sábado, 25 de fevereiro de 2023

Nigéria vota hoje para escolher sucessor do Presidente Buhari

© MICHELE SPATARI/AFP via Getty Images

POR LUSA  25/02/23 

Quase 94 milhões de eleitores são hoje chamados às urnas na Nigéria para escolher o sucessor do Presidente Muhammadu Buhari, numa disputa renhida que pode forçar uma segunda volta, bem como os eleitos à Assembleia Nacional.

A maior e mais populosa economia de África elege o sucessor do Presidente, Muhammadu Buhari, 80 anos, impedido constitucionalmente de concorrer a um terceiro mandato, entre 18 candidatos ao mais alto cargo da magistratura nigeriana, e, pelo menos, 4.223 candidatos concorrem aos 469 lugares na Assembleia Nacional - 109 senadores e 360 deputados à Câmara dos Representantes.

Pela primeira vez desde 1999, as eleições presidenciais podem vir a ser decididas em duas voltas, devido à popularidade crescente de um candidato alternativo aos dois partidos que historicamente disputam o cargo.

Bola Ahmed Tinubu, do Congresso de Todos os Progressivos (APC, na sigla em inglês, no poder), e Atiku Abubakar, do Partido Democrático Popular (PDP, maior partido da oposição) são os mais fortes candidatos de um sistema que se tem mantido estável desde o fim da ditadura militar em 1999, mas que, desta vez, é desafiado por um "forasteiro", Peter Obi, do Partido Trabalhista (LP), líder nas principais sondagens pré-eleitorais.

A Nigéria é o país mais populoso de África, com 222.182 milhões de pessoas, e quase 94 milhões de eleitores registados, dos quais quase 40% têm menos de 35 anos. O país tem uma das maiores populações jovens do mundo, com cerca de 64 milhões de pessoas com entre 18 e 35 anos e uma idade média de 18 anos.

A insegurança, principal bandeira nas duas campanhas presidenciais de Muhammadu Buhari, manteve-se, de resto como um dos principais temas na corrida presidencial de 2023, o maior fracasso do chefe de Estado cessante, a par da economia.

É tão presente que a antecipação de ataques de Boko Haram e extremistas islâmicos do Estado Islâmico (nordeste), de gangues criminosos (no noroeste e centro do país), e de separatistas armados (no sudeste) "pode perturbar a votação em muitos lugares", de acordo com o Internacional Crisis Group, e impediu que 240 das 176.606 mesas de voto espalhadas por todo o país abram hoje -- ou por não terem eleitores recenseados, devido à insegurança, ou porque as populações locais foram deslocadas pela violência.

A campanha que agora chega ao fim também não foi exceção ao retrato do país, do ponto de vista da violência. Nos 12 meses que antecederam as eleições, a ACLED - organização não-governamental especializada na recolha de dados sobre conflitos, análise e mapeamento de crises - registou mais de 200 eventos violentos envolvendo membros e apoiantes de partidos, resultando em quase 100 mortes registadas.

Apesar de ser a maior economia de África e um dos seus principais produtores de petróleo, a Nigéria encontra-se em crise económica.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá subir este ano 3,2% para uns impressionantes 574 mil milhões de dólares (541,8 mil milhões de euros), não obstante, o défice orçamental se ter aproximado dos 5% em 2022 e prevê-se que mais de 40% do orçamento da Administração Buhari para 2023 seja financiado pela dívida.


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