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sábado, 22 de março de 2025

Trump quer uma "Cúpula Dourada" capaz de defender todo o território dos EUA (mas há vários problemas)

Presidente Donald Trump (Allison Robbert/The Washington Post/Getty Images via CNN Newsource)  CNN 

Os responsáveis militares dos EUA estão a lutar para desenvolver um sistema de defesa chamado "Cúpula Dourada" que possa proteger o país de ataques de mísseis de longo alcance e foram informados pela Casa Branca que nenhuma despesa será poupada para cumprir uma das principais prioridades do Pentágono do presidente Donald Trump, de acordo com várias fontes familiarizadas com o assunto.

A “Cúpula Dourada” é a tentativa da administração Trump de dar uma nova imagem aos vagos planos para desenvolver um sistema de defesa antimíssil semelhante à Cúpula de Ferro de Israel.

Numa altura em que o Pentágono procura cortar orçamentos, a administração Trump ordenou aos militares que garantissem que o financiamento futuro da “Cúpula Dourada” se refletisse nas novas estimativas orçamentais para o período de 2026 a 2030 - mas o próprio sistema permanece indefinido para além de um nome, disseram as fontes.

Neste momento, "a 'Cúpula Dourada' é uma ideia”, revelou uma fonte familiarizada com as discussões internas sobre o projeto, acrescentando que pode haver tecnologia em preparação que, se alguma vez for ampliada, poderá ser aplicada ao sistema, mas até agora as discussões são puramente conceptuais.

Isso torna a projeção de custos futuros quase impossível, acrescentou a fonte, embora seja provável que a sua construção e manutenção custem milhares de milhões de dólares.

Trump tem insistido repetidamente que os EUA precisam de um programa de defesa antimíssil semelhante à Cúpula de Ferro de Israel, mas os sistemas têm ordens de magnitude diferentes. Em termos práticos, a comparação é menos maçãs com laranjas e mais maçãs com porta-aviões.

O sistema de defesa antimíssil Cúpula de Ferro de Israel protege seletivamente áreas povoadas de ameaças de curto alcance num país do tamanho de Nova Jérsia ou mais pequeno que o Alentejo; Trump quer um sistema de defesa antimíssil baseado no espaço capaz de defender todos os Estados Unidos de mísseis balísticos e hipersónicos avançados.

Um soldado israelita posiciona-se em frente a uma bateria de um sistema de defesa aérea Cúpula de Ferro, perto de Jerusalém (Menahem Kahana/AFP/Getty Images via CNN Newsource)

Por um lado, “Israel é minúsculo”, lembrou a fonte familiarizada com as discussões internas em curso sobre o projeto "Cúpula Dourada". “Por isso, é 100% viável cobrir Israel com coisas como radares e uma combinação de intercetores móveis e fixos”.

"Como é que se vai fazer isso nos Estados Unidos? Não é possível fazê-lo apenas nas fronteiras e na linha costeira, porque os mísseis balísticos intercontinentais podem reentrar na atmosfera sobre o Kansas", apontou a mesma fonte.

Ainda assim, Trump emitiu uma ordem executiva durante a primeira semana no cargo, ordenando ao secretário de Defesa Pete Hegseth que apresentasse um plano para desenvolver e implementar o escudo de defesa antimísseis de próxima geração até 28 de março.

E um alto funcionário do Pentágono insistiu no início desta semana que o trabalho está em andamento.

“Consistente com a proteção da pátria e de acordo com a [ordem executiva] do presidente Trump, estamos a trabalhar com a base industrial e [através] dos desafios da cadeia de suprimentos associados à construção da 'Cúpula Dourada'”, afirmou Steven J. Morani, atualmente com funções de subsecretário da Defesa para aquisição e manutenção, esta semana na Conferência de Programas de Defesa McAleese em Washington, DC.

Ao mesmo tempo, os funcionários do Pentágono têm vindo a realinhar a proposta de orçamento do Departamento de Defesa para 2026 de modo a cumprir as prioridades de Hegseth, que foram delineadas num memorando entregue aos líderes seniores na semana passada e que representa uma grande revisão dos objetivos estratégicos dos militares, de acordo com uma cópia obtida pela CNN.

O memorando dá instruções específicas aos líderes do Pentágono para se concentrarem no reforço da defesa antimíssil da pátria dos EUA através da "Cúpula Dourada" de Trump.

“Há um processo analítico rigoroso em curso para rever [o orçamento]”, acrescentou Morani. “Esta é uma prática normal para qualquer nova administração que tome posse.”

Mas ainda não é claro quanto dinheiro o Pentágono vai pedir para a "Cúpula Dourada" de Trump na sua proposta de orçamento ou como os funcionários vão determinar o montante do financiamento necessário.

O contra-almirante reformado Mark Montgomery acredita que a criação de um sistema de defesa contra mísseis balísticos pode ser possível dentro de sete a dez anos, mas, mesmo assim, terá limitações severas, potencialmente capaz de proteger apenas edifícios federais críticos e grandes cidades.

“Quanto mais se quiser aproximá-lo dos 100%, mais caro se tornará”, diz Montgomery, diretor sénior do Centro de Inovação Cibernética e Tecnológica da Fundação para a Defesa das Democracias.

Um sistema abrangente exigirá diferentes conjuntos de satélites para comunicação, deteção de mísseis e lançamento de interceptores, acrescenta Montgomery à CNN. Esses tipos de sistemas são projetos a longo prazo, lembra, exigindo que as defesas existentes preencham a lacuna entretanto.

“É preciso ser responsável”, vinca Montgomery. “Não se vai conseguir defender tudo com estes mísseis terrestres. Defendem um círculo à sua volta, mas não é grande”.

Potencial dia de pagamento para as empresas de armamento

Os fabricantes de armas americanos já estão a ver sinais de dólares. A Agência de Defesa Anti-Míssil organizou um Dia da Indústria em meados de fevereiro para solicitar propostas de empresas interessadas em ajudar a planear e construir a "Cúpula Dourada".

A agência recebeu mais de 360 resumos secretos e não classificados sobre ideias para planear e executar o sistema.

A Lockheed Martin deu um passo em frente, criando um website polido para a "Cúpula Dourada", afirmando que o maior empreiteiro de defesa do mundo tem as “capacidades comprovadas, testadas em missões e um historial de integração para dar vida a este esforço”.

Na década de 1980, o presidente Ronald Reagan anunciou a Iniciativa de Defesa Estratégica para criar uma defesa baseada no espaço contra mísseis nucleares balísticos. O sistema foi ironicamente apelidado de “Guerra das Estrelas” e consumiu dezenas de milhares de milhões de dólares antes de ser cancelado, devido a obstáculos técnicos e económicos insuperáveis.

