quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Pyongyang a aprender na guerra: armas que a Coreia do Norte enviou para a Rússia estão cada vez melhores

Missil balístico da Coreia do Norte (Korea Central News Agency/Korea News Service via PA)
Por  cnnportugal.iol.pt

Quando chegaram ao cenário de batalha tinham um nível de eficácia e precisão muito menor que o atual

Aí está um primeiro sinal de que a ajuda da Coreia do Norte à Rússia pode estar a compensar. Pelo menos para Pyongyang, que tem na guerra que decorre na Europa, a milhares de quilómetros de casa, um cenário ideal para fazer algo que nunca pôde fazer: treinar em cenário real.

Para já ainda não são as tropas, que continuam por provar a sua real eficácia na ajuda dada a Moscovo, mas sim os mísseis. De acordo com a agência Reuters, que falou com dois responsáveis ucranianos, as armas da Coreia do Norte estão melhores desde que chegaram à guerra.

Os mísseis balísticos norte-coreanos que hoje são disparados pela Rússia têm muito mais eficácia desde dezembro, quando comparados com os lançamentos feitos até então.

Uma eficácia que melhorou consideravelmente em relação ao alvo pretendido - passou a ter uma margem de erro entre 50 a 100 metros -, e que sugere que a Ucrânia está a aproveitar a utilização dos seus mísseis por parte da Rússia para também perceber melhor a sua própria tecnologia.

Uma fonte militar que pediu anonimato confirmou que há mesmo um aumento notório da precisão do lançamento dos mísseis balísticos norte-coreanos, que só nas últimas semanas foram utilizados mais de 20 vezes.

Os programas militares norte-coreanos têm sido acelerados nos últimos anos, nomeadamente pela inclusão de mísseis de curto e médio alcance que Pyongyang tem sugerido que podem transportar ogivas nucleares. A questão é que, por mais fiáveis que tivessem sido os testes, as armas nunca tinham sido testadas em contexto de guerra real. Até agora.

Para já não é claro que modificações foram feitas para que os mísseis passassem a ter mais precisão, mas o feedback dado pela Rússia será importante para a Coreia do Norte estreitar caminho rumo a melhores armas.

A análise forense aos destroços dos mísseis não permitiu perceber exatamente o que está a mudar nas armas, mas a hipótese de que tenham sido incorporados melhores sistemas de navegação é altamente considerada pela Ucrânia.

Se no início da guerra estes mísseis tinham margens de erro a rondar entre um a três quilómetros, a descida desse intervalo para 50 a 100 metros mostra bem que alguma coisa mudou.

Em causa estão os mísseis balísticos K-23, K-23A e K-24, que já foram utilizados pela Rússia na guerra cerca de 100 vezes.

Ainda que sejam uma parte minoritária do arsenal que a Rússia tem à sua disposição, estes mísseis têm algumas caraterísticas singularmente vantajosas: conseguem carregar uma ogiva com carga explosiva de até uma tonelada e têm um alcance de 800 quilómetros. O Iskander-M, por exemplo, que é o equivalente russo, carrega menos explosivos e tem apenas 500 quilómetros de alcance.

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