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Notícias ao Minuto 07/10/21
O secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu na quarta-feira, no Conselho de Segurança, explicações por parte da Etiópia para a recente expulsão de sete funcionários da organização, acusados de "interferência" no país.
António Guterres, numa intervenção nada habitual no Conselho de Segurança exigiu "documentos escritos" a Addis Abeba que provem a suposta "interferência" dos sete funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) expulsos daquele país africano.
"Se houver algum documento do governo etíope fornecido a uma agência da ONU em relação a qualquer um dos sete funcionários expulsos, gostaria de receber uma cópia porque não tenho conhecimento de sua existência", disse António Guterres ao embaixador da Etiópia na ONU, Taye Atskeselassie Ande, num ambiente bastante tenso.
Após intervir no início da reunião do Conselho de Segurança, convocado com urgência pela segunda vez em menos de uma semana para tratar do caso das diversas expulsões "sem precedentes", o secretário-geral da ONU pediu de novo para falar após a intervenção do embaixador etíope.
Guterres afirmou que conversou na sexta-feira passada com o primeiro-ministro etíope e disse que lhe pediu duas vezes para lhe enviar provas da falta de "imparcialidade" dos funcionários.
"Até agora, não tive resposta a este pedido", advertiu.
No final da reunião do Conselho de Segurança, António Guterres reiterou a sua posição perante os jornalistas, justificando sua firme intervenção dizendo: "É meu dever defender a honra das Nações Unidas".
Perante o Conselho de Segurança, o embaixador etíope justificou longamente a expulsão dos sete funcionários da ONU, alegando que haviam empolado os números de supostas vítimas, inventado mortes devido à fome e convidado rebeldes armados para recintos protegidas pelas Nações Unidas.
Referindo-se às "múltiplas infrações", Taye Atskeselassie Amde disse que os funcionários da ONU "não deve procurar ou aceitar instruções de qualquer governo ou de qualquer outra fonte fora das Nações Unidas".
O diplomata etíope disse ainda que os funcionários não devem "usar a sua posição ou o conhecimento adquirido durante as suas funções oficiais para fins privados, financeiros ou outros, ou para o benefício privado de terceiros, incluindo família, amigos e aqueles a quem favorecem".
Os funcionários não devem, enfim, "comunicar qualquer informação de que tenham conhecimento em virtude da sua função oficial a entidades governamentais, pessoas ou outra fonte", salientou acrescentando que o seu governo enviaria os documentos por escrito ao ao secretário-geral da ONU.
António Guterres iniciou a reunião afirmando que a Etiópia estava passar por uma "enorme crise humanitária" e que um "livre" acesso era necessário para a ajuda humanitária, adiantando que o ato de expulsão dos funcionários anunciado na sexta-feira pelo governo etíope torna a situação "particularmente preocupante".
Para Guterres a decisão do Governo da Etiópia "não tem precedentes" e viola a Carta das Nações Unidas.
A embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, por sua vez, considerou que a expulsão é "uma afronta" ao Conselho de Segurança, às Nações Unidas, e a todos os Estados-membros e aos princípios humanitários que todos "partilham".
"A ONU é imparcial, neutra", disse a diplomata, sustentando que não havia "nenhuma justificação" para a decisão da Etiópia.
Já o seu homólogo chinês, Zhang Jun, pediu respeito pela soberania etíope e disse se deve "apostar numa diplomacia discreta", apoiando a abordagem de "soluções africanas para os problemas africanos".
Na mesma linha, a embaixadora adjunta da Rússia, Anna Evstigneeva, disse que a Etiópia era "capaz de resolver seus problemas por si só".
"Não devemos dramatizar o que aconteceu", disse, defendendo uma "solução amigável" para a crise entre a ONU e a Etiópia.