O presidente Ronald Reagan discursa perante a nação sobre a Iniciativa de Defesa Estratégica em 1983 (Corbis/Getty Images via CNN Newsource)

Laura Grego, diretora sénior de investigação do Programa de Segurança Global da Union for Concerned Scientists, afirma que os mesmos desafios se mantêm e são conhecidos há anos.

“Há muito que se sabe que a defesa contra um arsenal nuclear sofisticado é técnica e economicamente inviável”, explica Grego à CNN.

A atual defesa americana contra mísseis balísticos foi concebida para impedir um pequeno número de mísseis de um Estado não autorizado, como a Coreia do Norte ou o Irão. O sistema baseia-se na Ground-based Midcourse Defense (GMD), que falhou quase metade dos seus testes, de acordo com a Associação de Controlo de Armas, tornando-o incapaz de impedir um grande ataque da Rússia ou da China.

Mas na sua ordem executiva, Trump apelou a um sistema muito mais complexo e robusto - intercetores espaciais capazes de abater um alvo momentos após o seu lançamento.

Tal sistema exigiria milhares de intercetores em órbita terrestre baixa para intercetar até mesmo um único lançamento de míssil norte-coreano, de acordo com a Sociedade Americana de Física (APS), que estudou a viabilidade de defesas contra mísseis balísticos durante anos. Um único intercetor em órbita quase nunca está no local e no momento certos para intercetar rapidamente o lançamento de um míssil balístico, pelo que é necessário um número exponencialmente maior para garantir uma cobertura adequada.

“Estimamos que seria necessária uma constelação de cerca de 16 mil intercetores para tentar contrariar uma salva rápida de dez mísseis balísticos intercontinentais de propulsão sólida como o Hwasong-18 [norte-coreano]”, escreveu a APS num estudo realizado no início deste mês.

Mesmo assim, Grego diz que um sistema de defesa antimíssil baseado no espaço é vulnerável a ataques inimigos antissatélite de sistemas terrestres muito menos dispendiosos.

“A fraqueza mais crítica de um sistema como este é a sua fragilidade, a sua vulnerabilidade ao ataque”, acrescenta Grego.

No Mar Vermelho, os EUA dispararam dezenas de mísseis intercetores de vários milhões de dólares contra drones e mísseis Houthis que custam uma fração do preço. O desequilíbrio fiscal torna-se muito pior quando o sistema está no Espaço, de acordo com John Tierney, um antigo congressista democrata que realizou anos de audiências sobre a defesa de mísseis balísticos.

“É uma anedota. É basicamente um esquema”, garante Tierney sem rodeios. Atualmente diretor-executivo do Centro para o Controlo de Armas e a Não Proliferação, Tierney critica Trump por estar “disposto a gastar biliões e biliões e biliões de dólares em algo que não vai funcionar”.

Adversários suscetíveis de reagir

Enquanto os EUA investem dinheiro na investigação e no desenvolvimento da "Cúpula Dourada", funcionários atuais e antigos dizem que os adversários da América irão provavelmente expandir o seu próprio arsenal de mísseis balísticos num esforço para se manterem à frente.

Mas como os mísseis balísticos ofensivos são muito mais baratos do que os intercetores necessários para os deter, Tierney diz que o sistema rapidamente se torna financeiramente inviável.

De acordo com a fonte familiarizada com as discussões internas de planeamento relacionadas com o projeto, os responsáveis militares dos EUA estão também a avaliar de que forma a "Cúpula Dourada" poderá perturbar a atual estabilidade proporcionada pela dissuasão nuclear.

Atualmente, o principal fator de dissuasão dos EUA contra o lançamento de um ataque nuclear preventivo por parte de outro país é o seu segundo ataque com capacidade de sobrevivência, ou seja, a sua capacidade de retaliação mesmo depois de sofrer um ataque nuclear inicial, disse a fonte.

“Se implementarmos algo que os nossos adversários com armas nucleares acreditem ser uma contramedida fiável que anule o seu arsenal nuclear, acabamos com a estabilidade da dissuasão, porque aumentamos a facilidade de os Estados Unidos lhes enviarem um ataque nuclear com impunidade”, acrescentou a fonte. “E depois temos de nos perguntar: até que ponto confiamos nos EUA para não o fazerem?”

“Se eu for a China, se eu for a Rússia, a minha confiança é cada vez menor, de que os EUA não nos atacarão com um míssil nuclear numa crise”, segundo a mesma fonte.

“Estrategicamente, não faz qualquer sentido. Tecnicamente, não faz qualquer sentido. Em termos económicos, não faz qualquer sentido”, termina Tierney.

Guiné-Bissau: O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, disse à Lusa que, na próxima revisão constitucional, irá propor que o país adote o semipresidencialismo com pendor presidencial, ao contrário da atual tendência parlamentar.

© Lusa  22/03/2025
 Presidente guineense quer Constituição com pendor presidencial

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, disse à Lusa que, na próxima revisão constitucional, irá propor que o país adote o semipresidencialismo com pendor presidencial, ao contrário da atual tendência parlamentar.

Numa entrevista à Lusa, em que Embaló admitiu "todas as perguntas", o chefe de Estado guineense comentou a sua visão sobre o regime que o país deve adotar com a revisão constitucional que, disse, irá avançar proximamente.

Em maio de 2020, três meses após assumir a presidência da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló instituiu uma comissão de juristas para propor um novo texto constitucional, mas a medida foi rejeitada pela classe política que defende que o Presidente não pode ter iniciativa de revisão da Constituição, a qual atribui esta prerrogativa à Assembleia Nacional Popular.

Na entrevista à Lusa, Embaló afirmou que "este processo vai avançar, só está adormecido, mas vai avançar".

"Não é para fortificar o Presidente da República, porque o Presidente da República da Guiné-Bissau é o chefe do executivo. Eu defendo esse regime que nós temos aqui com pendor presidencialista, não defendo o presidencialismo", declarou.

A atual Constituição guineense prevê que o Presidente da República pode presidir ao Conselho de Ministros, "quando entender", mas estipula que "o Primeiro-Ministro é o Chefe do Governo, competindo-lhe dirigir e coordenar a ação deste e assegurar a execução das leis".

Sissoco Embaló disse querer que a nova Constituição passe a ter como "novidades" o Tribunal Constitucional e os conselhos consultivos económico e ambiental.

Sem aceitar o rótulo de "chefe único", como em várias ocasiões se autodenominou, Embaló realçou que admite a separação de poderes, contudo, considera-se "a cabeça do Estado" por ser o Presidente da República.

"O Estado tem cabeça, quem está no topo da cabeça é o Chefe de Estado. Aqui não há monarquia, há separação de poderes. Mesmo num sistema mais absolutista, mesmo na Coreia do Norte, há divisão, mas o único órgão é o Presidente, o presidente da Assembleia, primeiro-ministro não são órgãos", enfatizou.

