Estudo relaciona carnitina e alteração da flora intestinal a aumento do risco de infarto e AVC
Não é de hoje que o consumo em excesso da carne vermelha é apontado como vilão da saúde cardiovascular, afinal o alimento é famoso por ser fonte de gorduras e colesterol. Agora, pesquisadores da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, descobriram mais um motivo para reduzir o consumo de carne na semana. Eles comprovaram que a carnitina, um componente encontrado na carne vermelha, que também é adicionado artificialmente a bebidas energéticas, pode causar endurecimento e entupimento das artérias, processo conhecido como aterosclerose, e que é fator de risco para doenças do coração. O estudo foi divulgado no periódico Nature Medicine no dia 8 de abril. Os pesquisadores avaliaram 2.600 pacientes que seriam submetidos a exames cardíacos. Aqueles que apresentaram níveis consistentemente altos de carnitina estavam expostos a um risco maior de doença do coração, infarto, AVC e morte por causa cardíaca.
O dano acontece depois que as bactérias do sistema digestivo convertem o composto em uma substância chamada de N-óxido de trimetilamina (TMAO), que, segundo pesquisas anteriores realizadas pelo mesmo grupo, está relacionada ao desenvolvimento de aterosclerose.
Os responsáveis pelo estudo também detectaram que uma dieta rica em carnitina muda a composição microbiana do intestino, tornando consumidores de carne ainda mais suscetíveis à formação de TMAO e seus efeitos relacionados à aterosclerose. De acordo com os pesquisadores, dietas inadequadas aumentam a habilidade do colesterol em se depositar nas artérias e interferem na habilidade do corpo em eliminar o excesso de colesterol. Ou seja, não é apenas o consumo de alimentos ricos em gordura, grande responsável pelo entupimento dos vasos, que predispõe a aterosclerose, a alteração da flora intestinal pelo consumo excessivo de carne vermelha também tem efeito prejudicial.
Durante o estudo, também foram avaliadas pessoas que não consumiam carne vermelha. Foram encontrados níveis menores de carnitina entre vegetarianos e veganos - que não consomem qualquer produto de origem animal, incluindo ovos - em comparação com pessoas que passam por dieta restritiva. Mesmo após consumirem uma grande quantidade de carnitina, veganos e vegetarianos não produziram níveis significantes de TMAO.
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