devido a uma nova epidemia de febre de Lassa, uma doença hemorrágica aguda, anunciou hoje o Centro Nacional de Controlo de Doenças (NCDC) do país

domingo, 6 de abril de 2025
Discurso de Braima Camará durante o encontro de confraternização com as mulheres do API-CG. Video: Madem-g15
G7 manifesta "profunda preocupação" com manobras militares junto a Taiwan
Por LUSA
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 expressaram hoje "profunda preocupação" numa declaração sobre as frequentes manobras militares da China em torno de Taiwan, e apelaram a um "diálogo construtivo" para resolver as diferenças entre Pequim e Taipé.
Estas atividades cada vez mais frequentes e desestabilizadoras estão a aumentar as tensões entre os dois lados do estreito e a pôr em risco a segurança e a prosperidade globais", declararam os ministros da Alemanha, Canadá, Reino Unido, Estados Unidos da América, França, Itália e Japão, bem como o alto representante da União Europeia (UE).
O grupo dos países mais industrializados manifestou o seu "interesse em preservar a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan" e a sua oposição a "qualquer ação unilateral que ameace tal paz e estabilidade, incluindo através da força ou da coação".
"Os membros do G7 continuam a incentivar a resolução pacífica dos problemas através do diálogo construtivo entre os dois lados do estreito", afirmaram.
Esta semana, os militares chineses realizaram exercícios militares perto de Taiwan, incluindo exercícios de tiro real de longo alcance no Mar da China Oriental.
As manobras, apelidadas de "Strait-Thunder 2025A", incluíram bloqueios navais, ataques de precisão contra instalações importantes e lançamentos de mísseis numa área fechada do Mar da China Oriental, a cerca de 400 quilómetros da ilha, disse o Ministério da Defesa de Taiwan.
Os exercícios ocorreram semanas depois de o Presidente de Taiwan, William Lai, criticado pelas autoridades chinesas como um "ativista independentista" e "desordeiro", ter definido a China como uma "força externa hostil" e anunciado iniciativas para conter as operações de "infiltração" de Pequim contra a ilha.
Taiwan, que é autónomo desde 1949, é visto por Pequim como uma "parte inalienável" do território chinês e não descarta o uso da força para conseguir a "reunificação" da ilha e do continente.
Leia Também: Canadá convida Zelensky a participar na cimeira do G7 em junho
Macron defende "ação forte" se a Rússia continuar a "recusar a paz"
Por LUSA
O presidente francês, Emmanuel Macron, lamentou hoje os novos "ataques mortais" da Rússia na Ucrânia e apelou a uma "ação forte" se Moscovo continuar a "recusar a paz".
"Estes ataques russos têm de acabar. Precisamos de um cessar-fogo o mais rapidamente possível. E de uma ação forte se a Rússia continuar a procurar ganhar tempo e a recusar a paz", defendeu o chefe de Estado francês na rede social X.
Nesta publicação, Macron denunciou que, no sábado à noite, "vários ataques russos tiveram como alvo áreas residenciais" na capital Kiev e em várias outras cidades ucranianas.
"Enquanto a Ucrânia aceitou a oferta do Presidente Trump de um cessar-fogo total e incondicional de 30 dias há quase um mês, e enquanto trabalhamos com todos os nossos parceiros em maneiras de alcançar a paz, a Rússia continua a guerra com intensidade crescente, ignorando os civis", salientou o Presidente de França.
"Por quanto tempo a Rússia ignorará as propostas de paz dos Estados Unidos e da Ucrânia enquanto continua a matar crianças e civis?", questionou ainda Macron.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou hoje que os ataques aéreos russos contra a Ucrânia estão a aumentar, mostrando que a pressão internacional sobre Moscovo é "ainda insuficiente".
O número de ataques aéreos "está a aumentar", escreveu o Presidente ucraniano nas suas redes sociais, após mais uma noite de ataques, que causaram pelo menos um morto e três feridos em Kiev, um morto na região de Kherson, no sul do país, e dois feridos na região nordeste de Kharkiv.
"É assim que a Rússia revela as suas verdadeiras intenções: continuar a semear o terror enquanto o mundo lhe permitir", acrescentou o chefe de Estado ucraniano, contabilizando que, na semana passada, as forças de Moscovo lançaram "mais de 1.460 bombas aéreas guiadas, cerca de 670 drones de ataque e mais de 30 mísseis".
