Por Fernando Casimiro
No passado dia 14 de Novembro, esbocei uma análise, que continuo a desenvolver, sobre posicionamentos e atitudes, das filhas de Amilcar Cabral, Fundador e Militante Número 1 do PAIGC, por achar, no meu entender, que se houve Guineenses, no nosso caso concreto, que traíram o Pensamento e a Acção de Amilcar Cabral, em prol da Independência da Guiné-Bissau e de Cabo-Verde, as filhas de Amilcar Cabral seriam as primeiras, de uma extensa lista, a serem apontadas como traidoras dos ideais do seu Pai biológico, e Pai da Nação Guineense.
Do que tenho estudado e acompanhado, desde há muitos anos, a veia hereditária da política não é hereditária e, muito menos, transmissível numa vertente educacional e civilizacional, com base em princípios e valores familiares.
Amilcar Cabral deixou um Legado, para todos os Guineenses e Cabo-Verdianos, mas sobretudo, para toda a África e para todo o Mundo!
Das suas filhas, enquanto extensões das suas raízes, esperava-se acima de tudo, o exemplo de Dignidade, Honestidade e Compromisso, perante os ideais de Amilcar Cabral, que deixaram de ser referências de acompanhamento e evolução quer no PAIGC, quer no Estado sonhado por Amilcar Cabral.
Nunca fizeram questão de distanciar o PAIGC de Amilcar Cabral, com o PAIGC do pós-14 de Novembro de 1980, aos dias de hoje.
Nunca publicaram/partilharam, em jeito de sensibilização, reflexões de Amilcar Cabral, no intuito de mostrar as grandes diferenças entre o PAIGC de Amilcar Cabral e os "demais" "paigcs" que foram surgindo.
Limitaram-se a entrar no jogo mais fácil. Ignorar Amilcar Cabral, porque o passado, a ser revisto, poderia e pode sempre trazer à ribalta, dissabores de vária ordem...!
Hoje, através de um vídeo, cuja protagonista é Iva Cabral, filha primogénita de Amilcar Cabral, designada Historiadora, vi e ouvi uns desacertos e inverdades da História da Guiné-Bissau e de Cabo-Verde, e por arrasto, sobre Amilcar Cabral e o PAIGC.
Mui humildemente, gostaria de sugerir à Dra. Iva Cabral, uma pausa para uma retrospectiva sobre o que fez alguma vez, de útil, para partilhar os ideais de Amilcar Cabral com o Povo Guineense, ao invés de estar a defender tudo o que Amilcar Cabral criticou em vida, e que já estava a acontecer no seu PAIGC.
Gostaria igualmente de questionar: Qual o papel, a participação e, ou, a importância, para a Guiné-Bissau (no campo político-partidário, ou numa perspectiva cidadã, de sensibilização e consciencialização dos Guineenses), das filhas de Amilcar Cabral, numa vertente de divulgação/promoção e afirmação, da continuidade dos ideais de Amilcar Cabral, ao invés de posicionamentos de conveniência e conivência, visando ganhos, por via de seus interesses, quiçá, suas ambições pessoais?
No vídeo que a tive acesso, Iva Cabral considerada Historiadora, demonstra desconhecimento da História de Cabo-Verde, e das suas pertenças.
Quando diz que" Cabo-Verde tinha uma elite desde a descoberta de Cabo-Verde..." De que elite está a falar a Historiadora?
De escravos, de colonos, de povos de outras proveniências, pois que, segundo a narrativa da História colonial portuguesa, Cabo-Verde foi povoado por escravos, maioritariamente oriundos da Guiné?
Quem seriam então as elites Cabo-verdianas, desde a sua descoberta, como afirma a Historiadora?
A meu ver, há fazes para tudo, em função das nossas capacidades físicas e intelectuais.
Quando não conseguimos discernir, por via dos nossos interesses e das nossas conveniências, não devemos pôr em causa, os valores supremos que nos devem nortear e, sobretudo, valores intrínsecos, ainda que não partilhados geneticamente.
Lamento que, por via de interesses (e sei do que estou a falar, mas que não importa neste texto), Amilcar Cabral tenha sido, e continue a ser traído, pelas suas extensões genéticas, mais do que, pelo próprio Povo Guineense!
Nunca li, vi ou ouvi, nenhuma crítica das filhas de Amilcar Cabral ao PAIGC, porém, Amilcar Cabral, Fundador e Militante Nº. 1 do PAIGC foi sempre o maior crítico do PAIGC...!
Seja como for, Amilcar Cabral será sempre um PATRIMÓNIO Nacional e Mundial, e não, apenas, pai das suas filhas e, ou, Fundador e militante Nº 1 do PAIGC...
Quando deveriam afirmar-se como activistas visando a continuidade dos ideais de Amilcar Cabral, decidiram trair esses ideais, em nome dos seus interesses.
Positiva e construtivamente.
Didinho 06.12.2019
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