sábado, 29 de novembro de 2025

Estamos a envelhecer mais depressa: há idades em que ocorrem "mudanças realmente drásticas"

Por sicnoticias.pt

Uma das formas de medir a rapidez com que alguém está a envelhecer é medindo a sua idade biológica. Com estes testes é possível perceber que o número de anos que os parâmetros biológicos indicam nem sempre correspondem à idade cronológica. Estudos indicam que há alturas da vida em que o processo de envelhecimento acelera, ou seja, existem fases em que tendencialmente se verificam mudanças significativas.

O ser humano está a envelhecer mais depressa. O tema tem sido alvo de vários estudos ao longo dos últimos anos, com os cientistas a perceber uma tendência preocupante no envelhecimento biológico: as pessoas estão a ficar mais velhas mais rápido. 

De acordo com um artigo publicado na revista New Scientist, quem nasceu na década de 60 está a envelhecer mais rápido do que os que nasceram 10 anos antes e isso acaba por ter influência na resistência do sistema imunológico. Doenças que antes eram consideradas apenas de pessoas mais velhas estão a tornar-se cada vez mais comuns em pessoas mais jovens. 

"Os casos de cancro estão a aumentar em populações mais jovens, pessoas com menos de 40 anos têm mais ataques cardíacos e mais diabetes", afirma Paulina Correa-Burrows, epidemiologista social da Universidade do Chile à New Scientist. E porquê? "Porque estamos a envelhecer mais rápido."

E como acompanhar o processo?

Uma das formas de medir a rapidez com que alguém está a envelhecer é medindo a sua idade biológica. O processo deve ser feito mais do que uma vez - em espaços de tempo de meses ou anos. Com estes testes é possível perceber que o número de anos que alguém viveu, ou seja, a idade cronológica, nem sempre é um bom indicador do processo de envelhecimento, até porque esse número pode estar longe da realidade. 

Os testes mais fidedignos, segundo disse Antonello Lorenzini à revista científica, serão os relógios epigenéticos que analisam as modificações no ADN. São biomarcadores estatísticos que utilizam padrões epigenéticos - alterações que modificam a expressão génica sem alterar a sequência de ADN - para prever sinais de envelhecimento e estimar a sua idade biológica. 

Em algumas pessoas os resultados entre a idade cronológica e a biológica podem fazer uma boa correspondência, mesmo assim, há casos de pessoas em que os resultados mostram, por exemplo, uma diferença de dez anos.

No entanto, é preciso considerar que estes resultados não são definitivos porque ao contrário da idade cronológica, sempre fixa porque são os anos em que uma pessoa viveu, a biológica pode ter oscilações ao longo do tempo. Daí a necessidade de fazer mais do que uma medição ao longo do tempo.

Os picos dos 40 e dos 60

Segundo um estudo publicado na revista Science Alert, não mudamos "apenas gradualmente ao longo do tempo", mas há "algumas mudanças realmente drásticas" que acontecem por volta dos 44 e dos 60 anos. 

O estudo acompanhou 108 adultos que ao longo de alguns anos foram doando amostras biológicas. A investigação permitiu perceber que no caso de algumas doenças, como o Alzheimer ou problemas cardiovasculares, o risco não aumenta apenas gradualmente, mas em certas idades há uma aceleração acentuada. 

Os investigadores concluíram que aproximadamente 80% de todas as moléculas estudadas demonstraram alterações em duas fases distintas: aos 44 e novamente aos 60. 

No primeiro caso, o estudo mostra alterações em moléculas relacionadas com o metabolismo de lípidos, cafeína e álcool, bem como disfunções na pele e nos músculos. Nas mulheres, acontece porque começam a passar pela menopausa (apesar dos investigadores descartaram esse como um fator primordial). 

"Isso sugere que, embora a menopausa ou a perimenopausa possam contribuir para as mudanças observadas em mulheres na faixa dos 40 anos, provavelmente existem outros fatores mais significativos que influenciam essas mudanças tanto em homens quanto em mulheres", explicou um dos autor do estudo, Xiaotao Shen, à revista.

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