Floração de fitoplâncton, que ocorre quase todos os anos no final do verão, levado pelas correntes marítimas num turbilhão no Mar Báltico, na costa sudeste da Suécia, 15 de agosto de 2020.NASA EARTH OBSERVATORY/JOSHUA STEVENS/HANDOUT VIA REUTERS
Por sicnoticias.pt 14/07/23
Os cientistas não têm dúvidas em afirmar que se trata de (mais) um efeito das alterações climáticas provocadas pelo Homem.
Nos últimos 20 anos, mais da metade dos oceanos mudaram de cor, passando subtilmente de azul para verde em algumas regiões. Os cientistas não têm dúvidas em afirmar que se trata de (mais) um efeito das alterações climáticas.
De acordo com um estudo publicado na quarta-feira na revista Nature, a mudança deve-se a uma alteração nos ecossistemas, em particular no plâncton, que é a peça central do sistema alimentar marinho e que desempenha um papel crucial no ciclo global do carbono e na produção do oxigénio que respiramos.
“A razão pela qual estamos interessados nas mudanças de cor [dos mares] é que a cor reflete o estado do ecossistema”, explica o principal autor do estudo, B.B. Cael, do Centro Nacional Oceanográfico do Reino Unido.
A cor dos mares, vistos do espaço, pode realmente dar uma ideia do que está a acontecer nas camadas superiores da água: um azul profundo significa que há pouca vida, enquanto se a água for mais verde, é provável que haja maior atividade, principalmente do fitoplâncton que, como as plantas, contém um pigmento verde por causa da clorofila.
Longe de ser inócua, a evolução do fitoplâncton e a sua concentração em certas regiões perturbam toda a cadeia alimentar marinha.
Os cientistas querem desenvolver métodos de monitorização dessas mudanças nos ecossistemas de modo a acompanhar as alterações climáticas e estabelecer áreas protegidas.
Sete tons de cores do oceano
O estudo examinou sete tons de cores nos mares monitorizados pelo satélite MODIS-Aqua de 2002 a 2022. Esses tons são muito subtis para serem percebidos pelos olhos humanos, parecendo apenas azuis.
Os cientistas compararam as suas observações com modelos computacionais de alterações climáticas e concluíram que as mudanças que observaram correspondiam ao que tinha sido previsto pelos computadores.
"Faço simulações há anos e todas me dizem que essas mudanças na cor do oceano vão acontecer. Ver isso realmente acontecer não é surpreendente, mas assustador", disse a coautora do estudo Stephanie Dutkiewicz, do Departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias do MIT.
Embora seja necessário mais trabalho para determinar as implicações exatas das mudanças de cor, os autores do estudo acreditam que é muito provável que a causa seja as alterações climáticas.
“Essas mudanças são consistentes com o que se sabe sobre alterações climáticas induzidas pelo homem”, garante Dutkiewicz.
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