© Jeenah Moon/Bloomberg via Getty Images
Por LUSA 24/09/22
O Governo do Mali acusou hoje a França de "armar, financiar e equipar grupos terroristas" em território maliano, numa dura acusação contra a antiga potência colonial proferida durante o seu discurso perante a Assembleia-Geral da ONU.
O discurso foi lido por Abdoulaye Maiga, primeiro-ministro interino das autoridades de transição surgidas após o último golpe militar, em 2021, que prometeu respeitar o calendário de transferência de poderes para um Governo democrático em 2024.
Maiga dedicou boa parte da sua intervenção nas Nações Unidas a acusar a França, referindo que este país "apunhalou o povo maliano pelas costas" quando anunciou unilateralmente, em junho de 2021, a retirada da força antiterrorista francesa Barkhane do país, concluída este ano, e que levou a uma grave crise bilateral e a grandes mobilizações antifrancesas em Bamako.
O responsável maliano chegou a pronunciar em três ocasiões uma frase que dizia que a França "se transformou numa junta ao serviço do obscurantismo", antes de descrever o Governo de Paris como "nostálgico de uma era colonialista, paternalista, condescendente e vingativa".
No seu discurso, Abdoulaye Maiga referiu-se ainda à responsabilidade da França no genocídio dos tutsis, no Ruanda, em 1994; ao tráfico de escravos africanos, que ajudaram -- segundo disse -- a construir a Europa do iluminismo e da modernidade; e ao recrutamento de milhares de soldados africanos para lutar nas guerras francesas.
Por outro lado, Maiga afirmou que a missão de estabilização da ONU, instalada no centro e norte do Mali (Minusma) desde 2013, não tem conseguido atingir os seus objetivos, pelo que é necessária uma "mudança de paradigma" e uma maior coordenação com as autoridades malianas.
A Minusma é a missão da ONU com maior mortalidade devido aos constantes ataques terroristas, sendo também objeto da crescente hostilidade da população.
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