A enzima denominada protease não só tem a forma de coração, como funciona realmente como o 'coração' do novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença da Covid-19.
Um grupo de investigadores do Laboratório Nacional Oak Ridge, nos Estados Unidos, realizou medições de raios-X à temperatura ambiente da principal protease do SARS-CoV-2, que possibilita a reprodução e sobrevivência do vírus, segundo um artigo publicado na revista Galileu.
No estudo divulgado na revista científica Nature Communications, os académicos publicaram imagens da enzima que se parece com um coração.
Segundo Andrey Kovalevsky, co-autor da pesquisa, num comunicado emitido à imprensa: "a proteína tem o formato de um coração e é realmente o 'coração' do vírus, já que possibilita a sua reprodução e disseminação".
"Se inibirmos essa protease, o vírus não consegue fabricar as proteínas de que necessita para se replicar. É por isso que esta enzima é um elemento extremamente relevante para a formulação de medicamentos", disse Kovalevsky.
© Andrey Kovalevsky/ORNL, U.S. Dept. of Energy
Conforme explica a Galileu, de modo a construírem um modelo da proteína os cientistas tiveram de identificar cada elemento na sua estrutura e como estes se organizam. Nesse sentido, o uso de raios-X foi a escolha óbvia já que com estes aparelhos é possível detetar elementos pesados, como átomos de carbono, oxigénio e nitrogénio.
Os investigadores cultivaram as moléculas em cristais criogenados e recorreram a uma máquina de raios-X com menor luminosidade para conseguirem estender o tempo de vida das amostras e medi-las à temperatura ambiente.
Imagens de raio-X da principal protease do Sars-CoV-2 identifica diferenças na proteína à temperatura ambiente (laranja) e quando congelada criogénica (branca)
© Jill Hemman/ORNL, U.S. Dept. of Energy
"Tal é significativo porque está mais próximo da temperatura fisiológica em que as células operam", afirmou Kovalevsky.
De acordo com o investigador Leighton Coates: "os nssos dados de temperatura ambiente estão a ser usados para construir um modelo mais preciso para essas simulações e melhorar o design de medicamentos".
Por LILIANA LOPES MONTEIRO
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