Por jornalnopintcha.gw As estradas em terra batida, assim como as ruas de Bissau e do país em geral, estão profundamente danificadas e algumas das quais intransitáveis, sobretudo no período das chuvas, devido à apanha de areia feita por alguns cidadãos.
A revelação é do diretor e comandante da polícia municipal da Câmara Municipal de Bissau (CMB), Fidel Gomes, durante uma entrevista exclusiva ao Nô Pintcha sobre a evolução da campanha, em curso para erradicação de tais práticas no país.
A lavagem e estacionamentos inadequados de carros nas vias públicas, lixos mal colocados, animais domésticos que vagueiam na cidade, derramamento de combustíveis no alcatrão por parte de bombas e postos de vendas de combustíveis improvisados nas margens das estradas, são as atividades que também preocupam a Direção da CMB.
Apesar de existir leis que interditam as referidas práticas, por ignorância ou não, as referidas atividades estão a ganhar cada vez mais interesse de cidadãos em todo o território nacional. Ao nível de Bissau, os bairros mais afetados são Bandim, M’Pissack, Bolola, Bairro Militar, Cuntum-Madina, Enterramento, Antula, Tchada, Mindará, Missira, Pefine, Plubá, Empantcha, Luanda, Háfia, Plack, São Paulo, Djolo, Djahal e arredores de Bissau e até mesmo nas principais avenidas.
Os praticantes destas atividades são, na sua maioria jovens e mulheres com o objetivo de vender ou para o uso pessoal nas obras de construção espalhadas um pouco por todos os lados. Tendo em conta as consequências negativas desses atos, a polícia municipal, entidade que vela pela boas práticas, com sede principal em Bissau, abriu no passado mês de abril a campanha contra tais ações.
Nessa ordem de ideias, o comandante da polícia municipal assegurou que durante a operação, foram apanhadas cidadãos em flagrante a apanhar areia nas estradas e ruas. Os agentes da CMB prenderam os materiais e a própria areia, aplicando uma multa de 55 mil francos cfa, para desencorajar a prática.
“Anteriormente, a areia apreendida era recolocada no local, só que nos últimos tempos as pessoas voltavam e retirá-la de novo. Por isso, passamos a conduzi-las para um local apropriado, para o uso posterior nas obras públicas” disse Fidel Gomes.
Segundo a autoridade camarária, o país é vulnerável às erosões e perante as atividades de exploração da areia, não só estragam as vias de acesso, como também desgastam o solo e deixam as infraestruturas rodoviárias em estado de degradação e riscos de vida.
Quanto ao estacionamento inapropriado e lavagem de viaturas nas vias públicas, Fidel Gomes denunciou que em situação de desobediência, os proprietários de veículos mostram que têm influência e confiança pelo que usam a intimidação contra os agentes no terreno. “Os restos de sabão são prejudiciais a estrada alcatroada e a areia que fica nas vias públicas depois de lavagem de carros podem provocar acidentes, porque não facilitam a paragem imediata de carros”.
Animais nas ruas
A colocação de caixas fúnebres nas vias públicas, circulação de animais e obras inacabáveis em Bissau, constituem outras preocupações e desafios à Direção da polícia municipal da CMB.
Conforme Fidel Gomes, a polícia municipal capturou cerca de cinco vacas, três cabritos e quatro porcos, que só foram libertados, depois de seus donos terem pago coima.
Em relação aos cães, disse que a situação torna-lhes mais difícil e complicado porque a maioria dos cachorros não têm donos.
Quanto a proliferação de caixas fúnebres nas ruas, o comandante da polícia municipal condenou e responsabilizou os proprietários das agências, alegando que estão a exibir de forma negativa a imagem, deixando parecer que o país regista um nível elevado de mortalidade.
A propósito, revelou que a CMB já produziu e colocou em circulação um despacho que ordena a retirada de todas as caixas fúnebres nas ruas, sob pena de sancionar os insubmissos.
No que se refere às dificuldades, o comandante municipal anotou a falta de meios de trabalhos como os que constituem maiores obstáculos dos agentes, que contam apenas com uma viatura disponível para mais de 90 operativos.
A propósito, revelou a necessidade urgente de terem, no mínimo, cinco veículos (Canter), trator, pá carregador e outras ferramentas para facilitar o trabalho.
Por outro lado, lamentou a falta de colaboração da população, que disse estar constantemente a humilhar os agentes no terreno.
Entretanto, em reação a esta situação, o Nô Pintcha falou com alguns apanhadores de areia, os quais apontam a falta de emprego e o nível da pobreza em que se encontra o país, como razões para a exploração e lavagem de viaturas nas vias públicas.
Texto: Nelinho N´Tanhá