A separação de poderes do Estado existe na Guiné-Bissau, mas Embaló afirmou que, "se quiser", faz um decreto e convoca os deputados ao parlamento, profere o seu discurso e fecha a sessão, mesmo com a assembleia dissolvida desde dezembro de 2023.

A Constituição guineense prevê que o PR pode "convocar extraordinariamente a Assembleia Nacional Popular sempre que razões imperiosas de interesse público o justifiquem".

O Presidente guineense aproveitou para dar o seu ponto de vista sobre o fim do seu mandato de cinco anos, que, para a oposição, ocorreu no passado dia 27 de fevereiro, mas que o próprio defende que só termina no dia 04 de setembro.

Para Umaro Sissoco Embaló, o contencioso eleitoral que se seguiu à segunda volta das presidenciais de dezembro de 2019 motivou "uma situação de suspense" no país, também por existirem, então, dois Presidentes da República.

Embaló fazia alusão ao facto de o então presidente do parlamento, Cipriano Cassamá, ter sido indicado pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) - que suportava a candidatura do seu oponente nas presidenciais, Domingos Simões Pereira - como "Presidente da República", já que, segundo a Constituição, em caso de impedimento, o cargo passa a ser assumido interinamente pelo presidente da Assembleia Nacional.

Esta situação, disse Embaló, juridicamente consubstanciou "um ato suspensivo", o que levou elementos da comunidade internacional que o tinham felicitado como novo Presidente da Guiné-Bissau a retirarem as felicitações.

O Presidente guineense lamentou que a situação se tenha arrastado durante nove meses, entre fevereiro e setembro de 2020, quando o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), nas vestes de Tribunal Constitucional, encerrou o contencioso eleitoral, confirmando-o como vencedor.

Embaló salientou que, à luz do atual texto, "é a única pessoa que pode interpretar" para decidir sobre a existência ou não de uma grave crise entre as instituições do Estado.

Foi o que fez quando, em dezembro de 2023, dissolveu o parlamento que havia sido eleito em junho do mesmo ano, mesmo admitindo ter ido contra a norma constitucional que impede a dissolução do órgão num prazo de 12 meses após a sua constituição, salientou.

"O legislador não pode prever tudo (...) aí é que entra a posição política", disse Embaló, em alusão ao facto de ter dissolvido o parlamento com base numa crise política resultante de uma alegada tentativa de golpe de Estado, de que acusou o órgão legislativo de ter sido "coadjuvante".


Leia Também: Presidente da Guiné-Bissau exonera ministra suspeita de corrupção

sexta-feira, 21 de março de 2025

Namíbia: Netumbo Nandi-Ndaitwah tomou posse hoje como presidente da Namíbia, uma raridade no continente e uma estreia história do país da África Austral, depois da sua vitória nas conturbadas eleições do final de novembro ter sido confirmada em tribunal.

© SIMON MAINA/AFP via Getty Images  Lusa  21/03/2025 

 Nandi-Ndaitwah tomou posse como primeira mulher presidente da Namíbia

Netumbo Nandi-Ndaitwah tomou posse hoje como presidente da Namíbia, uma raridade no continente e uma estreia história do país da África Austral, depois da sua vitória nas conturbadas eleições do final de novembro ter sido confirmada em tribunal.

A mulher de 72 anos, do histórico partido no poder, foi empossada em Windhoek, durante uma cerimónia na presença dos chefes de Estado de Angola, África do Sul e Tanzânia, países vizinhos.

O presidente cessante, Nangolo Mbumba, de 83 anos, entregou o poder a Nandi-Ndaitwah durante a cerimónia que decorreu no dia em que a Namíbia celebra o seu 35.º aniversário da independência.

Aplausos e vivas soaram quando "NNN", como é conhecida, fez o juramento de posse.

A Namíbia está a ver uma das suas "filhas mais importantes quebrar o teto de vidro", disse Mbumba.

"Não fui eleita por ser mulher, mas pelas minhas capacidades", afirmou a nova presidente durante a cerimónia, que contou também com a presença da antiga presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf.

Nandi-Ndaitwah manifestou durante o discurso o seu apoio ao direito à autodeterminação dos palestinianos e apelou ao levantamento das sanções internacionais contra Cuba, a Venezuela e o Zimbabué.

"Este é um dia importante para África. Ela continuará a ser um modelo para muitas outras jovens mulheres e mulheres de todas as idades", afirmou a antiga vice-presidente sul-africana Phumzile Mlambo-Ngcuka também convidada para a cerimónia.

À frente deste país desértico, rico em urânio, desde a sua independência em 1990, a Swapo, a formação politica de "NNN", continuou no poder no final de umas eleições confusas, que se prolongaram durante a noite e depois foram oficialmente prorrogadas por mais dois dias em algumas assembleias de voto selecionadas.

A rejeição do recurso da oposição, no mês passado, permite a Netumbo Nandi-Ndaitwah seguir as pisadas de Ellen Johnson Sirleaf, eleita Presidente da Libéria em 2006, a primeira mulher chefe de Estado de um país do continente africano.

Enquanto ministra dos Negócios Estrangeiros, "NNN" tinha elogiado as "relações historicamente boas" com a Coreia do Norte, um comentário raro na cena diplomática internacional.

Outro desafio do seu mandato: o hidrogénio verde. O imenso potencial de energia solar e eólica da Namíbia faz deste país um Eldorado neste domínio, mas segundo a imprensa, a nova presidente manifestou as suas dúvidas sobre este setor.

Simultaneamente, as missões de exploração em curso na bacia do rio Orange (sudoeste) conduzem a descobertas cada vez mais numerosas de jazidas de gás e de petróleo.

Estas representam uma esperança de impulsionar uma taxa de crescimento de 3,5%, registada no ano passado, que ignorou largamente os jovens, atingidos por um desemprego em massa: 44% dos jovens entre os 18 e os 34 anos estavam sem emprego em 2023.

Esta semana, a líder do partido histórico no poder reiterou a sua promessa de campanha de "criar pelo menos 500.000 empregos" nos "próximos cinco anos".

Este objetivo, em relação aos três milhões de habitantes do país, deverá ser alcançado através do investimento de 85 mil milhões de dólares namibianos (cerca de 4,3 mil milhões de euros) em vários setores, como a agricultura, a pesca e indústrias criativas e desportivas.

"Não mencionam de onde virá este montante", disse à agência de notícias francesa AFP, Henning Melber, investigador do Nordic Africa Institute de Uppsala (Suécia), sublinhando que o orçamento anual "já carece de fundos para serviços sociais, infraestruturas, saúde e educação".


Leia Também: Supremo Tribunal da Namíbia rejeita recurso da oposição sobre presidenciais

sábado, 15 de março de 2025

A administração Trump está a considerar implementar restrições de entrada nos Estados Unidos para cidadãos de 43 países, incluindo quatro membros da CPLP.

