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Por LUSA 31/10/20
Cerca de 7,5 milhões de costa-marfinenses vão hoje às urnas numa eleição marcada por receios de violência e ameaças de boicote da oposição, que contesta a recandidatura a um terceiro mandato do Presidente cessante.
No país vivem cerca de 300 portugueses, que aguardam "tranquilos", mas "vigilantes" o decorrer da votação de hoje, que deverá dar a vitória logo na primeira volta ao atual chefe de Estado, Alassane Ouattara.
A partir da embaixada de Portugal em Dacar, no Senegal,- que tem a jurisdição da Costa do Marfim - o governo português está a acompanhar o evoluir da situação de segurança, recomendando aos portugueses que mantenham a calma, cumpram as orientações das autoridades locais e evitem ajuntamentos populares, além de se manterem em contacto com missão diplomática.
Desde agosto, altura em que Ouattara, anunciou a sua recandidatura, vários incidentes e confrontos causaram já cerca de 30 mortes, reforçando os receios de uma escalada de violência étnica, dez anos após a crise pós-eleitoral de 2010 de que resultaram 3.000 mortos.
Desde há uma semana, estão destacados 35 mil elementos das forças de segurança para assegurar as operações das eleições presidenciais de 31 de outubro e cerca de 40 observadores da União Africana e cerca de 90 da Comissão Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) estão já no país.
Sobre o escrutínio paira a incerteza, com oposição a considerar "inconstitucional" a candidatura de Alassane Ouattara e a apelar à "desobediência civil" e ao "boicote ativo" às eleições, garantindo que a votação não realiza.
O Presidente Alassane Ouattara, 78 anos, no poder há 10 anos, concorre contra o antigo chefe de Estado Henri Konan Bédié (no cargo de 1993 a 1999), de 86 anos.
Os dois candidatos mais jovens na corrida são o ex-primeiro-ministro de Gbagbo, Pascal Affi N'Guessan, 67 anos, e o independente Kouadio Konan Bertin, 51 anos, cujas candidaturas têm, segundo os analistas, poucas possibilidades.
Apenas quatro das 44 candidaturas apresentadas foram validadas pelo Conselho Constitucional, que deixou de fora outro dos líderes históricos do país, o ex-Presidente Laurent Gbagbo, 75 anos, no poder de 2000 a 2010, recentemente absolvido pelo Tribunal Penal Internacional.
O Presidente Ouattara tinha prometido entregar o poder à "nova geração", encarnada, segundo ele, pelo seu primeiro-ministro Amadou Gon Coulibaly, 61 anos, mas a sua morte súbita, bem como a candidatura de Bédié fizeram-no mudar de ideias e recandidatar-se.
Ausentes destas eleições presidenciais estão também dois homens que querem encarnar a próxima geração: o ex-líder rebelde e ex-primeiro-ministro Guillaume Soro, 48 anos, que viu a sua candidatura invalidada, e o ex-líder dos Jovens Patriotas, Charles Blé Goudé, da mesma idade, que preferiu posicionar-se para as próximas eleições.
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ONG denuncia morte de mais de 20 pessoas em véspera de eleições
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A organização não-governamental (ONG) internacional Human Rights Watch disse hoje que mais de 20 pessoas foram mortas, na sequência de violência intercomunitária e política, em vésperas de eleições presidenciais na Costa do Marfim, que se realizam no sábado.
"OGoverno da Costa do Marfim tem proibido manifestações públicas desde 19 de agosto, e as forças de segurança têm interrompido à força protestos da oposição e prendido manifestantes", adiantou a Human Rights Watch (HRW) num comunicado emitido de Nova Iorque.
Segundo a diretora adjunta para África da HRW, Ida Sawyer, citada na nota, "a história recente da Costa do Marfim vem realçar a necessidade de as autoridades fazerem o seu melhor para garantirem que as eleições presidenciais não pressagiem um regresso à violência intercomunitária e política generalizada".
Assim, a ONG apelou a que as autoridades assegurem que "todos possam manifestar-se pacificamente e exprimir as suas preocupações sem interferência".
Por outro lado, defendeu que "as forças de segurança devem usar de contenção, nunca da força excessiva, e em vez disso trabalhar para proteger todos os manifestantes, independentemente da sua etnia ou filiação política".
Além disso, "os responsáveis governamentais e das forças de segurança e os líderes políticos não devem utilizar linguagem suscetível de incitar ao ódio ou à violência étnica", sublinhou a HRW.
A ONG defendeu que "os responsáveis pelo uso excessivo da força, pelo recrutamento de bandidos para cometer atos violentos, e outras violações dos direitos humanos, deveriam ser imparcialmente investigados e responsabilizados".
Um comunicado de alerta, na véspera de umas eleições conturbadas na Costa do Marfim.
Cerca de 7,5 milhões de costa-marfinenses vão no sábado às urnas numa eleição marcada por receios de violência e ameaças de boicote por parte da oposição, que contesta a recandidatura do Presidente cessante a um terceiro mandato, considerado inconstitucional.
Desde agosto, altura em que o atual chefe de Estado, Alassane Ouattara, anunciou a sua recandidatura, vários incidentes e confrontos causaram já cerca de 30 mortes, reforçando os receios de uma escalada de violência étnica, 10 anos após a crise de 2010 de que resultaram 3.000 mortos.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, também apelou para que as eleições presidenciais de sábado na Costa do Marfim sejam "conduzidas pacificamente", numa altura em que surgem novos relatos de incidentes no país.