“A perspetiva de evolução económica é altamente incerta devido à instabilidade política e à volatilidade dos preços do caju, a maior fonte de rencimento para mais de dois terços dos agregados familiares”, lê-se na mais recente avaliação do BAD à economia guineense.
Para além destas dificuldades, as previsões dos técnicos do principal banco de desenvolvimento em África também são arriscadas “devido à instabilidade bancária, aos preços do petróleo superiores às previsões e à grande dependência da agricultura que pode ser rprejudicada por fenómenos climatéricos adversos”.
O relatório sobre as economias africanas, que inclui uma parte especificamente sobre a Guiné-Bissau, alerta para os perigos da forte exposição dos bancos à dívida pública guineense, com a dívida interna a representar quase 40% do PIB deste pequeno país africano.
“As melhorias na gestão pública financeira são essenciais para evitar que o setor privado seja afastados dos investimentos pela presença do Estado na economia”, diz o BAD, alinhando com o Fundo Monetário Internacional na necessidade de conferir mais qualidade à gestão pública.
“A Guiné-Bissau enfrenta problemas profundamente enraizados de fraca governação e corrupção, que precisam de ser tratados para permitir que realize o seu potencial económico e melhore os padrões de vida da população”, refere, num comunicado enviado à imprensa, Concha Verdugo-Yepes, que liderou uma equipa do FMI que esteve em Bissau desde 18 de setembro até ao princípio de outubro para fazer uma avaliação às vulnerabilidades da governação no país.
Durante a sua estada em Bissau, a equipa do FMI reuniu-se com as autoridades políticas, representantes da comunidade internacional, sociedade civil e setor privado para fazer um diagnóstico preliminar às fraquezas de fiscalidade, regulação de mercado e combate à corrupção e branqueamento de capitais.
“Um primeiro passo para aquele objetivo é desenvolver uma estratégia nacional abrangente de combate à corrupção, focadas nos sistemas tributários, administração de receitas, Estado de Direito e no combate à corrupção e lavagem de dinheiro”, salientou a responsável do FMI no comunicado então enviado.
O BAD, por seu turno, acrescenta que “garantir um crescimento forte e inclusivo obriga a resolver as falhas nas infraestruturas”, já que “apenas 10% das estradas nacionais são asfaltadas, e a taxa de acesso à energia é de 14,7%”.
A pobreza afeta mais de 70% da população e a desiguldade de rendimento, medida pelo Índice Gini, foi estimada em 50,7 pontos, com as mulheres a continuarem marginalizadas no acesso ao crédito e à formação profissional, lamenta o BAD.
Nas últimas previsões sobre a evolução da economia, divulgadas durante os Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, em outubro, estes analistas antecipavam um crescimento do PIB da Guiné-Bissau de 5,5% este ano e 4,9% em 2020, com a dívida pública a manter-se ligiiramente abaixo dos 70%, ainda assim acima da média regional de 50%.
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