Por SIC Notícias

 EUA ponderam restringir ou proibir entrada de cidadãos de 43 países

A administração Trump está a considerar implementar restrições de entrada nos Estados Unidos para cidadãos de 43 países, incluindo quatro membros da CPLP.

Os cidadãos de 43 países poderão vir a enfrentar restrições à entrada dos Estados Unidos da América, de acordo com uma medida que está a ser considerada pela administração Trump.

As restrições foram avançadas pelo The New York Times, que adianta que um projeto de lista com 43 países - divididos por três níveis -, desenvolvido por funcionários diplomáticos e de segurança, está a circular no seio da administração de Donald Trump.

Entre os países que podem a vir ter restrições estão Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial, quatro países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A lista de países propostos para para as restrições

Vermelho - Proibição de entrar

Afeganistão, Butão, Cuba, Irão, Líbia, Coreia do Norte, Somália, Suão, Síria, Venezuela, Iémen, 

Laranja - Restrições nos vistos concedidos

Bielorrússia, Eritreia, Haiti, Laos, Myanmar, Paquistão, Rússia, Serra Leoa, Sudão do Sul, Turquemenistão.

De acordo com o jornal norte-americano, a entrada de cidadãos destes 10 países seria restringida, mas não cortada. Ou seja, viagens de negócios poderiam ser autorizadas, enquanto seria proibida a entrada de viajantes com vistos de imigrante ou de turista. Estes cidadãos seriam ainda sujeitos a entrevistas presenciais obrigatórias para obterem um visto.

Amarelo - Prazo de 60 dias para correção de irregularidades detetadas

Angola, Antígua e Barbuda, Benim, Burkina Faso, Camboja, Camarões, Cabo Verde, Chade, República do Congo, República Democrática do Congo, Dominica, Guiné Equatorial, Gâmbia, Libéria, Malawi, Mali, Mauritânia, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, São Tomé e Príncipe, Vanuatu, Zimbabué

No caso destas 'irregularidades' não serem tratadas, estes 22 países arriscariam ser transferidos para uma das outras listas.

Projeto em análise

Segundo o jornal, o projeto tem estado a ser analisado nas últimas semanas pelos funcionários das embaixadas e dos gabinetes regionais do Departamento de Estado, assim como os especialistas em segurança de outros departamentos e agências de informação.

Quando tomou posse, a 20 de janeiro, Trump assinou uma ordem executiva que exigia ao Departamento de Estado que identificasse os países "para os quais as informações de verificação e triagem são tão deficientes que justificam uma suspensão parcial ou total da admissão de nacionais desses países".

Na altura, o Presidente deu ao departamento 60 dias para concluir um relatório para a Casa Branca com essa lista, o que significa que esta deverá ser entregue na próxima semana.

terça-feira, 4 de março de 2025

Famílias de norte-coreanos apanhados pela Ucrânia serão "executadas" ...Denúncia é feita por desertores norte-coreanos.

© Scott Peterson/Getty Images   Notícias ao Minuto  04/03/2025

As famílias dos soldados norte-coreanos que forem capturados em combate contra a Ucrânia serão executadas, denunciaram antigos soldados das forças armadas de Pyongyang à ABC News. 

Este é apontado como o motivo para que a maioria dos soldados norte-coreanos esteja a tirar a própria vida antes de serem capturados - foi-lhes disto que as suas famílias seriam executadas caso fossem apanhados vivos. 

"A maioria dos soldados mata-se antes de serem mortos pelo inimigo. É uma vergonha ser capturado", disse Ryu Seong-hyeon, que desertou para a Coreia do Sul em 2019, após atravessar um campo minado na zona desmilitarizada que separa o Norte do Sul. 

"Se os soldados forem capturados e derem informações ao inimigo, as suas famílias serão castigadas, irão para um campo de prisioneiros políticos ou, pior ainda, serão executados à frente do povo", disse outro desertor norte-coreano, identificado como Pak Yusung.

Tal como já tinha sido descrito pelas forças de Kyiv, os antigos soldados também sugeriram que os norte-coreanos, na guerra da Ucrânia, têm tido dificuldade em adaptar-se ao campo de batalha moderno, acreditando que a maioria dos soldados nunca terá visto um drone na vida. 

"Antes de partirem, não têm qualquer prática de defesa contra um drone ou de luta contra os ucranianos, e é por isso que morrem como cães", disse Ryu. "Não têm a capacidade, a língua ou a informação", acrescentou. 

De realçar que os serviços secretos sul-coreanos também afirmaram que a Coreia do Norte deu instruções claras aos soldados para que se suicidassem para evitarem ser capturados vivos.

Ryu e Pak afirmam também que os soldados norte-coreanos acreditam que estão a matar norte-americanos. "Desde tenra idade que lhes é dito que devem odiar os 'lobos' americanos, e agora dizem-lhes que estão finalmente a matar americanos", disseram. 

Estima-se que Pyongyang tenha enviado mais de 12.000 soldados para a Rússia para lutar na guerra da Ucrânia. O número de baixas entre as fileiras das forças norte-coreanas já terá ultrapassado as 3.000, incluindo cerca de 300 mortos e 2.700 feridos. 


Leia Também: Primeiro-ministro francês critica suspensão de ajuda dos EUA à Ucrânia

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Guerra na Ucrânia: A Rússia abriu processos criminais contra 845 cidadãos estrangeiros de 55 países por combaterem como mercenários pela Ucrânia, 589 dos quais alvo de mandados de captura internacional, revelou hoje o presidente do Comité de Investigação Russo (CIR).

© Reuters   Lusa  26/02/2025

 Rússia abre processos criminais contra 845 estrangeiros por combaterem

A Rússia abriu processos criminais contra 845 cidadãos estrangeiros de 55 países por combaterem como mercenários pela Ucrânia, 589 dos quais alvo de mandados de captura internacional, revelou hoje o presidente do Comité de Investigação Russo (CIR).

"Foram abertos processos criminais contra 845 estrangeiros de 55 países e 589 mercenários foram declarados procurados internacionalmente", aninciou Aleksandr Bastrikin, num artigo publicado hoje na revista 'Chelovek i Zakon' (O Homem e a Lei).

A investigação de 86 casos já foi concluída e "foram pronunciadas 49 sentenças", indicou o presidente do CIR, acrescentando que os combatentes estrangeiros "são recrutados pelo regime de Kiev através das missões diplomáticas ucranianas no estrangeiro, o que constitui uma violação da Convenção de Viena de 1961 sobre as relações diplomáticas".

O presidente do Comité de Investigação Russo salientou que, durante as investigações dos alegados crimes cometidos contra civis nas regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, anexadas pela Rússia em 2022, "23.000 pessoas foram declaradas vítimas, incluindo 6.500 mortos e mais de 16.500 feridos".

