SIC Notícias 02/06/2024
Estudo norte-americano identificou genes do cancro da mama em mulheres de origem africana, que podem ajudar a prever o risco de contraírem a doença.
Um novo estudo, publicado no identificou doze genes do cancro da mama em mulheres de origem africana, que podem ajudar a prever o risco de contraírem a doença. Para além disto, os genes identificados evidenciam ainda potenciais diferenças de risco em relação às mulheres de origem europeia.
As investigações que existem sobre o tema centram-se principalmente nas mulheres europeias, mas neste estudo publicado em maio na revista Nature Genetics participaram apenas mulheres com ascendência africana.
Com base em estudos de Prevenção do Cancro da American Cancer Society, foram incluídas nesta investigação mais de 40.000 mulheres dos Estados Unidos, África e Barbados, 18.034 com cancro da mama.
O cancro da mama é atualmente o tipo de cancro mais comum nos EUA, responsável por mais de 240.000 casos diagnosticados todos os anos. As mulheres negras norte-americanas apresentam taxas mais elevadas de cancro da mama antes dos 50 anos, apresentam também uma maior incidência de cancros da mama mais difíceis de tratar e uma taxa de mortalidade por cancro da mama 42% superior à das mulheres europeias.
Fatores de risco genéticos “podem diferir entre mulheres de origem africana e europeia”
Os investigadores da Nature Genetics indicam que fatores de risco genéticos “podem diferir entre mulheres de origem africana e europeia”. Esta conclusão baseia-se nas novas mutações identificadas que não tinham sido associadas à doença ou então não eram consideradas como tão relacionadas com o cancro em estudos feitos com mulheres europeias.
Um exemplo disso é que as novas conclusões indicam que alguns dos genes conhecidos por aumentarem o risco de cancro da mama em mulheres brancas não foram associados à doença neste estudo.
De acordo com a Reuters, os resultados demonstraram estimativas sobre o risco de cancro da mama em mulheres de origem africana com base em mutações nos genes de predisposição, excluindo os genes do cancro da mama já reconhecidos BRCA1 e BRCA2.
Classificação de risco da doença para as mulheres negras
Os investigadores desenvolveram então uma classificação do risco de cancro da mama para as mulheres negras, que se revelou significativamente mais precisa do que as ferramentas atualmente disponíveis.
A pontuação de risco revelou que seis dos doze genes identificados no estudo foram associados a um elevado risco de contrair o cancro da mama triplo-negativo, a forma mais agressiva da doença. As mulheres de origem africana têm um risco três vezes maior de contrair esta variante da doença do que as mulheres com ascendência europeia.
Para além disto, os investigadores concluíram ainda que as mulheres negras, que são portadoras dos seis genes, têm 4,2 vezes mais probabilidades de serem diagnosticadas com cancro da mama triplo-negativo quando comparadas com as que não tinham nenhuma ou apenas uma das variantes.
Num estudo de acompanhamento, a prevalência de mutações patogénicas em três genes, BRCA2, CHEK2 e PALB2, foi mais elevada nas mulheres negras.
"Estudo fornece provas para promover a equidade em matéria de saúde"
“Este estudo fornece provas para promover a equidade em matéria de saúde, no aconselhamento e nos testes genéticos para ajudar a determinar o risco de desenvolver cancro da mama”, afirmou Lauren Teras, diretora científica e líder da investigação sobre o cancro da mama.
A American Cancer Society aconselha a que se realizem testes genéticos em todas as pacientes, independentemente da raça, porque mutações genéticas anteriormente identificadas como fatores de risco de cancro da mama em mulheres brancas estão também fortemente ligadas ao risco de doença nas mulheres africanas.
No entanto, esta sociedade americana relembra que as mulheres negras norte-americanas têm menos probabilidades do que as mulheres brancas de fazer o teste devido a diferenças existentes nas recomendações dos médicos e diferenças no acesso aos cuidados de saúde.