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Notícias ao Minuto 02/11/21
O ministro do Ambiente e Diversidade da Guiné-Bissau defendeu hoje a importância estratégica da subscrição de um novo acordo internacional para combater a desflorestação e degradação do solo anunciada na 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26).
"Aceitámos assinar esta declaração sobre a desflorestação porque é uma vantagem comparativa que a Guiné-Bissau tem em termos da negociação do clima. O nosso país continua a ser um país florestal e suportamos com toda a garra esta declaração", afirmou Viriato Cassamá à Agência Lusa.
O ministro disse querer acabar com a "desflorestação selvagem", mas sem impedir o uso da terra, a qual vai continuar "à disposição da comunidade, à disposição do desenvolvimento do país, mas com regras internacionalmente aceites para a gestão sustentável dos recursos naturais".
A Guiné-Bissau, tal como Portugal, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, estão entre os mais de 100 signatários do acordo, representativos de mais de 86% das florestas mundiais, entre as quais a floresta boreal do Canadá, a floresta amazónica ou ainda a floresta tropical da bacia do Congo.
Embora acordos semelhantes tenham sido alcançados antes, desta vez estão também entre os signatários os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, líderes das duas maiores economias do mundo.
A declaração também foi subscrita pelos líderes dos países com as maiores áreas de floresta do mundo, a República Democrática do Congo, Papua Nova Guiné e Brasil, cujo presidente, Jair Bolsonaro, recusou até agora comprometer-se com a proteção da floresta amazónica.
A iniciativa vai beneficiar de um financiamento público e privado de 22,4 mil milhões de dólares (19,3 mil milhões de euros) e é considerada essencial para alcançar o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial.
O financiamento do clima é outra questão que a Guiné-Bissau quer ver avançar nesta conferência, necessário não só para o país alcançar as suas metas de redução das emissões de gases com efeito de estufa, mas também para ajudar o país na adaptação aos efeitos das alterações climáticas.
A Guiné-Bissau assumiu o compromisso de reduzir em 30% as emissões de gases com efeito de estufa até 2030 comparando com os níveis de 2019, mas só tem recursos para os primeiros 10%, precisando de apoio internacional para os restantes dois terços.
Com cerca de 300 quilómetros de orla costeira a cinco metros abaixo do nível da água do mar, o país é "muito propenso à erosão costeira" e vulnerável ao impacto das alterações climáticas, vincou Cassamá.
"A Guiné-Bissau tem 36.125 quilómetros quadrados, mas quando a maré sobe perdemos aproximadamente 5% do nosso território nacional porque a água cobre parte deste território nacional", disse.
No entanto, confessou à Lusa, o país sente-se impotente pela "fraca capacidade técnica, tecnológica e de meios financeiros para fazer face a este fenómeno".
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.