O sindicato dos trabalhadores da Guiné Telecom acusou hoje o Banco Mundial de alegada intervenção para inviabilizar o relançamento da empresa, que tem cinco anos de salários em atraso e já viu morrerem 27 colaboradores.
Em nota a que a Lusa teve acesso, em nome dos trabalhadores da Guiné Telecom (rede fixa) e Guinetel (rede móvel), o Banco Mundial é apontado como estando, alegadamente, a impedir que uma empresa internacional invista 90 milhões de euros para o relançamento das duas companhias guineenses falidas.
O sindicato afirma que o Banco Mundial "está a aconselhar o Governo" da Guiné-Bissau no sentido de este não assinar um acordo de parceria que o grupo Publenis estaria a propor ao país africano para o relançamento da Guiné Telecom e Guinétel.
"Qual a responsabilidade do Governo (da Guiné-Bissau) e do Banco Mundial face à morte lenta dos funcionários das duas empresas que já levam cinco anos sem salário e com mais de 27 óbitos?", questionam.
Os trabalhadores das duas empresas guineenses querem a intervenção do Presidente do país, José Mário Vaz, para "ultrapassar o assunto".
Segundo dizem, o grupo Publenis "apresentou uma proposta concreta" de recuperação das duas empresas, que passaria por um investimento de 90 milhões de euros que dariam para liquidar todo passivo e ainda aplicar na aquisição de equipamentos de ponta.
O investimento não acarretaria custos para o Estado guineense, afirma o sindicato dos trabalhadores que acusa ainda o Banco Mundial de não levar em conta as duas empresas na constituição de um consórcio que vai gerir a sociedade do cabo submarino na Guiné-Bissau.
Em julho passado, o Banco Mundial disponibilizou um empréstimo de 35 milhões de dólares ao Governo guineense para financiar a ligação do país ao cabo submarino para o transporte de Internet em fibra ótica.
Foi constituído um consórcio entre duas operadoras privadas de telefones móveis para gerir aquela infraestrutura.
O sindicato da Guiné Telecom afirma-se preocupado com as indicações de que, contrariamente ao que foi dito no lançamento do projeto, a amarração do cabo submarino não irá acontecer nas águas territoriais do Senegal, mas sim, dizem, na terra firme daquele país.
"Quem garante que o Senegal não vai inspecionar os dados e as informações que vão circular nesta infraestrutura", questiona o sindicato, que dá segunda-feira uma conferência de imprensa.
dn.pt/lusa
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