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POR LUSA 17/05/23
A empresa estatal russa Rosatom revelou hoje que está a negociar com companhias petrolíferas para redirecionar o transporte de petróleo russo em direção à Ásia dos portos do Báltico para a rota do Mar do Norte (RMN).
"O embargo imposto pelos países europeus ao fornecimento de petróleo e derivados russos não só se tornou um desafio, mas abriu uma nova janela de oportunidade para transportar mais mercadorias na RMN", sublinhou o responsável da empresa estatal russa de energia atómica, Alexei Likhachev, ao Presidente russo, Vladimir Putin.
Likhachev realçou que a Rosatom, que possui uma frota de quebra-gelo nuclear, está atualmente a trabalhar, em conjunto com empresas russas, para "redirecionar o petróleo russo dos portos bálticos para a Rota do Mar do Norte, a rota mais segura e atraente".
Com isso, acrescentou, tornou-se possível "transferir muitas atividades de transporte marítimo do Ocidente para o Oriente" na sequência das sanções ocidentais sobre navios russos, bem como sobre petróleo e derivados russos.
O vice-primeiro-ministro Alexandr Novak referiu no mês passado que o país redirecionará 140 milhões de toneladas de petróleo e derivados para a Ásia este ano e fornecerá apenas 80 a 90 milhões de toneladas para a Europa devido às sanções.
Em 2022, a Rússia enviou 220 milhões de toneladas de petróleo bruto e derivados de petróleo para a Europa.
O responsável da Rosatom explicou que no ano passado o tráfego de cargas totalizou 34 milhões de toneladas, mais 2 milhões do que o previsto, e que a meta este ano é chegar aos 36 milhões de toneladas.
"Estamos a trabalhar com o Ministério do Desenvolvimento do Extremo Oriente e empresas para atingir esse número ambicioso", frisou Lijachev.
De acordo com o líder da Rosatom, não só as empresas russas estão a demonstrar interesse na rota marítima do norte, mas também empresas dos demais países do bloco económico BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e do Médio Oriente.
A Rússia apresenta a RMN como uma alternativa viável ao Canal de Suez, uma opção cada vez mais acessível devido ao degelo nas áreas árticas da Rússia.
A Rota do Ártico foi lançada em 2011 por Putin, mas é um projeto para o futuro, já que o Kremlin não espera que funcione como um corredor internacional de pleno direito até 2035.
Um navio tem que percorrer 10.600 quilómetros para chegar ao norte da cidade russa de Murmansk ao porto chinês de Xangai, enquanto se optar por cruzar o Canal de Suez precisará percorrer 17.700 quilómetros.
Vladimir Putin defendeu hoje a redução voluntária da extração de petróleo no país para sustentar o seu preço nos mercados mundiais.
Numa reunião com membros do Governo russo, Putin alertou que os preços do petróleo nos mercados mundiais estão sujeitos a flutuações.
"Mas todas as nossas ações, incluindo a redução voluntária das extrações, são precisamente devido à necessidade de apoiar uma certa situação de preços nos mercados mundiais através do diálogo e contacto com os nossos parceiros da OPEP+ [Organização dos Países Exportadores de Petróleo]", enfatizou o chefe de Estado russo.
Em março, a Rússia anunciou que cortaria voluntariamente as extrações de petróleo em 500.000 barris por dia em relação ao nível de fevereiro, medida que posteriormente estendeu até julho e, posteriormente, juntamente com outros parceiros da aliança OPEP+ até ao final do ano.
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