Na sexta-feira, um ataque russo fez 18 mortos, entre os quais nove crianças, perto de um parque infantil em Kryvyi Rig, cidade natal de Zelensky, na região Centro do país.
O Presidente da República, recebeu em audiência de cortesia o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da República do Azerbaijão, Yalchin Rafiyev, que iniciou uma visita oficial com duração de dois dias à Guiné-Bissau.
Crimes contra civis devem ser todos documentados e ter consequências
Por LUSA
A ativista ucraniana Anastasiia Holovnenko defende que as organizações não-governamentais internacionais devem esforçar-se para garantir que todos os crimes contra civis sejam documentados e tenham consequências legais, numa referência às violações cometidas pelas forças russas na Ucrânia.
"Por exemplo, recentemente, jornalistas de investigação publicaram testemunhos de militares russos que assassinaram civis em Bucha [a noroeste de Kiev]. Se a comunidade internacional não tivesse dado atenção a esses crimes há três anos, e se não tivessem sido abertos processos-crime, esses atos teriam passado despercebidos e os criminosos continuariam impunes", exemplifica Anastasiia Holovnenko numa entrevista à agência Lusa.
Holovnenko, especialista em comunicação estratégica e que já trabalhou em meios de comunicação social independentes, como o Kyiv Independent e o Hromadske, no Centro Anticorrupção, sustenta que, para o regime do Presidente russo, Vladimir Putin, os direitos humanos "são tóxicos".
"Para o regime de Putin, os direitos humanos e os princípios do Estado de direito são tóxicos. Passo a passo, o regime tem vindo a destruir sistematicamente todos os sinais de uma sociedade democrática e aberta, promovendo essa destruição como uma nova norma", afirma Holovnenko, salientando que na Ucrânia é necessária uma grande luta para combater as sucessivas violações.
Segundo a também especialista em comunicação para o impacto social no Centro para as Liberdades Civis, organização não-governamental ucraniana distinguida com o Prémio Nobel da Paz em 2022 e que promove os direitos humanos e a democracia na Ucrânia, a instituição onde trabalha está a tentar apoiar uma forma "de livrar o mundo da constante ameaça russa".
"Na sociedade ucraniana, apoiamos fortemente e contribuímos para o desenvolvimento do movimento de direitos humanos, pois oferece uma oportunidade de estabelecer padrões democráticos modernos de convivência, tanto a nível interno como com os nossos parceiros", destaca.
E prossegue: "Também gostaríamos de ver padrões de direitos humanos e garantias de liberdades na Rússia, porque acreditamos que é tão importante para os russos como para nós que, um dia, seja possível construir uma democracia naquele país, o que, do nosso ponto de vista, livraria o mundo da constante ameaça russa".
Holovnenko realça que, na Rússia, ainda existe uma rede de organizações de direitos humanos, associações de povos oprimidos, movimentos contra a guerra, grupos feministas e de defesa dos direitos LGBTQ+.
"No entanto, trata-se de um país autoritário, onde qualquer atividade que desagrade ao governo é criminalizada, uma situação que tem sido a norma na Federação Russa nos últimos 27 anos", conclui a ativista.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Coreia do Norte: Kim Jong-un visitou militares e... testou nova espingarda. As imagens
© KCNA via REUTERS Notícias ao Minuto 06/04/2025
Segundo a Coreia do Sul, as unidades de operações especiais norte-coreanas fazem parte dos milhares de efetivos que Pyongyang enviou para combater na guerra na Ucrânia.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, visitou, na sexta-feira, a base de treino militar das unidades de operações especiais do Exército do país e foi apanhado a testar uma nova espingarda de precisão. Esta visita foi noticiada pelos meios estatais no sábado.
Segundo a agência KCNA, citada pela Reuters, Kim montou um posto de observação para assistir a um treino tático geral e ao concurso de tiro com armas ligeiras realizado por combatentes de várias unidades de operações especiais no âmbito do programa de treino.
No local, o líder norte-coreano disse que o reforço das forças de operações especiais é uma parte essencial da atual estratégia militar do país e delineou uma série de tarefas importantes destinadas a melhorar as suas capacidades operacionais, embora não tenham sido revelados detalhes.
