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Por Lusa 24/05/24
Grupos de media interditados em Conacri denunciam medida "liberticida"
Três grupos de 'media', incluindo estações de rádio e televisão, que foram proibidos pela junta militar da Guiné-Conacri, condenaram hoje o "comportamento liberticida" do poder, num contexto de fortes restrições à liberdade de informação.
Numa declaração conjunta recebida hoje pela agência francesa AFP, os grupos Hadafo, Djoma e Groupe Fréquence consideram a medida "tanto mais lamentável quanto os meios de comunicação social assinaram, na quarta-feira, os estatutos que criam o Observatório de Autorregulação da Imprensa".
"Isto não é mais do que a continuação da perseguição a que temos sido sujeitos desde novembro de 2023", lamentaram.
Os três grupos de comunicação social condenaram igualmente os atos de vandalismo que, segundo eles, foram cometidos contra as instalações de certas estações de rádio antes da sua interdição.
Na quarta-feira, as autoridades retiraram as licenças de funcionamento às emissoras FIM FM, Radio Espace FM, Sweet FM, Djoma FM e aos canais de televisão Djoma TV e Espace TV, alegando "incumprimento do conteúdo do caderno de encargos".
As autoridades não explicaram como é que estes meios de comunicação social não cumpriram as suas obrigações.
Esta é a mais recente medida de repressão contra os meios de comunicação social imposta pela junta militar, que tomou o poder pela força em 2021 e é dirigida pelo general Mamadi Doumbouya.
A proibição dos seis meios de comunicação social foi anunciada ao mesmo tempo que as organizações de imprensa criavam um organismo de "autorregulação" para garantir o respeito pela ética profissional.
O Governo aceitou dialogar com a imprensa para resolver a crise, mas tinha solicitado a criação de um organismo deste tipo.
Esta medida provocou a indignação dos opositores e dos ativistas dos direitos humanos.
A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras salientou que, desde o final de 2023, várias estações de rádio e de televisão estavam bloqueadas ou inacessíveis e que os portais de notícias na Internet mais populares e visitados tinham sido bloqueados.
As autoridades impuseram restrições prolongadas ao acesso à Internet e detiveram um dirigente sindical da imprensa durante mais de um mês, o que levou a uma greve geral.