O secretário-geral das Nações Unidas considerou hoje, em Nairobi, que a força conjunta do G5-Sahel não será suficiente para travar a progressão do terrorismo na África Ocidental, manifestando apoio a novas iniciativas de segurança na região.
"Infelizmente, constatamos que o terrorismo está a progredir" na parte ocidental do continente, disse António Guterres aos jornalistas, antes da abertura de uma conferência de dois dias sobre a luta contra o terrorismo em África.
"Começou no Mali, depois passou para o Burkina Faso, para o Níger e, agora, quando falamos com os presidentes do Gana, Benim, Togo e Costa do Marfim, dizem-nos que o terrorismo está a chegar às suas fronteiras. Isto significa que é essencial que as forças africanas encarregadas do contraterrorismo tenham o mandato e financiamento adequados", explicou.
Por isso, sustentou Guterres, são necessárias mais iniciativas que "vão além do G5-Sahel".
"Seria importante estarmos prontos a apoiar toda a iniciativa africana, envolvendo os países preocupados com a propagação desta ameaça", acrescentou.
De acordo com Guterres, os chefes de Estado da África Ocidental defendem a necessidade "de uma resposta bastante mais robusta e coletiva e que a comunidade internacional deve encontrar mecanismos que permitam um apoio pleno", reforçou.
O responsável das Nações Unidas disse ainda lamentar não ter conseguido colocar o G5-Sahel sob a égide do capítulo VII da Carta das Nações Unidas, como reclamado por diversas vezes pelos seus estados-membros - Mali, Níger, Burkina Faso, Mauritânia e Chade.
O capítulo VII da Carta das Nações Unida (ONU) permite o uso de sanções e mesmo o recurso à força e a sua ativação facilitaria o financiamento do G5-Sahel e possibilitaria a sua transformação em força da ONU.
Ainda que o orçamento para esta força de 5.000 militares tenha sido incluído em reuniões de doadores internacionais, os fundos demoram a chegar, prejudicando a ação da força que, em dois anos, não fez qualquer operação com impacto no terreno.
As preocupações de Guterres foram reforçadas pelo Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, que criticou a comunidade internacional.
"Temos dificuldades em entender a demora da comunidade internacional em relação ao financiamento de operações de segurança na África", disse.
Para Moussa Faki Mahamat, "é uma situação incompreensível", quando o fenómeno do terrorista se agrava.
"É preciso mobilizar o conjunto da comunidade internacional para fazer face a um fenómeno que tem as mesmas caraterísticas" do que a Síria e o Iraque, disse.
A reunião de Nairobi é uma iniciativa regional da primeira conferência mundial sobre terrorismo organizada pelas Nações Unidas, em 2018, em Nova Iorque.
NAOM
Sem comentários:
Enviar um comentário