A Rússia tem denunciado repetidamente a presença de combatentes de países terceiros na guerra ucraniana e considera-os "alvos legítimos" dos seus ataques.

Paralelamente, os Estados Unidos, a Coreia do Sul e a Ucrânia denunciaram, em outubro do ano passado, que um contingente de até 12.000 soldados norte-coreanos tinha chegado à região fronteiriça russa de Kursk, parcialmente ocupada pelo exército ucraniano desde agosto, tendo participado em combates, informações que nunca foram confirmadas por Moscovo ou Pyongyang.

A guerra em curso foi desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, para, segundo o Presidente russo, Vladimir Putin, "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.


Leia Também: O Exército israelita atingiu postos de lançamento de mísseis na Faixa de Gaza, como retaliação ao lançamento de um projétil oriundo do enclave, anunciaram hoje as forças israelitas.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

O que são minerais e terras raras e porque é que Trump os quer?

Por  sicnoticias.pt 

Essenciais para a transição energética e a neutralidade carbónica até 2050, as terras raras são indispensáveis no fabrico de veículos elétricos, turbinas eólicas e baterias de longa duração.

Ao fim de três anos de conflito, o novo Presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado para um fim rápido da guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Mas em troca, Trump disse que queria que a Ucrânia fornecesse terras raras e outros minerais aos EUA. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já manifestou que está disposto a partilhar estes recurso para se alcançar um acordo de paz. Mas o que são terras raras e porque são tão cobiçadas?

Na segunda-feira, 3 de fevereiro, Donald Trump disse que quer que a Ucrânia forneça minerais terras raras, que são essenciais para inovações tecnológicas como condição para a manutenção do apoio norte-americano no esforço de guerra. A Ucrânia tem importantes recursos que são essenciais para setores como o aeroespacial e os veículos elétricos.

"Vamos acabar com esta guerra ridícula. Por isso, estamos a tentar fazer um acordo com a Ucrânia para que esta assegure o que lhe estamos a dar com as suas terras raras e outras coisas".

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou dias mais tarde que está disposto a partilhar recursos com os aliados. No outono passado, a Ucrânia já tinha proposto abrir o setor mineiro ao investimento dos seus aliados. O "plano de vitória" apresentado por Zelensky em outubro de 2024 procurava reforçar a posição do país nas negociações e forçar Moscovo a negociar.

Valentyn Ogirenko

A riqueza mineral da Ucrânia

A Ucrânia possui importantes reservas minerais, incluindo as maiores jazidas de titânio da Europa e significativas quantidades de urânio. Estes materiais são estratégicos para a indústria aeronáutica, espacial e de defesa. Além disso, estima-se que o país tenha depósitos substanciais de terras raras.

Numa entrevista à Reuters a 7 de fevereiro, Zelensky revelou um mapa anteriormente classificado com os principais depósitos de terras raras e outros importantes minerais.

“São enormes quantidades de dinheiro. Precisamos de os proteger. Se estamos a falar de um acordo, somos a favor”, disse o Presidente ucraniano.

De acordo com Zelensky, menos de 20% dos recursos minerais da Ucrânia estão sob ocupação russa, incluindo cerca de metade dos depósitos de terras raras.Se Moscovo as controlar, poderá fornecê-las a países como a Coreia do Norte e o Irão, inimigos dos EUA.

Zelensky destacou ainda que a Ucrânia tem as maiores reservas de titânio da Europa, um material essencial para as indústrias aeronáutica e espacial, e também de urânio, usado na produção de energia nuclear e armamento. A maioria dos depósitos de titânio está localizada no noroeste do país, longe das zonas de combate.

O que são as terras raras e porque são tão cobiçadas?

Apesar do nome, as terras raras não são realmente escassas. São um grupo de 17 elementos químicos usados na produção de ímanes de alto desempenho, motores elétricos, chips eletrónicos e tecnologias de energia renovável.

O problema é que a sua extração e processamento são complexos e altamente poluentes.

Atualmente, a China domina este mercado, sendo responsável por 60% da extração global e 90% do processamento. O controlo chinês sobre estas cadeias de abastecimento levanta preocupações estratégicas para os EUA e outros países ocidentais.

O complexo processo de extração e processamento

As terras raras são minerais estratégicos porque são essenciais para a tecnologia. Mas comportam riscos, o processo de extração é complexo:

1.Mineração

  • Os depósitos de terras raras são explorados em minas a céu aberto ou subterrâneas.
  • O minério extraído contém apenas pequenas quantidades destes elementos.

2.Trituração e concentração

  • O material retirado da mina é triturado e tratado com processos químicos e físicos para aumentar a concentração de terras raras.
  • Técnicas como flotação, separação magnética ou eletrostática ajudam a eliminar outros minerais e impurezas.

3.Remoção de materiais radioativos

  • Muitos minérios de terras raras contêm tório e urânio, elementos radioativos que precisam de ser removidos.
  • Esse processo é feito com produtos químicos agressivos, como ácido sulfúrico ou clorídrico, gerando resíduos perigosos.

4.Separação dos elementos individuais

  • As terras raras aparecem na natureza misturadas entre si, tornando difícil a separação.
  • É usada uma técnica chamada extração por solventes, que envolve dissolver os minerais em soluções químicas para isolar cada elemento.
  • Esse processo pode exigir centenas de ciclos de separação, tornando-o extremamente dispendioso e poluente.

5.Produção de metais e ligas

  • Após a separação, os elementos são convertidos em óxidos e depois em metais por processos como eletrólise.
  • Esses metais são misturados com outros materiais para criar ligas utilizadas em tecnologias avançadas.

6.Fabrico de ímanes e componentes

  • Os metais de terras raras, como neodímio e praseodímio, são usados na produção de ímanes de alta potência.
  • Estes ímanes são essenciais para motores de veículos elétricos, turbinas eólicas, sistemas de defesa e até em tecnologia espacial.

O desafio da dependência da China

A crescente procura por terras raras coloca os EUA e a Europa numa posição vulnerável face à China que domina quase todo o setor. Para reduzir essa dependência, os países ocidentais procuram novas fontes de abastecimento e a Ucrânia pode ser uma peça-chave nesta estratégia.

Um acordo difícil

A 15 de fevereiro, Zelensky afirmou que um projeto de acordo com os EUA sobre terras raras não incluía garantias de segurança para a Ucrânia. Fontes próximas das negociações dissera à Reuters que os Estados Unidos propuseram assumir a propriedade de 50% dos minerais críticos da Ucrânia.

Embora Kiev esteja aberta a parcerias, Zelensky frisou que a Ucrânia não pretende “doar” os seus recursos. O Presidente ucraniano afirmou que a Rússia tem conhecimento detalhado sobre as reservas minerais ucranianas, graças a estudos geológicos realizados durante a era soviética e levados para Moscovo após a independência da Ucrânia, em 1991.

