© Reprodução X @StratcomCentre Por Lusa 19/10/24
Um vídeo mostra dezenas de recrutas norte-coreanos a fazerem fila para recolherem uniformes e equipamento militar russo, noticia a agência Associated Press (AP), ressalvando que não conseguiu confirmar de forma independente a veracidade das imagens.
As autoridades ucranianas acreditam que o vídeo em questão visa intimidar a Ucrânia, marcando um novo capítulo numa guerra que dura há dois anos e meio, ao juntar-lhe um novo país.
De acordo com a AP, o vídeo foi obtido pelo Centro para Comunicação Estratégica e Segurança da Informação da Ucrânia, sob alçada do Ministério da Cultura e Informação.
"Recebemos este vídeo das nossas fontes. Não podemos fornecer verificação adicional das fontes que nos enviaram o vídeo, devido a questões de segurança", disse à AP o chefe do Centro para Comunicação Estratégica e Segurança da Informação da Ucrânia, Ihor Solovey.
O Centro alega que as imagens foram captadas por um soldado russo nos últimos dias, sendo a localização desconhecida.
"O vídeo mostra claramente cidadãos norte-coreanos a quem são dados uniformes russos, sob supervisão de militares russos. Para a Ucrânia este vídeo é importante porque é a primeira prova em vídeo que mostra a participação da Coreia do Norte na guerra, ao lado da Rússia. Não apenas com armas, mas também com pessoas", referiu Ihor Solovey.
A presença de soldados norte-coreanos na Ucrânia, a confirmar-se, é mais uma prova da intensificação dos laços militares entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un.
No verão, Putin e Kim Jong Un firmaram um tratado de parceria estratégica que compromete os dois países a fornecerem assistência militar um ao outro. Armas norte-coreanas já foram usadas na guerra da Ucrânia.
Este vídeo é tornado público no dia em que o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Andrii Sybiha, alertou que a participação de tropas norte-coreanas do lado da Rússia na guerra na Ucrânia representaria uma "enorme ameaça" numa maior escalada do conflito.
Os serviços de informações da Coreia do Sul anunciaram na sexta-feira que a Coreia do Norte decidiu enviar tropas em "número elevado" para apoiar a Rússia na operação de invasão da Ucrânia.
De acordo com os serviços de informações militares sul-coreanos, a Coreia do Norte vai enviar até 12.000 soldados para ajudar a Rússia, divulgando imagens de satélite que mostram o primeiro destacamento destes militares.
O crescente apoio de Pyongyang à guerra de Moscovo na Ucrânia, que vai "além da transferência de equipamento militar e se traduz no envio de tropas", representa "uma ameaça significativa à segurança não só da Coreia do Sul, mas também da comunidade internacional", afirmou o Presidente sul-coreano, Yook Suk Yeol, que convocou uma reunião de emergência para analisar a situação.
Num comunicado, os serviços de informações sul-coreanos alegam ter detetado, "entre 08 e 13 de outubro, que a Coreia do Norte transportou as suas forças especiais para a Rússia num navio de transporte da Marinha russa, confirmando o início da participação militar da Coreia do Norte" na guerra contra a Ucrânia.
Nesse comunicado lê-se que vários navios de desembarque e fragatas russos já concluíram o transporte do primeiro contingente de tropas norte-coreanas, que se encontram atualmente estacionados em bases militares no Extremo Oriente russo.
Estes soldados "devem ser destacados para as linhas da frente (do conflito ucraniano) assim que tenham concluído o seu treino de aclimatação", alegam as autoridades sul-coreanas.
"Isto parece ser uma tentativa de esconder o facto de que são soldados norte-coreanos, fazendo-os passar por soldados russos", acusa Seul.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a II Guerra Mundial (1939-1945).
O nível de colaboração militar entre Moscovo e Pyongyang tem sido motivo recorrente de suspeita nas capitais ocidentais, já que a Rússia é um dos poucos países do mundo que mantém relações com o regime secreto de Kim Jong-Un.