Ovos (Pexels)Wilson Ledo cnnportugal.iol.pt 07/04/23
Cozido, mexidos, estrelados, escalfados ou em omelete. Os ovos são um aliado cada vez maiores das dietas e muitas pessoas optam por consumi-los diariamente. É este um hábito saudável?
De certeza que já ouviu esta frase: “Ai, não comas ovo, olha o colesterol”. É verdade, o ovo é rico em colesterol. Mas não é por isso que o deve tirar da sua vida.
“Antigamente, defendia-se que não se podia comer ovos. Pensava-se que o seu consumo diário iria levar ao aumento do colesterol no sangue, que é um fator de risco para as doenças cardiovasculares. Mas hoje sabe-se que o colesterol não está diretamente direcionado com os níveis de colesterol no sangue e que a sua principal origem são as gorduras saturadas e gorduras trans de ingredientes processados”, explica a nutricionista Bárbara Oliveira.
Há muita coisa dentro de um ovo, incluindo “1,4 gramas de gorduras saturadas e 215 miligramas de colesterol”, acrescenta Bárbara Oliveira. Mas também há água, vitaminas D, B12, B2, B6, A e E, fósforo, ferro ou substâncias antioxidantes como a luteína, zeaxantina, “importantes na promoção da saúde cardiovascular”, junta Lilian Barros.
“Cada vez mais, o mito do colesterol e do ovo já está descurado”, resume Neide Rangel. Concluindo: se tiver uma dieta equilibrada, e hábitos de vida não sedentários, não é o consumo moderado de ovos que lhe vai ‘entupir’ as veias.
Quantos por dia?
Apesar de se saber que os ovos podem ser aliados de uma boa alimentação, há uma questão que costuma levantar dúvidas: afinal quantos ovos se pode ou deve comer por dia?
“O ovo é um alimento muito rico na nossa alimentação, mas não indico mais do que um por dia. Como não se sabe, ao certo, a quantidade de ovos que se pode comer até que haja uma alteração significativa do colesterol, a minha recomendação é que não se mais do que um por dia", assegura Bárbara Oliveira, garantindo: "Mas, efetivamente, pode-se comer um ovo todos os dias".
Um é o número da moderação e da cautela. A quantidade deve ser avaliada, avisa Neide Rangel, tendo em conta a saúde, o estilo de vida, os hábitos de treino e as patologias de cada pessoa.
“O ovo é um alimento muitas vezes tido como proibido em casos de dislipidemia pelo seu elevado teor de colesterol. Contudo, os estudos demonstram que consumir até um ovo por dia não parece aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Existe inclusive um estudo a sugerir que o consumo de três ovos por dia é benéfico. Desde que o seu consumo se enquadre num padrão alimentar saudável aliado a um estilo de vida ativo. O que parece aumentar os níveis de colesterol é uma dieta desregrada, com elevado consumo de gorduras saturadas e trans, muito presentes nos alimentos processados”, insiste Lilian Barros.
O lanche do ovo cozido
Por ser fácil de transportar, é comum o ovo cozido ser usado para matar a fome ao lanche. Um hábito saudável, na opinião das nutricionistas.
“Levar ovos cozidos para o lanche é mais fácil do que frango cozido”, brinca a nutricionista Neide Rangel. E há um motivo para esta comparação: é que ambos, ricos em proteína, ajudam no “reforço da massa muscular”. Daí que haja quem consuma o seu ovo cozido logo a seguir ao treino, para tentar torná-lo mais efetivo.
“É sempre uma boa opção, um ovo cozido ao lanche. Mas deve-se sempre avaliar o que já se comeu durante o dia. Não faz sentido comer panquecas com ovo de manhã e comer um ovo cozido ao lanche. No que respeita ao reforço da massa muscular, claro, o ovo é uma fonte de proteína e pode contribuir para isso. Mas não é o ovo sozinho que faz com que isso aconteça”, descreve Bárbara Oliveira.
Já Neide Rangel pede que se olhe para o ovo “como uma refeição e não tanto como um acompanhamento”, como tantas vezes nos habituámos. Ele pode, por exemplo fazer o lugar do peixe e da carne no prato principal. E não apenas ser a companhia, como acontece no bitoque, na francesinha ou na salada de atum.