Avanço russo no leste da Ucrânia

Nos últimos meses, as tropas russas têm avançado no leste da Ucrânia, lançando uma ofensiva de grande escala. Já o exército ucraniano, mais pequeno, enfrenta dificuldades devido à falta de soldados e à incerteza sobre o fornecimento de armas estrangeiras.

Mas uma coisa é clara: o controlo das terras raras é vital para a segurança nacional, é crucial para as economias e pode influenciar a futura ordem geopolítica mundial.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

As autoridades sul-coreanas admitiram hoje acolher os soldados norte-coreanos que sejam capturados na Ucrânia a combater juntamente com as tropas russas e queiram desertar da Coreia do Norte.

© Ed Ram/For The Washington Post via Getty Images  Lusa  19/02/2025

Seul acolherá norte-coreanos capturados na Ucrânia que queiram desertar

As autoridades sul-coreanas admitiram hoje acolher os soldados norte-coreanos que sejam capturados na Ucrânia a combater juntamente com as tropas russas e queiram desertar da Coreia do Norte.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do da Coreia do Sul avançou, em comunicado, que "os soldados norte-coreanos são cidadãos sul-coreanos de acordo com a Constituição" pelo que "respeitar a vontade destas pessoas é cumprir o direito internacional".

O anúncio do Governo sul-coreano foi feito na sequência dos últimos relatos de que muitos soldados norte-coreanos ficaram feridos durante o conflito, depois de terem sido enviados para apoiar a Rússia ao abrigo do acordo de defesa estratégica alcançado no ano passado entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un.

As autoridades ucranianas anunciaram a captura de dois soldados norte-coreanos que combatiam ao lado das tropas russas na província russa de Kursk, onde Kyiv lançou uma operação militar no verão passado.

O Governo ucraniano propôs devolvê-los à Coreia do Norte se Pyongyang aceitar facilitar uma troca com soldados ucranianos atualmente detidos na Rússia.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estimou que cerca de 4.000 soldados norte-coreanos foram mortos ou feridos em Kursk, embora o número não tenha sido verificado.

A disponibilidade apresentada pelo Governo sul-coreano surge depois de um soldado ter dito, em entrevista ao jornal Chosun Ilbo, que planeia pedir asilo na Coreia do Sul.

O ministério de Seul reagiu, defendendo que estas pessoas "não devem ser enviadas de volta para um lugar onde enfrentam a ameaça de perseguição".


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

A Coreia do Norte está a demolir um local que acolheu reuniões de famílias separadas durante décadas pela Guerra da Coreia e pela divisão da península coreana, disseram hoje as autoridades do país vizinho.

© Lusa  13/02/2025

Coreia do Norte destrói local que acolheu reuniões de famílias separadas

A Coreia do Norte está a demolir um local que acolheu reuniões de famílias separadas durante décadas pela Guerra da Coreia e pela divisão da península coreana, disseram hoje as autoridades do país vizinho.

"A demolição do centro de reuniões do Monte Kumgang é um ato desumano que desrespeita os desejos sinceros das famílias separadas", disse um porta-voz do Ministério da Reunificação da Coreia do Sul.

A Coreia do Sul "apela à interrupção imediata destas ações" e "expressa o seu profundo pesar".

Esta "demolição unilateral pela Coreia do Norte não pode ser justificada em nenhuma circunstância, e as autoridades norte-coreanas devem assumir a total responsabilidade por esta situação", acrescentou o porta-voz.

Desde 1988, mais de 133.600 sul-coreanos registaram-se como "famílias separadas", o que significa que têm familiares no Norte, do outro lado da zona desmilitarizada que separa o Norte e o Sul.

Cerca de 36 mil destes sul-coreanos ainda estarão vivos, de acordo com dados oficiais.

Algumas famílias foram selecionadas aleatoriamente para participar em ocasionais reuniões transfronteiriças realizadas no resort turístico de Mount Kumgang, no sudeste da Coreia do Norte.

A última reunião deste tipo ocorreu em 2018. Mas o evento tem sido sujeito aos caprichos das relações intercoreanas e frequentemente utilizada como ferramenta de negociação pela Coreia do Norte.

As notícias da demolição do local surgem três dias depois da Coreia do Norte ter acusado os Estados Unidos de cometer um "ato militar hostil", após um submarino da Marinha norte-americana ter atracado na Coreia do Sul para reabastecimento.

"Estamos muito preocupados com o perigoso ato militar hostil dos Estados Unidos, que pode levar o agudo confronto militar na região da península coreana a um conflito armado total", destacou um porta-voz do Ministério da Defesa norte-coreano.

Num comunicado divulgado pela agência de notícias oficial norte-coreana KCNA, Pyongyang pediu aos Estados Unidos que "parem com as provocações que alimentam a instabilidade", acusando-os de ignorarem as preocupações de segurança da Coreia do Norte.

A agência de notícias pública Yonhap, da Coreia do Sul, informou que o USS Alexandria, um submarino nuclear norte-americano, chegou à base naval de Busan, na Coreia do Sul, na segunda-feira.

Uma visita semelhante tinha ocorrido em novembro.

"As nossas forças armadas estão a monitorizar de perto o frequente aparecimento de ativos estratégicos dos EUA na península coreana e estão prontas para utilizar todos os meios para defender a segurança e os interesses do Estado, bem como a paz regional", sublinhou ainda o Ministério da Defesa norte-coreano.

A Coreia do Norte enfatizou a importância de desenvolver as capacidades de autodefesa e referiu a promessa do líder Kim Jong-un, em janeiro, de continuar o programa nuclear do seu país "por tempo indeterminado".


Leia Também: A Coreia do Norte acusou hoje os Estados Unidos de cometer um "ato militar hostil", depois de um submarino da Marinha norte-americana ter atracado na Coreia do Sul para reabastecimento.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

EUA: Trump pediu a Musk que examinasse o orçamento do Pentágono

© Brandon Bell/Getty Images  Lusa   07/02/2025

Donald Trump disse hoje que deu instruções a Elon Musk para analisar também o orçamento do Pentágono, no âmbito da sua missão de efetuar cortes claros na despesa pública federal.

"Dei-lhe instruções para olhar para a educação, para olhar para o Pentágono, ou seja, para o exército", disse o Presidente dos EUA durante uma conferência de imprensa na Casa Branca.

"Tudo é fértil" para o trabalho do bilionário, disse Donald Trump.

"Ele tem um grupo de pessoas muito qualificadas" que "sabem o que estão a fazer", disse o republicano, enquanto um jovem funcionário da Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês)de Elon Musk acaba de se demitir, após a descoberta de várias mensagens racistas no X.

Em resposta a uma pergunta sobre os limites das ações de Elon Musk, Donald Trump mencionou "talvez as áreas de segurança muito elevada".

