sexta-feira, 4 de outubro de 2019

VACINA CONTRA A GRIPE - Vacina sem agulha. Cientistas criam adesivo que previne a gripe

Há aproximadamente duas décadas, cientistas têm estudado a vacinação com uma abordagem livre de agulhas, mas nenhuma tecnologia desenvolvida alcançou eficácia suficiente para ser utilizada em massa, pelo menos até agora.


Benjamin L. Miller, professor de dermatologia no Centro Médico da Universidade de Rochester no estado de Nova Iorque, nos EUA, é o principal autor de um novo artigo científico sobre vacinas adesivas contra a gripe. 

O artigo, publicado no periódico científico Journal of Investigative Dermatology, fala sobre uma invenção com potencial para substituir o método atual de vacinação com agulhas. Os adesivos dispensam a aplicação por um profissional da saúde e não produzem resíduos de risco biológico, como as seringas.

Para o investigador o próximo passo será testar esses adesivos nos seres humanos.

Pele, a maior defesa do corpo humano

É importante ressaltar que desenvolver uma tecnologia capaz de transportar grandes moléculas, como as proteínas da vacina contra a gripe, pela pele se trata de um enorme desafio, afinal, a derme tem o objetivo de manter ‘agentes estranhos’ fora do corpo, e não deixá-los entrar.

Lisa A. Beck, co-autora do artigo e também professora de dermatologia, descobriu que uma proteína chamada claudin-1 induz a fortificação da barreira e, por outro lado, reduz a permeabilidade da pele. Apesar da descoberta, era preciso criar um cenário perfeito em que a barreira fosse rompida apenas por tempo suficiente para libertar as proteínas contra a gripe, sem permitir que agentes indesejados entrassem.

A porta de entrada

Após várias pesquisas conduzidas em roedores, os cientistas conseguiram criar a versão ideal do adesivo, de modo que a vacina fosse ‘injetada’ adequadamente sem que uma situação de vulnerabilidade fosse provocada no sistema imunitário. "Quando aplicamos o adesivo com o peptídeo (que inibe a claudin-1), a pele do rato tornou-se permeável por um curto período de tempo", declarou Matthew Brewer, outro coautor do artigo. “Mas assim que o adesivo foi removido, a barreira da pele começou a fechar-se. Após 24 horas, a pele voltou ao normal — o que é uma ótima notícia do ponto de vista de segurança”.

A democratização das vacinas

As vacinas atuais são eficazes, mas exigem que profissionais especializados de saúde as apliquem, o que causa barreiras à vacinação sobretudo em países em vias de desenvolvimento. "Esses países não têm mão de obra para vacinar populações inteiras", declarou Lisa Beck. "Além disso, há uma aversão aos cuidados de saúde em muitas dessas comunidades. Uma agulha é dolorosa, é invasiva e dificulta as coisas quando lida com um viés cultural que tem resistências à medicina preventiva". Nesse contexto, então, um adesivo contra a gripe seria uma maneira não invasiva de administrar vacinas de forma rápida e barata a um grande número de pessoas.

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NAOM

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