Por LUSA
O Kremlin negou que a Rússia tem como objetivo recuperar o antigo território da União Soviética (tanto da Ucrânia como de outros países europeus) com a atual ofensiva militar.
Em declarações aos jornalistas em Moscovo, esta segunda-feira, Dmitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, desmentiu a informação veiculada pela agência Reuters, que citava fontes de inteligência norte-americana. Peskov chegou mesmo a afirmar que, a ser verdadeiro o relatório citado pela Reuters, então as conclusões dos Estados Unidos estavam erradas.
"Isto absolutamente não é verdade", garantiu.
Na passada sexta-feira, a Reuters noticiou que os relatórios de inteligência norte-americana continuavam a alertar que o presidente da Rússia não tinha abandonado o seu objetivo de invadir toda a Ucrânia e as zonas da Europa que pertenciam à antiga União Soviética. A agência disse ter contactado seis fontes distintas, próximas do assunto - todas corroboram esta vontade de Vladimir Putin.
Os relatórios, aliás, pintam uma imagem bastante diferente daquela que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e os seus negociadores para a paz na Ucrânia, tentam passar, afirmando que Putin quer pôr um fim ao conflito.
O relatório mais recente tem a data de setembro, mas desde o início da guerra, em 2022, que a inteligência norte-americana tem vindo a alertar para o perigo russo na Europa.
No sábado, 20 de dezembro, o diretor de inteligência norte-americana, Tulsi Gabbard, anunciou que os seus operacionais tinham informado os deputados que "a Rússia procura evitar uma guerra em larga escala com a Europa". Aliás, se há algo que as tropas russas mostraram durante a guerra com Kyiv é que não têm capacidade para subjugar "toda a Ucrânia, quanto mais a Europa".
Rússia controla 20% do território ucraniano
Neste momento, a Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano, incluindo uma grande parte das províncias de Luhansk e Donetsk (o coração industrial do Donbas), parte de Zaporíjia e Kherson e ainda a Crimeia (península estratégica no Mar Negro). Putin defende que estas quatro províncias e a península são, na verdade, parte da Rússia.
Enquanto isso, fontes próximas do assunto, afirmam que Trump tem pressionado a Ucrânia para que retire as suas tropas da parte de Donetsk que ainda controlam, como parte de um acordo de cessar-fogo. Volodymyr Zelensky e o povo ucraniano rejeitam veementemente esta possibilidade, recusando ceder qualquer parte do território.
As questões territoriais estarão, aliás, a ser o maior ponto de discórdia entre Kyiv e Moscovo e o que estará a impedir os dois países de chegarem a um acordo de paz.
Há várias semanas que os negociadores norte-americanos, Steve Witkoff (enviado especial dos EUA) e Jared Kushner (genro de Trump) se têm reunido com as duas partes para tentar terminar com a guerra que já dura há três anos - mas sem sucesso.

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