Os Estados Unidos têm, de longe, as despesas de defesa mais elevadas do mundo, e o aumento do orçamento do Pentágono é todos os anos objeto de consenso entre democratas e republicanos, dado o elevado nível de apoio às forças armadas entre a população americana.

As atividades de Elon Musk, pelo contrário, suscitam a ira dos democratas e uma avalanche de ações judiciais.

O homem mais rico do mundo, patrão da Tesla e da SpaceX, é acusado de ter agido de forma brutal, fora de qualquer quadro legal e sem respeitar das regras de proteção dos dados públicos.

Em particular, está por detrás do desmantelamento da principal agência humanitária americana, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID sigla inglesa).

A agência, que gere programas de ajuda humanitária em cerca de 120 países, promove ainda a democracia e o desenvolvimento através do seu apoio às organizações não-governamentais (ONG), aos meios de comunicação social independentes e às iniciativas sociais.

O orçamento da USAID, de mais de 40 mil milhões de dólares (48.3 mil milhões de euros), representa 42% da ajuda humanitária concedida em todo o mundo.

O próprio Elon Musk tem uma relação comercial com o Pentágono, entre outros grandes contratos que assinou com o governo federal.

Até ao momento, a Casa Branca garantiu que Musk se recusará a participar se se encontrar numa situação de conflito de interesses devido às suas atividades para o governo.


Leia Também: "Grande vantagem". Trump quer "construir" relações com a Coreia do Norte 


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Pyongyang a aprender na guerra: armas que a Coreia do Norte enviou para a Rússia estão cada vez melhores

Missil balístico da Coreia do Norte (Korea Central News Agency/Korea News Service via PA)
Por  cnnportugal.iol.pt

Quando chegaram ao cenário de batalha tinham um nível de eficácia e precisão muito menor que o atual

Aí está um primeiro sinal de que a ajuda da Coreia do Norte à Rússia pode estar a compensar. Pelo menos para Pyongyang, que tem na guerra que decorre na Europa, a milhares de quilómetros de casa, um cenário ideal para fazer algo que nunca pôde fazer: treinar em cenário real.

Para já ainda não são as tropas, que continuam por provar a sua real eficácia na ajuda dada a Moscovo, mas sim os mísseis. De acordo com a agência Reuters, que falou com dois responsáveis ucranianos, as armas da Coreia do Norte estão melhores desde que chegaram à guerra.

Os mísseis balísticos norte-coreanos que hoje são disparados pela Rússia têm muito mais eficácia desde dezembro, quando comparados com os lançamentos feitos até então.

Uma eficácia que melhorou consideravelmente em relação ao alvo pretendido - passou a ter uma margem de erro entre 50 a 100 metros -, e que sugere que a Ucrânia está a aproveitar a utilização dos seus mísseis por parte da Rússia para também perceber melhor a sua própria tecnologia.

Uma fonte militar que pediu anonimato confirmou que há mesmo um aumento notório da precisão do lançamento dos mísseis balísticos norte-coreanos, que só nas últimas semanas foram utilizados mais de 20 vezes.

Os programas militares norte-coreanos têm sido acelerados nos últimos anos, nomeadamente pela inclusão de mísseis de curto e médio alcance que Pyongyang tem sugerido que podem transportar ogivas nucleares. A questão é que, por mais fiáveis que tivessem sido os testes, as armas nunca tinham sido testadas em contexto de guerra real. Até agora.

Para já não é claro que modificações foram feitas para que os mísseis passassem a ter mais precisão, mas o feedback dado pela Rússia será importante para a Coreia do Norte estreitar caminho rumo a melhores armas.

A análise forense aos destroços dos mísseis não permitiu perceber exatamente o que está a mudar nas armas, mas a hipótese de que tenham sido incorporados melhores sistemas de navegação é altamente considerada pela Ucrânia.

Se no início da guerra estes mísseis tinham margens de erro a rondar entre um a três quilómetros, a descida desse intervalo para 50 a 100 metros mostra bem que alguma coisa mudou.

Em causa estão os mísseis balísticos K-23, K-23A e K-24, que já foram utilizados pela Rússia na guerra cerca de 100 vezes.

Ainda que sejam uma parte minoritária do arsenal que a Rússia tem à sua disposição, estes mísseis têm algumas caraterísticas singularmente vantajosas: conseguem carregar uma ogiva com carga explosiva de até uma tonelada e têm um alcance de 800 quilómetros. O Iskander-M, por exemplo, que é o equivalente russo, carrega menos explosivos e tem apenas 500 quilómetros de alcance.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, condecorou hoje militares envolvidos na ofensiva na região fronteiriça russa de Kursk, entre os quais os soldados ucranianos que efetuaram as primeiras capturas de soldados norte-coreanos.

© Presidência da Ucrânia   Lusa  7/01/2025

Zelensky condecora militares envolvidos na ofensiva em Kursk. As imagens

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, condecorou hoje militares envolvidos na ofensiva na região fronteiriça russa de Kursk, entre os quais os soldados ucranianos que efetuaram as primeiras capturas de soldados norte-coreanos.

Zelensky elogiou a "bravura" destes soldados, afirmando que a Ucrânia não abriu qualquer conflito com a Coreia do Norte. 

"A Ucrânia não atacou a Iácutia [a república russa de Sakha), nem a Coreia, nem qualquer outra nação com a qual a Rússia nos queira confrontar", sublinhou, de acordo com um comunicado do seu gabinete.

No fim de semana passado, o Presidente ucraniano divulgou fotografias de alguns dos prisioneiros norte-coreanos, numa mensagem em que se oferecia para trocar estes "soldados de Kim Jong-un" por militares ucranianos detidos sob custódia russa.

As autoridades ucranianas confirmaram também a existência de baixas entre as tropas norte-coreanas que trabalham com a Rússia na defesa da região de Kursk, onde a Ucrânia mantém uma ofensiva desde agosto passado.

De acordo com os serviços secretos sul-coreanos, pelo menos 300 militares norte-coreanos foram mortos e 2.700 ficaram feridos.

As mesmas fontes indicam que cerca de 11.000 militares norte-coreanos foram enviados para auxiliar a Rússia na guerra contra a Ucrânia, em curso desde fevereiro de 2022.


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quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

NATO: Um terço de 11 mil soldados norte-coreanos estão "feridos ou mortos"

© Dursun Aydemir/Anadolu Agency via Getty Images  Lusa  16/01/2025 

O presidente do Comité Militar da NATO, o almirante Rob Bauer, indicou hoje que um terço dos soldados norte-coreanos que combatem ao lado da Rússia contra as forças ucranianas estão mortos ou feridos.

"Sabemos que cerca de 11.000 soldados estão na região de Kursk, utilizados pelos russos. O que sabemos agora, e que os ucranianos também sabem, é que um terço deles estão feridos ou mortos", declarou Bauer em conferência de imprensa, após uma reunião de chefes do Estado-maior dos países da Aliança Atlântica.

