quinta-feira, 1 de abril de 2021

Sabe quem inventou o Dia das Mentiras?


As opiniões divergem mas uma coisa é certa. O hábito de contar histórias e inverdades e de pregar partidas nesta data tem mais de 400 anos. Vai assinalá-la este ano? Em várias partes do mundo, são muitos os que levam esta tradição (muito) a sério!

Tem o hábito de contar mentiras e de pregar partidas no dia 1 de abril? Não é o único! Um pouco por todo o mundo, são muitos os que levam esta data muito a sério. Para esses, esta é uma ocasião perfeita para brincar com familiares, amigos e até com os colegas de trabalho, que são muitas vezes as pessoas mais à mão, enganando-os por diversão. Adivinhar qual a inverdade do dia publicada por sites e jornais é outro dos hábitos já instituídos.

As origens do Dia das Mentiras são incertas. Muitos investigadores associam, contudo, a data ao papa Gregório XIII, que em 1582 quis substituir o calendário juliano pelo gregoriano. O dia de ano novo passou a ser assinalado a 1 de janeiro, em vez do fim de março, embora na altura muitas pessoas continuassem a festejá-lo a 1 de abril. Uma mentira que, segundo muitos, pode afinal ter dado origem à tradição de mentir nesta data.

Uma falta de informação e conhecimento que fez com que, na Grã-Bretanha, esses alegados incultos passassem a ser gozados e apelidados de april fools, os loucos de abril em tradução literal, sendo ainda hoje o Dia das Mentiras conhecido nos países anglo-saxónicos como April Fool’s Day, uma data muito popular. Uma outra corrente associa esta data aos festivais de primavera que assinalavam o fim do inverno, onde os foliões libertavam alguma da loucura contida durante os meses de frio, aproveitando para ludibriar os outros.

São muitos os países que valorizam o Dia das Mentiras, como é o caso da Polónia, da Escócia e até, surpreendentemente, do Irão. Em França, a data tem o nome de Poisson d’Avril, peixe de abril em tradução literal. Nas escolas, muitos alunos têm o hábito de colar o desenho de um peixe nas costas dos colegas sem que estes se apercebam, rindo-se discretamente deles. Algumas regiões italianas também já adotaram esta brincadeira.

O Dia das Mentiras noutras partes do mundo

Na Escócia, a data tem o nome de Huntigowk Day, sendo gowk a palavra usada pelos escoceses para se referirem ao cuco ou a uma pessoa tola. Muita gente aproveita o dia para passar a tarde no exterior com os amigos, com muitas partidas, piadas e graçolas pelo meio. Na Índia, o festival Holi, a 31 de março, um dos mais animados do país, já frequentado por muitos turistas, é a oportunidade ideal para lançar pós coloridos.

Em Portugal, nalgumas regiões, antigamente, neste dia, era atirada farinha. Uma prática inspirada no evento indiano que algumas organizações já tentaram reproduzir em território nacional. Na Dinamarca, na Finlândia, na Noruega e na Suécia, o Dia das Mentiras é marcado, sobretudo nas zonas mais rurais, por fogueiras, celebrando a chegada da primavera e a (muito) ligeira subida nas temperaturas que por lá se verifica.

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Somos todos mentirosos? Um especialista diz que sim e que é sinal de inteligência

Revista Saber Viver 31 mar 2021 22:06

Cada pessoa mente, em média, entre uma a duas vezes ao longo do dia. Mais do que um mero ato de esperteza e até de mesquinhez, mentir é um imperativo de sobrevivência. Ian Leslie, autor de um livro sobre o assunto, explica porquê.

Cada pessoa mente, em média, uma a duas vezes por dia, de acordo com vários estudos internacionais. Se pensa que chamar mentiroso a alguém é um dos piores insultos, então é melhor continuar a ler. Ao contrário do que se julga, mentir é um talento inato ao ser humano, uma habilidade que o distingue dos restantes animais e que até pode ser encarada como sinal de inteligência. Mais do que um mero ato de esperteza, mentir é um imperativo de sobrevivência.

Num dos livros que publicou, "Born liars: Why we can't live without deceit", Ian Leslie, escritor e colaborador em jornais de referência como The Guardian e The Times, viajou ao universo da mentira, desde os tempos da era paleolítica às mais recentes descobertas científicas, apresentando a mecânica por detrás deste ato e sem fugir a algumas questões controversas, como a mentira na infância. Será correto aceitar uma mentira de uma criança?

A grande viragem na arte da dissimulação

Segundo os especialistas que Ian Leslie cita no livro, a grande viragem na arte da dissimulação dá-se por volta dos quatro anos. Antes disso, a mentira pode surgir na criança, mas é, geralmente, de tal forma instintiva e instantânea que, por vezes, se torna cómica de tão óbvia que é para os adultos. Aos quatro anos, a criança começa a perceber que os outros não pensam necessariamente como ela, abrindo assim caminho para outras realidades mais vantajosas.

"A questão de como as crianças aprendem a não mentir é tão interessante quanto a de saber como aprendem a mentir", refere o autor, que, naquela que é uma das suas obras literárias mais emblemáticas, sugere algumas estratégias para lidar com o problema, que deve ler. As diferenças físicas e orgânicas estão também presentes. Os mentirosos têm, em média, mais matéria branca no cérebro, asseguram os cientistas que estudaram a mentira.

As fibras responsáveis por estabelecer ligações

O ato de mentir é influenciado pelos neurónios que (não) possuímos. "Quanto mais redes neuronais existem, mais variado e original é o fluxo de pensamento de uma pessoa e mais elevadas são as suas capacidades verbais", refere o especialista. Os sinais que, à partida, podem denunciar um mentiroso, entre outros aspetos, são analisados à luz da ciência ou tomando como exemplo casos reais e até cenas extraídas de livros ou de filmes, muitos deles emblemáticos.

Por isso, não se espante se der de caras com Marlon Brando, Roman Polanski ou até Fernando Pessoa. Ficamos a conhecer a evolução das máquinas de detetar mentiras e por que razão muitas delas falham. Percebemos como o cérebro consegue constantemente enganar-nos e apresentar-nos um mundo que não é realmente aquele que vemos ou sentimos. E podemos identificar pessoas com quem nos tenhamos cruzado ou até, quem sabe, reconhecer-nos.

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