© iStock Por Lusa 11/10/24 A atribuição hoje do Prémio Nobel da Paz à organização japonesa de luta contra as armas nucleares Nihon Hidankyo surge num contexto de crescentes ameaças de recurso a armamento deste tipo, por parte da Rússia, Coreia do Norte e Irão.
Estes são, segundo a agência noticiosa France-Presse (AFP), os principais pontos de tensão no mundo relativamente às questões nucleares:
Guerra na Ucrânia
Desde que a Ucrânia foi invadida, em fevereiro de 2022, a Rússia tem repetidamente aumentado a ameaça nuclear ao Ocidente.
A 25 de setembro, o Presidente russo, Vladimir Putin, avisou que o seu país poderia utilizar armas nucleares no caso de um "lançamento maciço" de ataques aéreos e que qualquer ataque apoiado por uma potência nuclear poderia ser considerado uma agressão "conjunta".
A referência ao conflito na Ucrânia foi clara, com esta declaração a surgir numa altura em que Kyiv tenta convencer os aliados a deixarem-na utilizar mísseis de longo alcance contra o território russo.
No verão de 2023, a Rússia anunciou igualmente a instalação de armas nucleares táticas na Bielorrússia, que faz fronteira com a Ucrânia.
Em maio passado, o exército russo também realizou exercícios militares perto da Ucrânia associados à utilização de armas nucleares táticas, em resposta a "ameaças de certos líderes ocidentais".
O medo de um acidente nuclear também está na mente de todos, uma vez que a central elétrica de Zaporijia, no sul da Ucrânia, ocupada pelas forças russas desde março de 2022, tem sido alvo de numerosos bombardeamentos pelos quais ambas as partes se acusam mutuamente.
Península da Coreia
As relações entre as duas Coreias estão a atravessar um dos períodos mais tensos desde 1953. Este aumento da tensão, acompanhado pelos crescentes laços militares de Pyongyang com Moscovo, foi ilustrado este ano pelo disparo de dezenas de mísseis balísticos e pelo envio para o Sul de milhares de balões cheios de resíduos.
No início deste mês, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, ameaçou utilizar armas nucleares "sem hesitação" no caso de um ataque da Coreia do Sul ou dos Estados Unidos.
Seul, que não possui armas nucleares mas goza da proteção nuclear de Washington, previu uma "resposta resoluta e esmagadora".
Desrespeitando as sanções da ONU desde o primeiro ensaio nuclear da Coreia do Norte, em 2006, Kim Jong Un apelou em setembro ao reforço das capacidades nucleares do país, tendo mesmo publicado as primeiras fotografias de instalações de enriquecimento de urânio.
Em abril, segundo a agência estatal norte-coreana, Kim Jong Un supervisionou o primeiro exercício militar de simulação de um "lançamento nuclear", em resposta aos exercícios aéreos entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul. Em janeiro, Pyongyang anunciou que tinha testado um "sistema de armas nucleares subaquáticas".
Kim Jong Un declarou que o estatuto de potência nuclear da Coreia do Norte é "irreversível" em 2022, algo que foi consagrado na Constituição em setembro de 2023.
O programa nuclear do Irão
O programa nuclear do Irão continua a desenvolver-se desde que o acordo que o deveria reger em troca do levantamento das sanções internacionais se desfez em 2018, com a retirada dos Estados Unidos.
O Irão nega que o seu programa nuclear tenha qualquer finalidade militar. Mas Teerão avisou Israel que atacar as suas infraestruturas nucleares provocaria uma "resposta ainda mais forte".
Israel prometeu, sem dar pormenores, um ataque "mortífero, preciso e surpreendente" contra o Irão, em resposta aos ataques de mísseis iranianos contra o seu território no início deste mês, no contexto da guerra em Gaza.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu o seu aliado israelita contra qualquer tentativa de atingir as instalações nucleares iranianas, enquanto Donald Trump, candidato republicano às eleições presidenciais norte-americanas de novembro apelou ao contrário.
Perante as ameaças de retaliação israelita, os deputados apelaram ao líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, para que reveja a doutrina nuclear iraniana, oficialmente pacífica.
Segundo a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), o Irão possui material nuclear suficiente para produzir mais de três bombas.