Intervenção militar da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) começou em janeiro de 2017 e conduziu ao afastamento do Presidente Yahya Jammeh. Será já hora de terminar? Gambianos estão divididos.
Soldado da missão da CEDEAO em Banjul
Quase dois anos depois do início da ECOMIG, a intervenção militar Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) na Gâmbia, quase metade dos gambianos diz que já é tempo de o exército nacional voltar a assumir o controlo.
"Temos militares, temos Forças Armadas. Por que não os utilizamos para fazer o resto do trabalho que a ECOMIG está a fazer?", questiona uma cidadã entrevistada pela DW na capital, Banjul.
Tal como ela, 44% dos gambianos ouvidos numa sondagem da rede de pesquisa pan-africana Afrobarometer, publicada no mês passado, acham que a ECOMIG devia deixar o país. Por outro lado, 50% dos interrogados consideraram que a missão deve ficar, enquanto cerca de 3% respondeu que não fazia diferença se a missão da CEDEAO permanece ou não na Gâmbia.
Já será tempo de soldados gambianos voltarem a assumir o controlo?
Uma questão "psicológica"
O país parece, portanto, dividido quanto à permanência da força. A missão da ECOMIG, que começou em janeiro de 2017, era restaurar a democracia no país, depois do Presidente Yahya Jammeh se recusar a renunciar ao cargo, apesar de ter sido derrotado por Adama Barrow nas eleições presidenciais de dezembro de 2016.
Jammeh foi forçado ao exílio na Guiné Equatorial dois dias depois de as forças da CEDEAO chegarem à Gâmbia.
A ECOMIG ficou no país com três objetivos principais: assegurar o regresso do Presidente eleito, Adama Barrow, que foi empossado na Embaixada da Gâmbia no Senegal, garantir a segurança da população e reformar o setor de segurança. Até agora, só dois dos três objetivos foram alcançados - a reforma do setor de segurança ainda não foi realizada.
"A presença da ECOMIG é [um questão] psicológica", afirma o coronel aposentado Baboucarr Jatta, que serviu como chefe do pessoal de defesa das Forças Armadas da Gâmbia. "Há uma coisa que os gambianos precisam de entender sobre segurança externa: há redes em funcionamento na sub-região sob o controlo da CEDEAO. Nós estivemos na Libéria e em outros lugares, então a presença deles aqui é uma coisa boa."
Exército nacional esvaziado de poder?
O sentimento entre muitos gambianos é que a presença de forças da CEDEAO tornou as Forças Armadas da Gâmbia irrelevantes. Os militares gambianos foram empurrados para os quartéis, enquanto a segurança do país está inteiramente nas mãos da ECOMIG. Isso fez com que alguns apoiantes de Yahya Jammeh renunciassem aos seus postos militares, dizendo que não poderiam ser leais ao Presidente Adama Barrow. Serão eles uma ameaça para o país?
Baboucarr Jatta, que também serviu como ministro do Interior durante o regime de Yahya Jammeh, acredita que não: "O que é que eles podem fazer? Enquanto estivermos bem com os nossos vizinhos, não há nada que eles possam fazer."
Poucos terão recursos financeiros suficientes para orquestrar uma revolta contra o regime, comenta Jatta.
O Presidente Adama Barrow quer que as forças sub-regionais permaneçam até ao final do período de transição, em 2021. Para o chefe de Estado, a missão da CEDEAO ajudará o seu Governo a realizar a reforma do setor de segurança.
DW
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