"O reforço das forças de operações especiais constitui atualmente uma componente importante da estratégia de construção do exército", afirmou Kim.
Além disso, o líder da Coreia do Norte efetuou também um teste de tiro de uma espingarda de precisão, que será fornecida às unidades de operações especiais. Foi desenvolvida pela tecnologia norte-coreana.
Segundo a Coreia do Sul, as unidades de operações especiais norte-coreanas fazem parte dos milhares de efetivos que Pyongyang enviou para a Rússia para combater na guerra da Ucrânia.
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Leia Também: Ataque russo com mísseis faz pelo menos dois feridos em Kyiv
sábado, 5 de abril de 2025
Milhares marcham em Roma contra a "loucura" do rearmamento europeu
Milhares de pessoas manifestaram-se hoje no centro de Roma contra os planos de defesa da União Europeia (UE), que consideram "uma loucura", num protesto organizado pelo partido Movimento 5 Estrelas (M5S).
"Uma mensagem forte e clara emerge desta praça: não queremos um plano de rearmamento que desperdice 800 mil milhões de euros e leve a Europa para uma economia de guerra", declarou Giuseppe Conte, líder do M5S, à chegada à manifestação.
Em alternativa, Conte defendeu "a construção de caminhos para a paz" com a Rússia e exigiu investimentos na saúde e na educação, alegando que "o futuro dos jovens não pode estar nas Forças Armadas".
A manifestação teve início na Piazza Vittorio, em Roma, e seguiu depois em direção à Via dei Fori Imperiali, onde terá lugar uma concentração esta tarde, com a participação de figuras da política, do ativismo, do jornalismo e da cultura.
A marcha foi encabeçada por uma faixa a apelar ao "não ao rearmamento", com vários manifestantes a empunhar bandeiras da paz com o arco-íris e segurar cartazes, criticando a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o seu ministro da defesa, Guido Crosetto.
No início de março, Bruxelas avançou com um plano de 800 mil milhões de euros para reforçar as capacidades de defesa da UE, que inclui, entre outras medidas, a reafetação de verbas da coesão para investir neste setor.
Leia Também: Centenas de pessoas manifestaram-se hoje junto a um dos concessionários da marca de carros elétricos Tesla, na capital alemã, Berlim, contra o proprietário, Elon Musk, e o que consideram ser os seus ataques à democracia.
Bebés estudo: 26 bebés mostram que o nosso cérebro é como o Google
Ou seja: o nosso cérebro precisa que sejamos capazes de lhe dar os melhores termos de pesquisa para que possa aceder às nossas memórias mais antigas
Alguma vez se perguntou como foi ser um bebé? Mas, por mais que tente, não se consegue lembrar de nenhum pormenor?
Não é que não tenha memórias da infância - é que simplesmente não se consegue aceder a elas mais tarde na vida, segundo uma nova investigação.
O estudo, publicado recentemente na revista Science, examinou 26 bebés com idades compreendidas entre os 4,2 e os 24,9 meses, divididos em dois grupos etários: os que tinham menos de 12 meses e os que tinham entre 12 e 24 meses.
Durante a experiência, os bebés foram colocados numa máquina de ressonância magnética funcional (fMRI na sigla em Inglês) e foi-lhes mostrada uma série de imagens únicas durante dois segundos cada. Os investigadores pretendiam registar a atividade no hipocampo - a parte do cérebro associada às emoções, à memória e ao sistema nervoso autónomo.
“O hipocampo é uma estrutura cerebral profunda que não é visível através dos métodos habituais, pelo que tivemos de desenvolver uma nova abordagem para realizar experiências de memória com bebés dentro de uma máquina de ressonância magnética”, explica o Nick Turk-Browne, principal autor do estudo e professor do departamento de psicologia da Universidade de Yale, por correio eletrónico. “Este tipo de investigação tem sido feito principalmente enquanto os bebés estão a dormir porque se mexem muito, não conseguem seguir instruções e têm períodos de atenção curtos.”
