quinta-feira, 4 de abril de 2024

Barcos não tripulados ameaçam a segurança marítima de África

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POR LUSA   04/04/24 

A utilização de barcos não tripulados em operações ofensivas nos mares Negro e Vermelho está a ameaçar a segurança marítima em África, alertam analistas do Instituto de Estudos de Segurança (ISS) num artigo publicado hoje.

Os Estados africanos devem "compreender a potencial ameaça que representam as embarcações sem tripulação", incluindo drones marítimos, "e as lacunas legais existentes para atenuar as consequências da inevitável disseminação desta tecnologia", escrevem Denys Reva e Johanna Ramachela, especialistas nesta área.

Um drone marítimo, ou USV, é um barco sem piloto, controlado remotamente, que pode operar no mar e atualmente já estão a ser utilizadas variantes desta tecnologia para vigilância, monitorização de portos e instalações 'offshore' de petróleo e gás, deteção de poluição marinha e levantamentos oceanográficos.

De acordo com o ISS, prevê-se que os sistemas não tripulados sejam rapidamente utilizados em ataques diretos a infraestruturas marítimas, o que é "preocupante para os Estados africanos já que não dispõem de recursos para monitorizar eficazmente as suas zonas marítimas, para intercetar o contrabando e o tráfico e responder a incidentes de segurança marítima que se desenrolam rapidamente".

Os especialistas recordam os ataques de rebeldes Huthis, desde fevereiro, utilizando USVs no Mar Vermelho e a interceção de um navio com destino ao Iémen com várias armas e componentes de USV a bordo, incidentes que ocorrem "numa altura em que as forças navais mundiais demonstram um interesse crescente no impacto estratégico desta tecnologia".

A utilização bem-sucedida de navios sem tripulação, especialmente no âmbito da guerra da Rússia contra a Ucrânia, pode ser vista como uma garantia para os principais países fabricantes de armas, estando o Reino Unido, a França, a Turquia e a China a desenvolver uma "sofisticada tecnologia de drones navais", enquanto outros países, incluindo a África do Sul, estão a acelerar o desenvolvimento desta tecnologia.

No entanto, as características que tornam estas embarcações não tripuladas atrativas e inovadoras para as marinhas convencionais também as tornam apelativas para os atores não estatais, advertem os analistas.

Embora os Huthis não estejam necessariamente alinhados com grupos armados ativos em África, "existe uma rota de contrabando de armas bem documentada que opera entre o Iémen e a Somália", referem os especialistas do ISS.

"A introdução de navios sem tripulação como fonte de potencial insegurança marítima poderia agravar a insegurança existente em África", insistem.

LUZF/ANP // ANP

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