O primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian, admitiu este sábado, 18 outubro de 2020, que talvez por falta de sensatez para resolver os problemas internos do país, a Guiné-Bissau aparece como o último país da Costa Ocidental da África a conectar-se ao cabo submarino que liga África a Europa (ACE).
O chefe de governo falava depois da visita à Estação Terrena onde foi amarrado o cabo submarino em fibra ótica e o Centro de Transmissão, ainda em construção, na localidade de Suru, setor de Prabis, região de Biombo a 23 quilómetros de Bissau.
Aos jornalistas, Nabian disse ter recebido informações em como o Centro de Transmissão será o coração da comunicação da Guiné-Bissau e a partir do qual vai ser desdobrado o cabo ótico terrestre para Antula [ponto de OMVG), porque “tudo o que tem a ver com a tecnologia de comunicação para o internacional passará pelo centro de transformação de Suru”.
“O cabo submarino permitirá o país ter uma conexão e comunicação mais estáveis com o exterior”, realçou para de seguida assegurar que o governo vai reforçar a segurança do Centro de Transformação de Suru.
Para a execução do projeto, a Guiné-Bissau teve um empréstimo de Banco Mundial (BM) para poder se conectar a um dos cabos submarinos internacionais do consórcio (sociedade) ACE (África to Cost Europe), do qual o grupo Orange é acionista majoritário.
Dados indicam que o valor do empréstimo é de 35 milhões de dólares americanos, dos quais 31,5 dedicados aos trabalhos de cabos submarinos. Porém, segundo Rui Duarte Barros, PCA da Sociedade de Cabos da Guiné-Bissau (SCGB SA) que integra o Governo da Guiné-Bissau, a Orange e a MTN, os trabalhos de construção do Centro de transformação poderão estar concluídos em fevereiro de 2021.”
“A capacidade de internet alocada para Guiné-Bissau permitirá fazer telemedicina, estudos à distância, a governação eletrónica, enfim, “uma revolução total”.
Informações na posse de O Democrata indicam que o Banco Mundial terá condicionado o empréstimo à criação de um consórcio com a participação do setor privado para gerir o cabo, tendo em conta a experiência do projeto de género nos outros países.
Foi constituída a Sociedade de Cabos da Guiné-Bissau (SCGB, SA) em maio de 2018. O governo da Guiné-Bissau detém 49% do capital com 3 administradores, MTN 25,5% com 2 administradores, ORANGE 25,5% também com 2 administradores. O conselho de administração é presidido por Rui Duarte de Barros e a direção executiva será gerida pelos operadores privados.
Segundo as informações, os trabalhos em Suru deveriam ter terminado em junho deste ano, mas por causa da Covid-19 registou-se um atraso que agora poderá condicionar o fim dos trabalhos, prolongando-os até maio de 2021, de acordo com o plano atualizado da empresa executora “Alcatel Submarine Networks”.
O Democrata soube de uma fonte que o conselho de administração da SCGB SA está caduco desde 22 de maio de 2020 e que a assembleia-geral da sociedade não foi realizada para renovar o conselho de administração, porque o acionista Governo da Guiné-Bissau, não indigitou até agora, através do Conselho de Ministros, a figura que vai lhe representar na Assembleia Geral. “Isso pode atrasar a finalização dos trabalhos”, lamenta a fonte.
Entretanto, uma parte da cotização escalonada dos operadores de telecomunicações, como participação no capital social da sociedade SCGB, é destinada para estruturação da Guinetel e Guiné-Telecom, indicou a fonte.
Por O Democrata