Por LUSA
As mulheres protestavam na segunda-feira numa importante via do município de Lamurde, em Adamawa, quando os soldados dispararam contra elas após terem sido impedidos de passar, relataram testemunhas e familiares das vítimas à agência Associated Press (AP).
Outras dez pessoas ficaram feridas no tiroteio, disseram testemunhas à AP, que divulgou que não conseguiu verificar de forma independente o sucedido.
Em comunicado, o Exército nigeriano negou ter morto alguém e atribuiu as mortes a uma milícia local que, segundo a organização, abriu fogo na zona.
O gabinete da Amnistia Internacional na Nigéria confirmou que os soldados mataram as nove manifestantes, citando relatos de testemunhas e familiares das vítimas.
"Isto demonstra que as forças armadas nigerianas não mudaram muito, devido ao seu historial de violações dos direitos humanos e de desrespeito pelo Estado de Direito", salientou Isa Sanusi, diretor da Amnistia Internacional na Nigéria.
Estes assassinatos são comuns em toda a Nigéria, onde os soldados, frequentemente mobilizados em resposta a protestos e confrontos, são geralmente acusados de uso excessivo da força.
Os protestos contra a brutalidade policial em Lagos, o centro económico da Nigéria, em 2020, terminaram no que uma investigação determinada pelo Governo descreveu como um massacre, depois de os soldados terem aberto fogo no local do protesto.
O incidente mais recente ocorreu no meio de um recolher obrigatório imposto pelas autoridades em Lamurde, após frequentes confrontos entre os grupos étnicos Bachama e Chobo, de Adamawa, devido a uma longa disputa de terras.
Os manifestantes estavam revoltados com o facto de as forças de segurança, incluindo os soldados, não estarem a fazer cumprir o recolher obrigatório nas zonas afetadas, permitindo assim que os confrontos continuassem, de acordo com Lawson Ignatius, vereador que representa Lamurde no parlamento do governo local.
Gyele Kennedy contou que a filha estava entre os manifestantes mortos a tiro.
"Não sabemos o que lhes deu", lamentou, sobre a atuação dos militares.
"Estes soldados estavam a sair do local do conflito e passaram por aqui. Depararam-se com as mulheres que protestavam quando um dos soldados disparou um tiro para o ar. Depois disso, abriram fogo contra as mulheres", acrescentou Kennedy.
O Exército nigeriano, no entanto, negou as acusações, afirmando que os seus soldados apenas enfrentaram uma milícia local noutra zona da cidade.
"Sem qualquer dúvida, as mortes foram causadas pelo manuseamento inadequado de armas automáticas pelas milícias locais, que não estão devidamente treinadas para operar tais armas", disse um porta-voz do exército.
Os assassinatos denunciados ocorrem numa altura em que as Forças Armadas da Nigéria estão sob escrutínio do presidente dos EUA, Donald Trump, que alegou que os cristãos estão a ser visados nas crises de segurança da Nigéria e que as forças de segurança não estão a fazer o suficiente para impedir os assassinatos.
Os residentes relataram à AP que quer cristãos, quer muçulmanos são afetados pela violência generalizada que assola as aldeias nigerianas.
O gabinete da Amnistia Internacional na Nigéria pediu que os assassinatos reportados sejam investigados e que os responsáveis sejam responsabilizados.



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