O líder xiita nigeriano Ibrahim Zakzaky e a sua mulher começaram hoje a receber cuidados médicos no hospital de Medanta, em Nova Deli, dias depois de serem autorizados pela justiça da Nigéria a abandonar o país.
Zakzaky, líder do Movimento Islâmico da Nigéria (IMN, na sigla inglesa), está detido pelas autoridades nigerianas desde 2015, mas o tribunal que acompanha o seu caso concedeu-lhe permissão em 05 de agosto para receber tratamento médico na Índia.
Numa publicação feita no portal 'on-line' do IMN, o grupo refere que Zakzaku foi "admitido imediatamente" e que "especialistas médicos iniciaram o seu trabalho".
"A velocidade a que os especialistas cuidaram do xeque é assinalável", lê-se no comunicado divulgado esta tarde, acrescentando que antes da viagem para a Índia "a condição de saúde do xeque era grave".
Ibrahim Zakzaky foi detido em 2015, durante uma manifestação na cidade de Zaria, no Estado de Kaduna, norte da Nigéria, acusado de "tentativa de assassinato, reunião ilegal e alteração da ordem pública", sendo que deveria ter sido libertado no final de 2016, segundo uma ordem judicial ignorada pela justiça nigeriana.
Os seguidores de Zakzaky asseguram que este sofreu já ataques vasculares cerebrais e perda de visão, exigindo há vários meses a libertação do líder xiita.
De acordo com o IMN, Zakzaky tem sofrido várias lesões e infeções pela presença de chumbo no seu corpo, resultante de balas.
"Nunca lhe foi dada a atenção médica apropriada pelo Governo da Nigéria até que o seu estado de saúde se deteriorou", diz o comunicado.
Em 05 de agosto, um tribunal nigeriano decidiu que tanto o líder religioso como a sua mulher deveriam receber tratamento médico para continuarem no julgamento, acrescentando que os dois serão acompanhados por uma delegação do Ministério Público que irá assegurar o seu regresso à Nigéria.
Em 28 de julho, depois de vários dias com confrontos entre polícia e membros do IMN, que provocaram pelo menos oito mortes, o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, anunciou a interdição da atuação do grupo.
"O Governo devia agir perante a situação antes que se perdesse o controlo, depois de já ter advertido, por numerosas vezes, que as pessoas não se devem servir da religião para não respeitar as leis", declarou então Buhari, num comunicado.
Esta decisão levou a que a população começasse a temer uma maior radicalização do grupo, à semelhança do que aconteceu há 10 anos, com o Boko Haram.
O pedido de deslocação de Zakzaky até ao estrangeiro para receber tratamento médico era uma das principais reivindicações da equipa de advogados do líder xiita.
A Comissão Islâmica dos Direitos Humanos, com sede em Londres, assinalou então o caso anterior de um detido na prisão de Ikoyi, a quem foi negado um pedido de caução.
"Foi-lhe permitido viajar até à Índia por razões médicas, ainda assim foi tarde demais para o salvar", disse a comissão.
Esta entidade "alertou que a morte do 'sheik' sob a custódia das forças de segurança pode ser um desastre para a Nigéria".
Nos confrontos que em 2015 levaram à detenção de Zakzaky, cerca de 350 xiitas morreram no espaço de três dias, durante uma manobra de repressão do Exército que foi criticada por organizações de defesa dos direitos humanos, como a Human Rights Watch.
Os xiitas representam uma minoria dos muçulmanos na Nigéria e dizem estar a ser perseguidos pelos sunitas, que constituem a maioria islâmica no país.
NAOM
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