O “inferno” vivido diariamente pelas crianças das escolas corânicas, conhecidas como “talibés”, no Senegal foi denunciado pela ONG Human Rights Watch (HRW) através de um relatório de 81 páginas, que frequentemente refere crianças “talibés” originárias da Guiné-Bissau.
A HRW estima que cerca de 100.000 crianças vivem em regime interno em “daaras” (escola corânica tradicional), das quais muitas são frequentemente vítimas de abusos sexuais e obrigadas à mendicidade por marabus sem escrúpulos.
“Milhares destas crianças vivem numa miséria abjecta, privados de alimentação mínima e cuidados médicos. Um grande número delas são alvo de abusos físicos que constitui um tratamento desumano e degradante”, refere a HRW.
O relatório da HRW apresenta provas de dezenas de abusos graves perpetrados de 2017 a 2018 contra crianças “talibés” por mestre corânicos e seus assistentes. Crianças mortas após maus tratos físicos, abusos sexuais, mas também casos de “talibés” mantidos cativos e acorrentados.
Segundo as investigações levadas a cabo pela HRW, muitas crianças são levadas para as “daaras” por familiares, sendo maioritariamente originárias do Senegal, mas também do Mali, Gâmbia, Guiné Conacri e Guiné-Bissau “cujas famílias regressam com frequência” para trazer mais crianças para as “daaras”, referiu uma testemunha à HRW.
Para a HRW, tendo em conta a gravidade dos abusos relatados no documento, o novo governo senegalês deverá tomar medidas urgentes para pôr fim aos abusos e condenar os responsáveis.
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