Simona Ghetti, professora do departamento de psicologia da Universidade da Califórnia, cuja investigação se centra no desenvolvimento da memória na infância, reconheceu que, embora muitos estudos já tenham demonstrado a capacidade dos bebés para codificar memórias, esta última investigação é única na medida em que associa a codificação da memória à ativação do hipocampo. Ghetti não participou no estudo.
Após um breve atraso, foram mostradas aos bebés duas imagens lado a lado: uma de imagens familiares que já tinham visto antes e outra nova. Os investigadores seguiram os movimentos oculares dos bebés, observando em que imagem se concentravam mais tempo.
Se um bebé passasse mais tempo a olhar para a imagem familiar, isso indicava que a reconhecia, o que indicava uma recordação. Se não mostrassem qualquer preferência, isso significava que a sua memória estava menos desenvolvida, de acordo com o estudo.
“Os movimentos dos olhos têm sido utilizados em centenas de estudos sobre a memória e a categorização dos bebés”, diz Ghetti, por correio eletrónico. “Os bebés olham para o que acham interessante e os investigadores há muito que aproveitam este comportamento espontâneo para obter informações sobre o funcionamento da memória.”
Analisar a ativação do hipocampo
Depois de recolher os dados iniciais, a equipa analisou os exames de fMRI dos bebés que olharam para a imagem familiar durante mais tempo, comparando-os com os que não tinham preferência. Os ensaios eram excluídos se o bebé não estivesse concentrado no ecrã e se mexesse ou pestanejasse excessivamente.
Os resultados revelaram que o hipocampo estava mais ativo nos bebés mais velhos quando codificavam memórias. Além disso, apenas os bebés mais velhos apresentavam atividade no córtex orbitofrontal, que desempenha um papel fundamental na tomada de decisões e no reconhecimento relacionados com a memória.
“Uma coisa que aprendemos sobre a memória nos adultos é que a informação que tendemos a captar e a codificar na memória são coisas que são altamente relevantes para a nossa experiência”, diz Lila Davachi, professora do departamento de psicologia da Universidade de Columbia, que não esteve envolvida no estudo. “O que é espantoso neste estudo é mostrar de forma convincente os processos de codificação do hipocampo dos bebés em estímulos que, de certa forma, não são importantes para eles.”
Embora ainda não se saiba porque é que a codificação da memória parece ser mais forte nos bebés com mais de 12 meses, é provável que seja o resultado de grandes alterações que ocorrem no corpo.
“O cérebro do bebé sofre muitas alterações percetivas, linguísticas, motoras, biológicas e outras por esta altura, incluindo o rápido crescimento anatómico do hipocampo”, afirma Turk-Browne.
Turk-Browne e a sua equipa estão a trabalhar ativamente para testar a razão pela qual o cérebro é incapaz de recuperar estas memórias precoces ao longo da vida, mas especula que o processamento cerebral nos bebés pode sugerir que o hipocampo não está a receber os “termos de pesquisa” precisos para encontrar a memória tal como foi armazenada, com base nas experiências que o bebé estava a ter na altura.
O que é que esta fase significa para os pais?
Ghetti incentiva os pais a refletirem sobre o impacto que a infância tem nos seus filhos, mesmo que estes não consigam recuperar as memórias vividas numa idade tão precoce.
Os bebés estão a aprender imenso nesta idade, que é a forma como começam a assimilar uma língua inteira, associando sons a significados, diz Ghetti. Acrescenta ainda que os bebés estão também a formar expectativas em relação aos membros da família e a estudar as propriedades dos objetos e do mundo que os rodeia.
Os pais observam frequentemente este comportamento quando cantam a mesma canção ou leem o mesmo livro, o que, segundo Davachi, produz uma resposta familiar nas crianças mais velhas.
“A utilização da repetição com os bebés permite uma maior ligação entre os pais e o bebé”, refere Ghetti, por correio eletrónico.
Mesmo que não nos recordemos dessas memórias mais antigas quando nos tornamos adultos, é justo dizer que se está a aprender com essas experiências, o que pode ser verdade tanto para informações neutras como emocionais, sublinha Ghetti.
“Isto pode recordar aos pais que a infância não é um tempo ocioso e que os bebés estão a aprender muito”, sublinha Ghetti. “Oferecer oportunidades de exploração visual pode ser importante para cultivar as capacidades de aprendizagem.”