Por Cnnportugal.iol.pt 07/05/2024
São vários navios destruídos e Moscovo começa a mudar de estratégia, o que pode favorecer a Ucrânia na sua defesa e ajudar também no ataque à Crimeia
A Rússia teve de mudar a localização de quase todos os seus navios de guerra que estavam na Crimeia, depois de uma grande sequência de ataques ucranianos terem deixado os portos daquela região praticamente inutilizáveis.
A notícia foi dada pelo chefe da marinha ucraniana, o vice-almirante Oleksiy Neizhapa, que relatou à agência Reuters uma série de danos causados na base de Sevastopol, a principal cidade da região anexada pela Rússia em 2014.
O responsável falava de ataques com mísseis e drones navais que atingiram não apenas a base naval onde assenta toda a frota do Mar Negro da Rússia, mas também localizações logísticas de reparação, manutenção, treino e até de armazenamento de munições.
“Estabeleceram-se ao longo de várias décadas, possivelmente séculos. Agora estão claramente a perder este centro”, afirmou o responsável, numa entrevista dada a partir de Odessa e que surgiu à margem do Dia da Marinha da Ucrânia.
Este é o resultado de uma série de ataques bem-sucedidos contra a Crimeia, região que a Ucrânia continua a reclamar como sua, e que faz parte da recuperação integral de território. São conhecidos, de resto, os vários ataques conduzidos contra posições da Rússia naquele local, a grande maioria com alvo precisamente nas operações navais.
Isto tudo sem que a Ucrânia disponha propriamente de uma grande frota naval, recorrendo em vez disso a barcos não tripulados ou até, mais recentemente, a drones marítimos, uma das grandes armas no local.
Só isso permite que navios de grande porte e posições russas importantes continuem a ser atacadas com alguma consistência. Em paralelo funcionam os ataques com mísseis Storm Shadow ou ATACM.
“Quase todos os navios prontos para combate foram retirados pelo inimigo da base da frota do Mar Negro. Os navios são [agora] mantidos em Novorossiisk e alguns deles no Mar de Azov”, acrescentou Neizhapa, referindo-se a uma parte do Mar Negro onde a Rússia tem maior predominância, nomeadamente após a conquista de Mariupol.
De acordo com a marinha ucraniana, neste momento há 10 navios russos estacionados naquele estreito de mar, enquanto há cerca de um ano não havia nenhum.
O problema para a Rússia é que Novorossiisk, além de ser mais longe da linha da frente, não oferece as mesmas condições de Sevastopol. Fica a perder, entre outras coisas, em tamanho, o que dificulta o armazenamento de material como os mísseis de cruzeiro que muitas vezes são lançados a partir de navios ali posicionados.
“Eles estão a tentar resolver este problema em Novorossiisk”, acrescentou o responsável da marinha ucraniana, que descreve a situação como um “grande problema” para a marinha russa, até porque o Mar Negro é o único local onde os navios de Moscovo podem operar em relação à guerra na Ucrânia.
Embora não tenha admitido quaisquer falhas ou problemas, o presidente da Rússia prometeu recentemente renovar a marinha, anunciando uma modernização em curso, incluindo com passos para “aumentar a estabilidade de combate” daquela frota, além de um reforço efetivo com mais e melhores navios.
É que, apesar de confinada ao Mar Negro, a marinha russa desempenha um papel crucial. Em conjunto com os bombardeiros estratégicos e os sistemas de lançamento, os navios de guerra e os submarinos têm sido cruciais para ataques de longo alcance. A vantagem estratégica do local, nomeadamente de Sevastopol, permite atingir locais onde outras armas não chegam – Odessa, por exemplo, fica muitos mais acessível desta forma.
O problema para a Rússia é a perda de frota. As contas ucranianas, apresentadas pelo próprio Neizhpapa, apontam para a destruição de 27 navios, incluindo cinco que terão sido destruídos por minas marítimas colocadas estrategicamente por drones ao largo da baía de Sevastopol.
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