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POR LUSA 19/04/23
O Governo britânico afirmou hoje levar "extremamente a sério" a possível existência de esquadras de polícia chinesas a operar no seu território, após revelações na imprensa sobre as atividades de um empresário chinês em Londres.
O jornal britânico The Times publicou na terça-feira um artigo sobre Ruiyou Lin, um empresário chinês que gere um negócio de entrega de produtos alimentares no bairro de Croydon, no sul de Londres, que também está alegadamente a operar como um posto de polícia chinesa não declarado.
O jornal detalha ligações de Lin ao Partido Conservador britânico no poder, mostrando fotografias junto dos antigos primeiros-ministros Boris Johnson e Theresa May.
O The Times adianta que o empresário chinês é próximo do Partido Comunista Chinês, mas Lin nega trabalhar para a China.
O Ministério do Interior britânico afirmou que as notícias de "alegadas 'esquadras de polícia' não declaradas que operam no Reino Unido são obviamente muito preocupantes e são levadas extremamente a sério".
Estas instalações permitem alegadamente aos cidadãos chineses realizar certas tarefas administrativas, mas seriam também utilizadas para localizar opositores do regime.
"Nenhuma tentativa de coagir, intimidar ou repatriar ilegalmente indivíduos será tolerada", disse o secretário de Estado do Ministério do Interior, Chris Philip, no parlamento.
O governante disse que a China e outros Governos estão a tentar "silenciar os seus críticos no estrangeiro, minar a democracia e o Estado de Direito e fazer avançar os seus próprios interesses geopolíticos".
O Ministério do Interior e a polícia de Londres lançaram investigações sobre o assunto após o grupo de defesa dos direitos humanos Safeguard Defenders ter pormenorizado a existência de tais esquadras de polícia no ano passado.
A diretora de campanha do grupo com sede em Madrid, Laura Harth, disse à agência AFP que o Ruiyou Lin tinha "ligações claras e demonstráveis com o aparelho do Partido Comunista Chinês", apelando ao lançamento de investigações.
Reagindo ao artigo do The Times, a embaixada chinesa em Londres disse que já tinha afirmado "repetidamente que não existem as chamadas esquadras de polícia no estrangeiro" e criticou os meios de comunicação social por fazerem "falsas acusações".
"A China adere ao princípio da não ingerência nos assuntos internos de outros países, observa estritamente as leis internacionais e respeita a soberania de todos os países", acrescentou.
As revelações na imprensa britânica acontecem depois das autoridades norte-americanas terem revelado na segunda-feira a detenção de dois homens no âmbito de uma investigação policial federal sobre uma "esquadra de polícia" chinesa ilegal em Nova Iorque.
Várias dezenas de pessoas foram também acusadas, incluindo funcionários do Governo chinês, de assédio cibernético.
Na terça-feira, o Governo chinês chamou à operação da justiça dos Estados Unidos uma "manipulação política".
O secretário de Estado britânico adiantou existir informação de que existem cerca de 100 alegadas esquadras de polícia deste tipo em todo o mundo, mas recusou adiantar mais detalhes enquanto decorrerem as investigações.
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