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Notícias ao Minuto 24/04/23
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo acusou os EUA de quererem minar os interesses dos países que não alinham com a sua política externa.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia disse, esta segunda-feira, que a ONU "está a ultrapassar uma crise profunda", devido à "aspiração de alguns dos membros da organização de substituir a carta da ONU por um estilo de ordem baseada por regras".
Sergey Lavrov falava na sede da ONU, em Nova Iorque, onde disse ser "simbólico realizar esta sessão dedicada ao multilateralismo e diplomacia, nesta data memorável".
"Daqui a duas semanas vamos comemorar 78 anos de vitória na Segunda Guerra Mundial, a derrota da Alemanha Nazi com o contributo decisivo do meu país que, com o apoio dos Aliados, permitiu criar as fundações da Ordem Mundial pós-Guerra", continuou Lavrov, passando a tecer fortes críticas ao papel dos Estados Unidos no panorama internacional.
Lavrov acusou "a fragmentação do comércio internacional, destruição dos mecanismos de mercado" e a "paralisia da Organização Mundial do Comércio", alegadamente resultantes das políticas internacionais de Washington.
Mais, o diplomata máximo de Moscovo criticou ainda uma transformação "descarada" do FMI num "instrumento dos objetivos dos EUA, incluindo objetivos militares". "Nas suas tentativas de afirmar o domínio através da punição dos desobedientes, os EUA começaram a destruir a organização", disse, acusando Washington, com o Ocidente "dominado", de aplicar "as suas regras sempre que é preciso justificar passos ilegítimos".
Lavrov passou a apontar as armas ao papel dos EUA em diferentes regiões no mundo, incluindo a Ásia e o Pacífico, onde "a linha de defesa da NATO como aliança defensiva está a deslocar-se para a costa ocidental".
"Os EUA estão a criar mecanismos de interferência na segurança marítima, procurando assegurar os interesses militares do ocidente no Mar do Sul da China", acusou o ministro russo.
Serguei Lavrov está, esta segunda-feira, em Nova Iorque para presidir a dois debates sobre multilateralismo e Médio Oriente, no âmbito da presidência russa do Conselho de Segurança da ONU.
A Rússia assumiu no início de abril a presidência mensal rotativa do Conselho de Segurança, tendo anunciado dois eventos durante a sua liderança: um debate aberto sobre a exportação de armas e equipamentos militares; e um debate de nível ministerial, presidido por Lavrov, sob o título "Multilateralismo eficaz através da defesa dos princípios da Carta da ONU", com um 'briefing' de Guterres.
A par de participar no debate sobre o multilateralismo, agendado para segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo vai presidir ao debate trimestral sobre a situação no Médio Oriente, com foco na questão da Palestina, no dia seguinte.
A Rússia (um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança com poder de veto) assumiu este mês a presidência rotativa do órgão, que tem capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo.
Nas últimas semanas, o representante permanente da Ucrânia junto das Nações Unidas, Sergiy Kyslytsya, apelou publicamente à organização para que não permitisse a presidência russa, mas sem sucesso.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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