terça-feira, 6 de maio de 2025

Ucrânia tem uma nova táctica que ameaça a supremacia da força aérea russa

Por  CNN 

"Este é um momento histórico", afirma o líder dos serviços secretos ucranianos. Russos lamentam "não existirem meios capazes de combater esta ameaça"

A Direção de Informações de Defesa da Ucrânia (GUR) abateu dois caças de combate russos Su-30, na sexta-feira, enquanto sobrevoavam o Mar Negro. Foi a primeira vez na história que um avião de combate é abatido por um drone marítimo. Segundo o líder dos serviços secretos militares, o tenente-general Kyrylo Budanov, a destruição das aeronaves só foi possível com recurso a uma nova tática inovadora que pode vir a alterar a supremacia da força aérea russa na região. 

Os drones marítimos ucranianos, como o MaguraV5, ganharam notoriedade depois de abater com sucesso vários navios da marinha russa. Agora, os serviços secretos ucranianos adaptaram estes drones para serem capazes de disparar mísseis utilizados no combate entre aviões, os mísseis AIM-9 Sidewinder, transformando-os em sistemas de ataque antiaéreo flutuantes.

"Este é um momento histórico", afirmou Budanov à publicação TWZ, acrescentando que a adaptação dos novos drones começou a ser feita no início de janeiro. A CNN não conseguiu verificar de forma independente as alegações da Ucrânia. O Ministério da Defesa da Rússia não comentou o incidente.

Mas o que surpreendeu a força aérea russa foi a estratégia utilizada pelo GUR. Os militares ucranianos utilizaram três navios MaguraV7 para o ataque, embora apenas dois estivessem preparados para disparar contra as aeronaves. Segundo um dos principais bloggers militares russos, Vladislav Shurygin, os pilotos ucranianos utilizaram um dos drones para atrair os aviões até estes estarem a uma distância aceitável para disparar os mísseis AIM-9. 

O resultado foi fatal. Num vídeo partilhado pelo GUR nas redes sociais é possível ver o resultado do ataque contra a primeira aeronave, que explode em pleno ar e começa a cair em direção ao mar. Ao contrário da tripulação do segundo Su-30, os pilotos do primeiro caça acabaram por sobreviver, depois de terem sido resgatados por uma embarcação civil, revelou Budanov.

Os analistas russos sublinham que o mais importante não é necessariamente a utilização de um drone naval para abater um alvo aéreo, mas sim o facto de "não existirem meios capazes de combater esta ameaça". Atualmente, as forças russas tentam destruir os drones navais através do uso da metralhadora a bordo dos seus aviões. No entanto, esta tática obriga o avião a aproximar-se dos drones e, agora, também do alcance dos mísseis antiáereos. 

Os bloggers russos dizem agora que a iniciativa no Mar Negro pertence à Ucrânia. Prova disso é o facto de o ataque ter acontecido tão perto do território russo, a cerca de 50 quilómetros da cidade russa de Novorossiysk, na província de Krasnodar. Esta cidade tornou-se o principal porto russo nos últimos dois anos, depois de as autoridades russas terem considerado o porto principal de Sebastopol, na Crimeia, demasiado perigoso para operar, depois de repetidos ataques ucranianos. 

Kiev tem-se virado cada vez mais para os drones para nivelar o campo de ação com a Rússia, que se orgulha de ter recursos humanos e materiais superiores. Desde a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia em 2014 - e na sequência de novas perdas após a invasão russa de 2022 -, a Ucrânia deixou de ter uma marinha operacional no Mar Negro.

Os drones provaram ser eficazes contra alguns dos navios mais resistentes da frota do Mar Negro de Moscovo. São controlados à distância através de uma ligação Starlink e podem ser pré-programados para as longas viagens através do Mar Negro.

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