Vadym Sukharevskyi, comandante das Forças de Sistemas Não Tripulados da Ucrânia, em Kiev em agosto. Viktor Fridshon/Global Images Ukraine/Getty Images/File
Chama-se 'Tridente' e "funciona mesmo", garantem as forças armadas da Ucrânia
A Ucrânia desenvolveu uma arma laser capaz de abater alvos a mais de dois quilómetros de distância, afirmou o comandante das forças de drones do país.
Vadym Sukharevskyi, comandante dos sistemas não tripulados das Forças Armadas da Ucrânia, afirmou esta semana numa cimeira de defesa em Kiev que “hoje já podemos abater aeronaves com este laser a uma altitude superior a dois quilómetros”.
“Funciona mesmo, existe mesmo”, disse, segundo a agência noticiosa Interfax-Ucrânia, acrescentando que estavam a ser feitos esforços para aumentar a escala e as capacidades da arma.
O laser tem o nome de Tryzub, ou “tridente” em ucraniano, uma alusão ao símbolo nacional da Ucrânia que representa independência, força e unidade.
Sukharevskyi não forneceu mais pormenores sobre o laser Tryzub e a CNN não pode verificar as suas afirmações. No entanto, especialistas disseram à CNN que a existência do Tryzub é “viável”.
Patrick Senft, da Armament Research Services, uma empresa de consultoria de inteligência técnica especializada em pesquisa de armas e munições, disse à CNN que, embora pouco se saiba sobre o sistema Tryzub, “é inteiramente viável para a Ucrânia desenvolver uma arma funcional de energia dirigida (DEW) capaz de destruir alguns alvos aéreos”.
“Isto é particularmente possível através da utilização de lasers de soldadura comerciais, prontos a usar, combinados com outras tecnologias disponíveis”, observou Senft, apontando para o Sistema de Armas a Laser da Marinha dos EUA (LaWS) que tem operado a distâncias comparáveis desde 2014.
Senft explicou que as armas de energia dirigida a laser (DEW) foram particularmente eficazes contra os drones lentos e de baixa altitude utilizados pela Rússia, uma vez que esses drones são constituídos por componentes relativamente frágeis e vulneráveis ao calor.
A baixa altitude e o padrão de voo estável dos UAV que voam baixo, como os drones de ataque unidirecional Shahed-136/Geran-2, “tornam-nos particularmente susceptíveis à exposição sustentada ao laser”, observou Senft, “uma vez que a arma pode concentrar a energia num ponto específico para destruir componentes críticos”.
Senft acrescentou que essas armas têm duas limitações fundamentais, relacionadas com a velocidade a que o alvo se desloca e com a forma como os lasers perdem energia à medida que se deslocam. Alvos que se movem mais rapidamente ou resistentes ao calor (por exemplo, projéteis de artilharia, mísseis balísticos) são muito mais difíceis de neutralizar e exigem um sistema mais avançado.
Fabien Hoffmann, do Projeto Nuclear de Oslo (ONP), afirmou que existem vários desafios técnicos para a implantação de um sistema laser eficaz para combater drones ou mísseis.
Estes desafios incluem a superação de questões relacionadas com a força do raio laser e o arrefecimento do sistema, a absorção atmosférica e a reflexão do raio laser (por exemplo, devido a nuvens ou chuva) e um fenómeno conhecido como “florescimento térmico”. O florescimento térmico ocorre quando o raio laser aquece o ar circundante, provocando a sua dispersão, o que reduz a sua potência e eficácia para danificar o alvo”, explicou.
“Para avaliar a sua eficácia numa função de defesa antimíssil, teremos de ver como funciona na prática”, acrescentou Hoffmann.
Apenas alguns países estão na posse de armas laser, incluindo os EUA, a China e Israel.
O Reino Unido também está atualmente a desenvolver o seu próprio sistema de armas laser, denominado DragonFire, que deverá estar operacional em 2027.
Em abril, o ex-ministro da Defesa Grant Shapps afirmou que o DragonFire poderia ser utilizado na Ucrânia para combater os drones russos, segundo a Reuters.
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