O almirante neerlandês sublinhou que estas tropas enviadas por Pyongyang "não são utilizadas de forma muito eficaz", porque "há um problema de linguagem com os russos, pelo que a coordenação entre os russos e os norte-coreanos não é realmente possível".

Bauer referiu ainda que os norte-coreanos "não são necessariamente usados como escudo", mas também não são utilizados de forma muito favorável no campo de batalha, pelo que "muitos deles morrerão, e é assim que acontece".

Referindo-se aos militares da Coreia do Norte capturados pelos ucranianos, disse apenas que "foram interrogados, pelo que fornecerão informações".

"Continua a ser surpreendente que um dos países mais isolados do mundo, a Coreia do Norte, seja agora, de repente, um interveniente", considerou Bauer, acrescentando ser também "fascinante que a China esteja basicamente a permitir que isto aconteça".

O presidente do Comité Militar da Aliança afirmou que foi transmitida à China a mensagem de que "não pode ter as duas coisas" ao mesmo tempo.

"Ou seja, não se pode dizer que se quer ser nosso amigo e negociar com os europeus e os americanos e, ao mesmo tempo, alimentar a guerra na Europa", afirmou, reconhecendo que "não é totalmente claro" até onde vai a relação entre Moscovo e Pequim, mas as suas implicações a longo prazo "são, naturalmente, uma grande preocupação".

Bauer recordou que, de acordo com os números da NATO, 700 mil soldados russos foram feridos ou mortos em quase três anos desde a invasão da Ucrânia, "um número enorme".

O responsável militar salientou, em todo o caso, que a situação é "difícil para ambos os lados", frisando que a Ucrânia "não está a colapsar na frente", mantendo posições na região fronteiriça russa de Kursk, enquanto "os russos, basicamente, não alcançaram qualquer dos seus objetivos".

Por seu lado, o comandante supremo Aliado para a Europa, o general Christopher G. Cavoli, afirmou que "o apoio da NATO à Ucrânia é duradouro" por várias razões, a começar pela intenção política dos aliados e porque foram criadas estruturas para tal.

"Temos infraestruturas. Temos pessoas designadas. E a SATU é uma sede importante. A NATO já assumiu a responsabilidade de defender os nós logísticos que permitem o fornecimento de armas à Ucrânia", comentou, referindo-se ao comando que a Aliança assumiu a partir de uma base na Alemanha para coordenar a entrega de material e treino militar às forças de Kiev.

Relativamente à nova atividade da NATO denominada "Baltic Sentry" para proteger infraestruturas submarinas críticas no Mar Báltico com navios, aeronaves e outros meios, após as recentes suspeitas de ações de sabotagem atribuídas à chamada frota de "navios fantasma russos", Cavoli observou que, "de muitas maneiras", ilustra os desafios de defender instalações vitais.

O general norte-americano, que vai comandar o "Baltic Sentinel", apontou que existem "complicações jurisdicionais" a nível nacional em relação a estas infraestruturas.

"Existe uma mistura complicada de autoridades pertencentes aos ministérios do Interior, guarda costeira, polícia, organizações internacionais, organizações comerciais e, em cada caso, trabalhamos muito cuidadosamente com a autoridade relevante para partilhar informações e dar uma compreensão do que está a acontecer no mar", explicou.


Leia Também: Putin convoca reservistas russos para formação militar 

O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou hoje um decreto que convoca os reservistas russos para uma formação militar anual.


domingo, 12 de janeiro de 2025

Novo comissário quer "big bang" na Defesa: "Quem está mais distante de Moscovo deve mostrar todo o seu potencial"

Andrius Kubilius comissário europeu Defesa e Espaço (Thierry Monasse/Getty Images)
Por  cnnportugal.iol.pt

Em 2023, os Estados-membros da UE decidiram aumentar as suas despesas militares para 2% do PIB, mas apenas 23 deles atingiram este objetivo

O novo comissário europeu da Defesa, Andrius Kubilius, apelou aos Estados-membros da União Europeia (UE), especialmente aos "mais distantes de Moscovo" geograficamente, incluindo Portugal, para aumentarem as despesas e reforçar a defesa do bloco.

"Aqueles que estão mais distantes de Moscovo devem mostrar todo o seu potencial. É disso que se trata a solidariedade da UE. Só juntos podemos alcançar um 'big bang' / ligar o turbo da nossa defesa! Solidariedade!", disse o lituano.

Kubilius publicou esta mensagem nas redes sociais, acompanhada de um gráfico que mostra a posição dos 27 Estados-membros com base na distância em quilómetros da Rússia e na parte do Produto Interno Bruto (PIB) que gastam em defesa, com a Irlanda, Portugal e Espanha no fundo da escala.

Os países da NATO estão a gastar muito menos em Defesa do que durante a Guerra Fria, quando dedicavam mais de 3% do seu PIB.

Em 2023, os aliados decidiram aumentar as suas despesas militares para 2% do PIB, mas apenas 23 deles atingiram este objetivo.

Alguns países da NATO mencionaram necessidade de aumentar este limiar para 3%, mas continuam divididos e ainda não foi tomada qualquer decisão.

Em 12 de dezembro, durante uma conferência organizada pelo centro de estudos Carnegie Europe, Kubilius disse que cada ponto adicional do PIB representa mais 200 mil milhões de euros para os países da UE, 23 dos quais são também membros da NATO.

No mesmo evento, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, apelou aos aliados para que aumentem os gastos militares e mudem para uma “mentalidade de guerra”, para evitar no seu território um conflito como o da Ucrânia devido à invasão russa.

“O que está a acontecer na Ucrânia poderia acontecer aqui também (…). É altura de mudar para uma mentalidade de guerra. E reforçar rapidamente a nossa produção de defesa e no gasto na defesa”, advertiu Rutte, em Bruxelas.

No primeiro discurso solene desde que assumiu o cargo em outubro, o líder da Aliança Atlântica alertou que a ameaça russa está a aproximar-se “a grande velocidade”.

O responsável ressalvou que mesmo que não exista uma ameaça militar iminente contra a NATO, isso não impede a Rússia de se preparar para “um confronto a longo prazo com a Ucrânia” e com os 32 países que compõem a organização transatlântica.

Rutte pediu o apoio do público e exortou a um sentido de sacrifício para “evitar a próxima grande guerra em território da NATO”.

Para além da Rússia, a China, o Irão e a Coreia do Norte estão “a trabalhar arduamente para enfraquecer a América do Norte e a Europa”, sublinhou Rutte.

“Temos de ser claros quanto às ambições da China quando esta aumenta substancialmente as suas forças, incluindo as suas armas nucleares, sem limites e de forma opaca”, advertiu.

A indústria de defesa europeia é “demasiado pequena, demasiado lenta e demasiado fragmentada”, considerou Rutte.