A Super Lua Azul de Sangue brindou a costa oeste dos Estados Unidos com um verdadeiro espetáculo astronómico. As imagens da lua gigante e do eclipse não param de chegar. Veja-as aqui.
Há 150 anos que o mundo não via nada assim: uma Lua Cheia, a segunda no mesmo mês, que além de estar mais próxima da Terra do que costuma estar, também passou por um eclipse total que a tornou vermelha em boa parte do evento. Sozinho, nenhum destes eventos é especialmente entusiasmante: as luas azuis acontecem em média a cada três anos, as luas gigantes ocorrem uma vez a cada 14 meses e as luas de sangue surgem duas vezes por ano, quando a Terra se põe entre o Sol e o nosso satélite natural. Tudo ao mesmo tempo é que é algo especial.
A conjugação de todos esses fenómenos, mais ou menos comuns, numa só noite é rara. Não acontecia desde 1886. Mas as fotografias que têm surgido da costa oeste dos Estados Unidos, na Ásia, Austrália e nas ilhas do Oceano Pacífico ajudam a eternizar tudo. É que só mesmo nesses sítios é que o eclipse foi visto, portanto só mesmo lá é que houve uma Super Lua Azul de Sangue que é “a Lua de uma vida”, dizem os cientistas da NASA — cá, o nome acaba logo em “azul”. Mas convém que não se habitue demasiado a estes termos: são das coisas menos científicas que por aí anda.
O termo “lua de sangue” usa-se para descrever a cor avermelhada que a Lua ganha quando fica oculta na sombra da Terra durante um eclipse. Só que esse nome, explica o cientista da NASA Fred Espenak, “é provavelmente mais popular por causa dos fanáticos religiosos que continuam a prometer que este será o último eclipse”. Até há referências a uma lua de sangue na Bíblia, que os religiosos acreditam ser uma demonstração do poder de Deus, mas que pode ser o resultado de um eclipse, de uma erupção vulcânica ou até de um incêndio.
Nem mesmo o termo “Super Lua” é o mais correto cientificamente: em primeiro lugar porque não é assim tão “super” aos nossos olhos; e em segundo lugar porque esse nome vem de um astrólogo, Richard Nollelle, quando disse que a aproximação da Lua à Terra não só a tornaria (ligeiramente) maior e mais brilhante, como iria influenciar o tempo. Só que isso nunca aconteceu.
E o termo “Lua Azul” também não é bem aceite pela comunidade científica. E isso não é apenas porque a Lua de facto nunca se torna azul, mas acima de tudo porque a existência de duas Luas Cheias no mesmo mês depende do local do planeta Terra onde estiver. Uma pessoa que, no Arizona, veja uma Lua 100% Cheia no dia 1 de janeiro e no dia 31 de janeiro está perante a Lua Azul. Mas se a mesma pessoa estivesse na Nova Zelândia, a segunda Lua Cheia já só calharia às duas da manhã de dia 1 de fevereiro, por isso não haveria Lua Azul nesse caso.
De uma maneira ou de outra, quem pode ver uma Lua maior que a média, a segunda do mesmo mês e avermelhanda à conta de um eclipse, tem uma oportunidade centenária de tirar boas fotos ao fenómeno.
Tem algumas delas na fotogaleria.
Observador.pt